Alto-Comando do Exército concorda com reação de Fux e teme cópia de atos golpistas dos EUA

alto comando do exército

Mesmo críticos da atuação de ministros do STF, militares dizem acreditar que ofensiva do Judiciário pode frear Bolsonaro

Vinicius Sassine
BRASÍLIA

Mesmo sendo críticos da atuação de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), integrantes do Alto-Comando do Exército manifestaram, em conversas reservadas, concordância com o gesto do presidente da corte, Luiz Fux, de interromper o diálogo com o presidente Jair Bolsonaro.
Pela primeira vez, Fux fez um discurso objetivo, em sessão do STF, em que condena textualmente a ofensiva golpista de Bolsonaro e os ataques desferidos pelo presidente contra o tribunal e contra o sistema eleitoral brasileiro.
O ministro afirmou que o chefe do Executivo não cumpre a própria palavra. Fux, então, cancelou reunião marcada com chefes dos Poderes para apaziguar ânimos.
A reação, adotada nesta quinta-feira (5), se soma a outros gestos concretos do Judiciário brasileiro diante da ameaça de golpismo de Bolsonaro.
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral), presidido pelo ministro Luís Roberto Barroso, abriu um procedimento para investigar os ataques de Bolsonaro contra as urnas eletrônicas.
O ministro Alexandre de Moraes atendeu pedido do TSE e incluiu o presidente em inquérito no Supremo que investiga um suposto esquema criminoso de fake news, em razão dos ataques às urnas.
Os dois ministros são atacados pelo presidente da República. A estratégia de Bolsonaro se concentra em Barroso, que preside o TSE.
A relação entre os Poderes não passa pelas Forças Armadas. Mas o próprio presidente envolveu Exército, Aeronáutica e Marinha na crise, de forma direta, ao insinuar golpe e falar, recorrentemente, em “meu Exército”.
A empreitada de Bolsonaro tem respaldo do ministro da Defesa, general da reserva Walter Braga Netto.
As Forças estão vinculadas à pasta comandada pelo general, que defende voto impresso —mesmo sem existir qualquer relação do assunto com o ministério que comanda— e que ameaçou a CPI da Covid no Senado, por meio de uma nota subscrita pelos comandantes das três Forças.
Generais que integram o Alto-Comando do Exército têm uma visão crítica em relação à atuação de ministros do STF. Eles entendem que o tribunal avança nas esferas de atuação de Executivo e Legislativo.
Um caso sempre citado é a decisão de Moraes de barrar, em abril de 2020, a nomeação do delegado Alexandre Ramagem, amigo da família Bolsonaro, para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal. Ramagem é diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
A escalada da crise, porém, e o temor do que pode ocorrer em 2022, ano de eleição presidencial, explicam uma aceitação entre integrantes do Alto-Comando dos gestos concretos do Judiciário contra o presidente da República.
Em conversas reservadas, generais afirmam que a reação de Fux faz sentido, diante do reiterado comportamento de Bolsonaro, que deixa claro que não quer conversa, na visão desses militares.
O procedimento aberto pelo TSE, a inclusão do presidente como investigado no inquérito das fake news e o cancelamento da reunião entre chefes de Poderes —precedido de um discurso do presidente do STF em que diz que o presidente da República não tem palavra— podem fazer Bolsonaro “baixar a bola”, conforme disseram integrantes do Alto-Comando do Exército.
Eles entendem, porém, que o efeito deve durar pouco. A crise deve se prolongar, com novos arroubos autoritários do presidente, que não segue a liturgia mínima do cargo que ocupa, na visão de generais da cúpula do Exército.
Esses mesmos generais afirmam inexistir a possibilidade de um golpe capitaneado por Bolsonaro e de uma consequente ruptura do processo democrático. Segundo eles, o simples exercício de imaginar o dia seguinte a um golpe mostraria a inviabilidade de uma iniciativa nesse sentido.
No Alto-Comando, existe um temor real de que se repitam no Brasil as cenas vistas nos Estados Unidos após a derrota do republicano Donald Trump, ídolo de Bolsonaro, para o democrata Joe Biden.
Em 6 de janeiro, dia da sessão que confirmou a vitória de Biden, Trump insuflou apoiadores a invadirem o Congresso americano. A invasão chegou a interromper a sessão. Cinco pessoas morreram no ataque ao Capitólio.
Trump estimulou apoiadores radicais com o discurso de fraude nas eleições. É a mesma cartilha seguida por Bolsonaro, um ano e dois meses antes das eleições de 2022.
Nos EUA, as Forças Armadas não embarcaram na aventura golpista. No Brasil, o ministro da Defesa tem se mostrado alinhado à postura do presidente.
Integrantes do Alto-Comando do Exército dizem não enxergar risco de ruptura com suporte das Forças Armadas. Para esses generais, o risco está na atuação de policiais nos estados, em um cenário de eventual derrota de Bolsonaro nas urnas.
O presidente faz reiterados acenos a forças de segurança locais, e uma parcela expressiva de policiais civis e militares é bolsonarista.
FOLHA/montedo.com

20 respostas

  1. Como já disse aqui no blog do caro Cap Montedo os jornalistas gostam de dizer :

    – Oficiais do alto escalão que pediram anonimato kkk
    – um grupo de 0ficiais que não pode ser identificado disse que blá blá blá blá kkk

    – em conversas reservadas a esta coluna um importante general disse que blá blá blá 😀😀😀

    Tudo conversa fiada da imprensa vermelha , eles não falaram com ninguém , caô puro kkkkk …

  2. Eu só gostaria de saber quem são esses generais melancia. Porque apoia, o que os ministros do STF estão fazendo contra o governo do presidente Bolsonaro, só podem ser comunas. Deixem o presidente Bolsonaro em paz, fazer o que o povo quer que faça; não vejo nada demais em querer mais segurança para futuras eleições no nosso país; é pedi demais!

    1. É verdade esse “bilete”. Eu estava lá junto com o Montedo. Servimos cafézinho com bolachas aos generais na casa do Vinicius Sassine. O Vinicius nem precisou convocar os generais do alto comando. Eles foram lá prestar esclarecimentos por livre e espontânea vontade da Folha. O Montedo é o cara! Mandou a Folha convocar os generais mas eles foram livremente, sem amarras. Parabéns, Montedo por mais uma noticia de elite.

  3. Os generais não gostam de Bolsonaro e apenas um grupo fingem que o aceitam, em virtude das diversas mordomias, benefícios e grana que eles receberam do presidente em troca de vossas influências dentro das forças armadas e outros órgãos… Sabemos que o PR deseja estes senhores ao seu lado, mas tbm temos que dizer que nenhum deles se sente a vontade com o capitão comandando…. Lembrando que os generais que se foram, bem como os que não receberam nenhum cargo do governo, pra destilam vossos venenos para os meios de comunicações mais opositores possíveis em busca do colapso era fragilização do governo…. Para estes senhores somente o que importa são a grana no bolso deles e o poder… Estão sujando o nome das forças armadas em face a opinião pública… Eles só se preocupam com imagem quando são Cmt OM, mas quando assumem cargos comissionados esmolados pelos políticos não estão nem aí para isto….

  4. Vejam as fontes do jornalista: “integrantes do Alto-Comando do Exército manifestaram, em conversas reservadas…”

    Já repararam que essa “fonte” serve para qualquer jornalista fundamentar sua opinião contra o atual governo e vendê-la como notícia informativa ?

    Vcs acham mesmo que esses jornalistas cheios de tatuagem, usuários recreativos de cannabis sativa e usuários de pronome neutro realmente possuem “fontes” entre o Alto Comando do Exército ?

    Desconfiem sempre dessas “fontes anônimas” entre Oficiais do Alto Comando alardeadas pelos jornalistas.

    1. Tolice esse negócio de querer comparar salário. Cada um ganha o que merece pelo que desempenha e pela responsabilidade que tem. Essa conversinha vermelhóide e subliminar de distribuição de renda já não convence mais. Se tem renda para distribuir é porque alguém a produziu com seu esforço e merece ganhar mais. O problema está na distorção dos ganhos. No teu raciocínio os maiores patriotas estariam nas instâncias do judiciário e não é o que se vê.

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