‘Lá vem o aluno com seu travequinho’; atleta trans revela ameaças após formatura de namorado militar

Thaynna Dantas com o noivo militar, durante formatura: preconceito Foto: Reprodução

Fenômeno das redes sociais em Natal, Thaynna Dantas foi atacada pela internet e registrou queixa na delegacia

Maiá Menezes
Uma imagem quase passou despercebida no último dia 4, na formatura da Escola de Sargentos da Infantaria, em Três Corações, Minas Gerais. O ineditismo só foi percebido quando a mulher de um dos formandos reconheceu Thaynna Dantas De Souza, que foi à formatura como mais uma das namoradas e mulheres dos militares. Atleta transexual, Thaynna é um fenômeno das redes sociais em Natal, Rio Grande do Norte, onde o casal mora. Tem mais de 400 mil seguidores, inevitável ser reconhecida. Thaynna conta que não houve qualquer restrição do Exército à sua presença na cerimônia formal, tampouco na formatura. Mas o que era celebração virou pesadelo: já de volta a Natal, ela passou a receber ameaças de outros usuários das redes.
Thaynna conta que, ao chegar em casa, passou a receber áudios agressivos pelo celular. Alguns, com dois minutos de ameaças. Registrou queixa no 15o Distrito Policial de Natal.
– Chorei duas horas sem parar ao ouvir. Se era para ser uma brincadeira, virou um crime. Eram palavras transfóbicas, absurdas, ameaças. Por que isso? Só porque sou trans… Jamais um relacionamento tem que interferir na imagem de um militar. O que ele faz na caserna diz respeito à sua função. O que faz fora é sua vida particular – disse Thaynna, em depoimento ao lado do noivo, que a ajudava a lembrar datas e detalhes da cerimônia de formatura.
Juntos há três anos, a atleta e o Terceiro Sargento, que se formava na ocasião, namoram há três anos e estão noivos. Ela, 33, ele 24. Lucca Michelazzo pediu Thaynna em casamento este ano. Está no Exército há dois. Já Thaynna interrompeu os estudos aos 15 anos para iniciar a transição de gênero. Atualmente, tem uma carreira eclética: além de atleta, ela se forma em nutrição no segundo semestre.

‘Lá vem o aluno entrando na ESA com seu travequinho’
A polícia começa hoje a investigar os ataques virtuais. Quando foi estudar na Escola de Sargentos do Exército, Lucca já namorava Thainna e nunca se ressentiu da reação de colegas, que foram poucas. Mas o casal lembra de um em especial: “Lá vem o aluno entrando na ESA com seu travequinho”.
– Cheguei a entrar no grupo de Whatsapp de mulheres e namoradas de militares. Todas doidas para casar. Não sabiam que eu era trans. Aí veio a frase: ‘Lá vem o aluno entrando na ESA com seu travequinho’. Como era aluno, não denunciei. Desde essa época, já tinha preconceito. Soube agora que uma menina pesquisou foto minha no Google e encaminhou as fotos que descobriu em outro grupo. O preconceito ia ter de qualquer jeito, mas Lucca é totalmente de boa com isso. À noite, no baile de formatura, a mãe disse: nossa: “tá lindíssima”. Estávamos tão felizes que só queríamos curtir. Independente de olhares. Quando me viram pessoalmente, devem ter pensado: ‘é um casal normal’.
O Globo/montedo.com

10 respostas

  1. Esse movimento avança rapidamente para dentro dos quartéis ,é uma realidade ,até dentro do EB terra dos selvas guerreiros implacáveis encontramos colegas que casaram entre si , selva!

  2. vão ler a bíblia e cumpra o que o eterno determinou. homem e homem mulher e mulher foi assim que o eterno criou. Não se conformei com este mundo. Nao misture amor ao próximo com pecado.

    1. Santa ignorância a sua, geralmente quem é contra ou tem preconceito é porque tem medo de descobrir a bicha que há em você mesmo, precisa se afirmar o tempo inteiro, isso é fato, procure uma psicóloga que te orientará melhor.

  3. Aqueles que julgam, criticam, etc, são os mesmos que ao participarem de uma operação acolhida, por exemplo, esquecem que tem familia e acabam agindo como moleques.
    Canalhas, mil vezes canalhas, já dizia o bozo!!!

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