Militares avaliam retorno à uma posição política mais discreta

Os militares se aproximaram da candidatura de Bolsonaro. Agora, avaliam movimento de distanciamento. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

RUDOLFO LAGO*
Durante o governo Michel Temer, quando comandava o Exército o general Eduardo Villas Boas, pesquisas encomendadas pela força apontavam para índices altos de confiabilidade da sociedade com relação à instituição. Foi a partir dessas informações que Villas Boas começou a ensaiar uma política de maior aproximação dos temas políticos. Antes mesmo de o presidente Jair Bolsonaro começar a despontar como favorito na corrida eleitoral, os então candidatos à Presidência começaram um expediente até então inédito desde o fim da ditadura militar e após a redemocratização: incluíram nas suas agendas reuniões com o comandante do Exército.
Nessas reuniões, Villas Boas entregava a eles um caderno com as reivindicações do Exército para o novo governo. Era o início de um processo de protagonismo político que levaria ao engajamento militar à candidatura de Jair Bolsonaro, com a criação do que ficou conhecido como “grupo de Brasília”, uma turma de oficiais da reserva, aposentados com alta patente, que se reunia em uma sala no subsolo do Hotel Imperial em Brasília.
O grupo congregava cerca de 20 oficiais da reserva. Entre eles, alguns generais que formariam o núcleo duro militar do hoje presidente, como o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, e o hoje vice-presidente Hamilton Mourão (este agora nem mais tão próximo assim de Bolsonaro). E se reunia mesmo antes de se definir pela candidatura de Bolsonaro, mas imaginando como poderiam interferir de forma mais direta no debate político. Inicialmente, desconfiavam mesmo da opção Bolsonaro, visto como um militar imprevisível e indisciplinado. Como, porém, ele ia ganhando potencial na corrida eleitoral, chegaram à conclusão que a melhor opção era aderir a ele.
“Passados três anos de atropelos, indecisões, tomadas de atitudes e falas contrárias aos discursos, a onda chegou à praia sem força e com ela os restos de dejetos atirados ao mar durante o período”, avalia ao Congresso em Foco um desses generais. A adesão a Bolsonaro, considera ele, acabou tendo um efeito oposto ao pretendido quando as pesquisas apontavam para a impressão de confiabilidade das Forças Armadas pela sociedade. Fatos como, por exemplo, a desastrosa passagem do general Eduardo Pazuello pelo Ministério da Saúde, comprometeram a imagem dos militares.

Como Sísifo
Por isso, hoje boa parte deles avalia o retorno a uma posição mais discreta e mais distanciada da política. Como acontecia até então. “Nas nossas pesquisas sempre aparecíamos no topo da confiabilidade e jogávamos parados, fazendo o estritamente determinado nos ditames legais. Agora, com um suposto representante tão incapaz, vamos ter que empurrar a pedra de novo morro acima como Sísifo. Espero que a mantenhamos no topo, mas levará tempo para a escalada”, diz o general, mencionando o personagem da mitologia grega Sísifo, tema de um ensaio do escritor e filósofo francês Albert Camus – segundo Camus, a humanidade repetiria o mito de Sísifo, eternamente condenada a empurrar uma pedra até o topo da montanha, da qual ela rolava, obrigando-o a eternamente empurrá-la de volta.
Segundo o general, diante da impressão dada hoje pelas pesquisas de que não haverá espaço em outubro para outra opção que não seja a manutenção de Bolsonaro ou o retorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, boa parte desses militares já se inclina por aceitar a volta de Lula, como o “menos pior”.
“Muitos com quem eu falo ainda acham que entre os dois ficam com o menos pior”, afirma. Outros, como a própria fonte do Congresso em Foco, resistem. “Se esquecem do aforismo de Hanna Arendt: ‘Um mal menor ainda continua sendo um mal’”, completa, referindo-se à filósofa alemã, autora de “A Banalidade do Mal”.
No final, avalia ele, o grupo de apoiadores de Bolsonaro, seja qual o caminho que irá seguir, desidrata.
A alternativa, portanto, é voltar para a posição mais institucional, de garantidores da ordem e da segurança, subordinados a quem quer que venha a ser o presidente. Esse o caminho, imaginam, para a retomada da posição que tinham.
Segundo esse general, a motivação principal para a adesão a Bolsonaro não era a busca de maior protagonismo político, mas uma reação “aos descalabros da esquerda, sempre iluminados pela imprensa diariamente”. Ele completa: “Somos um classe muito ligada a valores e o discurso do candidato nos empolgou”.
“Alguns dos que avaliaram ser possível um governo decente que apontasse soluções ao país, e se convenceram de que com Bolsonaro isso é impossível, estão se afastando para compreender a conjuntura e se posicionar como cidadãos para as escolhas vindouras”, conclui.
*Diretor de Congresso em Foco Análise. Formado pela UnB, passou pelas principais redações do país. Responsável por furos como o dos anões do orçamento e o que levou à cassação de Luiz Estevão. Ganhador do Prêmio Esso.
CONGRESSO EM FOCO/montedo.com

27 respostas

    1. “Antes mesmo de o presidente Jair Bolsonaro começar a despontar como favorito na corrida eleitoral???”
      Quando isso aconteceu? Desde 2018 as pesquisas apontavam Bolsonaro como pangaré perdedor. Mais uma narrativa da gloriosa e lúdica mídia investigativa e checadora dos fatos que não aconteceram.

  1. A monarquia brasileira caiu e nasceu a República graças a fake news em 1889.

    Há dúvidas, até hoje, se Deodoro chegou a proclamar a República naquele dia 15. O marechal nunca fora republicano, mas compreendia que o Exército merecia mais atenção do Estado, tanto em importância social e política quanto em aumento de soldos.

    Os verdadeiros conspiradores eram os jovens oficiais, alunos das escolas militares, que souberam como trazer o marechal Deodoro para o campo republicano, afirmando que o governo monárquico perseguia o Exército e favorecia a Guarda Nacional. Se para os republicanos históricos o novo regime viria após a morte de Dom Pedro II, para os militares – majoritariamente os jovens por demais descontentes – o processo deveria ser antecipado, principalmente após os boatos do dia 14 de que Deodoro e Benjamin seriam presos. Os soldados se aquartelaram no Campo de Santana, onde ficava o quartel general, e passaram a gritar vivas à República.

    Quando Deodoro chegou ao Campo, teria determinado que eles se calassem. Deodoro teria dado ordem para que os portões do quartel fossem abertos e dirigiu-se ao chefe do gabinete do Império, Visconde de Ouro Preto, fazendo longo discurso sobre a perseguição do governo ao Exército e declarando deposto o ministério de Ouro Preto; Benjamin estava ao seu lado. Não há registro de que Deodoro tenha proclamado a República naquela ocasião. Ele ainda precisou voltar para casa, pois estava doente. No entanto, alguns republicanos, nas ruas, passaram a gritar vivas ao novo regime.

    Embora fosse admirador confesso da Princesa Isabel, foi José do Patrocínio, jornalista e político civil, quem seguiu em direção à Câmara Municipal e proclamou a República. Patrocínio hasteou uma nova bandeira nacional feita pelo Clube Republicano Lopes Trovão. A bandeira republicana hasteada na Câmara era uma réplica da bandeira dos Estados Unidos, mas em cores verde e amarela, revelando o ideal de república liberal.

    https://museucasabenjaminconstant.museus.gov.br/benjamin-constant-e-a-republica/

  2. Como que uma ideia infeliz de uma unica pessoa pode nos jogar no lodo.
    Militar tem que ficar fora fe politica mesmo. Pelo bem da instituicao.

  3. Será que estão voltando a ser militares novamente, foram lá e buscaram o que pretendiam ,missão cumprida!!!!!! , não importando com as consequências , se jogaram o prestigio da instituição morro a baixo ou simplesmente passaram por cima de todos para chegar ao topo , agora começa tudo novamente , se mudar governo terão que começar do inicio as bajulações , caso contrário a manutenção do triplex salarial continua ,igualzinha ao do Guarujá .

    1. O que tem o dever de fazer não fez, era defender o país e seu povo, deixou a bandidagem tomar os poderes, perdeu a credibilidade junto à nação, se misturou com os canalhas comunistas, basta ver as postagens de alguns imbecis de ideologia esquerdista. Alguns Generais se misturou com essa podridão, com esses vermes patifes repugnantes, onde permanece o velho ditado: os porcos se cheiram e se lambuzar, esses parasitas não representam as Forças, não representam o povo brasileiro, não tem conceito moral, não agariam votos, pois os vermes são repugnantes, se associam somente aos seus.

    1. Os generais corrigiram seus salários em 73%, as custas das pensionistas dos praças, atingiram seu objetivo, agora é hora de abandonar o barco, sempre foi assim neste país tupiniquim.

    1. O foco dos criminosos é destruir as forças de segurança, minar a e rasgar a Constituição que foi feita pelos socialistas para ser rasgada. Pedófilos, narcotraficantes, vagabundos que querem ganhar sem esforço, sindicalistas, maconheiros, abortistas, e todos que clamam por minorias defendendo a promiscuidade e a degeneração do ser humano como padrão para todos. Mas enquanto isso vão comendo e bebendo e jogando seus lixos nas ruas e nas mentes, fartando da produtividade de quem trabalha e produz, alimentos, moradias, vestuário, etc.

  4. Alô alô sargentos! Quem não papira é humilhado pelo aspira!
    Esqueçam a vida de militar do EB, pq é só frustração e enganação. Vamos papirar que ganhamos mais com isto! Vários concursos bizurados: oficial PM, PRF, PF, Receita, Polícia Penal, TJ, MP e milhares de outros concursos. Basta querer e correr na frente.
    Esperar 10 anos para sair 2 Sgt é tempo demais…
    Reta final para pular fora e o último apague a luz!

    1. Vai lá trouxa. Entra pra qualquer um desses agora e se aposenta com o teto do INSS. Só não fala que não foi avisado. Pra mim, só vale mesmo Auditor Da Receita.

      1. Anônimo no 17 de janeiro de 2022 a partir do 14:13
        Vai estudar seu acomodado! Não passa de um frustrado que não tem competência para encarar os livros e papirar e tenta descredibilizar aqueles que não são vagabundos como vc….. Se vc é um acomodado, parabéns!!!!
        Eu faço minha parte! Este não foi meu primeiro concurso e não será o último! Aceita a sua incompetência que dói menos!
        Com certeza deve ser um daqueles militares já cheio de filhos, empréstimos, querendo viver uma vida que não pode e passa aqui para comentar as frustrações por não ter coragem e capacidade de encarar a vida…. Só rindo de vc e de sua incompetência! Vai lá sem moral…

  5. Bolsonaro e seus Generais tiveram oportunidades de ajuda a tropa tanto da ativa como da reserva não fez nada infelizmente vamos ter que medigar alguma coisa do PT.

  6. Se eu não tivesse perto da reforma sairia também do EB, muito triste darem aumento no adicionais para uns e para os outros nada. Na minha OM. Já pediram baixa dois sgt de carreira. Acabaram com os praças. Infelizmente Bolsonaro não se reelege. Plantou e agora vai colher. Acabaram com a força.

  7. Pelo menos 4 bilhões de “comedores inúteis” serão eliminados até o ano 2050 por meio de guerras limitadas, epidemias organizadas de doenças fatais de ação rápida e fome. O fornecimento de Energia, Alimentos e Água devem ser mantidas em níveis de subsistência para os “comedores inúteis” que não pertencem às elites, com a drástica redução populacional começando com as populações brancas da Europa Ocidental e América do Norte e depois se espalhando para outros continentes e raças do hemisfério sul [América do Sul, África, Austrália e N. Zelândia].

    Eliminar 4 bilhões de [zumbis] “Comedores Inúteis” até 2050, publicado em livro de 1993 !

    https://humansarefree.com/2021/12/4-billion-useless-eaters-culled-by-2050.html

  8. Ou é Jair ou já era…o sistema vai voltar sedento de corrupção. E soltar um ladrão para concorrer as eleições é no mínimo suspeito. Tomara defendemos umas eleições limpas, porque a Venezuela e Argentina estão logo ali.

    1. Deixa de falar bobagens, sempre repetindo a mesma coisa, as urnas que elegeram esse governo fraco por demais são seguras e todas as dúvidas levantadas serão respondidas. E para completar, realmente, Jair já era, vai até o final de 2022 e aí será o fim.

    1. Bolsonaro não fez nada para classe dos militares. Só melhorou a salário dos generais. Praça tem que votar em praça mesmo. Até na época do Lula deu aumento para os militares.

  9. Folha SP: “Maioria acha que Bolsonaro atrapalha vacinação infantil, mostra pesquisa. Setenta e nove por cento dos brasileiros apoiam vacinação de crianças de 5 a 11 anos”. Poderia tentar fazer algo útil para os brasileiros.

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