Chavismo caboclo

Bolsonaro, Mourão e ministros militares foram beneficiados com a medida

A escalada da crise protagonizada por Jair Bolsonaro com os militares sugere que o País corre o sério risco de assemelhar-se à Venezuela chavista

Opinião (O Estado de São Paulo)
A escalada da crise protagonizada pelo presidente Jair Bolsonaro com os militares sugere que o País corre o sério risco de sofrer forte degradação democrática, a ponto de assemelhar-se à Venezuela chavista.
“Os militares daqui estão enfrentando o que os da Venezuela enfrentaram no início do período chavista”, comparou Raul Jungmann, que foi ministro da Defesa no governo de Michel Temer. Em entrevista ao Estado, Jungmann disse que “Bolsonaro persegue o modelo de Chávez”, isto é, quer transformar as Forças Armadas em braço do bolsonarismo. “Os militares, aqui como lá, guardadas as devidas proporções, evitam o confronto direto com o comandante para não ferir a Constituição, mas o dilema é que assim correm o risco de ver a Constituição destruída junto com a hierarquia e a disciplina”, alertou Jungmann.
Na mesma linha foi o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia. Também ao Estado, Maia descreveu como Bolsonaro está seguindo rigorosamente o manual chavista: tenta envenenar o processo eleitoral, ao questionar as urnas eletrônicas; hostiliza a imprensa livre; intervém na estatal de petróleo, submetendo-a a seus interesses políticos; busca transformar as Polícias Militares estaduais em milícias bolsonaristas; neutraliza o Congresso por meio de distribuição desavergonhada de verbas, abaixo dos radares republicanos; e ataca sistematicamente o Supremo Tribunal Federal, além de inocular os órgãos de fiscalização e controle com a toxina bolsonarista. Como disse a historiadora Lilia Schwarcz à revista The Economist, basta ler o Diário Oficial para perceber que Bolsonaro dá “um golpe por dia”.
Já advertimos várias vezes, neste espaço, sobre a marcha bolsonarista rumo a uma versão cabocla do chavismo (ver especialmente os editoriais O bê-á-bá do chavismo, de 31/1/21, e A hora da verdadeira oposição, de 4/2/21). Os sinais dessa degeneração são tão evidentes que não podem ser mais ignorados, especialmente agora, quando Bolsonaro dá um passo concreto na tentativa de transformar as Forças Armadas em sua guarda pretoriana.
A crise está contratada. Ao levantar dúvidas sobre o processo eleitoral, ao mesmo tempo que amalgama os militares a seu governo, Bolsonaro semeia confusão e tenta intimidar quem porventura não aceite viver sob seu tacão.
Há um ano, à TV Cultura, o ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, descreveu com precisão o cerne do problema: “As Forças Armadas não podem se identificar com o governo porque numa democracia existe alternância de poder. Se as Forças Armadas são governo e o governo é derrotado nas urnas, as Forças Armadas são derrotadas e acabou. Evidentemente isso não pode acontecer”. Na mesma ocasião, o ministro Barroso também já alertava para o que chamou de “chavização”, isto é, a multiplicação de militares em cargos no governo: “Isso é o que aconteceu na Venezuela”.
Não é prudente ignorar tantos alertas e tantos sinais. Quando Bolsonaro se refere ao Exército como “meu Exército”, não é mera figura de linguagem. Ao dobrar o número de militares no governo em relação à administração de Temer, Bolsonaro deixou claro que pretendia enredar as Forças Armadas em seus devaneios golpistas. Considerando-se que cresceu em cerca de 30% a presença de militares da ativa no governo, essa relação fica ainda mais forte – e o caso da submissão humilhante de um general, Eduardo Pazuello, aos interesses de Bolsonaro, sob a vista grossa do Comando do Exército, foi o ponto alto, até agora, dessa genuflexão militar ao presidente.
Timidamente, o Congresso começa a reagir à militarização do governo promovida pelo bolsonarismo, ao articular uma Proposta de Emenda Constitucional que proíbe a atuação de militares da ativa em cargos de natureza civil no Executivo. É uma medida necessária, pois aos militares da ativa é vedada a atividade política – que é essencialmente o que se faz num governo. Mas talvez seja tardia: a esta altura, a identificação forçada por Bolsonaro entre ele e os militares já não depende mais de quem usa o crachá do governo.
O ESTADO DE SÃO PAULO/montedo.com

28 respostas

    1. A melhor coisa para o bolsonarismo é fazer todos crerem que o clã Bolsonaro é um “mal necessário” ao passar a ideia de que, se não for com Bolsonaro, o PT volta. É como se não existisse mais ninguém na direita além de Bolsonaro.

      É claro que no segundo turno, se for o mentiroso insano amigo do Queiroz contra o mentiroso ladrão amigo de Fidel, votarei no mentiroso insano ou anularei meu voto. Mas no primeiro turno teremos diversas outras opções.

      1. Concordo com seu comentário, mas hoje não tem como outro ganhar as eleições, ou vai ser lula ou Bolsonaro. Pode ser que até as eleições isso mude, mas os dois juntos tem 60% de eleitorado, independentemente do que aconteça. Então, matematicamente, é pouco provável que outro se eleja, a não ser, repito, que haja convencimento de pelo menos parte dos 60%, o que acho muitíssimo difícil.

        1. Isso de 60% do eleitorado é papo de pesquisa. Se comparar com a realidade das aparições públicas de cada um, o cramunhão deve ter uns 10% de votos. É assim que tem acontecido, como no Peru.

        2. É isso que não me conformo. Não é possível que a maioria da população queira os extremos. Pelo amor, vamos imitar o Peru? Acho que o PT não merece é naaadaa, e Bolsonaro com sua postura tampouco me agrada.

    1. O que foi e é naturalmente normal.
      A quadrilha petralha aparelhou o Estado com “us cumpanheirú”.
      Como o governo atual com seus ‘terraplanistas’, ‘negacionistas’ e alunos do tarólogo e cartomante Olavo de Carvalho.
      Ou você acredita que Trump manteve os democratas do governo Obama no seu governo.
      São farinha do mesmo saco, a fórmula é a mesma:
      – associação aos contumazes corruptos do ‘Centrão’, através do gen Ramos;
      – na era petista, o ‘Mensalão’, hoje, o ‘Bolsolão’, o Orçamento paralelo.
      – recorre a condenados do mensalão e réus na Lava Jato, a “velha política”.
      – parcerias como, Collor, Valdemar Costa Neto, Roberto Jefferson, Ciro Nogueira, indiciados e réus como Fernando Bezerra e Arthur Lira, como forma de “segurar a governabilidade”.
      – fazem qualquer negócio para permanecerem agarrados nas tetas do Estado como parasitas insaciáveis.
      – “generais do centrão”, os Soldados Marajás, com salários de quase 70 mil reais, e a Tropa, os QE e QESA na “M”.

      Sem falar nas práticas do crime das ‘rachadinhas’, sabotagens para retardar o processo de vacinação” contra a covid-19, atitudes reiteradas ao induzir o descrédito da população quanto à eficácia das vacinas, e empregar irregularmente verbas públicas para fabricação de medicamentos sem eficácia cientificamente comprovada.

      Por fim, ações politicas no sepultamento da prisão após condenação em 2ª instância.
      E defenestração de homens públicos honrados como Sérgio Moro e Santos Cruz.

      Enquanto você defende essa gente e governo desqualificado, e só enxerga os ‘Satânicos esquerdistas’, os santinhos da prole e clã Bolsonaro compram mansão em Brasília de milhões de reais.
      E com tudo acima vocês continuam fazendo ‘arminha’ e berrando ‘mito’.
      Brasil um país fadado ao fracasso através da latrina eleitoral e pelo seu voto bolsominion.
      2022, “eleições do nem…, nem…”.

      1. Para o PPRPP é normal partidos comunistas/socialistas tomarem conta do Brasil. Sérgio Moro, o protetor do PSDB na Lava Jato e Santos Cruz magoadinho e dando milho para a mídia esquerdóide que foi privada do pixuleco. Só a Globo teve R$ 5 bilhões de perdão na era PT. Nem sabe quando o FDA autorizou as vacinas EXPERIMENTAIS, sem comprovação científica na fase 3, e vem falar de sabotagem e retardo na vacinação. Só se for sabotagens de governadores e prefeitos, o que é muito evidente. É deve estar completamente vesgo para os e-mails do Dr Fauci e do movimento mundial por mais um Tribunal de Nuremberg.

  1. É o que já tinha falado antes

    Hugo Chavez era de direita, Coronel, pregava o conservadorismo “teórico”, porque na prática era outros quinhentos… Vejamos onde Venezuela está agora.

    Futuro sombrio o do nosso Brasil…

    1. Não precisa dar crédito ao Estadão, basta dar crédito aos fatos descritos na matéria. Viver baseado em fatos é viver baseado na realidade.

      1. Pegou pesado com os petistas de direita,
        …’dar crédito aos fatos descritos na matéria. Viver baseado em fatos é viver baseado na realidade”…
        Ai! Ui, ui…

  2. – 14 milhões de desempregados em virtude da pandemia.
    – milhares de órfãos com tutores familiares, desempregados.
    – milhares de empresários que fecharam as portas, desempregados.
    – milhares de desempregados que perderam a esperança de procurar empregos.

    E nossos “medalhosos” generais agindo como se estivessem na Suíça.

  3. “generais do centrão” os Soldados Marajás.

    Os primeiros “generais do centrão” a aderir à sociedade com Bolsonaro foram agraciados com um aumento que furou o teto salarial.
    Se Heleno, Braga Netto e Ramos fossem do “centrão civil”, seriam chamados de marajás. Mas generais brasileiros não se veem assim.
    Se consideram patriotas lutando contra os inimigos da pátria.
    O sujo é sempre a política”…
    Venderam a alma as insanidades ‘bolsopatas’ por GRANA (R$ 66.000,00).
    Subserviência e indignidade por salários tríplex (Braga Neto, Heleno e Ramos).
    Esses militares subservientes a Bolsonaro pagarão caro pelo péssimo exemplo aos jovens militares e descrédito das Forças Armadas.
    Enquanto isso…a inflação e reestruturação da remuneração ‘deles’ vão destruindo salários dos QE e QESA.
    MITO 2022.

    1. Não solucionam porque não querem. É só colocar nos EE das FFAA a matéria chamada política. Hj o militar quer participar plenamente da sociedade. A sociedade hj através da “justiça” não entra de qqer jeito nas FFAA?

  4. “Quem dá crédito ao estadão?”
    Eu, e milhares de assinantes deste centenário jornal brasileiro.
    Agora, tenho certeza que pra você é de difícil compreensão este fato.
    Pois só enxerga sua falsa verdade bolsominion de que não há vida inteligente fora de sua terra plana.
    Sua rasa visão é a mesma de que o clã Bolsonaro que a pandemia é uma ficção criada pela GloboLixo, e que todos brasileiros nas UTI’s e sepultados são artistas contratados por aquela comunista emissora de TV. Que desagradável.
    Mito 2022.

    1. É certo que a pandemia não é ficção. Ficção é não ter a coragem de dizer que é uma guerra biológica planejada por investidores globalistas financiadores de mídias, Big Techs e industria farmacêutica. Esses golpes financeiros são aplicados há décadas. Dê uma estudada quais foram os banqueiros que saíram riquíssimos da quebra da bolsa em 1929 e anos depois financiaram as guerras, todos os lados da II Guerra. Por enquanto a guerra é biológica/financeira.

  5. Lendo os comentários me dá a nítida impressão que estou falando com aquela máquina do ticket para entrar e sair do shopping.

  6. Nunca ele terá apoio da cúpula militar, eles sabem do seu despreparo intelectual, não existe ordem nos neurônios dele, totalmente fora do contexto. Ainda bem que nada segura o tempo, tudo passará.

  7. Calma, senhores. Como alguém sabiamente já disse “as nossas instituições estão funcionando…”

  8. Fazendo aqui uma conta rápida de padeiro, somando os novos salários de Mourão, Heleno, Braga Neto e Ramos, dará um bagatela de R$ 264.000,00.
    Apenas 4 militares um total de R$ 264.000,00.
    Isso neste mês, porque com o pagamento da primeira parcela do 13 salário, só R$ 396,00.
    Havia ouvido falar de políticos e juízes com salários de Marajás, agora militar Marajá, só nesse governo mesmo.
    Cada um receberá 100 mil reais em apenas em dois meses.
    – “generais do centrão”, os Soldados Marajás, com salários de quase 70 mil reais, e a Tropa, os QE e QESA na “M”.
    Mito 2022.

  9. 1 – Quem foi um dos maiores financiadores do regime chavista? Resposta: o governo de PT.

    2 – Quem realizou acordos com o regime chavista, como por exemplo, a usina de Abreu e Lima? Resposta: Lula.

    3 – Quem era amigo pessoal de chaves a ponto de fazerem brincadeiras do tipo “eua medo de Ferrari e você de fusquinha? Resposta: Lula.

    4 – Quem recentemente (cerca de meses atrás) foi visitar o congresso do ditador sanguinário Maduro? Resposta: Lula e integrantes do PT.

    5 – Quem diversas vezes chamou, em tom de elogio, o regime venezuelano de “modelo democrático”? Resposta: Lula e demais integrantes da esquerda.

    6 – Quem ensinou o Chaves a comprar o congresso nacional e demais integrantes do alto escalão com dinheiro desviado, igualzinho fizeram no mensalão aqui no Brasil? Resposta: Governo Lula.

    Aí me vem Estadão com seus “pesquisadores” e diz que quem tem proximidade ou semelhança com o modelo ditatorial venezuelano é o Bolsonaro pq tem muito militar no poder, aí é forçar um pouco a barra do leitor.

    1. Acontece que se o Exército se opor a política do presidente já estará agindo politicamente…

      Só os lobotomizados do Exército Apolítico não enxergam a irrealidade disso.

      O Exército deve ser apartidário, não apolítico.

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