Luna nega intervenção de Bolsonaro e diz que produtos finais da Petrobras são para as pessoas

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General diz que, mesmo que quisesse, presidente não poderia intervir: ‘política de preços é responsabilidade da diretoria’

Vinicius Sassine
BRASÍLIA

Indicado por Jair Bolsonaro para presidir a Petrobras, em meio à insatisfação do presidente com a política de preços da estatal, o general da reserva Joaquim Silva e Luna disse à Folha na tarde deste sábado (20) que a empresa está “no meio da sociedade” e que seus produtos finais, como combustível e gás, se destinam às pessoas.
Mesmo assim, o general nega a possibilidade de Bolsonaro intervir na estatal e na política de preços praticada pela empresa. “Jamais haverá ingerência do presidente. Ontem, na nossa conversa, ele não falou nada disso”, afirmou Luna.
A conversa decisiva para sua indicação à presidência e ao conselho de administração da Petrobras ocorreu na sexta-feira (19), segundo o general, que atualmente é o diretor-geral de Itaipu Binacional. As primeiras conversas ocorreram durante o feriado de Carnaval, mas com o assunto girando mais em torno de “assuntos econômicos em geral”, conforme o general.
“Fui indicado ontem [sexta] pelo presidente, ainda serei referendado pelo conselho de administração. Há um caminho, um processo. Seria precipitado falar de Petrobras. Ainda não posso falar como se já estivesse sentado na cadeira de presidente”, disse.
Mesmo assim, o general expressou algumas impressões sobre a política de preços vigente.
“Existem os dados abertos: barril de petróleo a US$ 60, dólar muito alto. Estes dois fatores interferem na política de preços.”
O diretor-geral da Itaipu deu um exemplo para ilustrar sua visão sobre a função de empresas estatais como a usina hidrelétrica e a Petrobras: “Uma empresa está no meio da sociedade. Itaipu investiu R$ 50 milhões em Foz do Iguaçu [PR] para combater a Covid-19. O rei que mora no castelo, quando sai do castelo, ele vai andar na rua.”
Uma intervenção por Bolsonaro na Petrobras seria inviável, segundo o general.
“Mesmo se o presidente quisesse intervir, não tem como. A política de preços é responsabilidade da diretoria executiva. A decisão é colegiada. O presidente da Petrobras é um desses diretores.”
Antes de ocupar, desde o início do governo Bolsonaro, o cargo de diretor-geral de Itaipu Binacional, Luna foi ministro da Defesa no último ano do governo de Michel Temer. Foi a primeira vez que um militar esteve no cargo de ministro da Defesa desde a criação da pasta, em 1999.
Se for confirmado presidente da Petrobras, o general reconhece que desempenhará uma função completamente distinta da exercida no ministério, ao qual estão vinculadas as Forças Armadas, e em Itaipu Binacional, uma empresa que tem a gestão compartilhada com outro país, o Paraguai.
“Trabalhei muitos anos com orçamento. Dos cinco anos que fiquei na Defesa, quatro foram trabalhando com orçamento. Aqui, em Itaipu, cuidei de cortar custos e reduzir despesas. Agora é mercado, é completamente diferente, é outra coisa”, admitiu.
Os diretores da usina que também são militares não devem acompanhar Luna na Petrobras, em caso de confirmação de seu nome pelo Conselho de Administração. Segundo o general, essa possibilidade existe para três assessores diretos seus, mas isso ainda não está decidido.
A indicação ao cargo de presidente da Petrobras não se deu nem por ser general nem para atender aos desejos do presidente, conforme o militar. “Se ocorrer essa percepção, ela é 100% falsa.”
O general afirmou que, efetivado no cargo, buscará soluções de forma colegiada e consensual. A afirmação foi feita em resposta a um questionamento sobre eventual mudança na política de preços da Petrobras.
“Em Itaipu, tudo é consenso, tudo é colegiado. Tem de convencer com argumentos. É preciso apresentar argumentos para que se possa medir, mensurar”, disse.
O ex-ministro da Defesa faz uso de uma teoria, chamada Paradoxo de Abilene, para exemplificar como é preciso agir em decisões colegiadas. Por esse paradoxo, pessoas tomam decisões com base na suposição de como outros integrantes de um grupo vão decidir, mesmo que isso contrarie a vontade própria inicial.
“Ninguém concordava com a decisão de ir a uma cidade (Abilene, no Texas), e todos foram a essa cidade”, afirmou o general, citando o paradoxo.
Luna afirmou não ter outra informação senão a de que diretores executivos da Petrobras permanecerão nos cargos. Caso seja confirmado pelo Conselho de Administração, ele substituirá o atual presidente da estatal, Roberto Castello Branco.
A política adotada em Itaipu, de fazer investimentos em áreas distintas da usina, chamou a atenção do presidente, segundo o general. “Minha atitude é de gestor público, não de general. A figura de general é apagada. A parte militar não foi valorizada nem para ocupar o cargo de ministro da Defesa, nem para Itaipu, nem agora, com essa indicação”, afirmou.
Na conversa “decisiva” com o presidente, na sexta, Luna disse que “se for para servir o Brasil, estou pronto.” “Não temo o gigantismo desse desafio.”
FOLHA/montedo.com

18 respostas

  1. Excelente gestor na Itaipu espero que tenha êxito na gestão da Petrobras, ah daqui a pouco começa a choradeira dos abandonados pelo mito kkk todos ganhando bem e reclamando olhem ao seu redor e vejam qtos pais de família e Alan para ter dignidade

    1. Ainda bem que nem todo militar é bolsonarista. Hoje sou antipetista e antibolsonarista. A geração mais nova de militares está investindo em bolsa de valores. Essas alopradas do Bolsonaro a la Dilma prejudicam quem investe em Bolsa.

      Hoje estamos reféns da pauta dos caminhoneiros.
      Quem investe em Bolsa quer previsibilidade na Economia. Como acontece nos países desenvolvidos.

      O brasileiro não aceita mais instabilidade econômica.

      Bolsonaro está plantando inflação e vai colher ela em 2022.

      É burricídio!
      Sacrificar resultado de longo prazo para resolver problemas de curto prazo.
      Não sei como ele vai resolver essa enrascada em que se meteu.
      Se não quer intervir no preço, por que trocou o presidente da Petrobras?
      As pessoas não são idiotas.

      1. Ainda bem que vc não sabe mentir e é não é militar . O outro, nem farda tem e diz que vai apanhar na rua, tentando gerar espirito de covardia e abandono. É o típico bolivariano. Quem está gerando instabilidade econômica e politica é a elite de sempre; sindicalistas de todo tipo, empresários atravessadores, diretores de estatais, empresários que perderam na Lava Jato, OAB, grandes mídias, congressistas envolvidos em corrupção, especuladores do mercado financeiro e a insegurança jurídica.

        Eu falei aqui que com a queda do Trump iriam vir com tudo contra o Bolsonaro, para derrubar. Nós temos uma ditadura de esquerda instalada no Brasil. Já deram uma pequena mostra das sabotagens que virão com o incêndio na plataforma P48, as manifestações de domingo e com as regras constitucionais quebradas para satisfazer interesses dos partidos de esquerda.

      2. Geração mais nova é que investe em bolsa de valores?

        De onde tirastes isso, jovem?

        Antipetista/Antibolsonarista?

        Experimente SER militar, apenas isto, ok?

        Cuidado com essas pechas de anti isto ou aquilo, cuidado com esses conceitos criados para nos dividir.

        Abçs

  2. Já houve intervenção General! E Bolsonaro já avisou que vai intervir no setor elétrico para baixar preço.
    É o roteiro petista no poder. Represar os preços de combustíveis e eletricidade até a eleição e depois liberar tudo de uma vez, pressionando a inflação. Uso político descarado da Petrobras e da Eletrobras.
    Vamos ver até quando o Guedes aguenta.
    Dilma, o Retorno.

    1. Se o governo resolver privatizar, esses R$ 28 bi vão ser casquinha de siri. Em 2016 as ações chegaram a R$ 4,00 e não vi vc abrindo a boca para falar alguma coisa.

      1. A maior queda da história da Petrobrás não foi em 2016, foi em março de 2020. Em 2016 foi o valor mais baixo desde 2008, em termos de valor de ações. Agora a intervenção do governo levou junto míseros 28 bilhões. A perda estimada pela corrupção entre 2004 e 2012, foi de 6,19 bilhões. Hoje a nova fala do presidente fez despencar novamente as ações na bolsa. Se não querem seguir as regras do mercado, bastaria tirar a Petrobras da bolsa, e passar o controle para o governo e aumentar a participação da China como no caso da exploração do pré-sal.

        1. De qualquer forma alguns compraram os papéis e não foi pensando em perder dinheiro. Quem vendeu, vendeu. E a Petrobras continua no mesmo lugar. E não houve nenhuma quebra de regr do mercado. Quem insinuou isso foram os mídias. Daqui um tempo vai ter gente rindo muito. enquanto alguns choram agora.

          1. Não é muito difícil achar as declarações gravadas de Bolsonaro sobre a intervenção na Petrobras, muito menos saber que ele colocou (mais um) general lá, tudo na esteira das reclamações dos caminhoneiros. Basta ler o matéria acima e o discurso de que “que seus produtos finais, como combustível e gás, se destinam às pessoas” …

          2. Não vejo nenhum erro nisso. Afinal é uma empresa mista com comando estatal. Se os chineses estão incomodados que vendam as ações eles. Alguém irá comprar.

        2. Amiguinho, queda do preço das ações não significa que a empresa vai valer 28bi a menos para todo o sempre. Daqui a pouco tempo as ações sobem e retoma o preço. Isso é o mercado de ações, varia mesmo e muito e por diversos motivos, inclusive especulação (como é o caso). Agora, falar dessa forma que foi colocado na imprensa, como se 28bi fosse um prejuízo da empresa é desonestidade intelectual.

  3. Vai pra frente Presidente da Petrobras Gen Joaquim Luna e Silva organiza essa Empresa! Tem Diretores ganhando fortunas inconcebível num País de Terceiro Mundo! O limite é 39.000,00 Reais com o teto máximo previsto na CF! Poe ordem na casa! Boa sorte!

    1. Quando houve Brumadinho a VALE perdeu valor de mercado. Hoje as ações valem quase 100% mais. Valor de mercado é importante quando a empresa está à venda. Ações estão vinculadas à lei de oferta e procura. Garanto que muita gente comprou PETR4 a R$ 11,00 em 2020 e vendeu a R$ 20,00 hoje. Lucrão em 1 ano, não acha?

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