Primeiro entre iguais

O ex-porta-voz do governo Rêgo Barros Foto: Daniel Marenco / O GLOBO

Otávio Santana do Rêgo Barros*
‘O Brasil não precisa se preparar para conflitos.’ A declaração foi proferida recentemente por um militante de esquerda, em uma live, cujo tema era o suposto protagonismo político das Forças Armadas nos últimos anos.
Mesmo intuindo a retórica eleitoral do entrevistado, a frase não me desceu redonda. É preciso incorporar mais serenidade nas discussões sobre temas sensíveis.
Esse discurso mofado é pouco atrativo. O momento é para renovação, estabilidade e fortalecimento das relações entre a sociedade em geral e o estamento militar em particular.
Arestas afloraram nos últimos anos, fruto da configuração do ambiente político cuja consequência foi a eleição de um grupo, contraponto à esquerda detentora do poder por quase quatro mandatos.
O candidato vitorioso catalisou os anseios de momento da sociedade brasileira. Atraiu parcela dos que vestiam farda. Cativou evangélicos com um discurso casado ao perfil do grupo. Entusiasmou o mercado com proposta de Estado mínimo. Obteve apoio suficiente e legítimo dos eleitores.
Na live, ficou subentendido que a derrota da esquerda no último pleito presidencial foi consequência de um protagonismo das Forças Armadas no chavascal político da década passada.
Um cidadão, um voto! Por mais influência que o estamento militar detivesse junto à sociedade, não teria condições, nem pretensão, de orientar milhões de escolhas. Tampouco poder para agir sobre os Poderes da República.
Uma das táticas formuladas pela esquerda para atacar o atual mandatário é atribuir os equívocos do governo às Forças Armadas.
A meu juízo, a instituição reafirma-se como órgão de Estado, afastada da política partidária, com valores e tradições preservados e liderança serena. Não é, portanto, responsável pelos erros grosseiros na atual gestão do país.
Deixando de lado narrativas eleitorais, considero que outros pontos formulados naquela conversa merecem análise mais ampla. E desejo trazê-los à ribalta citando o professor Leandro Karnal: “A condição de um diálogo é a alternância entre ouvir e falar”.
Se edificarmos um ambiente onde discussões sobre projetos para o país sejam, na medida do possível, apartidárias, talvez vençamos o acirramento oligofrênico que nos tomou.
A sociedade brasileira tem baixa percepção de ameaça que envolva o emprego do poder militar.
É preciso debater o papel que ela deseja para as Forças Armadas. Deve protegê-las dos aventureiros, reconhecer seu valor na construção da nacionalidade e controlar seu emprego.
A Política Nacional de Defesa, a Estratégia Nacional de Defesa e o orçamento sob responsabilidade do Congresso são alguns dos instrumentos legais para esse acompanhamento.
Deve avaliar as relações multilaterais que envolvam diplomacia e defesa. Estimular as áreas de cibernética, aeroespacial e nuclear. Discutir a defesa da Amazônia e do Atlântico Sul.
Considerar as Operações de Paz. Ponderar as atividades de Garantia da Lei e da Ordem. Apoiar a indústria nacional de defesa.
Por clareza imprescindível, nenhum político, de esquerda ou direita, liberal ou conservador, detém o título de posse de nossas Forças Armadas. A escritura está em seu nome, leitor.
Um mandatário da nação, democraticamente eleito, deve agir como primus inter pares (expressão latina que significa “primeiro entre iguais”).
Em nossa Constituição, ele é o comandante em chefe das Forças Armadas. Suas estrelas brilham tão somente pelo voto e, portanto, seu poder é temporário. Como um par, suas prerrogativas para definir o destino da instituição passam pelo consenso da sociedade.
Quanto aos temas sensíveis, sempre haverá espaço para a interpelação construtiva. Claro, se estivermos desarmados (desculpe o trocadilho) e dispostos.
Paz e bem!
*General de divisão da reserva
O Globo/montedo.com

24 respostas

    1. O Gen não fala em nome das FA, nem poderia pois nunca fez parte do Alto Comando. É por esses e outros pseudos direitistas que a esquerda ganha terreno. Na verdade o Gen tem mágoa profunda do Governo que o demitiu e fica agora criticando e dando munição para a esquerda. Brasil acima de tudo!

      1. Ainda que tivesse feito parte do alto comando, ainda assim nao fala em nome da instituição. Esta aposentado de pijamas. Quem fala em nome da instituição é o comandante do exercito em exercício. O resto são pessoas que querem falar demais e ia nao tem tropa para falar na formatura kkkk
        Nem os filhos escutam mais

    2. Kkkk pensei a mesma coisa.
      Um senhor da guerra do powpow.
      Suas fantasias, teorias…
      Seus devaneios que custam muito ao contribuinte… kkkk

  1. Mundo real…o Capitalista quer lucrar com vc: assim quer que seu salário compre a camisa, o sapato, a comida que ele faz…ontem conversei com homem que em Fotaleza era um jovem simples e eu um tenente simples, ou sou um CMG simples e ele um capitalista simples que mora em frente a praia…o capitalismo permitiu isto : trabalhou e enriqueceu…no socialismo o mercado não anda…o único socialismo que anda é o socialismo-capitalismo70% da China….os 30% do socialismo da China é o poder militar- cada vez mais gigantesco…Abramos o olho….antes que seja tarde….Nossos líderes de esquerda simples , cantores, artistad moram em Paris, Espanha e USA….nenhum na Venezuela, Coréia do Norte e ou Cuba…

    1. Prezado, o assalariado ou outro tipo de rentista também tem seu lucro. O assalariado ou rentista quer lucrar com os bens e serviços que adquire. Se quem usa seu dinheiro pensando que não tem nenhum ganho ou beneficio com os bens e serviços que adquire então estamos muito mal com essa mentalidade de que só o capitalista tem lucro.

  2. O que se criou no Brasil foram governos paralelos através de deputados, senadores, vereadores, judiciário, todos com dezenas ou centenas de assessores e cargos comissionados além das agencias reguladoras independentes sem qualquer restrição de ministérios ou governos. Órgãos criados para fiscalizar passaram a governar e legislar sem pudor e sem prudencia.

    1. É isso ai.
      Precisamos voltar ao tempo dos Déspotas esclarecidos. Esse negocio de reparticao de competendias não está certo, o mundo esta errado e Koreia do Norte certa. Precisamos é de um Grande Timoneiro, de um Lider Supremo ungido por Deus e todos os santos para dizer os rumos.

      1. Sai fora, mongo! Meu texto se refere à arbítrio e não à despotismo. Aprenda a entender alguma coisa. Deputados, Senadores e Judiciário com centenas de assessores lhes sobra tempo para politicagem se esquivando das suas funções legais. Quanto às Agencias reguladoras é só ver o quanto elas se rendem aos Lobbies do mercado. Vá ver a venda da OI Móvel, trancada há mais de 1 ano pelo CADE e ANATEL, negócio de R$ 16,5 bilhões e travado. Vá ver a ANEEL, bandeira vermelha com todas essas chuvas desde outubro/2021.

  3. “O Jabuti…deixando o traseiro para cima, untou seu fiofó com bastante mel e ali ficou esperando a raposa. Logo que ela apareceu, o Jabuti começou a soltar peidos, e a cada peido voava uma abelha. A Raposa, que gostava muito de mel, vendo aquele líquido lustroso, meteu o dedo e provou. – É mel! – disse. Outra raposa, que estava com ela, falou: – Mel, nada; parece o fiofó do Jabuti. Mas a raposa não quis ouvir mais nada. Meteu a língua para chupar o mel.”

    https://revistaoeste.com/brasil/deputado-do-distrito-federal-denuncia-livro-infantil-com-conotacao-sexual/

  4. Antigamente tínhamos políticos militares e hoje temos militares políticos.

    Logo começará a temporada de promessas de campanha.

    Um candidato da nossa cidade reuniu os amigos e os amigos dos amigos pra apresentar o plano de governo. Com a casa cheia, tomou a palavra. Conjugou sem cansar o verbo prometer:

    — Prometo dar muitas casa, prometo engordar as cesta básica, prometo aumentar o valor da bolsa-família.

    O assessor, preocupado com a concordância, cochichou ao ouvido do entusiasmado político:

    — Não se esqueça de empregar o plural.

    O homem não pensou duas vezes:

    — Vou dar emprego pro pai do plural, pro tio do plural e, claro, pro plural.

    https://www.google.com/amp/s/blogs.correiobraziliense.com.br/dad/historia-de-candidato/amp/

    Declaração de Guerra
    Subiu na tribuna um dos deputados do Ceará e começou o discurso:

    – A Alemanha perdeu a guerra hoje é uma potência. O Japão perdeu a guerra hoje é um exemplo de desenvolvimento. Israel foi dominado, se libertou e prosperou como um avião. Minha proposta é que devemos declarar guerra contra os EUA , e em menos de 10 anos seremos uma potência mundial.

    Então subiu na tribuna a oposição e argumentou veementemente:

    – Ninguém pensou na hipótese de ganharmos a guerra contra os EUA. O que vamos fazer depois?

    Então todos votaram contra a declaração de guerra.

    https://www.osvigaristas.com.br/piadas/politicos/

  5. TEMA 1175 – Concessão do Adicional de Compensação por Disponibilidade Militar no percentual máximo previsto na Lei 13.954/2019 a todos os integrantes das Forças Armadas.
    ARE 1.341.061/SC – Julgamento: 15/10/2021

    Tese fixada: Contraria o disposto na Súmula Vinculante 37 a extensão, pelo Poder Judiciário e com fundamento no princípio da isonomia, do percentual máximo previsto para o Adicional de Compensação por Disponibilidade Militar, previsto na Lei 13.954/2019, a todos os integrantes das Forças Armadas.

    TEMA 1177 – Constitucionalidade do estabelecimento, pela Lei Federal 13.954/2019, de nova alíquota para a contribuição previdenciária de policiais e bombeiros militares estaduais inativos e pensionistas.
    RE 1.338.750/SC – Julgamento: 21/10/2021

    Tese fixada: Competência privativa da União para a edição de normas gerais sobre inatividades e pensões das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares (artigo 22, XXI, da Constituição, na redação da Emenda Constitucional 103/2019) não exclui a competência legislativa dos Estados para a fixação das alíquotas da contribuição previdenciária incidente sobre os proventos de seus próprios militares inativos e pensionistas, tendo a Lei Federal 13.954/2019, no ponto, incorrido em inconstitucionalidade.

    https://annapaulacavalcante.jusbrasil.com.br/noticias/1357421324/teses-de-repercussao-geral-fixadas-em-2021-pelo-supremo-parte-4

  6. Teve e orientou, na forma omissiva. O candidato não se apossou somente do discurso evangélico ( o que nunca foi). Acontece que em 2018 crescia o movimento de senhores de bengalas na frente dos quartéis implorando o que eles chamavam de “intervenção militar constitucional”. Havia carreatas nas pequenas cidades e senhores de pijama pendurando a bandeira nacional nas avenidas. Nesse espírito, com a certeza de que os militares não reviveriam o 31 de março, o surgimento de um candidato que dissesse representar as FA (o que, também, nunca ocorreu), foi uma jogada de mestre daqueles que coordenaram a campanha do eleito. Com o mito de que os militares eram incorruptíveis e absolutamente preparados para conduzir o país, a eleição do candidato respondeu a uma paranoia popular, que acreditava , anacronicamente, que só um regime de poder intransigente poderia salvar o país do comunismo (sempre ele), e da corrupção generalizada. As FA, simplesmente, “surfaram a onda”, permitiram que o eleitorado fosse inocentemente manipulado e hoje eu tenho cada vez mais convicção de que os motivos não foram nada republicanos.

  7. ‘O Brasil não precisa se preparar para conflitos.’ A declaração foi proferida recentemente por um militante de esquerda, em uma live, cujo tema era o suposto protagonismo político das Forças Armadas nos últimos anos

    Isto deve ser obra da esquerda comunista, marronzista e badernenta.

    Odorico Paraguaçu

  8. Esse governo foi bom, podemos ver a qualidade dos que nos comandam e como agem de forma sorrateira com muita traição pensando no próprio pirão

    1. Tão bom que agora anda desesperado. Foi surpreendido por uma adolescente que lhe dirigiu uma frase da bíblia e fugiu da raia, quando esta lhe disse que ele era uma farsa.

  9. Atitude medíocre, como acreditar num cabra desse, ter aceito trabalhar com o Pr, sendo contrário ao seu governo. Ainda, sendo militar, onde a traição é algo repugnante. Será que tem mais alguém…assim

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