Empresário da ‘máfia dos uniformes’ é o terceiro maior fornecedor de materiais para o Exército

militares marchando

LUIZ VASSALLO
ANDRÉ SPIGARIOL

A terceira empresa que mais forneceu materiais ao Exército Brasileiro em 2020 pertence a um empresário atualmente no banco dos réus por fraudes na chamada “máfia dos uniformes”, que atuou nas redes de ensino de São Paulo e do Paraná.
A firma recebeu, desde 2015, 125 milhões de reais do governo federal. No ano passado, celebrou contratos que, somados, chegam a 56 milhões de reais para fornecer sapatos, capas de chuva e sacos de equipamentos para as tropas.
O empresário Julio Manfredini ficou conhecido em razão do esquema que chegou a atingir o alto escalão do tucanato paulista. Um ex-diretor de uma das empresas do suposto cartel, criado para fraudar o fornecimento de kits de uniformes, afirmou em 2012 que o empresário era o responsável por negociar propinas em troca de contratos com Alexandre Schneider, vice na chapa do então candidato à prefeitura de São Paulo, José Serra.
Manfredini acabou denunciado por fraudes à licitação em São Paulo e Londrina, mas Schneider escapou ileso.
A empresa de Manfredini que integrou a “máfia dos uniformes” chamava-se Capricórnio. Em meados de 2014, no entanto, o executivo criou a EBN Comércio, Importação e Exportação, que, desde então, tem firmado vultosos contratos com o governo federal, especialmente com o Exército.
Apesar de, no papel, as empresas serem diferentes, quando a reportagem de Crusoé ligou para o telefone registrado na Receita Federal em nome da EBN, ouviu a seguinte mensagem: “Você ligou para a Capricórnio SA, digite o ramal desejado, ou aguarde para ser atendido”.
O determinante para que a EBN figurasse em terceiro lugar no ranking dos fornecedores de materiais às tropas foi uma licitação de uniformes em que a empresa levou o principal lote, de 634 mil sapatos, que custaram 52 milhões de reais aos cofres públicos — o valor unitário é de 84 reais.
A concorrência contou com a participação de 15 empresas. Os outros lotes da licitação eram destinados ao fornecimento de jalecos, fronhas e conjuntos de camas. Somados, esses outros itens custaram 5,5 milhões de reais. Segundo apurou Crusoé, até o momento, o material não foi entregue, e nem os pagamentos foram feitos pelo Exército.
A Crusoé, o advogado Carlos Kauffmann, que defende Manfredini, ressaltou que as ações contra seu cliente ainda não foram julgadas. “Cada nova prova juntada nos autos dos processos tem confirmado sua inocência”, disse.
Procurados, o departamento jurídico da EBN e o Exército também não se manifestaram.
Crusoé/montedo.com

15 respostas

  1. Exército de faz de conta. Acho que uma vez só usamos uniformes descentes, e eram americanos. Ponchos que encharcam, tamanhos irregulares, tecido ruim, modelagem ultrapassada, botas sem conforto, caros e obsoletos. Mesmo que eu vá fazer um sob medida, pago por um uniforme americano e recebo um trapo. Será alguém com altos estudos que cuida disso? Ou alguém que só serviu em QG? Ou boquinha Boa?

  2. Uniformes que no calor…aquecem mais e no frio…deixam o militar congelado! Tecidos vagabundos que não permitem a transpiração em um país tropical! E são uniformes caros pelo material que oferecem! E, um país pobre como nosso, deveria ter um único uniforme, operacional, para todos os usos, e um uniforme para TFM! Tem uniforme que só usei uma meia dúzia de vezes em duas décadas de serviço! Túnica branca, cinza, VO…quanta inutilidade…

    1. Você, para defender este lixo que é fornecido, deve estar no meio disto tudo…ou é um militar “ar condicionado” que só suou, um pouco, na escola de formação…

  3. Concordo! Esses uniformes fornecidos pela cadeia de suprimento são uns lixos! Não servem nem pra pano de chão! Uma vez fui distribuir macacões de blindado e fiquei revoltado, os macacões tamanho G talvez servisse numa pessoa de 120 kg. Uma vergonha essas comissões de compra e recebimento aceitarem isso! Deveriam ser auditadas! Nem soldado EV quer esses uniformes! O DAbast pelo amor de Deus! Tome providências!

  4. Verdade.

    Comparem o cinto NA e o suspensório VO modelo americano que usávamos com os modelos atuais.

    E o tênis que é pago ao soldado recruta? Certa ocasião era tão “xing ling” que no primeiro uso apareceram diversos soldados com o tênis com o solado descolando.

  5. Servi com um Ten QAO que quando tinha formatura com a túnica ele entrava em forma com a copia do BI que descontou o valor do tecido comprado em um Batalhão de Suprimento. Lavou uma vez e saiu a cor. Bom para ele que normalmente era mandado sair de forma dado a discrepância do resto da tropa. Servi em uma OM que recebia um tipo de bota de tecido camuflado cuja costura obrigava os soldados a usarem dois numeros acima. Na OM era chamado de uniforme do pateta.

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