Imprensa internacional destaca troca de comando nas Forças Armadas

THE GUARDIAN

Mudança abrupta no comando das três Forças surpreendeu o mundo: “Terremoto político sacode o país que já luta com um dos piores surtos de coronavírus do mundo”, apontou o britânico The Guardian

Jéssica Gotlib
A mudança de comando nas três Forças Armadas teve ampla repercussão na imprensa internacional. No Exército, deixa o cargo Edson Pujol; na Marinha, Ilques Barbosa; e na Aeronáutica, sai Antônio Carlos Moretti Bermudez. Algumas horas depois do anúncio oficial nesta terça-feira (30/3), o caso já era mostrado com destaque nos portais de alguns dos principais jornais do mundo.
Os textos citam a postura do presidente Jair Bolsonaro no combate à pandemia e preocupam-se com as proporções da crise política em um momento em que o Brasil enfrenta um dos piores cenários em relação ao coronavírus em todo o mundo.
O britânico The Guardian, por exemplo, diz que há um clima de tensão e nervosismo no Brasil com a saída do ministro da Defesa. Segundo o jornal do Reino Unido, o governo está em crise em meio a um “terremoto político” que “sacode o país” enquanto “luta com um dos piores surtos de coronavírus do mundo”. O texto destaca ainda que essa é uma “turbulência histórica”.

Rompimento na ala militar
Para o espanhol El Pais, a mudança “marca divisão entre generais sobre radicalismo de Bolsonaro”. O diário apontou que há uma “leitura clara” dos fatos: “Quando o ministro que dirige as Forças Armadas pede para sair de um governo dominado por militares há uma discrepância maior do que parecia sobre os rumos da instituição”, colocou a reportagem.
No mesmo sentido, o argentino Clarin escolheu o termo “expurgo militar” para abordar a questão. Isso em uma reportagem cujo título questiona “o que está acontecendo no Brasil?”. O jornal portenho destaca que o presidente tenta recuperar a liderança “a tapas” e que os chefes das três forças seriam contrários à “negligência com a pandemia”.
A leitura do canadense The Globe and Mail foi semelhante. “As saídas sublinham a escala das crises políticas e de saúde pública que afligem o Brasil, que se tornou o epicentro global da pandemia do coronavírus. Eles também revelam uma mudança radical nas relações entre Bolsonaro, um ex-capitão do exército de extrema direita, e os oficiais de carreira”, apontou o periódico.

A influência da pandemia
O estadunidense The New York Times argumenta que o descontrole dos casos de covid-19 no Brasil é uma parte importante do quebra-cabeças político. O texto destaca que a resposta do governo ao vírus foi “arrogante e caótica” e cita um crescente desgaste entre o chefe do Executivo nacional e o vice-presidente, Hamilton Mourão.
Para o francês Libération, as mudanças — não só nas Forças Armandas e na Defesa, como em outros cinco ministérios — fazem parte de uma “manobra que não significa mudança de política” e que Bolsonaro promove trocas nas pastas, mas sem “moderar” a postura.
O conterrâneo Le Monde acrescenta que o presidente “irritou altos oficiais do Exército” e promoveu uma “varredura inesperada”. Mais cedo, o país havia sido tema de outra reportagem do jornal. “Não sei se São Paulo vai se recuperar: covid-19 derruba capital econômica do Brasil”, preocupa-se a reportagem.

Entenda
Os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica teriam sido pegos de surpresa pela saída do ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, a pedido do presidente, e teriam entregado os cargos. Apesar disso, a nota oficial da pasta diz que foi o também general Walter Braga Neto, novo ministro, quem pediu os cargos. É a primeira vez, desde a redemocratização, que acontece uma troca como essa no comando das Forças Armadas.
CORREIO BRAZILIENSE/montedo.com

7 respostas

  1. Brasil virou uma piada no exterior. Bolsonaro é fonte de inspiração para as charges dos jornais europeus, principalmente na área ambiental: falou que para salvar o meio ambiente tinha que fazer cocô dia sim e dia não; disse que o Leonardo Di capio botou fogo na Amazônia, falou que os incêndios florestais que taparam o sol na região norte era normal , entre outras…

    1. O Brasil passou a ser piada no exterior, na sua opinião, somente agora?

      Pra um país que já teve uma Presidenta que afirmou que deveríasse negociar com terrorista do estado islâmico ou, então, que devíamos estocar vento…

      Ou, então, candidato à presidência que prometeu tirar geral DO SPC e SERASA.

      Aliás, começo a achar que a Presidenta estava certa, em relação a estocar vento, haja visto a situação atual da falta de oxigênio por aí.

  2. Eu sou soldado circunscrito na vila Militar/RJ e todo dia vejo um monte de fardados sem máscara e desrespeitando o distanciamento. A partir de semana que vem vou começar a tirar foto e denunciar todo mundo para imprensa. Não tenho medo de patente maior que a minha, estou com a razão…

  3. Se a imprensa internacional pesquisasse os chefes militares que tivemos nos últimos 30 anos…nem perderiam tempo escrevendo reportagens sobre o assunto! Mudos, cegos e calados! Uma subserviência total! A preocupação, maior, é ficar bem na foto com a mídia! Não abriram a boca diante dos oito anos sem nenhum reajuste salarial do período FH onde a tropa sofreu brutal empobrecimento! Não se manifestaram diante da privataria tucana! Nada falaram diante do maior esquema de corrupção da história no período do PeTê! Ainda bem que não fomos invadidos nos ultimos 30 anos…porque fariam intermináveis reuniões para decidirem o que fazer! Só terminariam quando o inimigo chegasse em Brasília…uma tristeza…

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