Governo avalia os danos sobre a troca de comandantes militares

(crédito: Alexandre Manfrim/Fotos Publicas)

Enquanto o ministro palaciano Onyx Lorenzoni afirma que a mudança inédita nos comandos foi “minimamente traumática”, cúpula do oficialato acredita que o papel institucional das Forças Armadas está preservado
Analistas alertam para os riscos da politização na área

Renato Souza
Para o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, a troca dos comandos das Forças Armadas ocorreu com a menor tensão possível, entre outras razões, por conta da dívida por “lealdade” que os militares tinham com o ex-ministro da Defesa, Fernando Azevedo. A nomeação do general Paulo Sérgio para o comando do Exército, do almirante Almir Garnier dos Santos para a Marinha, e do tenente-brigadeiro-do-ar Carlos de Almeida Baptista Junior para a Aeronáutica esfriou a maior crise entre o governo e os militares dos últimos 50 anos. No entanto, especialistas ouvidos pelo Correio preveem novos embates.
Na visão de Onyx, a troca ocorreu em razão da chegada do ministro Braga Netto no Ministério da Defesa com a demissão do antecessor. “A maior honra que um comandante pode ter é chegar ao comando da Força Aérea, do Exército e da Marinha. Eles também tinham esse dever de solidariedade e de lealdade àquele que os nomeou, que foi o general Fernando. Então, eu acho muito natural e, se eu estivesse na condição de cada um deles, eu faria a mesma coisa, porque, uma vez que houve substituição no comando geral, que é o Ministério da Defesa, seria razoável que o novo ministro tivesse a liberdade estruturar o comando das Forças de acordo com a sua opinião, a sua visão”, disse Onyx, em entrevista à Rádio Bandeirantes.
Ele alegou que, apesar da troca inesperada, o que incomodou os militares, a mudança não gerou grandes traumas. “Em qualquer sistema, isso é perfeitamente possível. A maturidade dos comandantes militares fez com que a troca fosse minimamente traumática’, disse o ministro. Ele completou que o presidente exerceu a prerrogativa de liberdade de escolha. “A substituição de um ministro é direito do presidente. (…) Ele tem todo o direito de fazer substituições para que o conjunto funcione melhor e harmonicamente”, ressaltou Onyx.
Na avaliação dos militares, a demissão dos comandantes foi grave do ponto de vista institucional. Nos bastidores, generais entraram em alerta com as mudanças intempestivas, temendo uma interferência política nas Forças Armadas. Eles fizeram chegar à imprensa e a entidades da sociedade civil, assim como a partidos políticos, de que havia uma movimentação fora da normalidade para emplacar apoio a sinais antidemocráticos.
No entanto, as escolhas efetuadas pela Presidência seguindo o critério de antiguidade, com nomes recomendados pelo oficialato, sinalizaram, ao menos neste momento, uma pausa nas tentativas de politização das Forças Armadas. A decisão do Planalto trouxe alívio momentâneo, pois interrompeu os embates que poderiam continuar se as trocas não agradassem a cúpula militar.
Escolhidos a partir de uma solução que agradasse tanto as Forças Armadas quanto o Palácio do Planalto, os novos comandantes se reuniram com o presidente Jair Bolsonaro e buscaram tranquilizar seus pares. No Exército, a mensagem é de que a força permanecerá irredutível em sua missão institucional. As ações de combate à pandemia devem continuar no foco interno e externo, e a intenção é de que ocorra maior interação na troca de experiências entre os militares e o governo no combate a covid-19.

Ilegalidade
O professor Conrado Gontijo, criminalista, doutor em direito penal e econômico pela Universidade de São Paulo, afirmou que as investidas podem resultar em crime de responsabilidade por parte do presidente. “O uso político das Forças Armadas é absolutamente inaceitável em um contexto de normalidade democrática. As Forças Armadas têm papel constitucional de servir ao Estado brasileiro, não a qualquer interesse político circunstancial. Na hipótese de o presidente da República se valer de seu cargo, para manipular politicamente as Forças Armadas, é, inclusive, possível que se fale na prática de crime de responsabilidade e na instauração de processo de impeachment”, destacou.
Analista político do portal Inteligência Política, Melillo Dinis afastou a possibilidade de golpe, mas explicou que as tensões políticas trazem prejuízos ao país, e reduz o apoio de setores importantes. Ele destacou que o presidente não tem apoio internacional, tanto é que foi obrigado, finalmente, a trocar o ministro das Relações Exteriores. Também carece de respaldo do Congresso para um movimento de ruptura institucional, e sofre ressalvas de uma parcela do empresariado, que perderia muito com as consequências econômicas de um movimento como esse.
Para Melillo, a troca dos comandantes das Forças Armadas às vésperas do aniversário do golpe militar de 1964 ajudou a acirrar o clima. “Exceto uma coisa ou outra, o governo não entregou nada e piorou o cenário da pandemia. Só resta a ele esse tipo de cortina de fumaça. Esbravejar no poço de sua incompetência a iniquidade do discurso do golpe”, disse.
Colaborou Luiz Calcagno
CORREIO BRAZILIENSE/montedo.com

15 respostas

    1. Qual danos ? Trocar alguém que não inspirava confiança, só causa danos pra essa imprensa suja, corrupta e sem credibilidade. Usar o exército pra fins politico, é coisa da cabeça de tápados e sem noção, pois não são capazes de salvar a nação, pois deixaram o pais ser esculachado e invadido por comunistas do passado, onde os poderes contaminados e aliados ao crime, onde criam leis próprias, rasgam e desrespeitam a constituição em nome da imoralidade, criando mecanismos a favor de politicos criminosos e suas respectivas quadrilhas. Que no arrepio da lei, fazem um governo paralelo, desrespeitando um governo legitimo eleito pelo povo, virando as costas pra o apelo popular, se omitindo do dever constitucional. Como que o governo irá usar esse exercito pra fins politico ? Se não são capazes de defender a si próprio. Acredito nessas mudanças, creio que voltará a ser valorizados e respeitados pela nação brasileira.

  1. Na avaliação dos militares, a demissão dos comandantes foi grave do ponto de vista institucional? Estariam revoltosos, insubordinados?

  2. Os esquerdistas e outros igualmente desejosos em que o Brasil volte a bagunça que era antes do Bolsoraro, por razões óbvias, têm medo de que o gorverno recebe o apoio das FFAA. É claro que as FFAA não são de um governo, mas do Estado Brasileiro. Porém, se o PT ou outros oportunistas voltarem ao poder, o que acontecerá com as FFAA? A primeira coisa será promover ao Generalato membros da laia e da quadrilha deles. Eles não precisaram pedir o apoio das FFAA pois ela já será deles. Ninguém estranha o fato de que nos países comunistas os militares permanecem sempre tranquilos? Continuem as FFAA do Brasil entrarem na narrativa de que o Bolsonaro quer dar um golpe, e não apoem sua luta contra a ditadura, seja ela ideologica ou simplesmente marginal,e em breve, ou vão lutar contra eles, num golpe militar,ou vão se submeter pois já terão criado leis para torna qualquer tentativa de reação ilegítimas.

    1. “voltar para a bagunça que era antes do Bolsonaro”.

      Quer dizer que antes era bagunça, mas o que vivemos hoje não é bagunça?

      Queria saber qual seu conceito para bagunça

      Só falta me dizer que estamos em uma “bagunça organizada”…

      ÇEI.

  3. Senhores, atentem-se aos pequenos sinais exteriores, linguagem corporal e outros dados correlatos aos atuais comandantes e aos anteriores.

    Vejam nessa foto os três comandantes usando máscaras combinando com suas fardas, como se fossem parte do uniforme, ao invés de usarem máscaras comuns descartáveis. Atentem à linguagem corporal do Cmt da MB, especificamente na posição das suas mãos com os dedos entrelaçados à frente do corpo. Parece um sacerdote.

    O Cmt do EB anterior, Gen Pujol, fazia conferências com um banner “embusteiro” atrás de si, como se fosse um militar youtuber de 25 anos – dica dos militares do CCOMSEx ? -, ao invés de ter atrás de dia um cenário sóbrio com a bandeira do seu país, o patrono da força ou apenas um quadro com alusão a algum feito histórico do Exército Brasileiro mais a bandeira do Brasil.

    Analisem essas “partes” relatadas (pequenos sinais) e daí infiram o que se esperar deles, do “todo” representado pelos comandantes das três forças armadas.

  4. Amigos do Montedo. São tantas as hipocrisias dos “ Velhaco “ cativos do governo errante. torna-se desnecessário mais complementos. Um pensamento ou frase diz tudo:

    Tem mais coisa entre o governo necrófilo e o povo garroteado vivos ou moribundos que ouvem essas aberrações quando se pronunciam.

    Mas tem gente que acredita !

  5. Dano foi essa lei 13.954, lei do mal, isso sim foi danoso para os praças QEs, QESA, pensionistas e reformados. Esses generais, almirantes e brigadeiros jamais serão esquecidos, são traidores ,gananciosos e egoístas. Agora vão embora já conseguiram fazer bastante coisa ruim, vão muito tarde….

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