Lula vê resistência em canal com militares

Lula: é provável que petista tenha sentido vontade de disputar o noticiário negativo com Bolsonaro. Conseguiu
Imagem: montagem sobre foto reprodução do Youtube

Ex-presidente tem buscado estabelecer diálogo com os fardados. O principal termômetro de Lula é Nelson Jobim, ministro da Defesa de 2007 a 2010

Igor Gielow
Ciente do peso renovado dos militares na política, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem buscado estabelecer um diálogo com os fardados visando o pleito de 2022. Até aqui, encontrou resistências. O principal termômetro de Lula é Nelson Jobim, que foi seu ministro da Defesa de 2007 a 2010, permanecendo no cargo mais oito meses em 2011 sob Dilma Rousseff (PT).
Outros aliados têm sido deslocados para a missão, como o ex-governador e ex-senador Jorge Viana (PT-AC).
Entre todos, como aconteceu em almoço entre um influente general da reserva e um terceiro emissário há dois meses em São Paulo, o tópico Lula gera igual reação: apesar de respeito institucional pelo ex-presidente, hoje à frente na corrida eleitoral para 2022 segundo o Datafolha, não querem conversa com ele agora.
Isso não significa, ressaltam oficiais da reserva e da ativa ouvidos, qualquer óbice caso ele seja eleito em 2022. Oficiais da ativa têm o mesmo discurso, afirmando que prestarão continência a qualquer eleito, descartando ameaça a uma eventual posse de Lula.
O temor foi compartilhado por aliados de Lula em conversas com políticos do PSDB e do PDT, embora sempre vendo no centro do problema o presidente Jair Bolsonaro.
Para os mais otimistas, o simples fato de o óbvio respeito constitucional ser evocado já é boa notícia em tempos de uma Presidência dada à retórica golpista.
A resistência a Lula, arrefecida nos mandatos do petista (2003-10) pelo grande investimento em reequipamento proporcionado pela pujança do ciclo de commodities, voltou a se elevar nos meios militares no governo Dilma.
Dois fatores concorreram para isso: a tentativa de tirar de comandantes a prerrogativa de escolha nas promoções e a condução de Dilma na Comissão Nacional da Verdade.
Os fardados consideram a comissão parcial por só ter apontado os crimes da ditadura de 1964, e não os da luta armada à esquerda, como pactuado ainda no governo Lula.
Com isso, o impeachment de Dilma, o clima de implosão da política tradicional com as descobertas da Operação Lava Jato e a intenção declarada do então comandante do Exército Eduardo Villas Bôas de aumentar a presença institucional dos militares na vida pública, o caldo engrossou.
O enfraquecimento político do governo Temer levou a uma voz mais ativa dos militares, que assumiram o Ministério da Defesa, desde a criação em 1999 com um civil à frente, e com grande influência do general Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional).
Em 2018, o processo escancarou-se com o famoso tuíte de Villas Bôas pressionando o Supremo Tribunal Federal a não evitar a prisão de Lula.
A candidatura de Bolsonaro, militar indisciplinado visto como parvo pelos generais, fora apadrinhada por um círculo influente de generais da reserva, o hoje ministro Augusto Heleno à frente. Logo, como o próprio Villas Bôas escreveu em livro, o oficialato todo embarcou nela.
E não saiu quando o capitão reformado chegou ao Planalto, com uma inédita militarização de cargos civis que está no centro de tantas crises de lá para cá, como na gestão do general da ativa Eduardo Pazuello na Saúde.”
Desde 2020, o serviço ativo busca afastar-se de Bolsonaro, embora seja indistinguível no mundo político o papel dele e dos militares no governo. Com o discurso golpista ganhando corpo, parte da cúpula militar quer distância regulamentar do Planalto.
Isso não quer dizer que não haja bolsonaristas nela, e certamente o viés majoritário é de centro-direita. Em conversas reservadas, ouve-se mais sobre a dita terceira via em 2022 do que sobre entusiasmo com uma volta de Lula.
A reportagem conversou com um experiente líder político centrista que tem falado com comandantes militares. Sua impressão foi a mesma, adicionando que ele vê Bolsonaro isolado, apesar dos rugidos de Walter Braga Netto (Defesa) contra a CPI da Covid ou em favor do voto impresso.
Essa pauta, aliás, explicita o dilema dos militares. Como em temas caros ao bolsonarismo, como defesa de valores conservadores e desconfiança do mundo político e jurídico, há concordância no pensamento médio dos fardados.
Mas até aqui não se ouvem atores centrais sugerindo que não possa haver eleição caso o Congresso enterre a ideia, como disse Bolsonaro.
Militares são usualmente refratários a regimes de esquerda, seja pelo embate na ditadura brasileira, seja pelo contínuo apoio dado por Lula a regimes como o cubano.
Não passou despercebido o fato de o petista ter minimizado os protestos na ilha comunista –a ver como ecoará a inflexão sobre a Nicarágua. Lula sabe dessa animosidade e gostaria de azeitar as relações com os militares.
Na linha de frente de consultas, nomes como o ex-titular da Defesa Fernando Azevedo, demitido em abril, e do general de quatro estrelas da reserva Etchegoyen.
Na semana passada, ambos jantaram na casa de Jobim, com o ex-chefe de Azevedo na Presidência do STF, Dias Toffoli, o banqueiro André Esteves (BTG Pactual) e outros.
Jobim é amigo de Etchegoyen há décadas, mas a presença do sempre discreto Azevedo é reveladora, por seu papel no governo Bolsonaro. Mas comensais ouvidos pela reportagem disseram que o encontro foi meramente social, não político.
Etchegoyen é um dos símbolos da volta dos militares por seu papel no governo Temer, e é um dos generais mais consultados por políticos para medir a temperatura militar.
Ele é presença constante em think tanks dedicados à segurança, e em grupos de conversa com políticos de centro, das gestões Temer e Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Já Azevedo é uma adição nova ao círculo e, segundo amigos, está preocupado com o rumo do embate do presidente com o Judiciário. Poucos generais têm seu conhecimento do processo decisório do governo, além da interface com o serviço ativo e com o Supremo por seu contato com Toffoli.
Jornal de Brasília/montedo.com

17 respostas

  1. Vamos dar moral para o Fernandinho beira mar….e outros bandidos também, bota foto deles aqui, que vergonha desses militares e ex militares…..e mais, não sou bolsominion tá

  2. Papo furado de jornalista lacrador de esquerda

    1 – “Não há obice caso ele seja eleito ”
    ( Não é isso que ouço na tropa kkkk )

    2 – “Bolsonaro isolado” 😆
    ( caramba , de onde esse jornalista tirou isso 😆 )

    3 – ” um influente general ”
    ( Os jornalistas adoram frases assim … Um influente general que não pode ser identificado kkk , um grupo de oficiais que pediu anonimato kkk , duvido que esses oficiais existam e tenham sido entrevistados 😆
    4 – e a mais hilária , “Lula lidera a corrida presidencial”
    Putz 😆😆😆

  3. Não sei quem levará o pleito em 2022… Tbm pouco me interessa contando que não seja o traíra atual… qq um serve… Pois todos são corruptos… Não tenho mais ilusões com a política brasileira… Bolsonaro e seus aceclas generais nos mostrou que políticos no Brasil independente de ideologia… São corruptos e legislam em causa própria… Esse papo furado de esquerda… comunismo… etc… São bandeiras para a chamada “Direita” tentar se perpetuar no poder… Esses jargões furados de: a nossa bandeira jamais será vermelha… Brasil acima de tudo… E outras presepadas… São histórias de filhotes da Ditadura… No mundo atual não há mais espaço para o comunismo… Assim como não há tbm espaço para uma Ditadura… Seja ela militar ou encabeçada por um desequilibrado mental como Jair Messias Bolsonaro… Portanto senhores temos que pensar na estabilidade do país não elegendo extremistas que a cada amanhecer derrubam a bolsa de valores… Aumentam o risco país… Fuga de capital externo… Fechamento de multinacionais… trazendo miséria para o povo através de lamentáveis declarações que nada acrescentam a democracia brasileira… Enfim… É inteligente para a saúde do país e dos nossos bolsos… evitarmos os extremos… Granada lançada… Sem o pino…

    1. Evitando extremo e lançando granada? Arre, égua! Direita de perpetuar no poder com a esquerda há 30 anos sendo que a direita entrou ontem de manhã? Putz… meu camarada, obrigado!

  4. As FFAA, principalmente o EB, precisam retomar a distância salutar da vida política brasileira, pois somos o poder de polícia do Estado, que não deve ficar mercê da e governos e nem de política-partidária rasteira.

  5. Lula não está considerando a possibilidade de em 2022 estar inelegível. Foram anuladas as senteçás proferidas pelo juiz Sérgio Moro, mas os processos não foram extintos e já estão na Justiça Federal de São Paulo aguardando julgamento. Em 2023 Lula poderá estar no Planalto ou na Papuda.
    O Brasil é ou não é um país surreal?
    Bolsonaro perdendo apoio popular se distancia da reeleição e abre espaço para Tasso Jereissati ou Álvaro Dias, nomes mais citados pelos que estão alinhados com a terceira via.
    Ciro Gomes,ao contratar os serviços do marketeiro João Santana, aquele que foi preso junto com a mulher por conta de acusações de recebimento irregular de dinheiro na época que trabalhou na campanha da Dilma; rasgoú a bandeira de paladino da justiça e hoje é uma carta fora do baralho.
    Deus queira que a crise ECONÔMICA não se aprofunde e que tenhamos eleições tranquilas.
    O Brasil precisa de tranquilidade para voltar a crescer e diminuir a miséria e o atraso em que cada dia mergulha mais por conta de tanta falta de equilíbrio no exercicio dos mais altos cargos.

  6. Anônimo no 8 de agosto de 2021 a partir do 18:13… entrou ontem de manhã fazendo as mesmas merdas que a esquerda fez durante 30 anos… isso significa que no Brasil esquerda e direita são lados da mesma moeda… o jogar a granada amigo… no sentido figurado é um alerta para o voto de raiva… de protesto… como o que foi dado ao presidente atual… que tanto arrependimento e prejuízos causa a Nação… Vc é inteligente e sabe que o extremismo não leva nada a lugar nenhum… Nosso país está polarizado e estagnado… Pense nisso…

  7. Nunca acreditei na candidatura de Bolsonaro à Presidente. Quando praças se motivaram com sua candidatura em 2018, não acreditei que seu governo daria certo, a julgar por sua conduta como Deputado durante quase 30 anos.
    Hoje depois de 3 anos assistindo ao Governo Bolsonaro, continuo acreditando que seu Governo não deu certo, mas não pelos motivos que acreditava antes, mas pela certeza desonesta da classe politica, judicial e jornalística.
    O Brasil andou para trás após o fim do governo militar, progrediu um pouco no Governo FHC ( e sim com ajuda do Governo Collor), mas com certeza, teve seu maior retrocesso nos desgovernos Lula/Dilma. Para recuperar esse País precisaríamos de pelo menos 4 mandatos na linha do atual Governo, mas como sabemos, isso é impossível.
    A verdadeira natureza do País é a da corrupção e da desonestidade. Foi só Bolsonaro ir contra essa realidade e TODOS se voltaram contra ele.
    Mas agora teremos a comprovação dessa realidade. Se Bolsonaro conseguir se filiar a algum partido teremos a seguinte certeza:

    Se Bolsonaro conseguir se reeleger, teremos a constatação que esse povo é Ordeiro e quer realmente o Progresso.

    Se o corrupto, condenado e ex-presidiário se eleger (com fraude ou não), teremos a certeza absoluta que o povo é desonesto e corrupto.

    Assim pela, primeira vez, teremos uma eleição não para escolher um candidato à Presidência, mas para definir o caráter e os verdadeiro valores morais de um povo. Façam suas apostas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo