O limite ao abuso

Presidente Jair Bolsonaro participa da cerimônia do Dia do Soldado, com imposição da Medalha do Pacificador e da Medalha do Exército Brasileiro. Foto: Jorge William / Agência O Globo

No universo militar, a defesa da honra é um ativo valioso e a nota de Barra Torres tem esse caráter

João Bosco Rabello*
Se já é um sinal da mão amiga mostrando o braço forte a Bolsonaro, talvez seja cedo para dizer. Mas, possivelmente, na nota em que cobra ao presidente da República compostura e o desafia no plano da moralidade, o almirante Barra Torres, presidente da Anvisa, resgate a insatisfação de uma maioria silenciosa de militares.
A altivez reprimida pela hierarquia explica a escassez de manifestações críticas de militares às provocações diretas do presidente à tropa, embora, em muitos casos, não justifique a ausência da atitude que faltou em Eduardo Pazuello e sobrou no almirante. Beneficiado pela autonomia do cargo, Torres não hesitou em dar um passa-moleque no presidente da República.
Pelo teor indignado da reação, é provável que a fizesse mesmo sem a estabilidade do cargo e com o risco de uma demissão, como ocorreu com os comandantes militares pré-Braga Netto, por recusarem submissão a ordens estranhas ao universo militar, ditadas na forma humilhante e incivilizada que caracteriza o comportamento presidencial.
No universo militar, a defesa da honra é um ativo valioso e a nota de Barra Torres tem esse caráter. Ela não é uma nota institucional, mas de homem para homem, olho no olho, se admitida a licença para essa expressão em texto. É na guerra – e vivemos uma contra a pandemia –, em que mais o militar se impregna desse valor, pois é quando o espírito coletivo de equipe, um por todos e todos por um, é testado ao limite.
Se tiver o que denunciar, o faça; senão, retrate-se – é a síntese da declaração de Torres. Sublinhar esse aspecto é importante para reforçar as informações que dão como forte e positiva a reação à nota do almirante nas Forças Armadas. Seguramente, sem dimensão de ruptura, a insistência de Bolsonaro no comportamento hostil ampliou a fissura já constatada na sua relação com os quartéis.
Por hostil entendam-se as intervenções públicas desnecessárias, com o intuito exclusivo de exibir o poder que o cargo lhe confere, na condição de comandante em chefe das Forças Armadas, para sugerir uma liderança política sobre a caserna.
Esse método se verifica não apenas na cobrança ao comandante do Exército já mencionada, mas também em outra recente tentativa de criar um conflito atribuindo ao ministro da Defesa, Braga Netto, uma tomada de satisfações junto ao Tribunal Superior Eleitoral.
Netto apenas dava retorno a convite do ministro Luís Roberto Barroso, para que participasse das iniciativas e providências em curso para ampliar a segurança da votação – não só na questão tecnológica, mas também do próprio pleito. Estima-se que as eleições deste ano serão as que mais vão demandar ações militares, em todas as esferas, dado o clima acirrado da disputa e a polarização ideológica.
Em nova desistência, Bolsonaro deixou para lá a cobrança pública que fizera ao comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, para explicar nota interna em que autoriza o retorno das tropas ao trabalho presencial, impõe a vacinação e uso da máscara e proíbe a disseminação de fake news. Sua reprimenda já não surte o efeito de antes. Deu-se, então, por satisfeito, mesmo sem o esclarecimento formal que exigira. Ficou o dito pelo não dito.
As diretrizes do general Paulo Sérgio Nogueira visam a preparar o retorno pleno das tropas às suas atividades, para que estejam prontas na campanha e nas eleições, quando se prevê uma nova onda de pedidos de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) por parte de governos estaduais.
METRÓPOLES/montedo.com

48 respostas

    1. Onde estava toda essa coragem dos Almirantes, Generais e Brigadeiros durante o governo da ex terrorista, onde foi instaurada a Comissão da Mentira?

        1. A vida não é um quartel, seu alienado.
          Nao existe hierarquia entre administração direta e indireta
          A agência reguladora tem total autonomia
          Militarismo por militarismo, bozo foi mandado a conselho de justificação como cap, e do outro lado temos um Alte honrado.
          Em alguns dias bozo será um desempregado vivendo de sua polpuda aposentadoria de deputado… e o almirante continuara almirante

        2. Cadeia para você, que defende um embusteiro que tentou explodir gasodutos no Rio de Janeiro.
          Mas não fique preocupado não. Não sou comunista, sou de direita, mas não sou radical e me mantenho, ao contrário do presidente senil, gozando de plena faculdade mental.

        3. Pare de puxar o saco do senil extremista. O senhor ainda não percebeu que o maluco do presidente está destruindo a imagem da direita brasileira?
          O cara é tão burro que conseguiu ressuscitar o tongo do Lula.

    2. Um dos símbolos menos evidentes da corrupção da nossa sociedade está na constatação de que um número substancial dos militares das forças armadas votaram, votam e votarão sempre em troca de promessas de vantagens salariais. Como culpar os políticos pela falta de projetos na educação, em infraestrutura etc, quando para nós mesmos todas as questões que não envolvam vantagens para a categoria são de menor importância? Sinceramente, não vejo esse tipo de discussão em nenhum outro círculo social. Mentalidade de gente mesquinha, e nada patriótica. É por essas e outras que não voto e provavelmente jamais votarei em militar.

    1. Na questão sanitária o Chefe do Poder Executivo, todos os brasileiros e estrangeiros no território nacional devem seguir as orientações do Ministério da Saúde, incluindo da Anvisa e não o contrário, como está previsto em lei.

      LEI No 6.259, DE 30 DE OUTUBRO DE 1975.

      Art 1º Consoante as atribuições que lhe foram conferidas dentro do Sistema Nacional de Saúde, na forma do artigo 1º da Lei nº 6.229, inciso I e seus itens a e d , de 17 de julho de 1975, o Ministério da Saúde, coordenará as ações relacionadas com o controle das doenças transmissíveis, orientando sua execução inclusive quanto à vigilância epidemiológica, à aplicação da notificação compulsória, ao programa de imunizações e ao atendimento de agravos coletivos à saúde, bem como os decorrentes de calamidade pública.

      Parágrafo único. Para o controle de epidemias e na ocorrência de casos de agravo à saúde decorrentes de calamidades públicas, o Ministério da Saúde, na execução das ações de que trata este artigo, coordenará a utilização de todos os recursos médicos e hospitalares necessários, públicos e privados, existentes nas áreas afetadas, podendo delegar essa competência às Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.

      Do Programa Nacional de Imunizações

      Art 3º Cabe ao Ministério da Saúde a elaboração do Programa Nacional de Imunizações, que definirá as vacinações, inclusive as de caráter obrigatório.

      Parágrafo único. As vacinações obrigatórias serão praticadas de modo sistemático e gratuito pelos órgãos e entidades públicas, bem como pelas entidades privadas, subvencionadas pelos Governos Federal, Estaduais e Municipais, em todo o território nacional.

      Art 5º O cumprimento da obrigatoriedade das vacinações será comprovado através de Atestado de Vacinação.

      § 1º O Atestado de Vacinação será emitido pelos serviços públicos de saúde ou por médicos em exercício de atividades privadas, devidamente credenciados para tal fim pela autoridade de saúde competente.

      § 2º O Atestado de Vacinação, em qualquer caso, será fornecido gratuitamente, com prazo de validade determinado, não podendo ser retido, por nenhum motivo, por pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado.

      § 3º Anualmente, para o pagamento do salário-família, será exigida do segurado a apresentação dos Atestados de Vacinação dos seus beneficiários, que comprovarem o recebimento das vacinações obrigatórias, na forma que vier a ser estabelecida em regulamento.

      Art 6º Os governos estaduais, com audiência prévia do Ministério da Saúde, poderão propor medidas legislativas complementares visando ao cumprimento das vacinações, obrigatórias por parte da população, no âmbito dos seus territórios.

      Parágrafo único. As medidas de que trata este artigo serão observadas pelas entidades federais, estaduais e municipais, públicas e privadas, no âmbito do respectivo Estado.

      Art 12. Em decorrência dos resultados, parciais ou finais, das investigações, dos inquéritos ou levantamentos epidemiológicos de que tratam o artigo 11 e seu parágrafo único, a autoridade sanitária fica obrigada a adotar, prontamente, as medidas indicadas para o controle da doença, no que concerne a indivíduos, grupos populacionais e ambiente.

      Art 13. As pessoas físicas e as entidades públicas ou privadas, abrangidas pelas medidas referidas no artigo 12, ficam sujeitas ao controle determinado pela autoridade sanitária.

      Art. 14. A inobservância das obrigações estabelecidas nesta Lei constitui infração sanitária e sujeita o infrator às penalidades previstas em lei, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis. (Redação dada pela lei nº 13.730, de 2018)

      Art 15. O Poder Executivo, por iniciativa do Ministério da Saúde, expedirá a regulamentação desta Lei.

      Art 16. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

  1. O Presidente vacilou várias vezes nas nomeações e estes o traem. Mais atencao.

    Essa ANVISA tá facilitando muito a aprovação das vacinas.

    E a Nota deles prevenindo sobre os riscos de miocardites ???

    1. E a Nota deles prevenindo sobre os riscos de miocardites ??? Ficou lá no site da Anvisa. Quem quiser ler e se informar que procure. Ou vc acha que essa nota foi ou será alardeada pelos antagonistas?

      1. No tempo do FH, LULAU e DILMA, não via militar peitar o referido presidentes.

        Eu posso estar errado, porém, a mim, parece que esses caras ainda veem o Bolsonaro como capitão.

          1. Anônimo no 11 de janeiro de 2022 a partir do 19:49… você é um cara de Pau… Oleo de pérola para vc falastrão… a quem vc quer enganar… vá estudar… Faça-me um favor… Desde quando CHAQO é estudo… Mais parece uma prova de CFC… onde qq QE com 4° série do antigo ginásio realiza com os pés na cabeça… Estudar… Seu fanfarrão… CHAQO… Altos Estudos… Piadista… Comediante… Meritocracia… Vá contar suas mentiras na praça para paisano ouvir… Nós militares conhecemos bem a Meritocracia Militar… Seu fanfarrão…

      1. Também com acesso aos cursos de meritocracia fica fácil né camarada, vocês de carreiras só vivem pelos corredores dos quartéis se lamentando da vida e não tem coragem de passar em outro concurso, ficam lutando por um pontinho aqui outro ali, ou ficam próximo a certas outoridades para serem beneficiandos .

      2. Bolsonaro pensou que traindo os praças que sempre votou nele, desde vereador e beneficiando,e muito, os oficiais generais, teria a consideração dos mesmos, se enganou, a política é farinha pouca, meu pirão primeiro. O traidor foi traido, bem feito, meu voto nunca mas e ainda farei campanha contra.

    1. Tu sois da época que a ESA era 1° grau , terminace os estudos no supletivo , foste promovido no final da tua turma sempre, vivi reclamando da instituição pelos corredores , no final ainda vai ter que cumprir tempo de coturno pra passar para reserva 😄😁

  2. Meus caros,

    Numa sociedade/carreira e/ou cargo público sempre haverá alguém insatisfeito, mas, temos que olhar pelo lado positivo das ações no Exmo Sr Presidente da República.

    Exemplo disso foi o AUXÍLIO EMERGENCIAL, muitos desses políticos queriam essa grana na mão, para poder controlar os mais necessitados, coisa que não ocorreu devido ao pagamento direto ao cidadão (CEF).

    Obras inacabadas a décadas, hoje concluídas.

    Parou a roubalheira das empresas públicas (loteadas por corruptos).

    Transposição das águas do Rio São Francisco, que hoje fortalece os pequenos e grandes agricultores do sertão nordestino.

    Isso sim, deveria ser observado pelos que criticam, porque crítica positiva também é valida.

    Mito 2022.

    1. Sim, este auxílio emergencial é uma maravilha, assim o pessoal pôde equipar a motinha com aquele cano de escape bem barulhento, foi possível rebaixar o carro ,estourar fogos de artifício no ano novo, bem como adquirir itens de primeira necessidade (brincos para homens, caixa de som JBL, cachaça, tabaco, Iphone, entre outros). Foi uma baita realização.

      1. Ao menos investiram em algo útil para eles gerando 3 MILHÕES DE EMPREGOS em 2021. São 20 MILHÕES de famílias recebendo o auxilio. Vc tem noção de onde vem essa pobreza, quem deixou essa herança?

  3. calma homeeh, a comissão da in(verdade) pintou e bordou em cima dos deuses castrenses, e comiam calado o angu feito pelaa dilmANTA, sem falar as mijadas e chacotas do molusgo nove dedos.

    aí vem o capitão R1, Pr da república com excelente gestão e sem corrupção, ponderar um ponto de interesse da nação, o homi de botão amarelo dá xilique, hum…. sei

    BOLSONARO 22

  4. O Líder ‘kim Jair ‘1 7 un’, da seita bolsopetista:
    – o tambor, faz barulho mas vazio por dentro.
    Faltam menos de 9 meses pra terceira baixa, a baixa da ralé (02 de outubro).

  5. Gigantesco prejuízo a Força.
    Serão mais algumas décadas pra limpar essa ‘mancha’ histórica.
    O preço será alto as FA pelo total desrespeito e humilhações públicas que Jair ‘1 7 un’ proporcionou a Instituição.
    Desmoralização total com anuência e assinaturas de todos do Centrão militar.

  6. Parece até um blog esquerdista. Faz questão de repercurtir problemas com o Pr.

    Esse Montedo é QE (Quase todos esquerdistas com intuito de adquirir benesses através do PT pouco se importando com o País)?

    Isso não é interessante para nossa nação!

  7. Os bolsonaristas costumam chamar de “traidor” e “comunistas” a todos que tem a CORAGEM MORAL de peitar e dizer VERDADES ao Presidente Bolsonaro não quer ouvir. São na verdades CORAJOSOS e não CAPACHOS como quer o Messias.

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