Chegada de Laura Bolsonaro a Colégio Militar causa aflição em professores

cmb

Laura Bolsonaro, de 11 anos, foi admitida na unidade de ensino sem passar por seleção. Ela vai cursar o 6º ano em 2022

LUANA MELODY BRASIL | O TEMPO BRASÍLIA
A expectativa da chegada da filha caçula do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), no Colégio Militar de Brasília (CMB), tem gerado tensão e desconforto entre a equipe pedagógica, que inclui tanto professores – civis e militares – quanto a direção da unidade de ensino.
Laura Bolsonaro, de 11 anos, foi admitida pelo Exército, instituição à qual a escola está subordinada, em fins de outubro para cursar o 6º ano em 2022. Ela, no entanto, não foi submetida a processo seletivo.
Segundo informações divulgadas pela Folha de S. Paulo, o processo que envolve a matrícula excepcional da criança foi colocado em sigilo pelo Exército até o fim do mandato do presidente – ou até o fim de eventual segundo mandato, se ele conseguir se reeleger no próximo ano.
De acordo com o regulamento dos colégios militares, chamado de “R-69”, há condições especiais para ingresso de dependentes de militares sem que precisem participar do processo seletivo. Mas Bolsonaro, que é capitão reformado do Exército, não se encaixa nessas condições.
Uma portaria de 2008, por exemplo, cita possibilidades de ingresso de “órfão filho de militar de carreira ou da reserva remunerada do Exército” e de dependente de militares da carreira em situações específicas.
Essas situações compreendem mudança de sede, missão no exterior e transferência para a “reserva remunerada, uma vez comprovadas a mudança de sede e a fixação de residência em localidade assistida por colégio militar”.
No entanto, segundo *Augusto, que é professor civil com mais de duas décadas dando aulas no Colégio Militar de Brasília – por receio de represálias, ele pediu anonimato à reportagem de O TEMPO – o ingresso de Laura no colégio, sem processo seletivo, baseou-se no artigo 92 do R-69.
Esse artigo estabelece que casos considerados especiais poderão ser julgados pelo comandante do Exército, que é atualmente o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, indicado por Bolsonaro para o cargo.
“Abriu-se uma exceção, mas que está prevista no regulamento. A questão é que geralmente ninguém pede esse tipo de exceção, porque soa como privilégio”, disse o professor.
Na entrevista concedida à reportagem, o educador relatou uma série de problemas vislumbrados pela equipe da unidade de ensino a partir da chegada de Laura.
“A ida da filha do presidente Bolsonaro para o CMB não é do agrado da maioria, nem dos próprios militares, porque eles sabem que poderão ser submetidos a novos níveis de pressão”, apontou.
Um dos principais receios dos professores e diretores, segundo Augusto, é a motivação para a admissão da criança no colégio. Para apoiadores, o presidente Bolsonaro alegou “questão de segurança” na época que fez o pedido ao Exército.
“A minha [filha] deve ir ano que vem para lá [Colégio Militar], a imprensa já tá batendo. Eu tenho direito por lei, até por questão de segurança”, disse o presidente em outubro.
“O filho do ex-presidente Michel Temer frequentou regularmente uma escola privada em Brasília. Então o que aconteceu na escola que a Laura estava frequentando e que ‘por motivo de segurança’ precisou mudar para o Colégio Militar? Nos questionamos sobre isso e ficamos apreensivos. Mas tudo indica que é apenas pelo privilégio mesmo”, desabafou Augusto.
Uma fonte informou ao TEMPO que atualmente Laura Bolsonaro estuda num tradicional colégio protestante de elite, em Brasília. Lá já existe uma mudança na rotina para adequar a escola ao caso da filha do presidente, o que temido pelos educadores do CMB.
Nas tradicionais reuniões para que educadores informem aos responsáveis sobre o desempenho das crianças na escola, neste colégio são realizadas periodicamente e individualmente, em ambiente fechado, com Michelle Bolsonaro.
Outro tipo de pressão que os professores receiam sofrer é em relação ao desempenho da Laura como aluna, de acordo com o educador. “Todo mundo torce para que ela seja uma aluna muito boa e tranquila, porque senão ficaremos numa situação delicada, em que até mesmo a chefia, a direção do colégio poderá ser pressionada. Tudo isso por conta do perfil da família presidencial”, enfatiza.
Augusto lembra que quando foi admitido por concurso para dar aulas no CMB, no início dos anos 2000, eram ofertadas 70 vagas no processo seletivo do colégio.
Para 2022, foram liberadas apenas 15 vagas, bastante concorridas. “Muitos pais colocam os filhos em cursinho para fazer a prova do colégio militar. De repente, entra alguém que não passou por esse processo”, critica.
“Dependendo de qual turma a Laura vai ficar alocada, pode ser uma turma com grande número de concursados, e essas crianças podem adorá-la por ser filha do presidente ou hostilizá-la por ter privilégios. É uma situação desconfortável a que essa criança vai ser submetida. Não se sabe nem mesmo se ela quer estar nesse colégio”, observa o professor.
Entre os motivos que levam famílias de Brasília, militares e civis, a tentar a matrícula dos filhos no Colégio Militar é a infraestrutura de alto padrão, para uma escola pública (recebe recursos do Ministério da Defesa e do Exército), combinada com uma taxa mais baixa de mensalidade – o valor máximo do pagamento para alguns casos é R$ 278.
O CMB está localizado na Asa Norte, um bairro de classe média alta de Brasília, onde há várias escolas próximas cujas mensalidades não custam menos de R$ 2 mil.
“Existe uma ilusão de que os alunos do CMB têm famílias com boas condições financeiras. Mas temos muitos alunos de famílias pobres, com um orçamento bem restrito”, nota o professor. “Então é mais uma preocupação gerada pela presença da Laura Bolsonaro em relação a esses alunos”, acrescenta.
Há ainda outro fator de preocupação para a equipe pedagógica do CMB. Segundo Augusto, cada série é gerida por um militar, que geralmente é um capitão ou major do Exército.
Essa equipe já está sendo montada e, até o momento, aqueles que foram convidados para assumir a função de comandante do ano no qual Laura Bolsonaro ingressará recusaram a oferta.
“A carreira dessa pessoa pode ser prejudicada em caso de atrito com a família do presidente. Isso pesa bastante na organização da equipe”, observa Augusto.
“Acredito que vão escolher alguém da reserva para comandar o 6º ano, porque é uma pessoa que não vai progredir de posto, o nível de pressão é menor. Mas não sabemos como vai ficar a formação da equipe”, contou.

Outro lado
O Exército e o Colégio Militar de Brasília foram consultados para apresentarem seus posicionamentos quanto às informações dadas pelo professor do colégio. O CMB comunicou, via assessoria de imprensa, que não irá se manifestar.
O Exército, por sua vez, ainda não encaminhou à reportagem seu posicionamento referente à decisão de admitir Laura Bolsonaro no CMB sem que ela passasse pelo processo seletivo. O espaço seguirá aberto para incluir a manifestação da instituição.
O TEMPO/montedo.com

34 respostas

  1. Sinceramente, não entendo o porquê de tanto burburinho! Se o presidente da República, que é o chefe supremo das FFAA, não puder colocar a filha no colégio militar, então o negócio tá ruim mesmo!

    Baixaria foi uma deputada ter colocado o filho sem nenhum vínculo com as FFAA e, no entanto, não houve esse murmúrio!

    Fala sério

    1. Primeiro,
      – aqui não é a Nicarágua, Coreia do Norte ou Venezuela, que seus ditadores acordam e decidem qualquer arbitrariedade e todos dizem Amém.
      Segundo,
      – todas as Instituições, Órgãos públicos possuem suas regras e legislações Legais.
      – todos Colégios Militares não pertencem ao Exército, e, muito menos, ao esse ex-militar desajustado.
      Terceiro,
      – todos Colégios Militares são instituições públicas, são do Estado, pertencem a Nação, estão sob administração do Exército (como o HTO do Pazuello).
      – devem explicações de seus Atos aos órgãos de fiscalização, cumprimento de seu perfeito funcionamento dentro da Lei, de suas Normas e legislação.
      – órgãos, estes, de dentro da Força, e, quando necessário, fora da Força (MP, TCU, Poderes Legislativo e Judiciário).
      Quarto,
      – SIM, há uma ‘brecha’ na legislação que concede ‘árbitro decidir de ofício’ ao Cmt Exército e Cmt CM de Brasília, em casos excepcionais, autorizar a matrícula.
      – lembro que tal excepcionalidade ‘DEVE’ estar substanciada a fim de justificar tal decisão
      fora das regras legais a que todos candidatos se submetem e devem cumprir.
      Quinto,
      – por fim, não é porque este indivíduo por Lei seja o Chefe Supremo das FA pode tudo.
      Muito pelo contrário, deveria, o que não é seu infeliz caso, de dar o exemplo, cumprir rigorosamente o previsto na Lei.
      Sexto,
      – como nunca foi afeito a Justiça, Disciplina, Lealdade, Respeito as Normas legais, fica mais esse péssimo exemplo de desrespeito ao Exército e as Leis.
      Um total desqualificado.

      1. Eu autorizei e pronto, acabou o discurso de ódio. Vai lavar uma louça e chega de invencionices midiáticas de repórteres que não têm subsidio de dinheiro estatal.

    2. Nao entende?
      Eu vou explicar.
      Ele pode ser o presidente da república, mas a república não pertence a ele.

      Passamos do período da monarquia absolutista. As instituições republicanas são muito maiores que governos temporários e periodicamente eleitos.

      A República não é um quartel, onde muita gente acha que o Comandante tem o “seu” motorista, a “sua” guarda e o “seu” quartel.

      O colégio militar, custeado com verba da defesa, tem um propósito específico de assistir filhos de militares em situações específicas.

      Aquilo não serve para assistir presidentes eleitos. Situações de comprometimento de segurança da familia presidencial devem ser administradas pelos órgãos competentes (pf e gsi), nao pelo exército. Isso que seria o fim da mamata, do jeitinho e dos “casos excepcionais”.

      Por fim, acrescento que jair bolsonaro foi julgado indigno ao oficialato por conselho de justificação, uma decisão revertida pelo judiciário (stm). Seus filhos não estudaram lá e ele, ao menos breve periodo em que esteve na ativa, foi um péssimo exemplo de militar, e por isso persona non grata.

      Os que cedem aos caprichos de governantes traem a si mesmos, ao exército e a República.

      1. EXCELENTE ISMAEL.
        Mandou bem meu amigo.
        Mostrou no seu comentário que nem tudo está perdido, há lucidez ainda na ativa.
        Parabéns.

  2. Esse excesso de cuidados e atenção, só prejudica o desenvolvimento psicossocial e percepção da realidade.
    A cerceiam das oportunidades da experiência de enfrentar as vicissitudes do mundo real.
    Deixem a criança crescer fara dessa bolha protetora.
    Está na hora dela fazer suas escolhas.
    Nada em excesso é positivo.
    Um troco em virtude dos anos 90′ tê-lo sido negado a matrícula de seus ‘zeros’.

  3. A questão é que o PR é contra cotas que é uma ação afirmativa e que exige aprovação, entre os iguais, para galgar a vaga. No caso da filha do PR ela não fez nem o concurso, que é obrigatório, para entrar no colégio militar de Brasília. Essa é a questão.
    Assim como tentou empurrar o filho para embaixada nos EUA e ainda afirmou que queria dar o filé mignon para o filho. Em resumo para os filhos dos outros os rigores da lei para os meus as benesses da lei. Isso tem nome: MORAL DE CUECA.

      1. O melhor para o filho qualquer pai quer, mas não do jeitinho nojentinho brasileiro. É por isso que somos a m…de país que somos, pois temos uma m…de povo.

      1. O Ministério Publico Federal vai fazer uma petição e assinar, nao tenha dúvidas.

        Já viu quando chega ação no quartel? Todo mundo se tremendo de medo do “capa preta”.

        E se o MPF ainda enxergar uma improbidade administrativa nisso ai lascou…

        Os Poderes são muito maiores que esse mundo à parte de quartel companheiro. A década de 70 acabou já vão mais de 40 anos.

        1. Sabia q tá vindo uma nova Lei de improbidade adm! Vai literalmente acabar com esse “ e se enxergar improbidade adm”! Larga de ser traidor! Ninguém tem medo de ninguém não! Quem trabalha correto não precisa ter medo de ninguém! E quem responde a a AGU! Tá ok?? Rss

          1. Ngm tem medo? Em que om o amigo serve? No castelo de greyskull? Chega um papel do judiciário o pessoal treme nas bases…
            E daí que a agu responde? A agu é um advogado, advogado da união…
            Mpf é um promotor…
            Promotor, advogado… entende a distancia?

    1. Que mane MPF?? Lá é jurisdição da Justiça militar e do MPM! Para com esse papo furado! Outra coisa! Qual procurador vai comprar uma briga contra uma criança! Sai logo do Exército! Ou continue escondido na sua penumbra cinzenta!

      1. A justiça militar só julga crimes militares. Improbidade administrativa é ilicito civil, julgado pela justiça comum.
        A ação não é proposta contra a criança, mas contra o administrador público que cometeu ato ímprobo.
        Já esta meio antigo pra repetir essas ladainhas de recruta amigo.

  4. Porque essa tribulação, essa tormenta, ou somos militares ou não? Se somos preparados para o combate para que se estressam desde um doc simples até uma simples escala de serviço? Claro que a Força tem que adequar melhor seus Qadros, colocar um homem certo na função certa, melhorias de salários, instalações, equipamentos e instalações de muitos quartéis, melhoria nos proventos dos Inativos e pensionistas, melhorias estruturais nos servicos de saúde, assistência social, saúde mental, incluindo tratamento psicológico, além de diminuir tanta burocracia para certas decisões e ações do Coronel / CH EMao cabo auxiliar de seção. Mas não podemos estar num emprego/ carreira que tudo é motivo de aflição, agonia , medo e até terror….
    É um resumo do que acho, mas não é uma verdade absoluta, só algumas constatações.

  5. Que viagem, até parece o fim do mundo, deixem de besteira, o mundo vai continuar mesmo com a filha do presidente no colégio militar.

    Na realidade devem é aumentar as instalações e o número de vagas nós colégios militares e colocar militares da reserva remunerada para trabalharem na instituição liberando o pessoal da ativa para os trabalhos atinentes a carreira militar.

    1. Vai trabalhar você, menininho mimado. Volte aqui com altos estudos, por enquanto vc é apenas um adolescente imberbe que sofreu uma profunda lavagem cerebral, e na reserva descobrirá isso

  6. Pelo que sei vários filhos (as) de militares não fizeram concurso, alguns entraram por movimentações de guarnições e outros pelo sorteio. Meu caso foi esse último, meu filho foi sorteado. Qual a diferença? o regulamento? para mim ele não fez concurso e pronto.

  7. No início de 2023, esse nepotismo descarado acabará, a ordem e a justiça social voltará a reinar dentro e fora dos quartéis, e sem esculacho.

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