“Judiciário está reparando um dano”, diz Maria Luiza, suboficial trans homenageada pelo STF

TRANSEXUAL FAB

Após 20 anos de luta, o STJ reconheceu, em abril, que Maria Luza sofreu discriminação de gênero ao ser desligada da Aeronáutica depois de passar por transição

Thays Martins
O Supremo Tribunal Federal (STF) homenageou a transexual Maria Luiza da Silva nesta quarta-feira (24/6), com um vídeo em que a primeira transexual das Forças Armadas conta a sua história. A publicação foi feita nas redes sociais do Tribunal, que lembrou que Maria Luíza foi impedida de continuar na Aeronáutica por discriminação de gênero. A homenagem foi feita como parte das ações da Corte no mês do Orgulho LGBT. Nos comentários, muitos foram os elogios à iniciativa.
Para Maria Luiza, que está prestes a completar 61 anos, a homenagem é mais passo da Justiça no reconhecimento aos seus direitos. “É muito bom essa homenagem. É o resultado de um processo que eu movo. É o Judiciário fazendo o seu papel e, hoje, me dando o direito devido, que é a progressão de carreira. O Judiciário está reparando um dano feito por alguns militares”, afirmou ao Correio.
Maria Luiza lutou por 20 anos na Justiça para ter o direito a se aposentar como subtenente depois que foi obrigada a deixar a Aeronáutica por ter feito a cirurgia de mudança de sexo. Em abril deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou um recurso da Advocacia-Geral da União (AGU), que pedia a anulação da decisão que reconheceu o direito de Maria Luiza. Em 2020, a Corte já tinha reconhecido o direito dela permanecer no imóvel funcional da FAB. Maria Luiza foi aposentada como suboficial em 2000, após 22 anos de Forças Armadas.
“É importante essa decisão, sobretudo porque ela mostra que as Forças não podem discriminar pessoa por questão de gênero. Além de garantir direitos, ela serve para que essas pessoas possam continuar a exercer suas atividades sem serem forçadas a se aposentar”, afirma Maria Luiza.
No vídeo, ela conta que procurou a FAB para avisar da transição e que permaneceria nas atividades, que exercia há mais de 20 anos. Porém, a instituição decidiu por reformá-la. “Eu não aceitei essa imposição. A justiça é para reconhecer o direito das pessoas, que é o direito de não ser prejudicadas em sua vida particular, em sua vida profissional. Essa última decisão foi muito importante, porque os ministros do STJ reconhecem que eu fui discriminada dentro da Força Área”, conta.

História virou filme
Em 2020, a história de Maria Luiza virou filme. O filme conta a história da vida dela e de todos os desafios e mudanças envolvidos na trajetória de uma mulher trans dentro do meio militar, cuja luta foi revelada em série de reportagens do Correio, de autoria do repórter Marcelo Abreu. Para o diretor do filme, o cineasta Marcelo Díaz, a homenagem do STF é um impacto da visibilidade trazida pela obra, que já foi exibida em vários países.
“Estamos permanentemente exibindo o filme para formadores de opinião e debatendo o caso de Maria Luiza e, principalmente, os direitos à população trans, em busca de impacto positivo concreto. Toda essa movimentação também chegou ao STJ e o filme foi citado em decisão do Ministro Herman Benjamin, que reconhece o preconceito pelo qual Maria Luiza da Silva passou e ainda passa. Esse é, para nós, o maior prêmio: fazer um cinema que transforma, ainda mais nesses tempos”, destaca.
Marcelo acredita que a arte pode impactar de forma positiva na luta das pessoas trans pelo reconhecimento de seus direitos. “Temos trabalhando intensamente para que o filme gere mais impacto também em outras instâncias, com ações com o Conselho de Psicologia, OAB, TransEmpregos, líderes religiosos, universidades, polícias, RENOSP LGBTI (Rede Nacional de Operadores de Segurança Pública LGBTI), dentre outras. Estamos totalmente abertos e disponíveis para quaisquer instituições que busquem contribuir para a inclusão trans, com acolhimento e afeto”, afirma.


CORREIO BRAZILIENSE/montedo.com

17 respostas

  1. E esta história virou filme. Vai servir para mostrar aos nossos jovens que não pode sofrer nenhuma discriminação quem assume sua diversidade.
    Já é tempo de se fazer um filme mostrando a história de OSIRES SILVA.
    Os jovens precisam conhecer as barreiras que o criador da EMBRAER teve que vencer para transformar em realidade o que parecia ser uma quimera.
    Hoje o BRASIL é o terceiro maior fabricante de aviões do mundo.
    Milhares de empregos gerados graças ao esforço de OSIRES SILVA.
    Infelizmente não há o menor interesse de nenhum setor da cultura em viabilizar, com apoio da FAB e da EMBRAER, a realização de um filme que serviria, também, para estimular o turismo, já que, através dos voos dos aviões produzidos pela EMBRAER seria possível mostrar as belezas deste Brasil tão lindo e que só é conhecido, em termos turísticos, pelo Corcovado, Pão de Açúcar e Foz do Iguaçu.
    Será que nunca ninguém vai se interessar em dizer MUITO OBRIGADO ao gênio OSIRES SILVA?

    1. PELAS FOTOS TIROU MUITO SV
      e cumpriu muitos campos
      Maria Luiza lutou por 20 anos na Justiça para ter o direito a se aposentar como subtenente

      até saiu subi e parou de tirar SV e ir pra mmissão.

      Kada um que aparece. uma coisa é a vida pessoal e outra ao trabalho.

      Ecelente matéria.

      1. Não está dando pra aguentar mais esse ninho de esquerdistas. Lamento muito Montedo, sei que não represento nada neste blog, mas estou no meu limite ao ver e ler tantas opiniões de um só lado. Sou Patriota, Brasileiro e Cristão.

  2. Pelo que eu entendi. Um militar reformado ou no mínimo inativo esta ocupando PNR, tbm parece que ela foi reformada antes de ser promovida a sub (se nao nao estaria brigando pela promoção), e agora foi promovida por ordem judicial. A verdade é que só bizurou.

  3. Alguém já ouviu falar el Alberto Martins Torres?
    Torres foi o piloto brasileiro que afundou o submarino alemão que espalhou pânico ao torpedear e mandar para o fundo do mar diversos navios, causando a morte de centenas de brasileiros. No combate com o submarino alemão, o avião Catalina, pilotado pelo Tenente Aviador Torres, foi atingido por dezenas de disparos realizados pelo submarino alemão.
    Arriscou a vida em defesa da Pátria, livrou o litoral brasileiro da presença de um inimigo que tantas mortes de brasileiros já tinha e ia continuar causando.
    Resultado?
    Nem um filme sobre a batalha para livrar as águas brasileiras da presença dos submarinos americanos foi feito.
    18 submarinos alemães foram atingidos. Vários afundados e outros sem condições de continuarem matando brasileiros.
    Quantos jovens brasileiros conhecem a luta destes heróis?
    Que tal fazer um filme sobre a luta dos pilotos brasileiros para varrer os submarinos alemães do Atlântico e tornar segura as nossas águas?
    Triste do país que não cultua seus heróis.

  4. Poderiam ter homenageado a professora que salvou as crianças só incêndio, ou aquelas outras três que salvaram as crianças de morrerem a golpes de facão por aquele maníaco… Mas, enfim…

  5. Vdd deviam fazer filmes mais instrutivos a realidade e que ajudou na liberdade do povo e do mundo e não acho descriminação quando existe exigências para determinado cargo ou profissão e no decorrer do anos essas exigências e contratos é quebrada pelo trabalhador com certeza o empregador tem o direito de demitir e contratar outro para seu lugar que tenha os requisitos e as exigências do referido cargo.

  6. Inteŕessante é o STF sequer emitir uma recomendação para que seja feita uma revisão nos casos de militares, que mesmo classificados no EXCEPCIONAL COMPORTAMENTO, foram PRETERIDOS para promoção por mais de 10 anos e foram para a reserva levando na alma o amargo gosto da injusttiça.
    Tudo pode ser corrigido por via administrativa.
    Bastava o chefe antipatizar o subordinado e de nada importava a classificação no EXCEPCIONAL COMPORTAMENTO.
    Passa da hora de corrigir estas injustiças.
    Houve anistia para terroristas. Quando acontecerá ANISTIA para todos?

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