Na crise, aumentou a desconfiança nas Forças Armadas

credibilidade forças armadas
Braga Netto e Bolsonaro participando de solenidade militar em Resende, no Rio
Marcos Corrêa / Presidência da República/Divulgação

Ipespe: 37% dizem “não confiar” nas Forças Armadas. Eram 24% em 2018. Corrosão da imagem dos militares aumentou 13 pontos em 31 meses de governo Bolsonaro

José Casado
O papel do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, na crise institucional motivou uma “apuração preliminar” na Procuradoria-Geral da República, confirmada ao Supremo Tribunal Federal nesta semana.
Desde que assumiu a Defesa, em março, Braga Netto se tornou uma referência da tentativa de amálgama dos interesses de Jair Bolsonaro com os das instituições militares.
Em maio, levou-as ao palanque eleitoral num comício do presidente-candidato em Brasília. “As Forças Armadas estão [prontas] para proteger os senhores para que possam produzir com tranquilidade” — discursou para a plateia mobilizada por empresários do agronegócio de Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais. A liberdade é o nosso bem maior e fundamental.”
Até o fiasco da coreografia enfumaçada de veículos de combate na Praça dos Três Poderes, no dia em que a Câmara rejeitou o regresso ao voto impresso, Braga Netto produziu mais confusão política do que todos os seus antecessores juntos no Ministério da Defesa.
Agora está no alvo de uma investigação motivada por petições de parlamentares ao Supremo sobre ameaças à realização de eleições em 2022. Ele nega.
A leniência militar, somada à omissão civil que reluta em tratar assuntos da caserna além da fronteira do orçamento, permitiu a Bolsonaro dar ao governo uma moldura militarista. No Palácio do Planalto passou a tratar Exército, Marinha e Aeronáutica como se fossem órgãos governamentais, embora estejam definidas na Constituição como instituições de Estado.
A mistura não deu liga. A radicalização prevista a partir dos comícios do Dia da Independência (o ministro da Defesa participou de um deles) naufragou no solo seco da praça dos Três Poderes, em Brasília
.
Pesquisa Ipespe, 22 a 24 de setembro de 2021/VEJA
Restaram prejuízos à imagem das instituições militares, tendência confirmada na pesquisa Ipespe (antiga XP/Ipespe) divulgada ontem, onde 37% declaram não confiar nas Forças Armadas.
A mudança na percepção coletiva começou em abril de 2019, quando se captou na mesma pesquisa a primeira variação na confiança pública — uma queda de 70% para 66% entre os que declaravam confiar no Exército, na Marinha e na Aeronáutica.
O processo corrosivo avança no compasso da crise e é coincidente com todo o esforço presidencial para caracterizar instituições como seções de governo. Resultado: em 31 meses de Bolsonaro aumentou em 13 pontos percentuais na desconfiança pública sobre as Forças Armadas — o índice de 24% , em dezembro de 2018, já está em 37%, informa a sondagem feita entre 22 e 24 de setembro.
Veja/montedo.com

18 respostas

  1. Nem a maioria dos militares a acredita depois da lei 13954 , isso é o reflexo da traição ,falta de cumprir acordos firmados no Senado federal.

      1. Colocaram um General na Petrobrás, pensei que o combustível iria baixar, mas vi que não aconteceu, mais descrédito para as Forças Armadas. Cada vez mais o povo vai se cansando e desacreditando em quem seria a solução para o povo brasileiro até então o povo mais sofrido, dentro de um País rico.

  2. Artigo publicado na “Revista Sociedade Militar”: Corrida por justiça. Militares organizam encontrão para discutir formas de recuperar perdas causadas pela reestruturação. Militares e advogados vão se reunir para discutir sobre perdas causadas pela Lei 13.954, de 2019 e demais dispositivos.

    1. As FFAA já colhem os frutos da individualidade dos generais… E o preço por jogar a instituição na vala do esgoto da política brasileira… Ao vincular diretamente sua imagem a do incompetente Bolsonaro… As FFAA se confundem no cenário nacional com uma instituição política de governo… Com todos os vícios e limitações que o governo Bolsonaro… Como um todo possui… Descontrole de gastos… Inflação… Imagem do país no exterior… Alta do dólar e desvalorização do real no mercado internacional… Além da desastrosa condução da economia por Paulo Guedes… Vinculam a imagem principalmente do Exército Brasileiro a esse lamentável governo… A tendência é só piorar… Tudo graças a falta de lealdade e compromisso dos generais com a instituição… Vida que segue…

      1. Bom dia Sub R1 Raíz,
        “FFAA”, a grafia é incorreta, o termo está se popularizando, embora incorreto.
        A imprensa em geral, também, vem incorrendo nessa inexatidão.
        Manual abreviaturas militares, aponta:
        – Forças Armadas (FA).
        Abraço.

  3. E como se pode confiar.
    Todos venderam a alma e dignidade por grana.
    Centrão militar com seus 70.000 reais.
    Todos generais, ativa e reserva, estarão em 2023 com seus salários equiparados aos de ministro do STF.
    Todos oficiais do qema, ativa e reserva, estarão em 2023 com seus salários muito acima da Tropa.
    TODA HORA, Braga Netto, comandantes da Marinha e Aeronáutica, endossando e ameaçando o País, com “apoio das FA” num autoGolpe messiânico.
    Cenas patéticas de desfiles mambembes, Brancaleones e esfumaçantes, a fim de intimidar outros Poderes.
    Tudo um circo de quinta categoria.
    Enquanto esses generais desfilavam suas altas capacidades dentro dos Quartéis, apenas nós conhecíamos.
    Agora, a Nação, perplexa, descobriu a capacidade dessa gente.
    Patético e medíocre.
    Vergonha que nunca cessa protagonizada por esses moços.
    E, com a queda acelerada nas pesquisas de intenções de voto no ‘meçias’, ‘isso’, esse circo de horrores estrelar, vai piorar até as eleições.
    Clã bozonaro só até 2396.

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