Às vésperas de filiar-se ao PL, Bolsonaro avisa Mourão: “Tenha um paraquedas reserva”; vice se aproxima de Moro

O vice-presidente Hamilton Mourão acompanha cerimônia na Aman, em Resende Foto: Bruno Batista/Vice-Presidência/14-08-2021

Escanteado, Mourão se aproxima de Sergio Moro
Vice-presidente e ex-ministro da Justiça, pré-candidato ao Palácio do Planalto pelo Podemos, vêm trocando mensagens há cerca de um mês

Gabriel Mascarenhas
BRASÍLIA — Após o presidente Jair Bolsonaro deixar claro que não conta com ele para o projeto da reeleição e, mais do que isso, o estimular a construir um caminho eleitoral próprio, o vice Hamilton Mourão passou a conversar recentemente com o ex-ministro Sergio Moro. Pré-candidato ao Palácio do Planalto pelo Podemos, o ex-juiz da Operação Lava-Jato é desafeto declarado do chefe do Executivo federal.
Nas últimas semanas, Bolsonaro deu a seguinte orientação ao auxiliar: tenha um paraquedas reserva. Fez isso em duas ocasiões, uma delas por mensagem de texto e a outra, pessoalmente, durante uma cerimônia no Planalto. Na primeira vez, a sugestão veio acompanhado de um anúncio: “Vou para o PL. Tenha um paraquedas reserva”.
Depois dos recados explícitos, interlocutores de Bolsonaro fizeram chegar a Mourão que o presidente está disposto a apoiá-lo ao cargo que ele escolher concorrer em 2022, desde que não haja conflitos com interesses do núcleo mais próximo do mandatário da República.
Marcado para amanhã, o ingresso do presidente no partido símbolo do Centrão, presidido por Valdemar Costa Neto, vai impactar na escolha de quem será o vice na chapa presidencial em 2022. O nome deverá ser indicado por outra legenda da base de apoio bolsonarista, possivelmente o PP, também do Centrão. O partido, comandado pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, se manteve até recentemente como uma das opções de Bolsonaro para se filiar. Em outros momentos, Bolsonaro já disse a aliados, contudo, que cogitava entregar a vice a um evangélico ou a uma mulher, preferencialmente de um estado do Nordeste.
Antes mesmo de receber o sinal explícito do presidente, de olho no futuro, Mourão, que é filiado ao PRTB, já vinha conversando com partidos. Recebeu convites para entrar no PP, PL, PSD, Republicanos e no próprio Podemos, sigla de Moro — este feito pela presidente do partido, deputada Renata Abreu (SP).
A ponte Moro-Mourão foi pavimentada, porém, por amigos em comum. Ex-integrante do atual governo, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, titular da Secretaria de Governo entre janeiro e junho de 2019 e provável candidato a uma cadeira no Congresso pelo Distrito Federal, é um dos entusiastas da aproximação. O militar defende até que Mourão continue na cadeira de vice, mas em uma gestão Moro.
O ex-ministro da Justiça tem tentado atrair integrantes das Forças Armadas para seu projeto eleitoral. Os militares são a principal base de Bolsonaro desde o início de sua carreira política.
Há cerca de um mês, um amigo em comum avisou ao vice-presidente que Moro iria procurá-lo, o que de fato ocorreu. De lá para cá, o vice-presidente e o ex-ministro da Justiça vêm trocando mensagens. Moro perguntou-lhe o que havia achado de seu discurso na cerimônia de filiação ao Podemos. Mourão elogiou. A retribuição veio quando Mourão criticou publicamente o orçamento secreto, ocasião em que Moro também enviou um curto texto felicitando o posicionamento do vice-presidente. Também já trocaram considerações a respeito da PEC dos Precatórios, alvo de críticas de ambos.
Mourão não fala sobre o assunto publicamente. Quando perguntado por interlocutores próximos se pretende reencontrar Moro pessoalmente, se diz escaldado. Alega que não pretende reviver o episódio da reunião secreta com o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), outro desafeto de Bolsonaro. O encontro vazou e irritou o presidente, que se sentiu traído. Esse foi um dos muitos capítulos de desentendimento da desgastada parceria entre Bolsonaro e Mourão. Há tempos, a relação é pautada por desconfiança mútua.

Caminho indefinido
Hamilton Mourão ainda não bateu martelo sobre o caminho a trilhar no ano que vem. Balança entre uma candidatura ao Senado pelo Rio de Janeiro ou Rio Grande do Sul, mas não descarta disputar o governo fluminense, o que não agrada a sua família. Apesar dos flertes com representantes de variados espectros ideológicos, ele ainda almeja o apoio de Bolsonaro quando botar a cabeça para fora.
Na última quinta-feira, Mourão se reuniu com o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), segundo o colunista Lauro Jardim, do GLOBO. Castro pretende disputar a reeleição. Na conversa, o vice avisou a Castro que só definirá o seu destino político em março. Mas garantiu ao governador que os dois serão aliados.
O Globo/montedo.com

12 respostas

  1. Na boa, o que acrescentaria:
    – a parceria entre Bolsonaro e Mourão.
    – a parceria entre Moro, Mourão e os mouros (grupo musical sertanejo).
    – Mourão no senado ou como deputado (vide Vitor Hugo e Hélio Lopes).
    – Mourão governador no RJ, a meu ver, outra péssima associação fracassada as FA.
    A verdade, a intenção de Moro é fazer a sociedade acreditat que está havendo um desembarque das FA do governo messiânico aloprado e inepto.
    Só isso, porque na prática, Mourão só está preocupado com seu eterno carro oficial e motorista.

    1. O que acrescentaria:
      Nada!
      Não votaram naquela candidata esposa de Praça.
      Votam em vitor hugo e hélio lopes.
      E vão votar de novo nos mesmos, mourão, bolsonaro, vitor hugo…

  2. Interessante como esses mídias mentem. Em 2018 Reinaldo Azevedo afirmava que Bolsonaro era o candidato da Lava Jato, anti corrupção. Não há nenhuma manifestação de cúpula militar apoiando Bolsonaro em 2018. Quero ver agora se publicarão alguma nota afirmando publicamente que apoiam Sérgio Moro como estão afirmando por aí ou se deixarão correr solto essa afirmação dos mídias, sem um desmentido oficial. Vamos lá, coragem a todos!

  3. O ressentimento de Sergio Moro contra Bolsonaro é não ter encontrado nada contra ele na ação penal 470 do mensalão. Depois, oferecendo-se para ser ministro da justiça, durante o tempo em que esteve lá, nada encontrou e ainda foi cobrado pela covardia de não interferir nas ações malucas de prefeitos e governadores prendendo e arrebentando as pessoas nas ruas. Hoje, sem um decreto de fim da pandemia, a hipocrisia de prefeitos e governadores já aglomeram milhares em shows carnavalescos pelo Brasil afora. Congresso Nacional e STF lavam as mãos para colocar a culpa em Bolsonaro, lá na frente!

  4. E “sorriso amarelo” ainda se acha ECD aconselhar os outros, ele que tire a trave do seu próprio olho, antes de reparar no argueiro que se encontra no olho do irmão.

  5. Moro foi traído pelo egoísmo do Meçias. Este tirou proveito da ação daquele contra a corrupção, fazendo-se passar como a esperança do brasileiro de se livrar do mal vermelho. Porem quando Moro começou a cortar as tretas do Jeitinho Brasileiro, o todo poderoso Cap Ev reagiu. “…Eu sou o presidente…” como quem diz: na minha bateria, “Eu sou o Comandante”. igual a gente ve todos os dias outros cap mijando Sd.
    Moro 2022

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