Reino Unido alerta China com maior demonstração de força naval desde a Guerra das Malvinas

O porta-aviões HMS Queen Elizabeth, o maior navio britânico, em sua base em Portsmouth - Ben Stansall - 16.ago.17/AFP

Novo porta-aviões HMS Queen Elizabeth vai cruzar águas contestadas por Pequim em maio

Igor Gielow
SÃO PAULO

A pressão do Ocidente sobre a emergente China acaba de ganhar um reforço: o mais recente porta-aviões do Reino Unido fará sua viagem operacional de estreia pelas águas disputadas por Pequim no Indo-Pacífico.
Será o maior deslocamento internacional da Marinha Real desde a Guerra das Malvinas (1982), quando uma frota expedicionária cruzou o Atlântico para expulsar os invasores argentinos das Falklands, nome em inglês das ilhas.
O HMS Queen Elizabeth é o mais poderoso navio de seu tipo fora da Marinha dos Estados Unidos, que opera 11 gigantes de propulsão nuclear em suas patrulhas ao redor do globo.
Em maio, após um exercício na costa da Escócia, o porta-aviões comandará um grupo de ataque composto por mais seis navios —toda a Marinha britânica tem 21 embarcações principais de superfície. Um submarino acompanhará a formação.
A bordo, oito caças de quinta geração F-35B britânicos e dez do mesmo modelo de um destacamento do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, além de 14 helicópteros.
No seu caminho, fará paradas em Índia, Singapura, Coreia do Sul e Japão. Com exceção da ambígua ilha-Estado, todos os países são aliados dos EUA ante a China.
A rota em si, passando por estreitos vitais para a economia chinesa e navegando por águas que Pequim chama de suas, no mar do Sul da China, já é um recado para a ditadura comunista.
Desde que Donald Trump disparou sua Guerra Fria 2.0 contra a China, aliados de Washington se veem pressionados a escolher lados. Com a ascensão de Joe Biden ao poder, mantendo a retórica agressiva contra os chineses, mas sem a ojeriza que seu antecessor causava, isso ficou mais fácil.
A Alemanha enviou neste mês uma fragata ao mar do Sul da China, por exemplo. Neste momento, há dois grupos de porta-aviões americanos na região, além de navios franceses e, obviamente, embarcações chinesas.
Com efeito, nas 28 semanas em que visitará 40 países, o grupo de ataque fará manobras com os quatro aliados do Quad (EUA, Austrália, Índia e Japão), clube que se antagoniza a interesses chineses no Indo-Pacífico.
O Reino Unido, um aliado militar mais próximo dos EUA do que outros países da Otan (aliança ocidental), tem seus próprios motivos na disputa. Dona de Hong Kong até 1997, Londres tem protestado veementemente contra a repressão chinesa à autonomia do território, em tese assegurada até 2047 por tratado.
Na prática, Pequim matou a oposição local e alterou regras de funcionamento eleitoral e de instituições. O território ainda é fortemente marcado pela presença britânica.
Além disso, a viagem é mais uma demonstração da intenção do premiê Boris Johnson de buscar elevar o perfil britânico no exterior com exibição de musculatura bélica, colocando foco no Indo-Pacífico.
Seu governo descartou a promessa de reduzir seu arsenal atômico, hoje em 195 ogivas, e elevou seu limite para 260 bombas. Seja como for, a presença de aviões americanos no novo navio também é sintomática de sua dependência de Washington.
O HMS Queen Elizabeth começou a ser construído em 2009, sendo entregue para a Marinha em 2017. Em testes desde então, agora está pronto para missões completas. O navio tem um irmão, o HMS Prince of Wales, entregue em 2019 e que deve estar operacional em 2023.
Ambos os projetos custaram mais de 6 bilhões de libras (R$ 45,3 bilhões se fosse tudo pago hoje), sendo os mais caros e de maior poder de fogo da história do país. Eles marcam a volta dos porta-aviões à Marinha do país, após dez anos.
O HMS Queen Elizabeth tem 280 metros, carrega 1.600 marinheiros e até 60 aeronaves, deslocando 65 mil toneladas com propulsão convencional. Só fica atrás dos mamutes nucleares americanos, que deslocam 100 mil toneladas.
Sem catapultas, ele opera caças de decolagem curta e vertical, os F-35B, que substituem os famosos Harrier. É reconhecível por suas duas ilhas de comando, que podem alternar funções em caso de uma delas ser danificada por ataques.
Em sua viagem inaugural, o grupo liderado pelo navio deverá fazer manobras no Mediterrâneo com o porta-aviões francês Charles de Gaulle, o único nuclear fora da frota americana, mas de menor tamanho: desloca 42,5 mil toneladas.
Há dúvidas se a provocação da turnê de estreia do HMS Queen Elizabeth incluirá uma passada pelo mar Negro, palco das tensões entre a Rússia e o Ocidente nas últimas semanas devido à concentração de tropas de Moscou nas fronteiras ucranianas.
Pelas regras vigentes, há restrição para a entrada de navios desse porte no mar, que precisam passar pelos estreitos turcos vindos do Mediterrâneo. Os russos anunciaram o fim da mobilização de estimados 100 mil homens na semana passada, mas a Ucrânia segue duvidando da ação. Já os EUA, que haviam desistido de mandar destróieres para o mar Negro no auge da crise, anunciaram nesta terça (27) que irão enviar um navio menor, da Guarda Costeira, para a região.
FOLHA/montedo.com

5 respostas

  1. OS BATELÕES DE BRINQUEDO DO ALTO COMANDO NAVAL
    ARTIGO PUBLICADO NA ‘REVISTA SOCIEDADE MILITAR”
    Os primeiros são os navios de escolta, destemidos mas desarmados. Tanto as “7” fragatas e as “3” corvetas que, se imagina, estejam ainda operativas, assim como as “4/5” corvetas previstas no Programa Classe Tamandaré, por que compará-las a batelões? Para que se tenha uma idéia, tanto as que estão disponíveis, assim como as que vão ser construídas, não estão/estarão aptas a cumprir a missão de defesa da Pátria, na medida em que sua armaria não contempla/contemplará as belonaves com vetores balísticos de cruzeiro capazes de garantir o Atlântico Sul, este que deveria ser o MARE NOSTRUM brasileiro, contra as incursões das grandes potências navais extrarregionais, justo aquelas em condições de nos ameaçar mais menos dias.
    É se se perguntar, como o alto comando naval pretende dissuadir estes poderosos oponentes, todos dispondo de vetores balísticos com alcance superior a 1000 Km, apenas com: canhões VICKERS de114mm; canhões OERLIKON 20MM; canhões antiaéreos BOFORS de 40 mm; mísseis antinavio superfície-superfície EXOCET ou MANSUP, limitados a 70 km de alcance; mísseis superfície-ar ASPIDE; lançadores triplos de mísseis antiaéreos de defesa de ponto SEACAT; lançadores de foguetes SCHERMULLY; lançador de mísseis anti submarinos IKARA; morteiros duplos de foguetes SR-BOROC de 37 mm; lançadores triplos STWSMk1 de torpedos A/S de 324 mm; lançadores de torpedos MK-46; lançadores sêxtuplos de mísseis antiaéreos de defesa de ponto Sea Wolf GWS 25; metralhadoras BMARC-OERLIKON GAM BO1 de 20 mm; lançadores de torpedos anti-submarinos Mk.32(3) – 6 x Alliant Techsystems MK-46 mod.5? Faz-se necessário perceber: a inutilidade de uma armaria complementar, para o combate naval da atualidade, esta que só seria utilizada desde que dentro do seu alcance útil; o armamento não dota todas as belonaves de escolta de maneira uniforme, existindo em algumas e faltando em outras.
    Atenção! Alerta! Perigo! As fragatas francesas LA FAYETTE, SURCOUF, COURBET, ACONIT e GUÉPRATTE singram agressivas o Atlântico Sul, todas armadas com vetores balísticos de cruzeiro capazes de bater além dos 1000 KM. E daí? Como os nossos heróicos escoltas da MB vão fazer frente ao inimigo com os rojões joaninos/70 km? De que vai adiantar a copiosa armaria complementar sem condições para bater no afastado oponente gaulês? Na posição de sentido e com a mão na pala, é a pergunta que aturdidos brasileiros fazem ao seu alto comando naval.
    Em seguida são os “YELLOW SUBMARINES” do PROSUB, agressivos mas sem presas. A diferença do nosso nuclear em relação aos convencionais é que ele poderá ficar muito mais tempo submerso e praticamente indetectável, até durante meses. Só precisa ir à superfície para renovar o estoque de comida dos marinheiros, pois tem combustível e sistema de purificação de ar praticamente ilimitados. A supervalorização desta capacidade, que seja dito, não corresponde à expectativa no espectro dissuasório.
    A MB lançou ao mar no ano passado, em Itaguaí, região metropolitana do Rio de Janeiro, o primeiro de uma série de cinco submarinos construídos com tecnologia francesa, um deles será movido a energia nuclear. Com 72 m de comprimento e pesando 18 mil toneladas, o S-40 Riachuelo transporta 35 marinheiros em missões que podem durar até mais de 70 dias seguidos. O submarino também comporta torpedos e mísseis e pode espalhar minas navais no caminho de embarcações. Até aí tudo bem. O Brasil já possui outros cinco submarinos, das classes Tupi e Tikuna, que usam tecnologia de origem alemã. São mais leves e cerca de 10 m menores que a classe Riachuelo, o que lhes dá menor autonomia no mar (cerca de 50 dias). A MB não divulga, porém, informações estratégicas como a profundidade máxima que o Riachuelo conseguirá mergulhar assim como sua velocidade máxima exata. a embarcação atinge, segundo a Marinha, mais de 37 km/h. Por que compará-los a “ŸELLOW SUMARINES”?
    O alto comando naval, afinal de contas, deseja submergíveis para que? Enfrentamento de forças navais latino americanas? Se for somente para estas, até que estamos bem servidos. Acontece que o almirantado, a esta altura do promenade naval, não pode mais “tapar o sol com a peneira”! Não são os países de língua espanhola que vão botar banca. Não, não vai ser essa “barbada”. Quem vai nos obrigar a levantar ferros são os “grandes bucaneiros navais”. Só que o farão com alguns submergíveis atômicos que não são “banguelas”. O tempo está passando e não se tem nenhuma notícia sobre se armar decentemente nossa fragilíssima, mas não menos destemida flotilha de “10” submarinos. E dizer que o orçamento para a defesa deste ano é de R$ 8,3 bilhões. Será que se vai continuar jogando dinheiro fora pela escotilha? Na posição de sentido e com a mão na pala, mas a valorização de nossa Força Naval não está a merecer um comprometimento maior por parte do almirantado?
    Por um acaso nosso nuclear, o ÁLVARO ALBERTO, pelo menos, será capaz de lançar mísseis, convencionais que sejam, na situação de submerso? Ah! Mas em caso de ataque, sua principal tática será parar no fundo do mar e esperar pela passagem de navios inimigos na superfície, para disparar torpedos e mísseis (como?) ou espalhar minas navais no caminho das embarcações. Além disso, ele pode ficar muito mais tempo submerso e praticamente indetectável, até durante meses, só precisando ir à superfície para renovar o estoque de comida dos marinheiros, pois tem combustível e sistema de purificação de ar praticamente ilimitados. Ë de se perguntar, não está na hora de dotá-los com artefatos termobáricos, aqueles que estão sendo desenvolvidos pela FAB? Ou estamos com medo de desagradar os todo poderosos signatários do “TNP”? Com a palavra o Ministério da Indefesa. Enfim, que seja dito, com “batelões e YELLOW SUBMARINES”, sem nenhum efeito dissuasório, não se vai defender a costa brasileira e as instalações petrolíferas do pré-sal contra eventuais ataques de belonave de grande porte, se desencadeados pelas forças navais dos “grandes predadores militares”Fontes:https://www.gazetadopovo.com.br/republica/prosub-submarinos-rumo-programa-tecnologia-militar-brasil/; Copyright © 2021, Gazeta do Povo; Imagem / fontehttps://pxhere.com/en/photo/704265
    Paulo Ricardo da Rocha Paiva
    Coronel de Infantaria e Estado-Maior

    1. Quem mandou as FFAA entregar o país nas mãos de esquerdopatas? Em 33 anos de governos de esquerda, o quê fizeram pela defesa da Pátria? Quantas armas FHC, Lula, Dilma e Temer contrataram e “pagaram”? Não ouviram suas recomendações?

      1. Esqueceu do último governo verdadeiramente de “Direita” que tivemos: Fernando Collor de Melo. O ladrão das torneiras de ouro. Tempos difíceis aqueles. De ladroagem, sem internet, celular e TV a cabo. No Brasil, a falta de patriotismo, apesar dos embustes, vai de uma ponta a outra, da extrema esquerda à extrema direita. Só a educação libertará. Oremos.

  2. O Brasil precisa ter uma FFAA a altura de suas riquezas. O País sofreu um enorme desmonte de nossas Forças Armadas durantes os Governos Sarney, Collor, Itamar, FHC (esse foi o pior) Lula e Temer. Um super desmonte onde nem alimentação para a Tropa existia! O pior é que sob o silencio do Alto Cmdo das FFAA que observavam em vão o desmantelamento das nossas Marinha, Exército e Aeronáutica! O ” boi ralado” como era o apelido do boião do almoço só almoçava o pessoal de serviço o restante era dispensado por não ter alimentação. Infelizmente o nosso Brasil foi acometido dessa Pandemia que tem levado vidas e mais vidas do nosso povo! O Presidente teve que mudar os Planos para contornar a situação. Se não fosse isso, o Brasil estaria com a sua economia a todo o vapor e suas FFAA sendo-lhe dado o devido valor.

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