STM condena tenente-coronel do Exército por favorecimento de empresa em processo licitatório

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Tenente-coronel é condenado por favorecimento de empresa em processo licitatórios para a compra de equipamentos hospitalares

O Superior Tribunal Militar (STM) condenou um tenente-coronel do Exército que, na condição pregoeiro, conduzia um esquema de fraudes em licitações de itens hospitalares. Na decisão, o tribunal condenou o militar a 4 anos e 4 meses de reclusão, por estelionato.
Segundo a denúncia do Ministério Público Militar (MPM), o crime ocorreu no período compreendido entre novembro de 2009 e agosto de 2010, quando o denunciado conduziu um pregão eletrônico para a aquisição de equipamentos médico-hospitalares.
Como chefe da Seção de Licitações (SALC) do Departamento Geral do Pessoal (DGP) do Exército Brasileiro, as investigações concluíram que o tenente coronel procedeu a aquisições de materiais hospitalares sem que estes tenham sido requisitados pela Unidade Gestora emitente da Nota de Empenho ou pelo Hospital que recebeu os equipamentos, o valor original de R$ 168.000,00.
A empresa vencedora forneceu 26 perfuradores cirúrgicos, sendo que três deles foram direcionados para o Hospital de Campanha (HCAMP) do Rio de Janeiro (RJ) que não constava na relação do Anexo I do Edital. No curso das investigações, constatou-se que os três perfuradores encaminhados ao HCAMP encontravam-se em carga desde 28/03/2011, mas que em 2017 ainda se encontravam guardados em suas caixas originais e que não tinham sido utilizados.
Diante das atipicidades encontradas no processo licitatório, e com base no depoimento de testemunhas, o MPM constatou que o denunciado utilizou-se da sua função para adquirir equipamentos sem que houvesse a devida requisição para tal, favorecendo, assim, a empresa vencedora do certame.
Um militar que havia sido fiscal administrativo, no período em questão, no Hospital Militar de Área de Recife, confirmou, na condição de testemunha, o modus operandi do coronel. Na oportunidade, informou que comumente chegavam ao hospital pedidos em quantidades diferentes, com preços altos e de baixa qualidade, além de materiais não solicitados, sendo que estes ficavam “encostados” como um verdadeiro “elefante branco”.
O depoente afirmou também que o réu tentou aliciá-lo, por duas ou três vezes, para participar de um esquema, com promessas de ganho de porcentagem nas aquisições. Segundo ele, os representantes de uma das empresas envolvidas nas fraudes mencionavam que havia uma meta para que fosse captado cerca de R$ 200 mil por mês com o esquema.

Julgamento no STM
Diante da condenação do coronel em primeira instância, a sua defesa ingressou com uma apelação no STM, na qual pedia a absolvição do acusado, alegando, entre outras coisas: não ter sido ele o sujeito ativo o responsável pela confecção da planilha de pesquisas de preços, e que sequer detinha ele autonomia para decidir sobre as aquisições de materiais específicos da área da saúde; o processo licitatório foi submetido à fiscalização, não tendo sido detectada qualquer irregularidade; a atitude do réu, na função de pregoeiro, sempre foi pautada na legislação vigente.
Ao analisar o caso no STM, a ministra relatora, Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha, declarou que o tenente coronel “nada mais fez do que se utilizar de uma irregular licitação para falsear a verdade, com o nítido desiderato de ocorrência do estelionato”. Segunda a magistrada, inexistem dúvidas quanto à intenção do pregoeiro no direcionamento da licitação em favor da empresa vencedora, uma vez que ele mantinha contato direto com as empresas licitantes, fazendo ajustes prévios com estes.
“Enfatizo ter a mencionada prova corroborado o agir criminoso perpetrado pelo agente em patente prejuízo à Força. Vale dizer, no manejo de recursos públicos, o pregoeiro não poderia realizar negócios escusos com as empresas licitantes, em evidente mácula aos princípios que norteiam a Administração Pública. Pelo contrário, ao réu, detentor de vasta experiência no setor de compras e desempenhando papel de fundamental relevância na órbita administrativa, cabia zelar pelo patrimônio do povo afetado à Organização Militar, procedendo com lealdade, probidade e moralidade”, afirmou.
Apelação 7000199-12.2020.7.00.0000
STM/montedo.com

6 respostas

  1. …”Um militar que havia sido fiscal administrativo, no período em questão, no Hospital Militar de Área de Recife, confirmou, na condição de testemunha, o modus operandi do coronel”…
    Esse HMAR (Hospital Militar de Área de Recife) é pesado.
    Se fôssemos enumerar os casos de corrupção nesse hospital, não caberia num livro, sim numa enciclopédia ‘Barsa’ de tantos os casos de corrupção.
    Pesado!
    Mito 2022, o caçador de corruptos.

  2. Este hospital militar do Recife HMAR É uma vergonha, falta gestão, levantaram um hospital de campanha no estacionamento da emergência há mais de dois meses, para triagem e atendimento de covid até hj não foi atendido nenhum paciente. Os pacientes com covid estão sendo atendidos e medicados, na mesma emergência que os pacientes sem sintomas de COVID, isto é uma vergonha, nenhum protocolo de prevenção a COVID e respeitado na triagem e atendimento no HMAR. E o pior que o escalão superior está ciente de tudo isto é nada faz! A coisa mais triste a a segunda feira na emergência do HMAR, PACIENTES COM COVID E SEM COVID, juntos e misturados na triagem da emergência. Kd o CH da EMERGÊNCIA que não toma providências? E a direção do hospital nada faz tb!

  3. Praça velha,
    Servi em todos comandos militares de área, e digo, ‘essa Guarnição do Recife e HMAR são um caso a ser estudado’.
    São tantas as anormalidades que nem parece Exército.
    SIP/7 e 7 RM são péssimas no atendimento ao Pessoal da Reserva.
    Felizmente em dezembro deixarei esta Guarnição.
    Aqui, com certeza, nunca mais.
    Como você disse, “na emergência do HMAR, PACIENTES COM COVID E SEM COVID, juntos e misturados na triagem da emergência.”
    HMAR o campeão nacional em irregularidades.
    Vergonha!

  4. Aposto que é aquele coronel com nome indigena kkkk … vi uns itens comprados com um preço muito estranho assinados por ele quando eu tava na amazonia …

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