General Paulo Sérgio diz que Exército já espera 3ª onda da covid

(crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press)

Responsável pelo setor de recursos humanos da Força, inclusive da área de saúde, militar acredita que, em dois meses, Brasil enfrentará nova etapa da pandemia. Ele destaca que a taxa de mortalidade na instituição é de 0,13%, bem abaixo do índice de 2,5% registrado na população

Renato Souza
Assim que o Brasil registrou as primeiras infecções pelo novo coronavírus, em fevereiro do ano passado, o Exército percebeu que o país enfrentaria um dos maiores desafios de saúde do século. Os números de mortes e casos que aumentavam rapidamente na Europa enviaram o alerta para a tropa terrestre mais poderosa da América Latina. Ao Departamento-Geral de Pessoal foi incumbida a missão de aplicar medidas sanitárias, realizar campanhas e proteger o contingente da covid-19.
Além dos militares da ativa, são de responsabilidade da Força os que estão na reserva e os dependentes — o que engloba uma rede de 700 mil pessoas. Com 60 unidades de saúde, entre hospitais, policlínicas e postos avançados, o Exército mantém uma taxa de mortalidade pela doença de 0,13%, bem abaixo do índice de 2,5% registrado na população em geral do país. A receita é uma política totalmente oposta à adotada pelo governo federal.
Autoridade máxima de saúde no Exército, o general Paulo Sérgio conta que a Força entrou em uma espécie de lockdown, em que integrantes de grupos de risco foram enviados para home office e cerimônias militares acabaram suspensas em todos os quartéis. Além disso, estão sendo realizadas campanhas massivas de distanciamento social e outras ações, como uso de máscaras e higienização das mãos.
Os novos recrutas, que ingressam para o serviço militar obrigatório, estão em regime de internato e passam semanas sem ir para casa, a fim de evitar infecções pelo novo coronavírus. Apesar das medidas intensas, a segunda onda já começa a ter efeitos severos no Exército, com o registro de internação de militares jovens e colapso nos hospitais da rede — obrigando o uso de unidades de saúde privadas.
Enquanto o país enfrenta a segunda onda e vê a taxa de mortes explodir, a Força já prevê uma terceira onda, que pode ser ainda mais grave e começar por Manaus, dentro de dois meses. Em entrevista ao Correio, o general Paulo Sérgio fala sobre as ações que evitaram mortes no Exército, lamenta as perdas no meio civil e destaca que integração, logística e planejamento são as armas mais eficazes para entrar na guerra contra o vírus. A seguir, os principais trechos.

Quais são as obrigações do Departamento-Geral de Pessoal do Exército?
É o órgão que cuida da estrutura, planeja e coordena todas as ações referentes aos nossos recursos humanos, nas áreas de avaliação de desempenho, promoções, atendimento aos pensionistas, assistência social, religiosa, entre outras. E, neste período que estamos vivendo, na saúde.

Quantas pessoas são atendidas pelo departamento?
Estamos falando numa força de 220 mil homens. E, aqui no DGP, eu sou a autoridade máxima do departamento de todas essas áreas de atuação. É um órgão que cuida da dimensão humana da Força, que é aquilo que temos de mais sublime. Então, nessa valorização dos recursos humanos, no apoio à família militar que a gente busca, damos ao Exército a operacionalização de que a gente precisa. A fatia dos nossos usuários, que são inativos, pensionistas, dependentes, eu diria que é de cerca de 700 mil do sistema. Quando se somam ativos, inativos e dependentes, chega a esse número de usuários do sistema de saúde.

São quantos hospitais nesta rede atualmente?
Nós temos cerca de 60 hospitais, policlínicas e postos médicos; isso espalhado nos oito comandos militares de área. Vem desde Amazônia, Nordeste, Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Planalto. É uma rede adequada ao efetivo que a gente tem. Mas 60 hospitais em um país continental como o nosso é pouco. O Hospital de Manaus recebe pacientes de São Gabriel da Cachoeira, Tabatinga, Rio Branco, Porto Velho, Boa Vista. A cadeia de evacuação da Amazônia Ocidental se baseia no Hospital de Manaus. É um hospital muito importante para o Exército. É uma rede adequada à nossa Força, e temos de trabalhar, aqui, para que o recurso seja empregado. São quase 750 organizações militares espalhadas pelo Brasil.

Manaus e a Região Norte, no geral, foram as localidades mais atingidas pelas ondas da pandemia até o momento. Isso foi uma surpresa para o Exército?
Até hoje, é um aprendizado para todos nós. O Exército, ou melhor, o Ministério da Defesa, lá em março do ano passado, vendo o problema se adiantar, criou 10 conjuntos em todo o Brasil. Esses conjuntos envolveram as Forças Armadas e as autoridades estaduais e municipais. Esses 10 comandos conjuntos trabalharam harmônicos. No Exército, para dar suporte a esses comandos e aos nossos hospitais, criamos a Operação Apolo. Tem toda uma equipe logística, saúde, administrativa que coordena as ações. Eu estava em Belém, era o comandante da área quando isso começou. O Brasil inteiro se voltou para a Amazônia Ocidental. Nós tomamos nossas medidas. O Exército, por exemplo, baixou recomendações administrativas claras, com relação à prevenção mais especificamente. A partir dali, foi uma coisa muito disciplinada, no uso da máscara, no afastamento social nos refeitórios, nos dormitórios. Aí, começaram a surgir campanhas de conscientização. Os hospitais começaram a pedir sangue, e iniciamos uma campanha. Hoje, já passa de 40 mil doadores de sangue, no Exército, espalhados pelo Brasil. Lançamos a campanha “Ajudar está no nosso sangue”. Todas as medidas sanitárias, diretrizes emanadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), corroboradas pelas nossas diretorias de saúde, são rigorosamente cumpridas em nossos quartéis. É uma Força disciplinada.

Com relação à falta de oxigênio em Manaus, ocorreu alguma falha de previsibilidade?
No nosso caso, não. Tudo foi novidade. Ninguém imaginava aparecer de repente um negócio destes, este coronavírus. Os nossos hospitais na Amazônia têm reserva. Mas quando começou a surgir a crise na rede pública, nós “startamos”, aqui, um planejamento alternativo. Com antecedência, compramos usina de oxigênio, cilindro e, por meio da Força Aérea Brasileira, suprimos São Gabriel, Tabatinga, Porto Velho e Manaus. Não faltou oxigênio para as organizações militares de saúde do Exército. Esse centro de operações funciona e trabalha conjugado com a possibilidade de acontecer isso. Terminou essa crise do oxigênio, agora é Porto Alegre, Santa Maria e Rio Grande do Sul. Médicos de Manaus, engenheiros de Manaus, equipes de saúde para reforçarmos o Hospital de Santa Maria, já levamos.

Como está a situação em Manaus?
Em Manaus acalmou, tranquilizou, e no Sul, apertou. Então, deslocamos equipes. A logística no Amazonas é complicada, tem de usar aviões. Mas deslocamos equipamentos de Manaus para Porto Alegre. Nós temos um comando logístico, uma experiência logística. Não morreu ninguém, militar ou dependente nosso, por falta de leito, de apoio, de equipamento (no Exército). Morreu porque está morrendo gente, e lamentamos profundamente. Perdi parentes, tenho amigos na UTI em estado gravíssimo, generais que foram meus amigos. Nesse sentido, queria até ressaltar outros programas que fazemos para amenizar este estresse e sofrimento. Temos desenvolvido campanhas sobre estresse, desemprego, a morte de um ente querido; temos cuidado da saúde mental.

A segunda onda está afetando mais os jovens. Isso tem sido percebido dentro do Exército?
Sim. Temos militares mais jovens que foram evacuados, ou seja, moravam no interior, onde não tinha hospital, e foram transportados para outro local.

Foram necessários reforços nas equipes de saúde?
Sim, tivemos de convocar pessoal médico. Às vezes, tem equipamento, mas não tem equipe médica. Eu não posso transformar um infectologista em três, um intensivista em quatro, por estar abrindo mais 10 leitos. Então, tivemos de convocar e capacitar novas equipes. A primeira fase da pandemia veio em ondas. Começava por Manaus e descia para o resto do país. Melhorava em um estado e piorava em outros, então, a gente deslocava equipes.

Existe o temor de uma terceira onda em nível nacional?
Quando soubemos que França e Alemanha estão começando novo lockdown com esta terceira onda, imaginamos que, como ocorreu na segunda, que começa na Europa, dois meses depois se alastra por outros continentes. Temos de estar preparados no Brasil. Não podemos esmorecer. É trabalhar, melhorar a estrutura física dos nossos hospitais, ter mais leitos, recursos humanos para, se vier uma onda mais forte, a gente ter capacidade de reação.

O Exército, então, já trabalha com a hipótese de uma terceira onda?
É um planejamento contínuo. Tudo que a gente faz sempre tem a visão do futuro. Se temos a notícia de que, lá na frente, pode ter uma terceira onda, temos de estar preparado. Mas torcemos para não termos, que a gente avance, e a vacina está aí para isso.

Qual foi a estratégia para impedir o adoecimento da tropa nos últimos 12 meses?
Depois que os números caíram no Pará, (os casos) vieram para o Rio de Janeiro. Nós socorremos, deslocamos equipes médicas para Belém. Adquirimos equipamentos para reforçar nossos hospitais no Pará. Não faltou leito, pois tivemos êxito nessa operação. A coisa foi se expandindo para o Sul. Agora, os números estão crescendo no Rio de Janeiro. Vamos manobrando com nossos meios, apoiando estados e municípios. Nosso hospital de campanha no Rio é dividido em quatro módulos. Temos um hospital de campanha apoiando o hospital da rede pública, e outro em Manaus ainda. Também apoiamos a própria rede militar em algumas regiões.

Qual é o quadro atual da covid-19 no Exército?
Os números são relativamente bons em relação à população em geral, por conta da prevenção que temos. O índice de letalidade é muito baixo, menor do que na rede pública, graças a essa conscientização, essa compreensão, que é o que eu acho que, se melhorasse no Brasil, provavelmente, o número de contaminados seria bem menor.

Qual é esse índice de letalidade?
Estamos com uma taxa de mortalidade de 0,13%. Ínfima, em termos de comparação com a do país. Eu diria que a maioria dos hospitais são modernos. Os hospitais de porte mesmo são o HCE (Hospital Central do Exército) e o Hospital de São Paulo. Iniciamos a operação covid com 84 leitos de UTI em toda a rede. Fruto de equipamento comprado e transformação da estrutura dos hospitais, chegamos a 280 leitos de UTI em toda a rede militar. Há hospitais da rede pública de São Paulo, daqueles grandes, que têm 280 leitos. Então, é uma rede muito restrita, que mal atende à própria Força. Inclusive, temos convênios com a rede privada, que chamamos de organizações civis de saúde. Encaminhamos nosso paciente para a rede privada, pois não temos leitos suficientes em nossos hospitais.

Mas mesmo os hospitais privados registram falta de leitos de UTI. O que é feito nesses casos?
Quando o hospital privado diz que não há leitos, aí nós vamos ter de nos virar com os que a gente tem. Então, estamos adquirindo materiais, como respiradores e monitores, e transformando leitos de semi-intensiva em intensiva e leitos de enfermaria em semi-intensiva. Com muita prevenção e cuidado, temos nos mantido nos números adequadamente. Nenhum óbito aconteceu por falta de leito, oxigênio ou medicamento na nossa família militar, entre ativos, pensionistas e dependentes.

Como ocorreu a expansão da rede de saúde militar?
O Hospital de Curitiba é bem pequeno, com oito leitos de UTI. Lançamos um módulo de hospital de campanha lá e levamos 10 a 12 leitos com ato de semi-intensiva. Melhorou aqui, piorou ali, temos de fazer a logística de material e transporte para não deixar faltar onde precisa. Quando eu falei de 60 hospitais, são diversas unidades de saúde. Os postos médicos, nem leitos de intensiva e semi-intensiva têm. O paciente que chega ali em estado crítico é evacuado ou para a rede civil ou para um hospital de referência. Já está acontecendo no nosso caso o que chamamos de evacuação aeromédica. Acionamos uma empresa contratada e trazemos o paciente lá de Tefé, no meio da Floresta Amazônica, para Manaus. Ou traz para o Rio de Janeiro, e assim por diante. Onde tem vias de transporte, como no Sul, em caso leve, vem pela estrada. Mas na Amazônia é por meio aéreo.

A transferência pode ocorrer para um hospital público do Sistema Único de Saúde (SUS)?
Pode, e não tem problema. Só não é o normal. Porém, se o hospital de referência for do SUS, como em Tefé, onde só tem posto de saúde, o militar vai para hospital SUS normal. A depender do caso, nós o retiramos do hospital e trazemos para uma rede nossa. Certamente, ele não ficará no hospital mais de 48 horas.

Se tiver um leito vago em um hospital do Exército e um civil precisar de UTI, ele terá acesso?
É aquilo que falei no início. A nossa rede é adequada à Força, ao nosso efetivo. Se for visitar nossa rede, toda ela já está no limite de ocupação. Quiséramos nós ter a capacidade em nossos hospitais de ajudar nesse sentido. O que fazemos é hospital de campanha, como ocorreu em Manaus, em Porto Alegre e no Rio de Janeiro. São anexos a hospitais da cidade. Esse é o apoio que podemos dar.

Então, existem muitas campanhas de conscientização no Exército para incentivar o distanciamento, o uso de máscaras?
Chega a ser uma febre. Agora mesmo estamos recebendo o novo contingente de soldados incorporados. Eles estão com três semanas de instrução. São aqueles recrutas que se alistam, e todas as medidas sanitárias foram colocadas em prática. Desde a chegada ao quartel até a instrução; à noite, na hora de dormir; é o termômetro na entrada, higienização dos pés, álcool em gel, uso da máscara, distanciamento. Nós testamos praticamente todos os recrutas, quase 90%, e o índice de contaminação foi muito baixo. Os infectados foram isolados, com equipes médicas acompanhando. Em 2020, não tivemos nenhum óbito de soldado incorporado ao Exército. Imaginamos que seja pela idade, pela juventude.

E entre os militares mais idosos?
Entre esses, tivemos baixas, generais da ativa que morreram no HFA (Hospital das Forças Armadas). Entram naqueles 0,13% de óbitos. Ao recruta, fizemos um período de internato, e eles conversam com a família por vídeo. Ele pode ir no fim de semana. Eu acho que não tem local mais seguro para um jovem, hoje, do que dentro do quartel, pois ele está sendo acompanhado, fiscalizado sobre as medidas preventivas, instruído. Os índices de infecção são mínimos, e aqueles que se contaminam são resolvidos em internação. Nós temos locais isolados nos quartéis para esse tipo de coisa.

O general Miotto, ex-comandante militar do Sul, morreu por covid-19. Ele era influente no Exército. Existe preocupação maior com os oficiais de mais idade?
Hoje, no Quartel General, não estamos com todo o efetivo cumprindo o expediente normal. Metade vem um dia; outra metade, no outro. Ou metade vem de manhã e metade, à tarde. Todo mundo no ambiente é um risco, almoçando junto… Isso é prevenção que vem sendo feita há um ano. Quem não pode vir, é mais idoso, fica em casa. O general Miotto era um chefe militar, um amigo, que a gente lamenta muito. Mas é um risco, e eu estou aqui agora. Em duas semanas, posso me contaminar e não resistir. Temos oficiais generais internados, e não tem diferença para ocupar um leito. Se um soldado precisar de um leito naquele momento, tem de ser para ele. Temos maior preocupação com quem está com mais de 60 anos. Eu sou de risco, tenho 62, e já tive covid em Belém. Tive sintomas leves, em maio do ano passado. Eu estava em missão, na ponta da linha, viajando. Em algum momento, peguei, levei para minha esposa. Minha sogra, que mora comigo, e tem 84, não pegou.

O índice de infecção aumenta para militares que vão a campo?
Isso aí não tem jeito. A Força não pode parar, a missão continua, com a defesa da Pátria. Tem de ter instrução, adestramento. Estamos em operação, como a Verde Brasil, na defesa do meio ambiente. Então, com precaução, prevenção, fiscalização e disciplina, estamos conseguindo combater a covid sem perder a operacionalidade da tropa.

A segunda onda veio forte, e registramos mais de 3 mil óbitos em um dia. O senhor acredita que o Exército pode colaborar mais no combate à pandemia?
O reflexo na Força é igual. Estamos no limite. Se for, agora, ao Hospital das Forças Armadas, verá dois compartimentos de UTI completamente lotados. Eu sempre vou lá para verificar, pela minha posição de ser o 01 da saúde na Força. Nós estamos no limite, e a gente torce e até reza para que esses números decresçam para não faltar. Até hoje não faltou, mas é um risco que a gente corre.

O país quase todo enfrenta uma situação grave…
É, mas tem locais onde começa a reduzir. No Sul, está tendo uma leve desaceleração. Manaus desacelerou de uma forma que a terceira onda, que já está surgindo na Europa, a gente imagina que, se mantiver a tradição da primeira para a segunda, daqui a dois meses vamos sofrer essa terceira onda. E queremos exatamente a manutenção do planejamento para nos prepararmos para essa terceira onda. É isso que estamos fazendo, e esperamos que o poder público faça também. Eu acredito que, neste momento, estamos no nosso limite. Nossas organizações militares de saúde, nossos hospitais, são muito modestos. Estamos salvando vidas militares nos hospitais privados, pagando de acordo com o contrato. É uma válvula de escape nossa.

O Exército pode atuar na adoção de medidas sanitárias, como o fechamento de vias, se for o caso?
Sim, nós temos organizações militares muito capacitadas, na área de defesa química, biológica. Capacitamos mais de 5 mil militares no Brasil na parte de descontaminação. Hoje, todos os nossos quartéis têm pelotão, de 30 homens, por exemplo, capacitado. É muito comum a imagem daquele grupo de militares encapados, em aeroportos, portos, praças públicas. Em Belém, eu montei a patrulha do ponto de ônibus, com uma equipe protegida, equipamento apropriado, e saía na avenida à noite para desinfetar. Neste ano, realizamos muitas campanhas. Fizemos doações de sangue.

Como a sociedade civil pode se beneficiar desses programas?
Se o presidente de uma empresa quiser fazer descontaminação, é só falar com a gente. Não tem critério, e acontece muito. Em Belém, o Ministério Público pedia, a rodoviária de Belém pedia. Foi feita uma grande descontaminação na Rodoviária do Plano Piloto, nas estações de metrô, pelo Batalhão de Goiânia. Se for privado, às vezes, a empresa tem recursos para bancar, então, às vezes, atuamos na capacitação da equipe de limpeza, por exemplo. Fica três quatro dias no quartel aprendendo a descontaminar.

O Brasil está em guerra contra o vírus?
É um trabalho árduo, pois a medicina ainda não sabe tudo sobre o vírus. É uma mobilização, e o mais importante é que o Exército está pronto para ajudar a nação. As baixas que temos todos os dias são números de guerra. É uma força de expressão, mas é isso. Exige planejamento, integração, conjugação de esforços. Não conseguimos fazer tudo sozinho. Na Amazônia, é muito comum solicitar apoio. A Força esteve nesse ano inteiro e estará até o último momento do lado do Brasil, reduzindo o sofrimento desta, em tese, guerra.

O senhor falou em coordenação, campanha. O governo federal não tem uma campanha em nível nacional pelo uso de máscaras, distanciamento. Falta orientação para a população?
Nós acompanhamos o que acontece pelas mídias sociais, pela imprensa. Eu não tenho a condição de fazer um juízo de valor sobre o que está sendo feito ou deixado de fazer. Eu vejo um esforço grande, por parte dos órgãos gerais, de tentar conscientizar. Agora, é uma população de 200 milhões de habitantes, com problemas sociais diversos, com cinturões marginais nas grandes megalópoles. Às vezes, é difícil chegar à ponta da linha com essa orientação. Acho que há campanhas positivas.

O ministro da saúde e o próprio presidente chegaram a recomendar o uso de medicamentos sem eficácia científica comprovada contra a covid-19. No Exército, isso não acontece…
No Exército, temos protocolos muito bem elaborados, difundidos, que dizem qual a conduta entre médico, paciente e família para o melhor tratamento. Se vai dar a medicação A, B, C, O, D, é decidido entre médico e paciente. Eu não tenho restrição, nem a medicamento nem a tratamento.

O Ministério Público Federal investiga o governo por eventuais irregularidades na condução da pandemia. O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello é do Exército, e tem outros 6 mil militares no Executivo. Existe algum constrangimento da ligação da imagem das Forças Armadas com as falhas do governo?
Nessa área política, fica difícil para a gente. Eu prefiro não comentar. Mas acho que o Pazuello foi convocado pelo presidente para uma missão. Ele aceitou, saiu da Força, pediu licença e está lá fazendo seu papel. Não vou fazer juízo de valor do trabalho dele. Eu não conheço o âmago do que ocorre lá dentro. Conheço o Pazuello, convivi com ele na Amazônia, na 12ª Região Militar. Ele cumpriu a missão que o presidente deu a ele.

A segunda onda está preocupando mais?
Total. Está sendo pior que a primeira para o Brasil inteiro. A curva é muito mais ascendente. Aprendemos com a primeira, e, com certeza, se vier a terceira, a segunda terá nos dado lições. O esforço hoje do Exército para reduzir os números de contaminação é impressionante. Todo dia, nosso comandante, o general Leal Pujol, faz videoconferência conosco e recomenda para que a ponta da linha use máscara, álcool em gel, distanciamento. Não tem mais formatura militar. Quando vai fazer algum evento são 10, 20, no máximo. Agora mesmo, teve aniversário de uma companhia, e foi meia dúzia de gatos pingados.

O Exército está em lockdown?
É… Seria isso. É uma preocupação propagar o vírus. Mas não paramos nada. Se for ali ao Batalhão de Guarda Presidencial, está tendo instrução de tiro, de armamento, educação física. O treinamento físico controlado, tomar sol, vitamina, com nossos médicos acompanhando o tempo todo. Por isso, está com 0,13% de mortalidade. Tem internato de quatro semanas para todos. Antes, os recrutas voltavam para casa todo dia. Essa gurizada, agora, quando chegar em casa, estará consciente. Eles estão sendo massificados com campanha. Os militares que têm parentes em grupos de risco não precisam ir para casa. Aqui, temos alimentação, dormitório.

Como está o apoio às comunidades indígenas?
A nossa tropa é muito próxima das comunidades indígenas. Apenas na Amazônia Ocidental são 24 pelotões de fronteira, perto da Colômbia, da Venezuela. E, do lado de cá, é índio, do lado de lá, também, ou estamos dentro da própria terra indígena. Na área da Cabeça do Cachorro, tem dois pelotões. O médico do pelotão é o da tribo. Essa interação é impressionante. O indígena tem uma imunidade diferente, e existe um cuidado maior da nossa parte. Na vacinação, helicópteros vão lá com todos da equipe testados e com resultado negativo, todos empacotados para ir lá, vacinar e sair para não deixar contaminar. Um só que se contamine causa um grande estrago. Quando surge uma notícia de infecção em determinada comunidade, nós vamos avaliar. Surgiu a notícia da morte de três indígenas por covid. Chegamos lá, e não era covid, mas houve casos. Agora, a população indígena está toda vacinada, todas as comunidades. Risco sempre tem, mas reduzimos isso.

O Brasil poderia estar numa situação melhor?
Eu respondo pelo nosso DGP, nosso Exército. Como autoridade máxima na área de saúde da Força, acho que estamos cumprindo nosso dever. Os números estão aí, e apoiando a nação naquilo que é possível para enfrentar esse problema.

Frases

“Estamos com uma taxa de mortalidade de 0,13%. Ínfima, em termos de comparação com a do país”
“Todas as medidas sanitárias, diretrizes emanadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), corroboradas pelas nossas diretorias de saúde, são rigorosamente cumpridas em nossos quartéis”
“Acho que não tem local mais seguro para um jovem, hoje, do que dentro do quartel”
“A gente imagina que, se mantiver a tradição da primeira para a segunda, daqui a dois meses vamos sofrer essa terceira onda (da covid)”

CORREIO BRAZILIENSE/montedo.com

32 respostas

  1. Prevenção no EB? Militar e devotado. Não teme a morte. Cobre- se com poncho VO e basta.
    Que baboseira. Será que depois dessa algum chefe militar captou que a dimensão da guerra mudou e que a nação precisa de ciência e não de armas convencionais?

  2. Enquanto isso nas OMs continuam as visitas, trocas de comando e outras festividades.
    A sorte é que na minha OM trabalham servidores civis. Eles não dão mole para general e botam ordem no quartel. Infelizmente não dispomos dos mesmos recursos (sindicatos, associação, etc) e coragem deles.

    1. No Rio de Janeiro, as OM não tem feriado, distanciamento e nem mesmo o expediente alternado. Sempre com 100% da tropa. Formaturas e palestras no auditório. Pouco caso com os militares e seus dependentes.

  3. No Rio de Janeiro, o prefeito/governador decretaram a antecipação dos feriados do mês de Abril, porém, inexplicável mente, algumas OMs não seguiram. Isso provocou uma grande dificuldade para os militares, principalmente porque está tudo fechado, os transportes reduzidos e as escolas fechadas. No discurso para imprensa é tudo muito bonito, mas na prática a realidade é outra.

  4. Não espero mais nada do Bolsonaro ou dos generais…o povo está sofrendo todo tipo de arbitrariedades, de prefeitos e governadores, e NINGUÉM parece se importar com isto! O Brasil virou a casa da mãe Joana com prefeitos e governadores fazendo o que querem! Até o gordinho da Coréia deve estar com inveja! Tem prefeito que fechou supermercados, açougues, padarias, postos de gasolina obrigando a população à lotar os mercados das cidades vizinhas! Tem prefeito desligando as luzes da cidade à noite para evitar aglomerações(?)…tem prefeito que só permite a circulação de pessoas dependendo da numeração final do CPF! Se é dia de par ou de ímpar! Na capital, onde moro, a orla está lotada de policiais militares e guardas municipais para impedir a circulação de pessoas e o acesso à praia enquanto à três quarteirões da praia a bandidagem assalta farmácias e padarias à luz do dia! E vi seis PMs cercarem um idoso que queria caminhar na areia! Já nas comunidades…os botecos estão todos abertos com a galera bebendo cerveja e fazendo churrasquinho…

  5. Fiquei perplexo que não identificam os mortos com o número do CPF! Como assim? Qualquer coisa, hoje em dia, te pedem o CPF! No supermercado, na farmácia, em qualquer cadastro! Ninguém pede mais o RG! E a pessoa falece e não é identificada pelo CPF? Tem algo errado nesta história! RG é fácil dar qualquer número e é difícil checar sua veracidade! As pessoas costumam ter vários RGs ao longo da vida ao mudarem de estado, ao perderem seus documentos, etc…mas CPF…nem Jesus Cristo muda o seu CPF!

    1. É pq vc entrou com 17 anos no exercito e nao tem ideia de como é o mundo além dessa fantasia que vive.
      Nao sabe o que é indigente, morador de rua, favelado. Gente que nao tem nem dente, que dirá cpf.

      A vida não é um quartel nao meu

      1. Você é que não sabe de nada…ou melhor, sabe, mas faz o jogo sujo da esquerda! Fui trabalhador civil até 28 anos quando passei em concurso do QCO…meu irmão trabalha em um banco público e, qualquer benefício, é exigido CPF…e até parece que os ditos 300 mil mortos eram todos moradores de rua…se você requerer um beneficio social terá que ter seu CPF! Mas o que esperar de vocês, esquerdistas, além da desonestidade intelectual? Quantos mais mortos…mais a necessidade do prolongamento dos decretos de calamidade pública…mais compras sem licitações…mais roubalheira…mais políticos corruptos ricos…

  6. “Capacitamos mais de 5 mil militares no Brasil na parte de descontaminação. Hoje, todos os nossos quartéis têm pelotão, de 30 homens, por exemplo, capacitado.” Isso é mentira ! É conversa pra mídia. Teríamos que ter tido, exluídos cerca de 150 militares do Btl DQBRN, instrução específica sobre descontaminação para ao menos um ou mais militares de 161 quartéis diferentes em todo o Brasil. Isso não ocorreu.

    Ver soldados vestidos de astronautas borrifando solução água sanitária ou cloro em locais públicos de grande fluxo é uma mais uma estratégia de marketing rasteiro, do tipo “ação de enxugar gelo”, do que ação que visa efetivamente evitar a contaminação. Descontaminação se faz em objetos oriundos de locais contaminados, para posterior guarda e manuseio seguro por pessoas não contaminadas. Locais de grande fluxo ficam descontaminados por algumas horas até o fluxo de pessoas voltar a acontecer.

    Esse preocupação excessiva do EB, uma instituição permanente que não precisa de voto, com o seu “brand” (marca) como se fosse uma empresa querendo proteger sua marca, vai fazer com que os Generais passem décadas sendo pautados pelos veículos de comunicação, tudo por medo de “aparecer mal na foto” da opinião pública, ou melhor, opinião dos jornalistas. E o tempo que perdem com isso é o tempo que deixam de se preocuparem com as atividades fins da tropa: instrução, treinamento e doutrina com as melhores técnicas existentes no mundo.
    O CCOMSEx, por exemplo, já está virando uma verdadeira agência de notícias, gastando mais dinheiro do que muitas redações de jornais pra ficar divulgando doação de sangue, imagens de militares dando tiro, militares andando de barco e outras platitudes não dignas de Forças Armadas, mas de assessoria de imprensa de secretaria municipal que fica inventando coisa pra “mostrar serviço” à população.

    Percebam que as respostas que o General dá na entrevista são com base nas premissas propostas pelo jornalista. Ele não rebate nada. P.ex.: o jornalista fala sobre 3.000 mortes num dia e General nem rebate tal dado, já que é sabido que a apuração das mortes divulgadas dia a dia contém as mortes apuradas ao longo de um período, não que ocorreram todas naquele dia, mas consolidadas naquele dia referente a um período X de dias ou semana.
    Na certa esse General deve se informar por meio do G1 e da Globo News. Estamos muito mal de militares com alto intelecto no Comando das FA.

  7. Infelizmente tivemos um caso aqui na Clínica de Cuiabá, onde eu fui levar a minha esposa por volta das 17.00hs, não suportava dores próximo do pulso, e a mão inchada, dependendo de aplicação de medicamento que a dor viesse a cessar, em virtude de não querer levar minha esposa em um Hospital com aglomeração por conta do COVID/19, o que tive que fazer tendo que ir aos Hospital São Mateus com minha esposa com 71 anos de idade, em fase de risco. Uma senhora Sgt de Saúde, me disse que tinha médico de sobreaviso em casa mas que não poderia atender e que eu teria que procurar um hospital, me informando locais para atendimento. Ao chegar no Hospital São Mateus em Cuia´bá, tivemos que aguardar a vez da minha esposa ser atendida. Depois disso o médico que a atendeu deu a receita com determinação de aplicação profunda de injeção, e que minha esposa perguntou a ele se ela teria que ir a enfermaria para receber a aplicação, o médico lhe respondeu. Não, não posso encaminhá-la aquele local em virtude de estar lotada de pessoas com COVID/19, a senhora terá que adquirir o medicamento em uma farmácia e aplicar lá na farmácia para que a senhora não corra o risco de se contaminar aqui na enfermaria. Infelizmente não é como lemos a matéria a cima. Nós militares e familiares estamos nesta situação. Talvez o Nosso Honrado General não saiba o que a realidade nos oferece. Tenho a receita em minhas mãos para confirmar o que está acontecendo aqui em Cuiabá-MT

    1. Acredito em você meu amigo. Tem muito tempo que não uso o sistema de saúde do Exército. Minha esposa me colocou como dependente dela no plano de saúde. Desisti da assistência médica do EB à alguns anos atrás…precisava fazer uma endoscopia e, na época, teria que esperar alguns meses…com muita dor no estômago…desisti…

  8. Infelizmente no atual momento o Bolsonaro ta perdido no governo é só observarem o semblante do presidente, quanto a matéria nada a comentar só quem ta na tropa sabe como é nesse período caótico, queria ser otimista mas se o Presidente não reagir ante a pressão vai tomar cartão vermelho, demorou muito a tomar ações contra a pandemia ficou batendo de frente com a oposição, e para piorar dentro do seu governo cisma em botar milico para determinados cargos, não que não sejam competentes, mas gerir uma nação é bem diferente de comandar alguma Organização Militar.

  9. Amigos do Montedo o assunto postado , é importante , principalmente a para os militares da ativa ,reserva ,pensionistas e dependentes. Não resta dúvida , O General Chefe do Departamento Geral de Pessoal – DGP . Tive oportunidade de telo ouvido em uma fala , durante visita ao Hospital Geral de Belém (HGB ) ;estando eu, lá hospitalizado.

    O Chefe sabe que num universo de 700.000 usuários espalhados por todos os rincões do Brasil ,dentro de diferentes percepções sobre a questão do atendimento de saúde no sistema do Exército. ainda mais com o agravamento de uma 3ª onda da pandemia, o combate de enfrentamento vai ser tornar uma tarefa para “ Hércules “ do Exército Brasileiro.

    Como usuário do sistema a quem constantemente eu meus dependentes buscam apoio de saúde . Principalmente minha pessoa que está há quase dois anos esperando uma cirurgia de próstata mas devido circunstâncias de risco e também a condição de risco da covid 19 , por conta da minha idade . A cirurgia não tem data para ser realizada.

    Porquê fiz esse comentário pessoal , quem acompanha o Montedo sabe que não sou bajulador de General . Nunca fui , nem na ativa , tampouco na reserva.

    Sentir a obrigação de pedir aos amigos critérios ,caso decidam comentar a entrevista do General. Não li em parte nenhuma da sua entrevista; ele ter dito que o nosso sistema de saúde que o atendimento nos nossos hospitais e clinicas ; sejam dos médicos ,enfermeiras e técnicas de saúde é melhor do que o do Albert Einstein .Sejamos justos.

  10. Mas nao parecem estar preocupados nao. Os quarteis no Rio de Janeiro estao com expediente integral durante o feriadao de 10 dias decretado pelo prefeito, com militares e servidores civis em aglomeracao. Simplesmente ignoraram o decreto da prefeitura pra tentar conter o avanço do viruals.

  11. Exercito, taxa de mortalidade baixa (jovens que fazem atv fisica).

    Embora morram poucos, contaminam muitos. Cada militar contaminado trata com sua familia, amigos, etc. entao temos que ter cuidado para nao matarmos quem esta ao nosso redor, pois daqui a pouco dirao que somos a instituição que mais trasmite covid ao povo.
    Senhores nao descuidem, essa doenca é mortal. Os senhores da guerra que a menosprezam nunca foram a uma guerra, nunca atiraram em nada que não fosse um alvo de papel.

    1. Seu comandante é indisciplinado então, pois recebeu diretrizes para nao fazer. Chame a imprensa, vamos ver a carreira mediocre dele acabar em 3, 2… Vai ficar lindo a imagem do exercito arranhada, como um foco de difusão de covid-19 para a sociedade, por conta do ego dele. Vamos ver como a opinião publica dos pagadores de impostos se manifesta, afinal servimos a uma sociedade, nao a senhores feudais.

  12. No Rio de Janeiro, o prefeito/governador decretaram a antecipação dos feriados do mês de Abril, porém, inexplicávelmente, algumas OMs a grande maioria da vila militar não seguiram. Isso provocou uma grande dificuldade para os militares, principalmente porque está tudo fechado, os transportes reduzidos e as escolas fechadas. No discurso para imprensa é tudo muito bonito, mas na prática a realidade é outra. Inclusive formaturas continuam acontecendo, porém escondias

  13. Infelizmente ninguém será capaz de resolver os problemas de saúde, apenas aliviar.

    Como Jesus disse, conforme as escrituras: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.”

    Jesus disse aliviar e não curar os doentes, exatamente isso que deve acontecer atualmente, todos os remédios, vacinas, etc, apenas aliviam os sofrimentos mas não curam totalmente.

    Tanto esforço, tanto gasto de dinheiro e energia, mas no fim ninguém escapa vivo dessa vida. Devemos nos concentrar em viver bem cada minuto independente da situação, o principal é ter mais vida nos dias e não mais dias de vida com sofrimento.

  14. O rodízio de pessoal em expediente não acontece em todas as OM. Esse general só falou besteiras. Na minha OM tudo está normal em suas atividades. Covid só tem do portão pra fora.

  15. Aqui na OM em que sirvo continuam as formaturas (das companhias e a geral da OM). A única diferença é que não tem desfile. Além disso, outra OM que fica próximo daqui quase ninguém usa máscara. Ainda não é obrigatório lá.

    Em suma: existem atualmente dois Exércitos: um para consumo da imprensa e sociedade e outro real totalmente diferente.

    P.S.: o Fiscal ameaçou recentemente solicitar ao Cmt fazer expediente nas sextas à tarde e em feriados para fazer faxina. Ou seja, o país tendo mais de 3.000 mortes diárias e o cara se preocupando com faxina!!

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