Pesquisa sobre militares no governo tem más notícias para as Forças Armadas

Oito dos 22 ministros de Bolsonaro são militares, a maior participação das Forças Armadas em um governo desde a redemocratização - Equipe de transição/Rafael Carvalho

Chico Alves
Colunista do UOL

À primeira vista, a pesquisa divulgada há poucos dias pelo Instituto Paraná sobre “Avaliação da imagem dos militares no governo” traz índices positivos para a turma da caserna. Em muitos temas, o percentual de respostas favoráveis aos representantes verde-oliva são preponderantes. Porém, para uma instituição que nas últimas décadas era tida pela população como a mais confiável, é surpreendente a taxa de manifestações negativas para as Forças Armadas.
A começar pela primeira pergunta: a participação dos militares no governo Bolsonaro é positiva ou negativa? Os que avaliam bem somam 50%, os que avaliam mal, 36,4%.O que parece uma boa notícia para os fardados, não é tanto assim. Basta que apenas 7% dos majoritários mudem de ideia para que a avaliação dos militares passe a ser ruim.
Risco parecido pode ser verificado em três outros temas: se a participação das Forças Armadas no governo de Jair Bolsonaro compromete a imagem dos militares (53,6% dizem que sim e 40,7% respondem que não); se a participação dos fardados compromete o governo (55,1% acham que não, 39,1% acreditam que sim); se o fato de ter mais militares influencia de forma negativa ou positiva na hora de votar (40,3% avaliam positivamente e 34,7% negativamente).
Quem verificar a pesquisa Datafolha de abril de 2019 sobre quais instituições são consideradas mais confiáveis pelos brasileiros vai constatar que as Forças Armadas ganhavam de lavada. Nada menos que 45% dos entrevistados diziam confiar muito no Exército, na Marinha e na Aeronáutica. A avaliação positiva tinha crescido 8% em relação a oito meses antes.
Diante disso, era de se esperar números melhores para o grupo originário da caserna na pesquisa sobre participação no governo.
Procurado pela coluna, Murilo Hidalgo, diretor do Instituto Paraná, confirmou essa impressão. “Não fosse a associação com Bolsonaro, a avaliação dos militares seria muito melhor”, afirmou.
O dado mais positivo para as Forças Armadas talvez seja que 62% das pessoas ouvidas acreditam que não há risco de golpe. Apesar disso, à pergunta sobre se com a participação dos militares o governo Bolsonaro se tornou mais autoritário, 49,8% dos entrevistados responderam que sim e 44,8% opinam que não.
Mais à frente, surgem respostas contraditórias a duas questões parecidas. Enquanto 53% dos entrevistados avaliam como positivo o desempenho dos fardados na pandemia (talvez por ter em mente o esforço de soldados e oficiais para levar oxigênio a Manaus, durante o pico da crise), em outro tópico 44,3% dizem que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello (um general da ativa), teve participação negativa no combate ao coronavírus (32,7% dizem que teve ação positiva).
Nos quartéis, a pesquisa deverá ser analisada com atenção. A turma da caserna tem preparo bastante para saber que os dados, aparentemente favoráveis, são, na verdade, motivo de preocupação.
O representante do Instituto Paraná resume bem o que resulta dessa simbiose entre militares e governo federal: “O único que sai ganhando é Bolsonaro”, diz Murilo Hidalgo.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
UOL/montedo.com

5 respostas

  1. Utilizando-se de um raciocínio sofista, este tipo de jornalismo falacioso conduzido pelo Chico Alves, um dos colunistas “sérios” e “imparciais”da UOL, representa o cinismo da imprensa mainstream que ao minimizar a pesquisa favorável às FFAA, tenta desqualificar o incontestável.

  2. Achei até as avaliações positivas pelo tanto de presepadas cometidas… Mandos… Desmandos… Muito falatório e pouca ação… Algo típico de militares… Sinceramente achei essa avaliação positiva demais… para o que nos é apresentado atualmente…

  3. “Não se chora sobre leite derramado “ . “ Quem escreve a história são os vencedores ,não são os vencidos “ . A questão é. Qual o papel projetado para as forças armadas brasileiras e militares , na possibilidade da esquerda voltar a governar o Brasil ( Lula ). Quem ,como eu e muitos outros que viveram antes e depois, do movimento de 64, ,dentro das forças armadas. Sabem. Mas há como visualizar um cenário futuro . Basta assistir as ultimas postagens ,nas mídias digitais, dos presidentes Lula, Dilma ; do José Dirceu ETC.. Resumirei uma resposta do Lula ao entrevistador ,quando perguntado sobre a questão militar. “ NÃO DEMOS A DEVIDA ATENÇÃO AOS MILITARES, DEIXAMOS SUAS AÇÕES AOS SEUS , RESPECTIVOS COMANDANTES ; EM UM MEU NOVO GOVERNO ,ESTÁ DENTRO DAS MINHAS PRIORIDADES DE GOVERNO , ESSA QUESTÃO COM OS MILITARES. “. Para um bom entendedor , uma palavra diz tudo.
    Também caberia ser perguntado aos militares , Quem comandou as forças armadas ,para permitir que as forças armadas brasileiras ,pela percepção que tem o povo brasileiro , de que este governo é um governo militar. Seria bom saber o resultado dessa pesquisa. O tempo responderá. O que mais me surpreende ,desde meu tempo de escola militar, “ ´´ EXÉRCITOS E MILITARES NÃO SERVEM A GOVERNOS E NÃO FAZEM POLÍTICAS PARTIDÁRIAS “ Mudou a doutrina e eu estou perdido no tempo e no espaço. E agora José . Acho que seria eu me dizer: mané

  4. A única verdade é que quando ganhava de lavada como a instituição mais confiável não trazia nenhum benéfico ou ganho para os militares em geral. Agora que não alcançou os números esperados., também não vai ter nenhum ganho. Ou seja não muda nada.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo