Sargento da Marinha que matou vizinho e foi chamado de “vítima” tem prisão mantida

durval teófilo

Durval Teófilo Filho morreu com três tiros, na porta do condomínio onde os dois moravam, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio

Bruno Menezes
Rio de JaneiroA Justiça manteve a prisão do sargento da Marinha Aurélio Alves Bezerra, que matou o vizinho Durval Teófilo Filho com três tiros, na porta do condomínio onde os dois moravam, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio. A decisão foi tomada durante a audiência de custódia, realizada nesta sexta-feira (4/2).
O militar, que inicialmente foi classificado como “vítima” pela polícia, chegou a alegar legítima defesa, versão derrubada pela investigação.
Com a repercussão do caso, a corporação o indiciou por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar, e o Ministério Público solicitou a conversão da prisão de flagrante para prisão preventiva, o que foi confirmado pela juíza Ariadne Villela Lopes, da 5ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio.
Para o Ministério Público, no entanto, ainda será necessária a conversão da tipificação do homicídio de culposo para doloso, ou seja, com intenção, como registrado pela magistrada.
“Pelo Ministério Público foi dito que: requer a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva. Além disso, entende que a conduta imputada ao custodiado não se amolda a capitulação imputada pela autoridade policial, qual seja, artigo 121, §3º do CP, visto que não entende ser tal conduta culposa”, diz o despacho da juíza.
Na delegacia, após o crime, Aurélio afirmou ter atirado ”para reprimir a injusta agressão iminente que acreditava que iria acontecer”. Ele foi classificado como vítima. Segundo a Polícia Civil, essa tipificação foi usada no primeiro momento, quando ele alegou ter se tratado de legítima defesa, o que “já foi alterado e ele consta agora como autor”, disse a polícia.
Ainda em seu depoimento, o sargento Aurélio informou que “acreditava que seria assaltado, pois Durval estava mexendo em algo na região da cintura, o que acreditava ser uma arma de fogo”, declara o termo.
“Pelo fato de estar armado, tornou-se imperioso antecipar-se, caso contrário o declarante poderia ser vitimado”, continua o documento. O militar também explicou aos policiais que seu carro tem película escura nas janelas. “Por estar chovendo, não conseguiu ver com precisão o que Durval estava segurando”, justificou o acusado.
Câmeras do circuito interno do condomínio registraram a ação que vitimou Durval, morador do local há 12 anos depois de deixar uma comunidade para fugir da violência.
Em nota, a Marinha do Brasil diz que “tomou conhecimento da ocorrência envolvendo um dos seus militares, em São Gonçalo-RJ, e informa que está colaborando com os órgãos responsáveis para a elucidação do fato”.
“A MB lamenta o ocorrido e se solidariza com os familiares da vítima”, acrescenta o texto.
METRÓPOLES/montedo.com

12 respostas

  1. Então tá. O carro tinha película e ele não conseguia ver direito o que estava acontecendo fora, mas como então ele achou que ia ser assaltado??
    A atitude dele foi precipitada e custou uma vida. Primeiro de tudo ele vai ter que pagar pelo seu erro e segundo uma arma na mão de uma pessoa despreparada pode acabar com a vida dela e o pior de um inocente.

    1. Para ocorrer a legítima defesa putativa o erro tem ser plenamente justificado. E qual seria a justificativa do autor dos disparos? Que viu um homem negro mexendo na bolsa e achou que ia ser roubado?
      Não. Isso não é uma justificativa convincente.

  2. Só vai equilibra um pouco se ele pegar uma cana violenta, fora isso, é injusto.
    Deve-se discutir o uso de arma e a sua banalização, porque as consequências se tornaram crescentes.
    Com razão ou sem razão não importa, as pessoas estão morrendo através de bala perdida e por “heróis” metidos a rambo.

  3. Segue um exemplo do tipo de comportamento humano altamente incentivado pelos políticos sem compromisso com a vida dos seus semelhantes; com certeza teremos mais gatos assim pois a colheita da Cultura de morte implementada pelo sistema atual pode estar só começando. Fiquemos atentos; eis que plantar é opção mas colher é consequência….

  4. Andar armada em serviço e andar armada a paisana é totalmente diferente, alguns esquecem que as regras permanecem, a maioria dos militares não estão preparados para isso, o chamado “cagaço” fala mais alto e quase sempre dá esse tipo de merda.
    Pobre família que perdeu um pai e marido por causa de um sargento cagão que se achava macho com uma pistola.
    Reflitam antes de comprar uma pistola.

    1. Comentário mais inteligente.

      E acrescento: vejo muitos colegas comprando armas tendo com única prática de tiro o TAT feito no quartel anualmente.

      O pessoal acha que ser militar significa saber usar uma arma naturalmente. Raríssimos são aqueles que treinam frequentemente em clubes de tiro.

  5. Pessoal vamos parar de achar que o caso foi de legítima defesa putativa, pois se fosse ele estaria afirmando que ver um homem negro mexendo na bolsa já é o suficiente para atirar nele.
    Legítima defesa putativa tem que ter uma circunstâncias objetiva o que não é o caso em questão. Ex: um ladrão não anda com a arma na bolsa e sim na cintura, e no caso em questão as imagens são claras ao mostrar que a vítima estava com as mãos bem longe da cintura e sim na bolsa.

  6. Comentar o ocorrido nos leva a errar também , não arrisco nada ,acho que é um fato bem complexo , culpar um ou outro podemos cair em uma injustiça , melhor deixar com o judiciário uma analise mais detalhada .

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