Resiliência: uma ferramenta de excelência e de transformação nas fileiras do Exército Brasileiro

resiliencia

Alexandre Aguiar*
O presente artigo busca promover uma reflexão sobre a importância do exercício constante da resiliência para a carreira militar, em especial para a dos subtenentes e sargentos do Exército Brasileiro, por serem os que se encontram mais próximos das atividades que requerem execução (o dever fazer) nos seus diversos níveis.
O termo resiliência tem sua origem no latim resiliens, cujo significado remete à ideia de “pular para trás”, de “ricochetear, voltar” e “ressaltar”. Na Física, é a propriedade de um corpo recuperar a sua forma original após sofrer um choque ou uma deformação. Já no campo da Psicologia, o termo indica como se deve responder aos descompassos diários e como recuperar-se emocionalmente para encarar toda e qualquer frustração. Contudo, além das definições e dos conceitos, resiliência é um estado pessoal de vida fundamentado em atitudes positivas, força e determinação para prosseguir e adaptar-se.
Nesse ínterim, considera-se uma excelente situação, caso o indivíduo já possua predisposição para ser resiliente, pois, nos dias atuais, a capacidade de amoldar-se rapidamente ao ambiente nos auxilia na adaptação às mudanças surgidas. Entretanto, para aqueles que pensam estar longe dessa prática, compete aprender e exercitar a resiliência constantemente.
Desse modo, é essencial remover o impacto do problema, minorando seus efeitos negativos; vislumbrando as soluções; controlando a mente (condições oriundas de emoções/impulsos ou de escolhas erradas); bem como majorando os pontos positivos (empatia, otimismo, bom humor, tranquilidade etc), pois esses ajudarão a desenvolver, ainda mais, a capacidade de estar firme perante quaisquer dificuldades surgidas.
Portanto, aprofundando os conceitos apresentados, a resiliência reflete a ideia de vida mutante, que se supera e que possui diversos recomeços quando necessário. E no momento atual, em que somos atingidos por várias situações que nos exigem grande adaptabilidade, devemos praticar o autocontrole.
A profissão militar exige do indivíduo inúmeros sacrifícios, que são indissociáveis da carreira das armas, inclusive quando, em cerimônia solene, concordamos com essa servidão ao declararmos: “Incorporando-me ao Exército Brasileiro, prometo cumprir…, respeitar…, tratar com afeição…, dedicar-me inteiramente…, cuja honra, integridade e instituições defenderei com o sacrifício da própria vida”.
Para Paulo Yazigi Sabbag, doutor em Administração da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo e autor da obra Resiliência – competência para enfrentar situações extraordinárias na sua vida profissional, a resiliência não é um traço de personalidade, mas sim um padrão de comportamento aprendido pela pessoa ao longo da vida. O autor também afirma que: “O indivíduo adquire esse padrão de resiliência durante sua vida toda, ela varia conforme a época e os estímulos pelos quais passa”. O destaque, então, está em definir que a resiliência é uma competência, isto é, uma habilidade que pode ser adquirida e desenvolvida.
Estudos indicam que o ser humano nasce com muita resiliência para poder superar os anos iniciais de sua vida. Conforme ele se aproxima da adolescência/idade adulta inicial, a resiliência diminui; fruto, principalmente, de pressões sociais que contribuem para que parte dos indivíduos perca a resiliência nessa fase da vida.
Contudo, por ser a resiliência uma habilidade, compreende-se que algumas “culturas” estão mais propensas a desenvolver profissionais mais capacitados. A carreira militar deve estimular seu desenvolvimento, partindo, via de regra, dos mais para os menos experientes. Destaca-se, ainda, que é uma capacidade a ser treinada e desenvolvida e, quando ocorre, evita uma série de armadilhas, dentre as quais a de acreditar que é um traço de personalidade imutável.
O indivíduo não resiliente é mais reativo e, dessa forma, pode acabar por trazer resultados não satisfatórios para a instituição. Ele pode desagregar o ambiente de trabalho, prejudicando resultados e atrapalhando a execução das tarefas, especialmente se possuir qualquer grau de liderança, pois tende a não ouvir a equipe e a não possuir metas claras e exequíveis.
O resiliente, por sua vez, desenvolve a capacidade de pensar estrategicamente, olhando, analisando e resolvendo problemas com mais facilidade e, em momentos de grande pressão, buscando o melhor para sua equipe, sem esquecer quais metas devem ser alcançadas e o porquê delas.
Em suma, hoje em dia, mais do que nunca, compete aos subtenentes e sargentos mais antigos ajudar os mais modernos a desenvolver a resiliência, e aos sargentos mais modernos, ainda “em treinamento”, buscar desenvolver essa qualidade entre cabos e soldados, procurando, por meio desse “círculo virtuoso”, a excelência do trabalho realizado pelos graduados do Exército Brasileiro. O ideal não é considerar a resiliência somente como uma competência que enfrenta crises e suporta pressões, mas como um fenômeno de excelência que produz transformação.
*Subtenente do Exército
EBlog/montedo.com

24 respostas

  1. Excelente *Subtenente da Arma de Infantaria do Exército.
    Claro, direto, inteligente e oportuno nesses dias.
    Necessário a fim de ativar nossos compromissos anímicos com a Tropa.
    Muito bom combatente.
    Parabéns.
    Sua ‘Nota’ sim, deveria ser oficial e lida em formatura Geral em todos os rincões nacional.
    Brasil.
    Sr Redator, o padrão da Nobre Arma é sempre assim, alto.

  2. “Resiliência”… A arma dos Covardes… Deve ser piada… Em outras palavras… Como ser um gado mais obediente… omisso… Aceitar tudo… Como impostamente já temos que aceitar… Militar realmente é uma profissão para covardes… omissos… para a pessoa sem caráter… sem moral e sem o mínimo de orgulho próprio… Enfim devemos ser capachos dos Estamentos Superiores… Como a grande maioria já o é… Verdadeiros escravos do século XXI… Dica lamentável… Ser resiliênte… Agrupar?… Adaptar as suas ideias as do chefes? Abaixar a cabeça para tudo?… Ser mais moldável?… Doutrinável?… O seria rastejavel?… Já estou até inventando palavras tal o nível de revolta… Qual seria o real significado dessa palavra?… Fica a pergunta… Realmente é uma real falta de amor próprio… Tenho certeza que a maioria das praças chega em casa depois de uma jornada de trabalho… muitas vezes humilhante e lá no fundo… Sente vergonha… Como provedor… De olhar para a esposa e filhos… Matéria lamentável… Vida que segue…

    1. Ser resiliente, aceitar o que não pode ser mudado e não está ao teu alcance mudar e não ser arrogante e valentão. Ser resiliente, valorizar o que se tem, agradecer, não invejar o que está na posse de outros. Pergunte ao vovô ou à vovó o que é ser resiliente e aprenda com eles.

      1. Material interessante, pena que a mentalidade de oficiais sobre praças não muda nunca, sim senhor e não senhor.
        Não há desenvolvimento humano, o pessoal é podado, nada se cria, só obedece guerreiro!
        Tanta seleção de pessoas capacitadas, concursadas para quê?…
        Ainda praça que acredita que o oficial tá querendo ajudar ele, acorda para vida!!!!!!

      2. Anônimo no 16 de novembro de 2021 a partir do 11:39… Pergunte vc para a sua vovó e vovô… Se é que os têm… O significado das palavras: Puxa saco e Subserviente… Talvez vc aprenda a ser homem na concepção da palavra… Acho que o que eu escrevi acima foi a sua régua perfeita… Por isso tais ofensas… Guarde suas interpretações… Para vc colega…

    2. Vai lá, brabao!!!!
      Diz pro padeiro aloprar com o dono da padaria!!!
      Diz pro caixa do supermercado aloprar com o gerente!
      Hierarquia tem em todo lugar q tem um chefe.
      Disciplina tem em todo lugar, em q se quer manter o emprego.

      Brabao, brabao, deve ser afeto do zaralho e da bagunça.

      Recalcado que não teve condições de entrar ou de se manter na carreira.
      Fraco.

  3. um excelente informaçao e oportunidade de aprendizagem para todos. Uma pena que as escolas de oficiais e a doutrina para com as praças estejam atrasadas com relação aos tempos atuais. Onde “melhores condiçoes” ainda são vistas como “atos de indisciplina”; “problemas sociais” como “atraso de vida”; “a tal meritocracia” nao passa de um embuste administrativo dos “seres superiores” etc etc. So aplicamos os exemplos de outros países que acabam prejudicando a carreira das praças, aquelas que podem causar uma verdadeira transformação são colocadas de lado

  4. Sou resiliente demais, faço tudo na SU, dentro da minha função. Meu chefe, aspas, só aperta o enter, não muda uma vírgula para ajudar e ainda reclama de tudo, um verdadeiro infantil funcional. Vejo esses textos de motivação para milico e ainda penso, onde está esse militar e será que ele passou o que eu passei e estou vivendo? Estamos numa instituição que só promove quem nada faz e não valoriza quem trabalha. Falar de resiliência para aparecer é fácil, difícil é viver a resiliência e falar como é complicado ser resiliente quando não há mais o que fazer em um mundo cheio de pessoas que só querem o “pronto”.

    1. Cansei de ver mafrudo “faz tudo” na carreira.
      Quando foi promovido a oficial, tinham medo de decidir, de apertar o enter.
      Muito fácil julgar quem está acima.
      Senta lá na cadeira dele, comece a decidir e assumir as responsabilidades pelas decisões.

    2. Isso não é resiliência é estoicismo, Zenão, Sêneca, Cia ltda, já escreveu para os praças séculos atrás.

      Estoicismo, criado por Zenão de Cítio, é um filosofia helenística com origem em Atenas, porém em Roma que o estoicismo floresceu através de Epictetus, Sêneca, Cato e Marco Aurélio.

      O homem vive preocupado em viver muito e não em viver bem, quando na realidade não depende dele o viver muito, mas sim o viver bem. – Frases curtas Sêneca

      Dívida pequena faz devedor, dívida grande faz inimigo. – Mensagens curtas de Sêneca

      Apressa-te a viver bem e pensa que cada dia é, por si só, uma vida. – Mensagem de Sêneca

      Ninguém consegue usar máscaras por muito tempo. – Frase curta de Sêneca

      Não é porque certas coisas são difíceis que nós não ousamos; é justamente porque não ousamos que tais coisas são difíceis. – Mensagens de Sêneca – Frases de Superação de Dificuldades

      https://www.frasescurtas.com.br/2019/12/seneca-frases-filosofo-pensamentos.html?m=1

  5. “Bolsonaro diz que pretende dar aumento para todos os servidores, sem exceção, via PEC dos Precatórios
    Segundo presidente, categoria não teve reajuste e também vem sofrendo com a alta da inflação.”

    Ultima forma na ultima forma profeta Boca de sabão.
    30% de aumento pra geral.
    Boca de sabão pra vice/2022, do meu querido presidente Bolsonaro.
    Há Há Há Há Há Há Há Há Há

  6. “Bolsonaro garante reajuste a todos os servidores se PEC for aprovada”
    …”“[Eles] Estão há dois anos sem reajuste. Seria reajuste. Conversei com o Paulo Guedes. “…

    https://www.metropoles.com/brasil/politica-brasil/precatorios-bolsonaro-garante-reajuste-a-servidor-se-pec-for-aprovada

    Nem Moro, Capitão Daciolo ou qualquer terceira via.
    Bolsonaro só até sair o “aumento”.
    Vai dormir Boca de sabão.

    1. Bolsonaro falou em aumento isso?n. Mais vocês já pensaram se os militares vão se enquadrar como funcionário público federal? Pois como sempre cabe aos praças mais vou repetir aos praças e como sempre pagar com o ônus….

  7. Quer dizer que para ser militar tem a pergunta na ficha se quer ser resiliente ou não, se quiser vai ser praça e só ralar e se não quiser vai ser oficial, acho que errei essa questão quando entrei.

    1. Isso acontece por falta de lei formal de promoção dos praças até oficial com os requisitos necessários, enquanto os praças viverem no poder discrionario esse tipo de conduta na instituição sempre irá ocorrer.

      Lembrando que o CHQAO é um curso superior, reconhecido pelo governo federal, como requisito para ingresso no QAO, portanto o ingresso no respectivo quadro somente poderia ocorrer conforme o parágrafo único do art 11 do E1, não existindo mais o ingresso no quadro por promoção por merecimento e sim por nomeação, como se trata de ingresso na carreira de oficial.

      LEI Nº 6.880, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1980

      Art. 10. O ingresso nas Forças Armadas é facultado, mediante incorporação, matrícula ou nomeação, a todos os brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei e nos regulamentos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.

      Art. 11. Para matrícula nos estabelecimentos de ensino militar destinados à formação de oficiais, da ativa e da reserva, e de graduados, além das condições relativas à nacionalidade, idade, aptidão intelectual, capacidade física e idoneidade moral, é necessário que o candidato não exerça ou não tenha exercido atividades prejudiciais ou perigosas à segurança nacional.

      Parágrafo único. O disposto neste artigo e no anterior aplica-se, também, aos candidatos ao ingresso nos Corpos ou Quadros de Oficiais em que é exigido o diploma de estabelecimento de ensino superior reconhecido pelo Governo Federal.

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