Por que Mourão não entrou nos planos de Bolsonaro para a reeleição

SEM REELEIÇÃO - Mourão: descartado, vice vai disputar uma vaga no Senado 
Foto: Romério Cunha/ VPR

O presidente e seus aliados dizem que a estratégia de colocar o general como vice, apesar dos conflitos, foi bem-sucedida. Os dois, porém, se afastaram

Rafael Moraes Moura, Letícia Casado
Na campanha eleitoral de 2018, duas questões atormentaram o então candidato Jair Bolsonaro a partir do momento em que ele começou a despontar nas pesquisas: a possibilidade de sofrer um atentado (ele se recusava a viajar em jatos particulares por receio de sabotagem) e encontrar o perfil ideal do candidato a vice-presidente (desconfiava que forças ocultas poderiam infiltrar alguém em sua chapa para, mais tarde, conspirar contra ele). O atentado, como se sabe, ocorreu, embora tenha sido em terra firme e obra de um lunático. Com relação ao companheiro de chapa, o presidente considerou cinco opções antes de decidir, chegou a anunciar o nome do deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança, mas, horas antes da oficialização, mudou de ideia e escolheu o general Hamilton Mourão.
Na cabeça do presidente, Mourão serviria como um escudo de proteção contra eventuais “conspiratas”, uma das obsessões presidenciais. Afinal, o general não tinha vivência política e o partido dele, o PRTB, não tinha bancada nem expressão e, por isso, o militar jamais seria considerado uma alternativa de poder — diferentemente, por exemplo, de Michel Temer, o vice que, em 2016, assumiu o lugar de Dilma Rousseff após o impeachment. Logo nos primeiros meses de governo, porém, Bolsonaro entrou em choque com Mourão. O estilo bonachão e espontâneo do general, que gosta de conceder entrevistas e emitir opinião sobre qualquer assunto — muitas delas diametralmente opostas às do presidente —, levou Bolsonaro a desconfiar que o vice estava colocando em prática aquilo que ele temia.
Passados três anos, não há evidências de que o general tenha tentado sabotar o governo do ex-capitão. Pelo contrário. Bolsonaro e seus aliados dizem que a estratégia de colocar o general como vice, apesar dos conflitos, foi bem-sucedida. Os dois, porém, se afastaram. Mourão foi alijado do processo de tomada de decisões, especialmente depois de se reunir com alguns desafetos do presidente, como o ministro Luís Roberto Barroso, no auge do conflito com o TSE. Recentemente, o general até endossou posições abiloladas do ex-capitão em relação à vacinação de crianças, ao aumento do funcionalismo e à decisão de viajar para a Rússia, mas a relação entre os dois nunca mais foi a mesma. Fora da chapa neste ano, Mourão já definiu seu caminho: vai se candidatar ao Senado pelo Rio Grande do Sul.
Publicado em VEJA de 23 de fevereiro de 2022, edição nº 2777
Veja/montedo.com

11 respostas

  1. Impressionante a dependência “química” dessa gente pelas benesses do Estado.
    – 45 anos de Serviços de indenizações ‘mil’.
    – milhões em ajudas de custo durante a carreia.
    – PNR’s felpudos por todo território Nacional.
    – ‘171’ transferências na carreira.
    – um monte de Aditâncias de Defesa do Brasil no Exterior.
    – milhões em diárias.
    – anos e anos, desde a akadimia, em cursos refrigerados e fora da atividade fim.
    – um baita poste na vice-presidência viajando pra lá e pra cá.
    E mesmo assim, não suportaria a abstinência das extravagantes benesses dos cargos federais.
    Por isso essa obsessão por uma vaga no Senado.
    Cirão do sertão, o profissional das eleições presidenciais (fundo eleitoral).
    Seu Mourão, o profissional das regalias do Estado (motorista e carro oficial, não dispensarei).
    Jamais, nunca, votarei nesses oportunistas de plantão.
    Mais um tremendo cara de pau utilizando-se da imagem das FA em benefício próprio.

    1. Perfeito comentário. Os sanguessugas da nação brasileira, sempre buscando mais, se perguntarem o que fez nestes últimos anos, vai engasgar…nada!

    2. Mandou bem, penso assim também. É igual a um viciado, que não sabe viver sem a sua droga. Salvo engano, já vem de berço, pois é filho de general. Tirar um cara desses da teta do governo, é angustia certa e insuportável.
      Jà é impressionante o que eles fazem para chegar ao generalato, que dirá com os poderes da república.

  2. Acho que esse vai ser o único dos generais do Palácio a continuar sendo uma autoridade a partir de 1° de janeiro de 2023, como senador da República.

    Os demais vão voltar a envergar o pijama…

  3. E já começou com discursos policialescos para enganar o povo, quando na verdade é desarmamentista, elitista e globalista. Os gen parlamentares só arrebentaram ainda mais com as classes militares, mas somente as de baixas patentes.

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