Médicos do Hospital das Forças Armadas foram orientados a prescrever ‘kit Covid’ em receitas pré-assinadas

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Mesmo contrários ao uso dos remédios, que não têm eficácia comprovada contra doença, profissionais tiveram de usar receitas assinadas por outros médicos. Unidade de saúde diz que autonomia foi respeitada.

Receita pré-assinada para prescrição de ‘kit Covid’ no Hospital das Forças Armadas, em Brasília — Foto: TV Globo/Reproduçã

Gabriel Luiz, TV Globo
Médicos do pronto-socorro do Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília, que eram contrários ao uso de remédios do chamado “Kit Covid”, foram orientados a usar receitas pré-assinadas e carimbadas por outros profissionais para prescrever os medicamentos a pacientes que faziam questão de recebê-los. As receitas já estavam prontas antes de os pacientes serem consultados.
A TV Globo teve acesso a uma das prescrições. Mesmo sem informações do nome do paciente, a receita médica indica o uso de três remédios: hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina. Eles não têm eficácia comprovada contra a doença. Uma troca de mensagens entre médicos também revela o problema (veja mais abaixo).
Em nota, o HFA informou que, no auge da pandemia, os médicos puderam prescrever medicamentos por conta própria e tiveram as autonomias respeitadas. “Todos pacientes foram convenientemente atendidos”, diz o texto (veja íntegra abaixo).
Segundo a Associação Médica Brasileira (AMB), a prática de preencher prescrições antes de atender o paciente fere o código de ética da profissão.
“Se o médico deixou uma prescrição pré-preenchida e assinada para que outro colega usasse em nome dele, certamente cometeu uma infração e terá que responder sobre isso”, afirma o presidente da AMB, César Eduardo Fernandes.

Orientação
Médicos do HFA relatam que foram orientados sobre o uso dessas receitas pré-fabricadas no fim do ano passado, pelo chefe do pronto-socorro, major Milson Faria.
Em uma troca de mensagens com a equipe, ele escreveu: “Resolvemos deixar uma pasta com estrutura de receita já carimbada e assinada, e junto uma pasta com termo de consentimento”.

Troca de mensagens entre médicos do HFA, em Brasília — Foto: TV Globo/Reprodução

O major informou que as receitas estariam com o carimbo dele ou de outros colegas e pediu aos médicos contrários ao kit Covid que, mesmo sem confiar no tratamento, entregassem as receitas prontas para os pacientes que exigiam os remédios e que não aparentavam ter outros problemas de saúde.
“Pedimos àqueles colegas que não prescrevem as referidas medicações, que caso não tenha nenhum colega no turno que também prescreva, que procure a sala de prescrição médica para entregar ao paciente, tendo somente que preencher o nome e a data”, informava o texto.
Na conversa, uma das médicas do HFA rebateu a chefia. “Entendo a intenção de facilitar, major. Mas não me sinto confortável de entregar uma receita pronta se eu não indico o remédio ao paciente, independentemente do carimbo. A consulta ainda seria da minha responsabilidade”, indagou.
Ela ainda questionou: “Já que o paciente vai receber o kit de qualquer forma, então por que passar pelo médico antes? Se o que eu decidir por conduta não fará nenhuma diferença em relação ao tratamento”.

Troca de mensagens entre médicos do HFA, em Brasília — Foto: TV Globo/Reprodução

Os médicos do HFA afirmam que, apesar do descontentamento da equipe, as receitas pré-preenchidas continuaram sendo distribuídas pelo menos até julho deste ano.
A TV Globo tentou contato com o major Milson Faria, mas ele não quis gravar entrevista. Em nota, o HFA afirma que ele é chefe do Pronto Atendimento Médico (PAM), formado em medicina há mais de 20 anos e “atua no hospital com brilhantismo e dedicação, cabendo a ele o fornecimento das orientações sobre as dosagens dos medicamentos, a título de supervisão”.

O que dizem especialistas
Segundo a Associação Médica Brasileira, além da infração no uso de receitas pré-assinadas, caso a prática tenha sido feita em larga escala, o problema é “muito maior”.
“O médico não pode fazer uma prescrição em massa, independentemente de quais condições, mesmo em um momento de pandemia”, comentou.
O presidente da AMB, Cesar Eduardo Fernandes, lembra que cada paciente deve ser tratado de forma individual. “Portanto nenhum de nós médicos pode deixar uma receita assinada sem colocar o nome do paciente e a quem aquela receita se destina. Mais ainda, sem examinar e ver esse paciente”, diz.
Já o infectologista Jamal Suleiman, do Instituto Emílio Ribas, diz que os remédios do Kit Covid, além de não terem eficácia contra o coronavírus, podem prejudicar os pacientes.
“O que a ciência tem de concreto é que esses remédios que foram postos naquilo que se convencionou chamar de Kit Covid, eles não servem pra nada, a não ser pra aumentar o faturamento do dono da farmácia. Não serve pra outra coisa.”

O que diz o HFA
Em nota, o HFA informou que atendeu mais de 51 mil pacientes no pronto-atendimento médico durante a pandemia. O texto diz que “todos os médicos do hospital, sejam civis ou militares, tiveram a autonomia respeitada” e que todos os pacientes foram convenientemente atendidos.
Segundo a unidade de saúde, caso os pacientes solicitassem os medicamentos ditos “off label”, tinham que assinar um termo de consentimento.
G1/montedo.com

25 respostas

    1. Tomei Azitromicina, Ivermectina e vitamina contendo zinco, e não fui acometido de Covid/19. Hoje as pessoas que tem tomado segunda dose tem morrido com Covid/19. Na minha opinião quem tomou o Kit, não tenho conhecimento de que tenham sido acometidos de Covid/19. Tive uma revelação em sonho em que via uma boca aberta de um animal e que uma mão cor de ouro, retirava vermes da boca do animal. Entendi a revelação que tinha que tomar Ivermectina que é para vermes. Até aqui Deus me guardou. Em virtude de ainda não haver medicação na época que combatesse a Covid/19 entendi que Deus fez um grande milagre através da Ivermectina, sou testemunha disso. Tenho para mim que Deus pode usar qualquer coisa para curar um ser humano, mesmo que essa coisa seja o medicamento receitado pelos médicos militares ou civis. Glórias a Deus. Sou Pastor e creio no Deus que sirvo e nas revelações que ele tem para mim. Se colocar revelação que o Apóstolo Paulo teve, talvez muitos não acreditariam. A visão celestial – O espinho na carne
      1 EM verdade que não convém gloriar-me; mas passarei às visões e revelações do Senhor.
      2 Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu.
      3 E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe)
      4 Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar.
      5 De alguém assim me gloriarei eu, mas de mim mesmo não me gloriarei, senão nas minhas fraquezas.
      6 Porque, se quiser gloriar-me, não serei néscio, porque direi a verdade; mas deixo isto, para que ninguém cuide de mim mais do que em mim vê ou de mim ouve.

      1. Parabéns pelo questionamento ao “nobre” colega que manifestou sua opiniao.
        Todos os Generais hoje na Reserva, que fazem parte do Governo Bolsonaro, foram admitidos ao Generalato nos governos “petebas”!
        Com uma ressalva….o exmo sr Gen Heleno, foi admitido por FHC!KKK
        Tirem suas conclusoes.

      1. São os boca de sabão, boca de babão, boca miúda, deputado cassado de Londrina boca aberta.
        Haja sacos pra tantas bocas pra bajularem, rsssssssssssss

  1. Minheu irmão ,minha irmã e minha mãe tiveram e, tomaram ivermectina/ azitromicina precocemente porém minha mãe com 85anos teve sintomas leves mas pela idade achamos melhor levar no médico e lá foi receitado essas medicações e outras onde correu tudo certo ,meus irmãos nem sintomas tiveram ,não sou imbecil / bolsonarista ,entretanto tivemos resultados com esses fármacos , isso aconteceu bem no auge da pandemia que por dia chegou a quase 4mil óbitos e não tinhamos um protocolo definido ,foi coisa de momento que teve resultados .

  2. Desde março do ano passado tomo todo dia aguardente com caju.
    Felizmente me imunizou, remédio bom, barato e me deixa feliz.
    O único detalhe negativo é que terei que fazer um transplante de fígado.

  3. Sou a favor do tratamento alternativo… Eu não peguei COVID 19 e tomei: Chambereba de pitomba de leite (não é o leite moça de Bolsonaro e seus aceclas generais subservientes) … Piracuí de bodó… Chibé de inajá… e filé de tigibula caçado na baladeira… E deu certo…

    1. Pitomba de leite, rsrsrsrsrsrsrs. Muito criativo!!! Agora a tigibula que virou filé, não teria sido caçada com “boleadeira”, instrumento que os índios utilizavam aqui no sul do país, na maioria das vezes para capturar o gado? Montedo também é cultura, por isso acesso diariamente.

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