Depoimento de Pazuello à PF culpa servidores e governo do Amazonas por erros

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Depoimento foi prestado dentro do inquérito que investiga a responsabilidade de sua gestão na crise do oxigênio de Manaus no início do ano e foi obtido pela CNN

Caio Junqueira, CNN
Principal alvo da CPI da Covid, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello traçou em um depoimento à Polícia Federal no dia 4 de fevereiro parte de sua estratégia de defesa que levará à comissão.
O depoimento foi prestado dentro do inquérito que investiga a responsabilidade de sua gestão na crise do oxigênio de Manaus no início do ano e foi obtido pela CNN. Em oito páginas, destacam-se basicamente dois pontos:
– a atribuição de responsabilidade pelo caos no Amazonas ao governo do estado;
– a atribuição de responsabilidade a servidores da pasta pelo que o ex-ministro classificou como dois erros que geraram grande polêmica.
Um dos erros seria o TrateCov, aplicativo desenvolvido pelo ministério para ajudar médicos a identificar diagnósticos de Covid-19 que saiu do ar dias depois por sugerir a indicação de remédios sem comprovação científica.
O aplicativo é alvo também da CPI e já entrou na primeira lista de assuntos de requerimentos apresentada pelo relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL).
No depoimento, Pazuello disse “que o aplicativo foi disponibilizado cerca de dois dias depois, tendo sido imediatamente tirado do ar ao ser identificado uma falha; que a falha consistia em indicação no uso da hidroxicloroquina, diante de sintomas que não tinham relação com a Covid; que o objetivo do aplicativo não era a recomendação do medicamento, mas auxiliar o médico no diagnóstico; que, quando o médico optasse pelo medicamento, o aplicativo sugeriria a posologia ideal; que o desenvolvedor do aplicativo, servidor do Ministério da Saúde, responsável pela falha, seja pessoal ou por invasão, foi ouvido e imediatamente afastado; que o declarante não sabe dizer o nome do servidor; que o aplicativo foi projetado para uso exclusivo de médicos, sem acesso da população em geral; que entre as razões para a retirada do ar do aplicativo estava o acesso aberto a qualquer pessoa da população”.
Pazuello também disse que o ministério não recomenda a hidroxicloroquina e que segue as recomendações do Conselho Federal da Saúde. Disse também que só enviou o medicamento para estados e municípios que pediram.
“Que o Ministério da Saúde não tem protocolo para uso de qualquer medicamento, estando aí incluída a hidroxicloroquina; que o Ministério da Saúde publica estudos científicos com caráter informativo para profissionais da saúde a respeito da eficácia de diversos medicamentos. Inclusive da hidroxicloroquina para tratamento de doenças, inclusive do Covid; que as orientações do Ministério da Saúde são baseadas nas orientações do Conselho Federal de Medicina; que o Ministério da Saúde apenas disponibiliza os medicamentos tais como hidroxicloroquina e outros, em razão de demandas dos estados e municípios, ficando a cargo de médicos locais receitarem para os pacientes; que, para que haja o envio de qualquer medicamento por parte do Ministério da Saúde, é necessário que haja uma pactuação prévia com Conass e Conasems, que não existe o envio de medicamentos por parte do Ministério da Saúde sem a demanda prévia do estado”.
Pazuello também atribui a outro erro de um servidor do Ministério da Saúde o fato de ter subsidiado a Advocacia-Geral da União (AGU) com uma informação que, da forma como acabou sendo apresentada ao STF (Supremo Tribunal Federal), compromete o ex-ministro.
A AGU, tendo por base informação do ministério, informou ao STF que o então ministro soube do colapso do oxigênio no dia 8 de janeiro depois que a White Martins, principal fornecedora de oxigênio para o Amazonas, encaminhou um e-mail à pasta. Pazuello disse à PF que esse documento nunca foi entregue diretamente ao ministério, mas sim à Secretaria de Saúde do Amazonas.
“Que questionado acerca do recebimento de documento da White Martins notificando a respeito de possível insuficiência no fornecimento de oxigênio para a demanda existente no estado do Amazonas, explicou que: o documento mencionado nunca foi entregue oficialmente ao Ministério da Saúde, bem como a empresa nunca realizou contatos informais com representantes do ministério; que, questionado sobre a existência de relatório do Ministério da Saúde que cita o referido documento, explicou que houve equívoco por parte de um servidor do Ministério da Saúde ao subsidiar a AGU com informações que foram apresentadas na ADPF 756; que o equívoco se deu em virtude do prazo exíguo de 48 horas para a apresentação da resposta junto ao STF; que o documento chegou ao conhecimento do Ministério da Saúde via secretário da Saúde do estado do Amazonas quando da busca de elementos para apresentação de resposta ao Supremo Tribunal Federal por intermédio da AGU na ADPF 756”.
A menção ao estado do Amazonas também é feita quando a PF questiona quando de fato Pazuello soube da crise de oxigênio no estado. Em uma primeira reunião com o governador no dia 4 nada foi informado, segundo o então ministro da Saúde.
“Que no dia 4 o declarante convocou uma reunião com o governador do Estado e sua equipe, oportunidade na qual foi discutida a apresentação das demandas e necessidades do Estado e conhecimento da organização hospitalar do Estado;(…) que não foi identificada nem apresentada nenhuma demanda pela falta de oxigênio”.
Em outra reunião, no dia 6, o mesmo teria ocorrido e a situação ficou assim até o dia 7 à noite.
“Que no dia 06, aproveitando a estada do governador em Brasília, o declarante convocou uma reunião com todos os secretários e com a equipe que retornou de Manaus para a apresentação da situação verificada em Manaus; que nessa reunião não houve qualquer menção sobre a falta de oxigênio na cidade de Manaus, por parte do governador do Estado; que no dia 7 foram desenvolvidas várias ações por parte do ministério para atender às demandas que foram verificadas; que até o dia 7 à noite o Ministério da Saúde não havia recebido qualquer tipo de informação, seja por e-mail, telefone, WhatsApp, oficio, ou qualquer conversa informal acerca da possível falta de oxigênio em Manaus-AM”.
Pazuello diz que o assunto oxigênio só foi tratado pela primeira vez com ele no dia 8 pela manhã, mas ainda sem referência a um eventual colapso.
“Que no dia 8 pela manhã o declarante recebeu uma ligação do secretário de Saúde do Estado do Amazonas, o qual solicitou tão somente o transporte de 150 cilindros de oxigênio de Belém – PA para Manaus – AM, sem qualquer referência ao colapso no fornecimento de oxigênio.”
O colapso só foi informado, segundo o ex-ministro, no dia 10 de janeiro. “Que no dia 10, domingo, às 21 horas, o declarante realizou uma reunião com o governador do Estado do Amazonas, oportunidade na qual foi relatado um problema de abastecimento de oxigênio no Estado do Amazonas.”

Outro lado
Confira o posicionamento da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas:
A Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM) esclarece que todas as informações sobre a atuação do Governo do Estado e do Governo Federal na crise de oxigênio já foram prestadas à Polícia Federal pelo secretário de Saúde, Marcellus Campêlo.
Ressalte-se que a primeira vez que a empresa White Martins levou ao conhecimento da secretaria que estava com dificuldade no abastecimento de oxigênio foi em 7 de janeiro de 2021. Ainda assim, a reunião foi para informar sobre aumento no consumo e para pedir apoio logístico do governo para suprir a necessidade naquele momento.
Na noite do mesmo dia, o secretário de Saúde ligou para o ministro Eduardo Pazzuelo, que o orientou a acionar o Comando Conjunto das Forças Armadas no Estado a fim de solicitar apoio no transporte de oxigênio até Manaus, o que foi providenciado no dia seguinte.

As informações com detalhe cronológico dos fatos constam no depoimento do secretário ao qual essa emissora também já teve acesso.
CNN Brasil/montedo.com

15 respostas

  1. O poder é sempre acompanhado de responsabilidade.
    Jà era General, mas queria mais, mesmo que um fosse fantoche. Agora, lamento, tem de responder. Culpar o subordinado não vai colar.

  2. Entendi Pazu, é simples, os responsáveis são:
    – o ‘TrateCov’, aplicativo desenvolvido pelo ministério para ajudar médicos a identificar diagnósticos de Covid-19
    – e os gestores incompetentes e corruptos da Secretaria de Saúde de Manaus.

    A cada investida deste general da Ativa envergonha mais as FFAA.

    O responsável por tudo é um aplicativo (‘TrateCov’).

    O TCU iniciou investigações sobre propaganda e distribuição de remédios sem eficácia cientificamente comprovada e a compra de insumos e produção da hidroxicloroquina pelo Exército, e sobre os gastos com a produção e distribuição do remédio.

    Imaginem este general fardado sentado no banco dos réus da CPI culpando o aplicativo.

    Ao vivo e a cores pra todo Brasil.

    Vergonha!
    Mil vezes vergonha.
    Um escarnio.

  3. A CONAB possui estoques de alimentos estratégicos. Quero saber se é obrigação do Ministério da Saúde possuir estoques estratégicos de todos os insumos usados pelo SUS?

    Quem controla oxigênio nos hospitais não é o Ministério da Saúde. A relação é direta com os fornecedores, e no caso em questão, com o monopólio nacional, há décadas, da White Martins.

    1. Não entendo o motivo de não terem colocado a culpa no “comandante da guarda” até o momento, o eterno responsável por tudo no EB.

    2. Sua analogia é inteligível. Digamos hipoteticamente que vc é responsável pela carga da Cia; não está nem aí, deixa tudo na mão do Cabo/Soldado, sem controle. Quando for passar a carga, faltando tudo, responde: a culpa é dos Soldados que entavam na reserva.

      1. Desde quando o Ministério da Saúde é responsável por controlar oxigênio de hospitais? Releia e tente entender, e se conseguir entender, entenda. Quem falhou com o oxigênio nos hospitais se os hospitais e seus gestores é que são responsáveis pelo controle e compra desse produto fornecido por um monopólio há décadas?

    3. O problema é que o Mandela que é médico já tinha feito um levantamento de todos os insumos que seriam críticos com o aumento da pandemia. O erro do general foi não aproveitar a equipe técnica já existente e os planos já traçados. A impressão que se teve, foi que o general trouxe uma equipe de 23 militares para o ministério e com certeza quem estava dentro do ministério não gostou e deixaram o barco rolar sem prestar informações e assessoria.

  4. Não o conheço, nunca servi com ele, mas tenho a impressão que
    Pazuello não vai segurar essa bomba sozinho não.

    No início da CPI ele vai tentar dar uma de Soldado fiel ao seu Comandante.

    Como o Bolsopata lavou as mãos e não o encaixou num cargo com com fôro privilegiado.

    Essa ‘marra’ de não entregar seu superior vai demorar pouco.

    E sem falar no número gigantesco de emissários dos senadores oposicionistas da CPI, que lhe darão o bizu, ‘entrega geral que a gente pega leve com você no Relatório final do Renan Calheiros”.

    A gente justifica que você como um baita general estava só cumprindo ordens do capitão Cloroquina.

  5. Pazuello responde a um inquérito que apura a responsabilidade na crise na saúde pública de Manaus, que registrou falta de oxigênio medicinal em hospitais em janeiro.

    Pazu é investigado pelo TCU e pela Polícia Federal.

    Este general da ATIVA em breve estará no banco dos réus da CPI para ser inquirido sobre omissões no gerenciamento da pandemia do País e, em particular, de Manaus (milhares de óbitos sem oxigênio medicinal).

    Em breve assistiremos na TV Senado os depoimentos deste general fardado naquele show de horrores, sendo atacado insanamente por políticos da estirpe genealógica criminal dos irmanados na prática de crimes, os ‘Renan Calheiros, Jader Barbalho e Humberto Costa’, do PT de Pernambuco.

    Todos loucos pra acabarem com Bolsonaro e assim abrindo as portas do inferno e volta triunfal do ex presidiário.

    Porque com o ex presidiário na presidência, todos voltam fazer seus negócios espúrios com diversos ministérios governamentais.

    Aquece Morão, vejo como grandes as chances de um Impeachment.

  6. Podem ter certeza que o Centrão irá abandonar o Jair como fizeram com Dilma na votação de seu Impeachment.

    A Globo, o STF, a escoria política nacional, esta crescente mortalidade pela Covid 19, somado ao pequeno número de vacinas disponíveis aos Estados, CRIARÁ A TEMPESTADE PERFEITA.

    A pressão da sociedade sobre o Congresso Nacional na abertura do processo de Impeachment.

    Todos os poderes não querem mais a continuidade deste governo, como até parte significante do PT não queria a continuidade do governo Dilma.

    Além dos bolsonaristas, apenas uma pessoa quer que Bolsonaro continue sangrando no governo até as eleições de novembro de 2022.

    Sim aquilo que me recuso digitar sua alcunha, ele, o ‘ex presidiário’.

    Notaram que o políticos PT sumiram, não o fazem oposição.

    O governo Bolsonaro acabou.

    Lembro que os 54 milhões de votos de Bolsonaro não significam que são bolsonaristas, muito pelo contrario, as pesquisas de opinião mostram a queda crescente de apoio ao seu governo. Segundo pesquisas possui apenas entre 15% a 20% de apoio dos brasileiros. Muito pouco.

    Bolsonaro é um civil conscrito com passo errado num Batalhão no passo certo.

  7. Máscara meio mandrake na foto, heim? Feita no CorelDRAW para deixar o Pazuzú mais exposto?
    Como dizia na caserna: não esquenta, cinza não queima.

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