Com Braga Netto, Defesa se aproxima mais da política e provoca divergência geracional entre militares

ministro braga neto

Além de acompanhar atividades extraoficiais de Bolsonaro, ministro general passou a fazer discursos a militantes

Daniel Carvalho
Vinicius Sassine

BRASÍLIA – O general da reserva Walter Braga Netto, 66, sempre foi discreto, se mantinha longe de holofotes e demonstrava desconforto diante das câmeras, por vezes devolvendo respostas ríspidas a perguntas de jornalistas.
Em março, quando trocou a Casa Civil do governo Jair Bolsonaro pelo Ministério da Defesa, mudou de postura e aproximou a pasta da política.
Além de acompanhar atividades extraoficiais do presidente, passou a fazer discursos a militantes. O general, que em abril do ano passado chegou a mandar uma jornalista estudar após ela perguntar sobre a demora no pagamento do auxílio emergencial, agora concede entrevista a uma youtuber de 11 anos.
O novo comportamento surpreendeu ex-ministros de governos anteriores que conviveram com ele e, nos bastidores, tem despertado uma divergência geracional sobre como integrantes das Forças Armadas enxergam a proximidade entre militares e política, tema que voltou a ganhar destaque por causa da participação de Eduardo Pazuello, um general da ativa, em um ato político ao lado de Bolsonaro.
Em uma manhã de sábado, cinco dias após ser anunciado ministro da Defesa, Braga Netto foi tomar sopa com o presidente em Itapoã, no Distrito Federal.
General da turma de 1978 da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), ele tem sido visto em outros compromissos de Bolsonaro aos fins de semana, fora da agenda oficial.
Coordenador-geral de Defesa de Área da Olimpíada de 2016 e interventor federal no Rio de Janeiro em 2018, Braga Netto participou de almoço em um centro de tradições gaúchas em 15 de maio, pouco antes de subir em um carro de som ao lado do presidente para discursar.
“As Forças Armadas estão para proteger os senhores, para proteger que os senhores possam produzir com tranquilidade. A liberdade é o nosso bem maior”, afirmou diante de uma plateia de produtores rurais e caminhoneiros que se aglomeraram na Esplanada dos Ministérios em um ato de apoio a Bolsonaro.
A fala agradou ao chefe do Executivo, que explicitou seu contentamento três dias depois, em uma cerimônia no Palácio do Planalto.
“Quem podia imaginar […] que, um dia, perante um público de milhares de pessoas, um ministro da Defesa pudesse usar o microfone por alguns momentos? Ele é um ser humano igualzinho a cada um de nós. Tem uma responsabilidade enorme, um ministério que está presente nos quatro cantos do Brasil”, disse Bolsonaro.​
Antes disso, Braga Netto já havia discursado para civis uma outra vez, no domingo anterior, diante do Palácio da Alvorada.
“Estejam certos [de] que as Forças Armadas estão prontas a defender a Constituição e operar sempre dentro do que está previsto nas quatro linhas estabelecidas naquele campo”, disse o ministro em 9 de maio para uma plateia de motociclistas bolsonaristas.​
O tom das manifestações se assemelha àquele que Bolsonaro passou a adotar depois de reiteradas declarações que deixavam no ar a possibilidade de uma ruptura institucional.
Um oficial que trabalha com Bolsonaro diz que, entre os militares mais jovens, a proximidade do ministro da Defesa com a política gera desconforto.
Sob a condição de anonimato, ele afirma que as gerações mais novas, que não viveram o período da ditadura militar (1964-1985), não se identificam com aquele período e temem que essa postura mais política do ministro da Defesa traga de volta o desgaste provocado à imagem das Forças Armadas pelo regime de exceção.
Um general que também está no governo, porém, tem outra percepção. Para ele, que também impôs o anonimato como condição para falar com a Folha, o cargo de ministro da Defesa é político, e o comportamento do atual ocupante do posto não deve apavorar ninguém, pois está dentro dos limites.
Para este militar, que hoje está na reserva, Braga Netto chama para si o discurso político para preservar os comandantes das Forças Armadas depois da crise de março. Um outro militar vê que, diante da maneira como chegou ao posto, o general precisa se legitimar e, por isso, passou a aparecer mais.
A assessoria de Braga Netto foi procurada pela Folha durante três dias, mas não se manifestou sobre esta reportagem.
Militares e políticos próximos a Bolsonaro foram unânimes em descartar qualquer intenção política do general.
​Quando aceitou o cargo de ministro da Defesa, Braga Netto aceitou também o jogo de Bolsonaro com um valor caro aos militares: a hierarquia. É o que observam generais próximos ao ministro.
Bolsonaro queria se ver livre do então comandante do Exército, general Edson Leal Pujol. Apesar das diferenças de estilo, os dois se consideravam amigos.
Pujol deu vazão à política de cloroquina do presidente na pandemia, com produção de 3,2 milhões de comprimidos pelo Exército, e avalizou um general da ativa, Pazuello, no comando do Ministério da Saúde. Foi insuficiente para Bolsonaro, que esperava um alinhamento mais automático e explícito.
O presidente, então, decidiu fazer mudanças, mas usou uma via indireta. Demitiu o general Fernando Azevedo e Silva do cargo de ministro da Defesa e indicou Braga Netto para a função.​
Com isso, embaralhou a hierarquia que existia, e que é levada em conta nas cúpulas militares, inclusive em relação ao ministro da Defesa —cargo que era ocupado por civis até o começo de 2018.
Antes, Azevedo era o mais antigo, da turma de 1976, e Pujol da turma seguinte, a de 1977.
Como ministro da Defesa, Braga Netto passou a ser mais “moderno” que o comandante do Exército —uma quebra de hierarquia, na visão de militares que chegaram aos postos mais altos da carreira.
A troca do ministro da Defesa ocorreu em 29 de março. No dia seguinte, os comandantes das três Forças manifestaram a intenção de entregar os cargos e também acabaram demitidos por Bolsonaro.
O atual comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, é da turma de 1980. Braga Netto, portanto, é mais antigo.
Recém-empossado no cargo, o ministro conduziu diretamente a escolha dos novos comandantes, sem se opor à troca dos comandos, um episódio que se configurou na maior crise militar desde 1977.
​O ministro tem um alinhamento automático a Bolsonaro. Braga Netto submergiu, por exemplo, no episódio da transgressão disciplinar de Pazuello, enquanto integrantes do Alto Comando do Exército avaliaram como descabida a ida do general da ativa a um ato político e esperam uma punição.
FOLHA DE SÃO PAULO/montedo.com

18 respostas

  1. Discursou Braga Neto como um recém empossado vereador:
    “As Forças Armadas estão prontas’.

    Comentou o ministro Luís Barroso sobre as declarações do general:

    “Agora, o país é livre, e as pessoas falam o que pensam.
    Já passou o tempo de golpes, quarteladas, quebras da legalidade constitucional.
    Ganhou, leva. Perdeu, vai embora.
    Trump, nos EUA, esperneou muito, mas está na Flórida, não em Washington.”

    Um general com quase 70 anos de idade e salário de quase 70 mil reais servindo de ‘chacota’ por um ministro do Supremo em público.

    Essa metralhadora desavergonhada sem controle não para de atirar um vexame por dia por esses generais insaciáveis por aumento e cargos federais feupudos.

    Vergonha, mil vezes vergonha.

    1. Quem defende a chacota faz parte dela. O Braguinha está lá, vc está aqui, frustradão. Ou foi cuspido do EB ou apreenderam suas drogas. Quem tem medo de voto auditável e público esconde a verdade das fraudes desde 1996. Está mais do que provado que as urnas eletrônicas não são auditáveis a começar pelo B.U. Vergonha, mil vezes vergonha.

  2. Ahhh!
    Agora entendi porque Ramos e Braga Neto, só dizem Amém a todas as medidas negacionistas do governo Bolsonaro.

    Eu, pela metade do salário do Ramos, nem me vacinaria, quiçá, máscaras de proteção ou distanciamento.

    Pandemia!? Que pandemia?!

  3. AUSTERIDADE ZERO!
    As máscaras caíram!
    – 14 milhões de desempregados em virtude da pandemia.
    – milhares de órfãos com tutores familiares, desempregados.
    – milhares de empresários que fecharam as portas, desempregados.
    – milhares de desempregados que perderam a esperança de procurar empregos.

    A cada dia, ações, omissões e atos a fim de engordarem suas contas bancarias, envergonham as FFAA e mostram à Nação suas verdadeiras caras e intenções.

    Atitudes não republicanas dos ‘seus’ Braga Netto, Luiz Ramos e Augusto Heleno, que se agarram ao poder como parasitas verdes-oliva.

    …”Eu tenho vergonha do que eu recebo do Exército, isso eu tenho vergonha. Se eu mostrar pro meu filho que eu sou general de Exército, e ganho líquido R$ 19.000, eu tenho vergonha”, disse o general Heleno”…

    Pois é general, para os graduados e em especial os Sargentos do QE as coisas não foram tão bem em tão curto período de tempo (10/07/2019 à 14/05/2021).

    Vergonha, mil vezes vergonha!
    Um escárnio!
    E total deboche com os 14 milhões de desempregados.

    “QUE UMA SÓ VONTADE NOS UNA!”
    “JUNTOS SOMOS FORTES!”

    “Pátria amada Brasil”
    “Vibrar” com as coisas do Exército Brasileiro.
    – Exteriorizar esse valor, permanentemente, pelo(a):
    . entusiasmo;
    . motivação profissional.

    Teatro, teatro, teatro…….Vergonha, mil vezes vergonha!

  4. Lendo o texto do articulista/blogueiro extrai-se que o mesmo não falou com os militares mais jovens que são os que mais se identificam com as idéias do PR. Esse papo que militar não deve falar de politica nos levou ao fundo do poço nos governos FHC, DILMA E Lula. Vejam os benefícios que as PPMM, alcançaram justamente por se politizarem, infelizmente o correto seria militares longe da politica e os políticos advogando pelo bem estar dos militares porém na prática isso não acontece e nunca vais acontecer. Daí o motivos de entramos de corpo e alma na politica sob pena de não sermos atendidos nos nossos anseios.

    1. Ueeeeee.
      Que eu saiba os anseios da tropa, inativos e pensionistas além de não serem atendidos, foram totalmente desprezados.
      Mas alguém ganhou.
      E acho que todos sabem a categoria que ganhou.
      Portanto, pra praça (somos a maioria) governo civil é melhor.

    2. Entrar na política e blá blá blá..

      Está mais que comprovado que militar na política só faz ×erda. Fatos passados e presentes atestam isso. Porém aqueles que conseguem cargos políticos ou comissionados só querem DINHEIRO!

      Militar é naturalmente desunido, mesquinho, vaidoso e prepotente. A praça é a classe mais desunida. EB, MB e FAB não trabalham juntas sem ter inúmeros problemas a resolver. E vem me falar de “anseios da tropa”? Pior do que isso é o discurso da “família militar”.

      Quem tem humildade que reconheça.

      1. Infelizmente temos que concordar. Pura verdade.

        Cada um que busque o seu “melhorado”, por que 2 horas no sol de formatura não acrescenta em nada na “rusticidade” da tropa.

  5. Além das pazuallices, não nos esqueçamos dos super salários articulados por Braga Neto, Heleno e o Maria Fofocas, o banana de pijamas, general Ramos (R$ 66.000,00).

    Extremamente subservientes e aduladores, sempre enaltecendo exageradamente atos e gestos políticos não republicanos de seu ‘mito’, e usando para esse fim, desvergonhosamente, a imagem das FFAA.

    Totais desqualificados para os cargos que exercem, humilhando a Força.

    E, também nos envergonha o arRego Barros e Clube Militar que logo virão nos encher o saco, com suas inócuas Notinhas de rodapé.

    Que Exército é este!

  6. Não tenho mais estômago pra essas artimanhas cínicas de Braga Neto, Heleno e Ramos.
    Antes desse salário tríplex Heneno disse-se envergonhado por perceber apenas R$ 19.000,00
    E agora general, perdeu a vergonha.

  7. …”Os primeiros “generais do Centrão” a aderir à sociedade com Bolsonaro foram agraciados com um aumento que furou o teto salarial.

    Se Heleno, Braga Netto e Ramos fossem do “centrão civil” seriam chamados de marajás.

    Mas os militares não se vêem assim.
    Se consideram patriotas lutando contra os inimigos da pátria.
    O sujo é sempre a política”…

    Venderam a alma as insanidades bolsopatas por GRANA (R$ 66.000,00), subserviência e indignidade por salários tríplex (Braga Neto, Heleno e Ramos).

    Esses militares subservientes a Bolsonaro pagarão caro pelo péssimo exemplo aos jovens militares, e descrédito das Forças Armadas.

  8. Braga Neto, e seu mísero salário de R$ 66.000,00.
    Esses generais brasileiros mostram suas caras e personalidades insaciáveis por dinheiro e benesses dos cargos do Poder.
    Heleno, ‘perdeu a vergonha de seu mísero salário’, não, ou deseja mais (R$ 66.000,00).

    Em nenhum país democrata é inadmissível enorme subserviência. Atitude impensável em qualquer país com FFAA profissionais e ciente de sua responsabilidade de separar a Tropa da politica de governo as de Estado.

  9. Mais uma para as contas de Braga Neto, Heleno, Ramos e Pazuzu:

    1) Exército informou à CPI que distribuiu 2,9 milhões de comprimidos de cloroquina a estados e municípios entre abril e agosto de 2020;

    2) e aumentou a produção do medicamento a pedido da Saúde, que formalizou a demanda por meio de nota em que orientava o uso da droga como “terapia adjuvante no tratamento de formas graves de Covid-19”, assim como a distribuição “rápida do fármaco”.

    3) uma série de e-mails enviados pela Pfizer buscando tratativas e fazendo ofertas de vacinas que foram ignorados pelo governo, que só intensificou as conversas para comprar o imunizante do laboratório americano em dezembro.

    QUASE 500 MIL ÓBITOS.
    APENAS 12,2% DA POPULAÇÃO VACINADA (duas doses).

  10. Dois exércitos estão em um embate…
    Um “Exército de Braga Neto, Heleno e Ramos” e seu Bolsopata.

    E o único Exército Brasileiro em disputa da sana imoral desses irresponsáveis em fazer o pessoal da ativa em ativismo digital através da Rede, e apoio político explicito pela demonstração intimidadora na utilização da Força numa aventura golpista sudamericanas de republiquetas de bananas.

    …Republiquetas de bananas…rimou com o bananas de pijamas, alcunha de gen Ramos.

  11. Venderam a alma por GRANA (R$ 66.000,00), subserviência e indignidade por salários tríplex (Braga Neto, Heleno e Ramos).

    Esses militares subservientes a Bolsonaro pagarão caro pelo péssimo exemplo a ‘nova geração’, e descrédito das FFAA.

    Vergonha!

  12. Mesmíssima coisa que vi na Venezuela, onde hoje generais trocam sua manutenção no cargo pelas mais baixas recompensas políticas, incluindo loteamente do tráfico de drogas, de acordo com alguns elementos de oposição àquele regime.

    Quem acompanhou a carreira de Chavez pode ver muita semelhança entre ele e Bolsonaro. Esse papo de “esquerda” e “direita” é só uma camuflagem boba. Basta ver que tem um monte de ex-petistas no Poder (Tarcísio, Bezerra, etc).

    Tenho certeza de que nossas Forças Armadas não cairão nesse conto da sereia e permitirão que um militar que estava sendo expulso do Exército por não possuir condições morais de prosseguir, como informado no NOTICIÁRIO DO EXÉRCITO nº 7449, de 25 de fevereiro de 1988. Quem quiser, procure por ele e encontrará.

  13. Aposto que é só Sgt QE e Praça revoltadinho reclamando aqui do Presidente Bolsonaro … a turminha que não passou na prova escrita do CHQAO, que está cada vez mais difícil, ( a maioria Sub raiz ) , não vão ganhar os 73% ( mais uma parcela em agosto ) , aí então passam a reclamar do governo ….

    Poxa Capitão Montedo gosto a beça do senhor mas Folha de São Paulo como fonte é dose prá leao …

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