TCU cita ‘clube de vendas’ e abre investigação sobre licitações das Forças Armadas para beneficiar empresas ligadas a militares

MILITARES / RIO

Bela Megale
O ministro-substituto do Tribunal de Contas da União (TCU) Weder de Oliveira determinou a instauração de uma investigação para apurar indícios de fraudes em licitações das Forças Armadas. O magistrado acolheu uma representação que pede a auditoria de contratos do Ministério da Defesa firmados com empresas ligadas a militares e ex-militares em relação à aquisição de gêneros alimentícios. As beneficiadas nos processos de compra receberam mais de R$ 154 milhões entre 2020 e 2021 em pregões realizados no Rio de Janeiro.
“Há substantivos indícios de formação de um ‘clube de vendas’ por essas empresas, para fornecimento de alimentos a unidades militares estabelecidas no Estado do Rio de Janeiro”, escreveu o ministro. A denúncia de empresas suspeitas de fazerem acertos entre si para simular competitividade em licitações das Forças Armadas foi apresentada pelos deputados federais do PSB Elias Vaz, Ubirajara do Pindaré, Denis Bezerra e Gervásio Maia.
Na decisão, Oliveira afirmou que “o caso em questão apresenta relevância, risco e materialidade suficientes para atuação” do TCU, já que a compra de alimentos é essencial para o funcionamento das unidades militares. O ministro aponta também que “há a possibilidade” de as fraudes estarem sendo adotadas em outros Estados além do Rio e pede que a auditoria inclua unidades gestoras das Forças Armadas, como as de ensino militar e de atendimento à saúde.
Na representação enviada ao TCU, os deputados denunciaram empresas ligadas militares ou ex-militares e que têm como sede o Mercado Municipal de Benfica, no Rio de Janeiro.
Um dos casos que faz parte da denúncia o é o das empresas do ex-capitão do Exército, Márcio Vancler Augusto Geraldo. Vancler atuava como membro da Comissão de Licitação do Instituto Militar de Engenharia (IME). Ele foi expulso do Exército e condenado a 5 anos e 11 meses de prisão por corrupção, em 2019, após a descoberta de um escândalo de corrupção no IME. O esquema envolvia um cartel formado por 12 empresas que fraudaram as concorrências.
Entre 2020 e 2021, o grupo de Márcio Vancler já venceu R$ 47,8 milhões em processos licitatórios das Forças Armadas. Uma das sócias dele é a filha de um sargento da Marinha, Jocélia Assumpção de Freitas. A investigação dos parlamentares aponta que esse grupo é formado por três empresas que se revezam em cada item licitado. Segundo os deputados, elas atuam em conluio com outras companhias ligadas ao capitão reformado Denilson de Oliveira da Silva.
Em um ano e meio, o grupo de Denilson já venceu R$ 78 milhões em processos administrativos para compra de alimentos destinados às Forças Armadas, conforme a representação.
Os parlamentares apontam indícios de fraude envolvendo outra empresa. Esta é ligada ao vice-almirante reformado, Eduardo Alberto Ararapipe Pereira, que participou das mesmas licitações. A proprietária da Areia Branca Comércio e Serviços Eireli é Celina Raymundo Araripe Pereira, que tem carteira de identidade expedida pela Marinha. Na identificação, ela é classificada como “cônjuge de oficial superior”. De 2020 até agora, essa empresa venceu R$28,6 milhões em processos de compra para as Forças Armadas.
O Globo/montedo.com

11 respostas

  1. Ex-militar R2 e inativo que abriram empresas no nome de familiares que fazem negócios comas FA é uma grandeza.
    Milhões de licitações em esquemas com as FA em todo país.
    Funcionários civis com décadas na mesma função.
    Entra Comandante, sai Comandante todo ano em Hospital Militar de Área, Batalhão de Engenharia de Construção e Depósito de Suprimento, e os esquemas permanecem por décadas.
    Toda hora, virou rotina, todo dia noticias desta infeliz natureza.
    Não bastassem os oficiais ‘Blue Caps’ e Pazuello no ministério da Saúde, toda hora um escândalo novo.
    Mediocridade e vergonha que nunca cessam, só piora.
    ‘Clube de vendas’, alcunha de esquemas criminosos petistas, hoje, verde-oliva.
    Inaceitável.

  2. Forças Armadas.
    Seus integrantes:
    – éramos considerados a ‘reserva moral’ nacional.
    – até possuidores de condição intelectual e acadêmico admirável.
    – o que não passou de apenas um engano, decepção pelo fraco desempenho nesses dois anos e dez meses “assessorando” o atual governo.
    Quem, em sã consciência, poderia imaginar um quadro desastroso como este.
    Todo dia, toda hora um escândalo detestável e humilhante.
    Vergonha infinita!

  3. já tinha visto algo suspeito ( eu disse suspeito ) em 1992 em Santa Catarina, um individuo saiu de uma OM de saude para um batalhão de engenharia na serra catarinense , muitos falavam de sua lindíssima casa em Florianópolis , ele dizia que sabia investir na bolsa de valores ….

  4. A sociedade civil vai acabar percebendo que as Forças Armadas não tem muita utilidade e vão acabar pressionando no congresso para diminuir o efetivo em 50%, e ir diminuindo ano após ano…

    1. Praça sem saco,
      Se a moda pega, vejamos as FA espanholas:
      “31 de dezembro de 2012.
      ESPANHA – Anuncia Dissolução das Forças Armadas.
      O Presidente do Governo da Espanha Mariano Rajoy Brey, anunciou a dissolução das Forças Armadas como medida de economia.”

      https://www.defesanet.com.br/geopolitica/noticia/9147/ESPANHA—-Anuncia-Dissolucao-das-Forcas-Armadas

      Essa era a intenção naquele momento (2012), o que não se concretizou.
      As Forças Armadas da Espanha contam atualmente com um efetivo de 120 mil militares na ativa e 345.486 na reserva.

      Casos Excepcionais:
      O Japão oficialmente não possuem FA, de acordo com o artigo 9.º da Constituição do Japão, possui uma força equivalente denominada ‘Forças de Autodefesa do Japão’.
      Foram proibidos por causa da Segunda Guerra Mundial e suas atrocidades.
      Bases militares americanas foram construídas no território a fim de proteger o Japão depois desse acordo de paz e união.
      Também, ‘pero no mucho’.
      Não é correto afirmar que o Japão não tem Exército, pois ainda está entre os 10 países com poder militar mais forte.
      Em 2015, a legislação em torno deste assunto foi alterada para permitir que as ‘Forças de Autodefesa do Japão’ possam lutar ao lado das forças armadas de países aliados ao Japão, caso partilhem um inimigo comum.

      Países sem forças armadas:
      https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_pa%C3%ADses_sem_for%C3%A7as_armadas

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