Rêgo Barros diz que não tinha autoridade para repreender falas de Bolsonaro

O porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, fala à imprensa, no Palácio do Planalto. Otávio Rêgo Barros, porta-voz do Palácio do Planalto (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

O general Otávio Santana do Rêgo Barros, ex-porta-voz da Presidência da República, revelou que, durante a sua permanência no cargo do governo, não tinha autoridade para repreender as falas polêmicas do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).
Ao ser questionado no programa “Conversa com Bial”, na madrugada de hoje, se possuía autoridade para ‘puxar a orelha’ do presidente quando, por exemplo, o mesmo falou “E dai?” no momento em que o país atingiu o número de 5 mil mortes pelo coronavírus , o general afirmou: “Eu não tinha”.
“Foi uma falha minha. Eu, infelizmente, não tive a possibilidade de poder colaborar com o presidente, mas muito gostaria”, lamentou o ex-líder da comunicação institucional da presidência em sua primeira entrevista após ter sido removido do governo.
O general Rêgo Barros atuou como porta-voz do governo desde janeiro de 2019, quando teve início a gestão de Bolsonaro. No entanto, ele acabou sendo exonerado em outubro deste ano após a função que ocupava ser extinta com a criação do Ministério das Comunicações. Muito antes da demissão, porém, ele já vinha sendo subaproveitado pelo governo. Os briefings, diários com a imprensa para falar sobre ações do governo, foram extintos ainda no final do ano passado.
Para o general, o hábito de Bolsonaro em parar no “cercadinho”, situado na frente do Palácio do Alvorada, para conversar com a imprensa e seus apoiadores, tornou a função do porta-voz sem sentido.
“Desde o final do ano passado, o presidente começou a optar em fazer uma comunicação mais direta, que competia com a comunicação técnica do porta-voz e aí já não havia, obviamente, mais espaço, nem temporal e nem espaço técnico, para dar continuidade ao trabalho do porta-voz”, explicou ele.
“Eu fui comunicado pelos ministros [Luiz Eduardo] Ramos e [Walter] Braga Netto da decisão da extinção do cargo de porta-voz”, relembrou o general, que disse ter ficado muito entusiasmado quando Bolsonaro o convidou para assumir a posição.
Atualmente, o Ministério das Comunicações é responsável pela interlocução com a imprensa.

Cercadinho
Sobre o ‘cercadinho’, espaço destinado aos jornalistas que faziam perguntas a Bolsonaro, sempre com a presença de seus fiéis apoiadores presentes ao lado, o apresentador Pedro Bial perguntou: “a escolha do ‘cercadinho’ para se comunicar foi um desastre ou foi um desastre, general? “.
“Olha, eu diria que não foi tecnicamente a escolha mais adequada”, respondeu o entrevistado. “Tecnicamente, fica muito difícil de você estabelecer uma estrutura comunicacional com a sociedade colocando na linha de frente a autoridade principal que promove a geração da informação”, ponderou o ex-porta-voz.

A despedida
A exoneração do general Rêgo Barros foi oficializada no Diário Oficial da União no dia 7 de outubro de 2020, assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto.
De acordo com o ex-porta-voz, Bolsonaro não se despediu dele. “O presidente, provavelmente, não teve a oportunidade de se despedir de mim”, lamentou. “O general Ramos fez uma cerimônia para mim na Secretaria de Governo. Foi um exemplo de como fazemos nas Forças Armadas; nos despedimos que trabalhamos todo a todo, cotovelo a cotovelo, depois de um período”, exaltou.
Ao concluir o assunto, o general fez um balanço geral do seu trabalho no Governo Federal: “Eu cumpri o meu papel que era possível ser cumprido, com a minha equipe unida, coesa e com objetivos profissionais muito bem definidos”.
Agora, de olho na nova etapa de sua vida, o geral Rêgo Barros adiantou que gostaria de colaborar com projetos para o país e já foi consultado por pessoas que integram o Instituto General Villas Bôas, e que “pensa o Brasil no futuro”.

Carreira
Nascido no Recife, em 1960, Otávio Rêgo Barros ingressou na carreira militar em 1975 como aluno da Escola Preparatória de Cadetes do Exército e, em 1981, foi declarado Aspirante a Oficial de Cavalaria.
Entre as missões como oficial general, comandou a força de pacificação nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, e a segurança da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio + 20. Atuou também na Cooperação Militar Brasileira no Paraguai e na Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti.
Antes de ser nomeado porta-voz do governo por Bolsonaro, o general Rêgo Barros foi chefe do Centro de Comunicação Social do Exército e um dos principais responsáveis ​​pela política de comunicação do Exército durante o comando do general Eduardo Villas Bôas.
O “Conversa com o Bial” vai ao ar de segunda a sexta-feira após o Jornal da Globo.
UOL/montedo.com

14 respostas

  1. Tadinho, ele se desfez das praças se sentindo um sangue azul, se referindo a nós, como estamento inferior. Quem sempre ajudou o Presidente desde o início em 1989, foram os graduados . O generais renegavam o então deputado e o viam como um inimigo.

    1. Foi tarde por quê? O que ele fez de errado durante o período em que esteve na função? Qual foi a atitude ou fala reprovável dele durante todo o tempo em que esteve como Porta-voz da Presidência da República?

  2. Aquela velha história! Mamou e mamou nas tetas até última gota de leite, mas quando acabou, quis falar mal.

    Sempre é assim! Generais estão acostumados a mandar e desmandar, porém apenas dentro do mundinho chamado forças armadas, mas quando saem deste local percebem que aqui fora no mundo civil as coisas não funcionam assim, ou seja, não tem ninguém para colocar tapete vermelho no chão para eles passarem, não tem ninguém para puxar saco, ninguém para ser subserviente a eles e toda aquela mordomia que os mesmos estão acostumados na vida militar.
    É Sr Gen! A sua mordomia acabou! Tem que dar graças a Deus todos os dias, pq ainda vai para a casa com uma excelente remuneração e nem era para estar falando nada.

    1. Foi o que eu tnha comentado em uma matéria anterior.
      “Muito em breve, ele será mais um a falar mal do governo”.

      Acabou a boquinha, acabou o amor.

      1. Diretamente, não. Mas, quando TUDO é usado pela mídia para atacar o governo, o general teve a escolha de não dar a entrevista. Ou o mesmo foi obrigado?

  3. Pois é General, agora terá de pagar água, luz, IPTU, fazer rancho, abastecer seu carro, não terá auxiliares para fazer as coisas para o senhor, se quiser comemorar seu aniversario, terá de pagar o bolo e salgados, contratar e pagar garçons, pois o Fiscal não mais vai fazer meio de campo com o Aprov e não mais desfrutará dos serviços gratuitos dos Cabos e Soldados. (estamentos inferiores)
    Sentira falta dos serviços gratuitos, os quais desfrutou por mais de 4 seculos. O cafezinho, almoço ou jantar a ser oferecido para alguma autoridade se assim o fizer, será totalmente por sua conta. Enfim, tudo vai mudar e precisará de um tempo para se adaptar. As praças General, convivem com essa realidade desde os primeiros anos na caserna.

  4. Pois é, lei de ação e reação, ele não se deu conta que em relação ao presidente ele é “ESTAMENTO INFERIOR” e como o próprio General disse, os estamentos inferiores não devem se manifestar, cala a boca e vai pra reserva seu ESTAMENTO INFERIOR.

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