Dez entre dez oficiais da ativa dizem o mesmo: não contem com as Forças Armadas para golpes

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Enquanto o presidente Jair Bolsonaro e o ministro, general Walter Braga Netto, sobem o tom, os generais de quatro estrelas que compõem o Alto Comando veem com clareza o que milhões de brasileiros veem e também criticam o presidente

Eliane Cantanhêde
Os militares da ativa podem reclamar do Supremo daqui, criticar o Congresso dali, mas dez entre dez oficiais da ativa rebatem firmemente qualquer possibilidade de as Forças Armadas participarem de algum tipo de golpe, como impedir as eleições. “Isso é coisa do Bolsonaro, não tem nada a ver conosco”, dizem todos, com a mesma convicção.
O comandante do Exército, general Paulo Sérgio Oliveira, está numa situação delicada, entre o Planalto e a Defesa, de um lado, e o Alto Comando, do outro. Enquanto o presidente Jair Bolsonaro e o ministro, general Walter Braga Netto, sobem o tom, os generais de quatro estrelas que compõem o Alto Comando veem com clareza o que milhões de brasileiros veem e também criticam Bolsonaro. Eles também são cidadãos, ouvem, veem, leem. E acham um absurdo os ataques do presidente a vacinas e máscaras, por exemplo.
Braga Netto, ex-chefe da Casa Civil, é considerado “cada vez mais bolsonarista” e identificado com o discurso belicoso do presidente, assim como os oficiais da reserva, apelidados ironicamente de VIP (valentões, inteligentes patriotas). Mas não encontram eco entre os quatro estrelas da ativa, que não querem confronto com o Planalto, até porque podem estar de olho numa boa embaixada ou uma gorda estatal quando passarem para a reserva, mas sem essa de golpes.
A ele, Braga Netto, a Bolsonaro e aos generais do Planalto é atribuída a nota contra o presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz, construída num pingue-pongue entre as três forças e a Defesa e entre a Defesa e o Planalto. As versões mais amenas, do Exército e da Marinha, foram esquentadas no Planalto, que queria uma ameaça até mais dura contra Aziz. No fim, a nota é um desastre e termina enigmaticamente: “As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às instituições”. Se não, o quê?
O general Paulo Sérgio também agiu como bombeiro no dia seguinte, ao ligar para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, logo após o próprio Braga Netto, e dizer que a intenção não era atacar o Congresso. Na outra ponta, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Almeida Baptista Jr., em entrevista ao jornal O Globo, disse que “homem armado não ameaça” e definiu a nota: “É um alerta. Nós não enviaremos 50 notas para ele (Omar Aziz), é apenas essa.”
Soou assim: militares não ameaçam, agem. E o “alerta” pareceu coisa de pai bravo: “Não vou avisar de novo. Da próxima vez, você vai ver”. Uma forma autoritária e inadequada de se referir a um senador, presidente de uma CPI e que, aliás, não agrediu as Forças Armadas coisa nenhuma. Só citou um fato: há militares envolvidos em erros e outros em mutretas com as vacinas. O comandante da Marinha avalizou a entrevista no twitter. O do Exército ficou na dele, não tocou no assunto.
Braga Netto era da Casa Civil até 29 de março e dava ordens a Pazuello e a seu secretário executivo, o coronel da reserva Elcio Franco. Em 6 de março, Franco pediu à empresa Precisa mais 50 milhões de doses da Covaxin, além dos 20 milhões já negociados. A Precisa tem má reputação, a Covaxin não é autorizada pela Anvisa até hoje e – apesar de tudo – era a vacina mais cara no alvo da Saúde. Mais 50 milhões de doses?!
Quem faz mal à imagem das Forças Armadas não são Aziz e a CPI, mas Pazuello e seus militares, que se meteram onde não deviam. O Datafolha mostra que 58% dos entrevistados são contra militares da ativa em funções civis e uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) proibindo pode entrar em pauta nesta semana. Os militares ganham extras e a sensação de poder, mas a instituição sofre as consequências e, quando a coisa complica, ataca o presidente da CPI, em vez de advertir os da “banda podre”.
O Estado de S.Paulo/montedo.com

22 respostas

  1. Deviam tramitar uma PEC proibindo esses repórteres analfabetos políticos de falar em politica. Mídia apodrecida, é só estertor, choro e ranger de dentes. Ainda irão se ajoelhar pedindo perdão por seus pecados.

    1. Ainda bem que existe imprensa livre.
      Se ela não existisse seríamos obrigados a saber das coisas como o governo quer.
      O mundo aqui fora não é um quartel.

  2. Não é porque ele é senador que pode atacar instituições Militares a seu bel prazer. Senador não é cargo vitalício nem funcionário de Carreira, é descartável a cada oito anos, e portanto não deveria roncar grosso. A ética é um dever de todos. Respeitar Instituições sólidas é um dever, principalmente quando essas instituições são representantes do povo e em defesa do povo ou seja da Nação Soberana. Jamais tem exito quem demonstra atitudes contra as Forças Armadas de uma Nação, que tem o dever de preservar A Ordem e a Democrática e a Soberania Nacional.

    1. Ele atacou os mal militares. Temos que parar de ficar de mimimi com crítica. Senador tem imunidade parlamentar para opinião. Críticar possível corrupção de militares não ofende a Instituição como um todo.
      Pessoal se esquece de outro detalhe: ele foi eleito.

      1. Opinião ou acusação? Não foi crítica, nem opinião. Ele fez uma acusação. É não é pelo fato de ter sido eleito que pode roubar, corromper e acusar sem provas. Ele vai ter que provar o que disse ou pedir desculpas.

  3. Foi um ataque de um membro do Poder Legislativo a uma Instituição que faz parte do Poder Executivo da Nação. Em outras palavras O Legislativo interferindo no Executivo, o que bem disse o Ministro da Defesa a cerca do Art. 142 da Constituição. O próprio acusador das Forças Armadas invocou que a Carta que lhe fora enviada atingia não ele e sim o Senado do qual ele fazia parte. E o que ele fez atingindo as Forças Armadas que pertence ao Executivo?

        1. Quartel faz parte da Instituição, individuo é outra coisa, cabe a justiça justiçar o individuo que estiver erra. Acontece que o camarada se aproveitou para atacar a instituição. Isso não é admissível que se faça, Caso eu fosse o Cmt do Exército teria mandado prender ele na hora.

          1. Amigo essa época de 64 já passou.
            E ainda bem que não volta mais.
            Não existe mais essa de que “eu mando, eu prendo”.
            O mundo não é um quartel.
            Total apoio a CPI.

  4. Essa jornalista tenta jogar militares contra militares. Temos que ter cuidado para não apoiar esse tipo de jornalismo. Pertenço a imprensa e detesto esse tipo de jornalismo tendencioso, que tenta dividir a opinião pública. Principalmente a opinião entre militares.

      1. Pelo jeitão vc não sabe o que significa liberdade nem imprensa. Sabe o que é impressão, no sentido de imprimir? Uma coisa é ser jornalista, descrever os fatos, sem invencionices e opiniões pessoais embutidas, Outra coisa é opinião pessoal do repórter, quem reporta a mensagem que recebeu ou descrever o fato, em busca da verdade da ocorrência, do B.O.

  5. O senador fala o que quer e bem entende, já os generais, tampouco MD fará algo, ou seja, ficará por isto mesmo…. Não vai rolar nada! Apenas vai soltar notinha de repúdio e o senador falará nunca irão o intimidar…. Resumo disto tudo: STF e Senado mandam e o Executivo só obedece!

  6. Em 1964, ninguém ia da golpe, o presidente era legítimo. Acontece que em 31 de março, um tal GENERAL MOURÃO, botou SUA TROPAS NA RUA E TODOS COMANDANTES ACOMPANHARAM, sobrou para o Presidente sair fugido de Brasília para o RS, e em seguida cruzar a fronteira do Brasil com o Uruguai. E viva 31 de marco de 1964. Viva o General Castelo Branco, chefe do Estado maior do exército, foi promovido a Marechal para assumir a Presidência da República.

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