As Forças Armadas não são milícia

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Fritura de comandante é perde-perde
As Forças Armadas não são milícia

Elio Gaspari
Faltavam três dias para a posse de Jair Bolsonaro, e o professor Delfim Netto ensinou:
— Na quarta-feira, o presidente terá que abrir a quitanda às nove da manhã com berinjelas para vender a preço razoável e troco no caixa para atender à freguesia. Pelos próximos quatro anos, a rotina essencial será a mesma: abrir a quitanda, com berinjelas e troco. Todos os desastres da economia brasileira deram-se quando deixou-se de prestar atenção na economia da loja.
O capitão trocou seis ministros. Noves fora as berinjelas, tinha na quitanda 14 milhões de desempregados e uma pandemia que já matou quase 318 mil pessoas — e decidiu criar uma encrenca militar.
Bolsonaro teria aumentado sua influência sobre o primeiro escalão. Falta dizer para quê.
No rastro dessa troca, veio o veneno: a saída do ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, abriria o caminho para a troca do comandante do Exército, general Edson Pujol.
Não se frita comandante do Exército. A troca mais traumática dos últimos 50 anos ocorreu em 1977, quando o presidente Ernesto Geisel demitiu o general Sylvio Frota. Os dois não se bicavam há tempo, mas fritura não houve. Tanto foi assim que Frota chegou ao Palácio do Planalto sem saber que seria demitido. (Quando Bolsonaro era um capitão afastado do Exército abrigado na política, Geisel definiu-o com três palavras: “um mau militar”.)
Fritura de comandantes do Exército foi coisa do governo João Goulart, com quatro ministros em apenas três anos. Em 21 anos, os presidentes militares tiveram oito ministros. Deles, um deixou o cargo para ser presidente (Costa e Silva), e outro morreu (Dale Coutinho). Nenhum foi frito.
Desde que foi criado, em 1999, o Ministério da Defesa teve outros 11 titulares. Todos chegaram e partiram sem ruídos. A demissão do general Azevedo e Silva resultou na saída dos comandantes das três Forças, coisa nunca vista.
O primeiro murmúrio de uma eventual fritura de Pujol surgiu em maio do ano passado, mas não prosperou. Pujol pouco fala e não tuíta.
Trocar comandantes da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica é atribuição do presidente da República. Afinal, ele é o comandante das Forças Armadas. Apesar de o capitão gostar de se referir ao “seu” Exército, elas não são de sua propriedade. Chefes como Henrique Lott, Orlando Geisel e Leônidas Pires Gonçalves nunca usaram essa expressão possessiva. O problema aparece quando se acende o fogareiro da fritura. Isso porque se cria uma situação de perde-perde. Perde se frita e perde se não frita.
O marechal Castello Branco era cauteloso (até demais) e tinha as ideias no lugar. Em março de 1964, ele chefiava o Estado-Maior e distribuiu uma circular reservada onde dizia:
— Não sendo milícia, as Forças Armadas não são armas para empreendimentos antidemocráticos. Destinam-se a garantir os poderes constitucionais e sua coexistência.
O presidente acreditava estar amparado num poderoso dispositivo militar com seus “generais do povo”. Um mês depois, João Goulart estava no Uruguai. Deu no que deu.
As Forças Armadas não são milícia, e na porta da quitanda há quase 318 mil mortos e 14 milhões de desempregados. Em qualquer país e qualquer época, quem tem problemas desse tamanho não precisa de novas encrencas.
O Globo/montedo.com

10 respostas

  1. Partiram sem ruídos? Hélcio Álvares foi convidado a deixar o cargo devido a denúncias de corrupção, favorecimento e até ligação ao crime organizado no ES. José Viegas renunciou depois da nota publicada pelo Exército sobre o 31 de março, colocaram então o vice-presidente, José Alencar, como Ministro da Defesa. Waldir Pires foi demitido devido à crise do setor aéreo, com a queda do vôo da Gol e o acidente da TAM. Nelson Jobim chegou a ameaçar a renúncia, seguido pelos comandantes das 3 forças quando Lula quis rever a Lei de Anistia, depois foi exonerado por críticas a integrantes do governo…

  2. Este jornalista é um nojento idiota! Ganhou muito dinheiro com uns livros ridículos sobre a “ditadura militar”! É mais um da leva que acredita conhecer, à fundo, o universo da caserna! Quaquer soldado, engajado, por uns dois ou três anos entende mais do que é o mundo dos militares do que este senhor! O tempo deles, os especialistas sobre militares, acabou…só ainda não acordaram para isto!

  3. Os milhões de desempregados são o resultado direto das ações, inconstitucionais, do judiciário e dos governadores que, munidos de poderes ditatoriais, fecharam o comércio, faliram empresas e demitiram em massa! “Intelectuais” sentados em suas confortáveis poltronas e longe do povo não sabem nada do país! O povo quer trabalhar, PRECISA trabalhar! Pergunte à qualquer trabalhador o que eles acham dos políticos, dos governadores e do judiciário…

    1. É muito simples amigo.
      Bastava o pessoal da “farra” que costuma lotar boates e bares darem um tempo, mas não é isso que acontece.
      O pessoal que mais reclama é a galera que adora um saidinha nas danceterias e etc.
      Os governadores e prefeitos estão agindo desse modo, pois a responsabilidade pelos leitos hospitalares recaem sobre eles.
      E bolsonaro?
      Só sabe falar de teorias da conspiração.
      Todo apoio aos governadores e prefeitos.

      1. As pessoas agem como se o lock down fosse uma invenção brasileira, a própria expressão é importada. Em todo o mundo estão tomando as mesmas ações em prol do coletivo e esse povinho que fala em guerra civil e intervenção e não aguenta nem esta situação já bem indesejada, imagina em um conflito.

  4. É interessante ver a platéia do “quanto pior melhor” se manifestar fervorosamente quando algo parece que vai derrubar o presidente Bolsonaro. Quando as coisas são acertadas não dão nenhum pio sequer, mas quando algo acontece contra, parece que o Brasil ganhou a copa do mundo. Outro ponto é, são os mesmos que já passaram pelo governo e fizeram lambanças, apesar dos diplomas nacionais e internacionais. O governo petista passou muitos anos na maré mansa e roubou o que foi possivel. imagine se fosse agora com a pandemia?Lembrando que a Dilma quebrou até uma lojinha de R$1,99. Uma vez, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, falou para os repórteres para que deixassem o presidente governar. Será que hoje ele ainda está com ele ou já se prepara para substituí-lo?

  5. Amigos do Montedo. Tem muito, muito mesmo podemos dizer dizer assim toneladas de chuchus , abobrinhas ,mandiocas para dar e vender em uma quitanda . PASMEM ! Delfin Neto o quitandeiro. Mas só vejo abacaxis . Não tem mais nada para se comprar na quitanda. Quem sabe se outra quitanda sobre comando de outro quitandeira pode ….. ?

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