Militares criticam fala de Lula e veem dificuldade para 2022

Lula: é provável que petista tenha sentido vontade de disputar o noticiário negativo com Bolsonaro. Conseguiu
Imagem: montagem sobre foto reprodução do Youtube

Sob reserva, oficiais-generais se queixam de ataque ao ex-comandante Villas Bôas

Igor Gielow
SÃO PAULO

O discurso de volta ao palco político de Luiz Inácio Lula da Silva foi acompanhado com atenção por uma categoria em particular: os militares. Tanto entre oficiais da ativa quanto da reserva, as queixas foram várias, antevendo o que chamam de dificuldades para 2022.
A principal foi a crítica direta feita por Lula ao general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército (2014-2019) que em abril de 2018 pressionou o Supremo Tribunal Federal a não conceder um habeas corpus que evitaria a prisão do petista.
O ex-presidente afirmou que exoneraria o general caso o episódio tivesse ocorrido em seu governo —o inquilino do Palácio da Alvorada era Michel Temer (MDB). E deu um recado: política é assunto de civis, não de fardados.
Especialmente entre oficiais-generais do Exército, Villas Bôas é considerado um ícone. E ele está com a comunicação precária, devido à doença degenerativa que lhe tirou movimentos e voz. Logo, na visão de militares ouvidos, estaria incapacitado de debater com Lula.
O famoso tuíte do general, às vésperas do julgamento no Supremo Tribunal Federal do habeas corpus, foi revisitado por obra do próprio ex-comandante, em livro-depoimento lançado no mês passado.
Ao envolver todo o Alto-Comando na confecção da nota, colocou três ministros de Jair Bolsonaro e o atual comandante da Força, Edson Pujol, na confusão —ao menos um ministro, Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), negou ter participado da discussão.
Ao separar quartel de ministério e palácio, Lula ecoa de toda forma a vontade de Pujol e dos comandantes da Marinha e da Aeronáutica de tentar desvincular-se do governo Bolsonaro, com o qual a classe militar é identificada —a começar pelo presidente, capitão reformado do que chama de “meu Exército”.
Mas um almirante notou que, se isso soa sensato àqueles que não concordam com a adesão em massa de oficias-generais à administração atual, cutucar Villas Bôas reforçou a ojeriza usual que as Forças Armadas nutrem em relação a Lula e ao PT.
Ela foi explanada didaticamente por Villas Bôas em seu depoimento, no qual faz um paralelo entre o crescente antipetismo nas Forças com a ascensão de Bolsonaro, culminando na formação do governo.
Assim, a volta de Lula ao jogo de 2022, caso sejam mantidos seus direitos políticos até lá, é vista como um potencial problema para os militares —as Forças são órgãos de Estado, mas estarão colocadas no debate como parte de um dos lados da disputa.
Um coronel da Força Aérea considera que será um paradoxo incontornável para os fardados. Para ele e oficiais de graduação superior ouvidos, haverá dificuldades claras de diálogo caso Lula de fato seja candidato e tenha chances de ganhar.
Como colocou um desses fardados, como seria uma transição após o esgarçamento da relação com o petismo? O próprio Lula acenou com uma de seus truques de salão, ao dizer que em seu governo houve prioridade com o gasto militar.
De fato, o maior acordo bélico da história brasileira, com a França em 2009, foi assinado por ele. Mas os militares não distinguem Lula de Dilma Rousseff (PT), a quem nutrem verdadeiro horror por ter patrocinado a Comissão da Verdade, que veem como instrumento revanchista.
Também, na média, não há dissociação entre o ex-presidente e toda cornucópia de corrupção revelada pela Operação Lava Jato. Entre fardados, mesmo após o racha com Bolsonaro, o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro é visto com grande estima.
Lula também foi duro com a opinião do Clube Militar, que criticou a decisão do ministro Edson Fachin que devolveu os direitos políticos de Lula, chamando o ex-presidente de ladrão. Desprezou a opinião do presidente do órgão, general Eduardo José Barbosa.
A temperatura agora deve baixar, exceto que Bolsonaro tome para si as dores fardadas. Na ativa, a lei do silêncio decorrente do episódio do tuíte de 2018 segue, por ora, valendo.
FOLHA/montedo.com

13 respostas

  1. Lembram da declaração do mito (na porta do Palácio)
    Bolsonaro deixa claro que NÃO PRETENDE corrigir as chamadas “distorções” na reestruturação dos MILITARES. Irritado, diz que seria bom que fossem para o REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA.
    Queria ver os militares no teto da previdência, em torno de R$ 6.000,00 (kakakaka).

      1. Doi menos pq não foi com vc o prejuízo, com certeza deve ser Of General ou é parente. Esse assunto da distorção em decorrência da lei não morrerá nunca.

  2. Para muitos as grandes questões do País ficou resumida a reestruturação da carreira, como se nada mais houvesse em plena pandemia … isto explica tudo…

    1. Grandes questões do país nada foi resolvido, arroz a 35,00 feijão a 8,00 carne a 40,00 gasolina a 6,00…se aliou ao centrão, aumentou os ministérios…

    1. Os jornais falam em 3 bilhões de dólares de corrupção nos anos do Governo PT. Oremos
      Isto equivale a 12000 reais por morador de fortaleza, um prédio com 100 moradores receberia 1,2 milhöes de reais. Um carro forte por prédio…imaginem Orando

  3. Não haverá opções para os militares em 2022! Ou votam no Bolsonaro ou irão passar fome com a família em um governo do lalau livre! Ou será que tem algum idiota que acredita que o sapo barbudo fará alguma coisa para corrigir as distorções do PL? Políticos já não gostam de militares…da esquerda então…Virão com tudo para cima de nós! O céu será o limite para as maldades: teto do INSS para o pessoal da ativa…fim da paridade para os da reserva…anos sem aumento algum! Acham impossível? Claro que é possível! Politicos e a justiça darão o suporte necessário para transformar os militares em indigentes! Talvez criem, até, uma “guarda bolivariana” nos moldes da Venezuela! Com doutrina própria e muito investimento! Será o braço armado da esquerda para oprimir os opositores e suplantar as forças (des)armadas! Eles vão querer vingança!

    1. E o Bolsonaro que disse quer ir pro Regime Geral da Previdência também não resolveu nada, criou-se esperança que não veio.
      Sendo Lula ou Bolsonaro, os graduados já vão se ferrar do mesmo jeito.

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