Forças Armadas dependem de munição comprada no exterior

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Paulo Ricardo da Rocha Paiva*
Ah! A munição para a defesa nacional? Que ninguém se engane, “eles” vão fechar a torneira no caso de um conflito! Para que se tenha uma ideia, em 2012, dois generais da alta cúpula, que haviam passado para reserva, afirmavam que o Brasil não tinha condições de reagir a uma guerra. É preocupante. “Posso lhe afirmar que possuímos munição para menos de uma hora de combate”, disse o general Maynard Marques de Santa Rosa, naquela ocasião ex-secretário de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais do Ministério da Defesa. E continua: -“Nos últimos anos, o Exército só tem conseguido adquirir o mínimo de munição para a instrução. Os sistemas de guerra eletrônica (rádio, internet e celular), a artilharia e os blindados são de geração tecnológica superada. Mais de 120 mil fuzis têm mais de 30 anos de uso. Não há recursos de custeio suficientes”, diz Santa Rosa. Ele deixou o Exército em fevereiro de 2010, demitido por Lula após chamar a Comissão da Verdade, que investigava casos de desaparecidos políticos nos governos militares, de “comissão da calúnia”. Ao final do ano passado, cheio de justa razão, solicitou exoneração da mesma secretaria, ao que tudo indica, por divergência com a cúpula governamental quanto à problemática da Amazônia.

Já o general Carlos Alberto Pinto Silva, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres (COTER), alto órgão que coordena todas as tropas do país, alertava: – “A quantidade de munição que temos sempre foi a mínima. Ela quase não existe, principalmente para pistolas e fuzis. Nossa artilharia, carros de combate e grande parte do armamento foram comprados nas décadas de 70, 80. Existe uma ideia errada de que não há ameaça. Mas se ela surgir, não vai dar tempo de atingir a capacidade para reagir.”

Em dezembro de 2014, este extrato de um “comentário geopolítico”, de autoria do coronel Gélio Fregapani, apresentava o seguinte quadro periclitante: -“Já há algum tempo tivemos informes de que a nossa única fabricante de munição leve, a CBC, poderia não ser brasileira e que teria sua sede numa ilha do Caribe, que ainda vendia munição para o estrangeiro por nove vezes mais barato do que para o nosso Exército. Se confirmados esses informes, isto caracteriza uma grave vulnerabilidade facilmente perceptível. O que confirmamos é que o próprio Exército tem bloqueado empresários que desejem fabricar munição no País, a pretextos burocráticos que não dá para aplaudir”.

Acrescentou ainda um “pequeno adendo” nos seguintes termos: – “Transcrito como recebido. Oculto a fonte para protege-la, mas revelarei se a notícia for falsa (parece que é verdadeira) Gélio Fregapani. U$ 6,00, este é o preço da munição 9mm brasileira CBC nos USA, que vende usando o nome MAGTECH; U$ 11,00, este é o preço nos distribuidores, ou seja, tem o frete do Brasil para os USA, impostos, frete para os distribuidores, margem de lucro do distribuidor; R$ 93,00, este é o preço que o EB paga. O Exército Brasileiro sabe o preço da exportação porque é ele que controla. Como uma caixa de munição 9mm, é exportada por U$ 6,00 vendida em um distribuidor nos USA ao redor de U$ 11,00 e o EB paga sem impostos R$ 93,00. Isto é uma transferência de recurso público para os cofres privados, um escândalo tão grande quanto o da Petrobras. São milhões e milhões. Vem acontecendo há tempos, todos sabem e não se faz nada. No mínimo é uma omissão do nosso querido EB.”

As indagações são muitas! A situação teria evoluído para melhor ou pior? Em verdade, de qual tipo de munição o País não depende de “compra” no exterior? A “IMBEL” ou a “CBC” estão capacitadas, por exemplo, a fabricar a munição para o armamento dos carros de combate “LEOPARD”? Para o material “GUEPARD” de artilharia antiaérea? Para os autopropulsados da artilharia de campanha (105/155)? No caso de não fabricar, os países que as “vendem” para nós, por um acaso, fazem parte do time dos “grandes predadores militares”? Imaginar que esses atores não vão fechar a torneira num conflito envolvendo nossas Amazônias verde e azul é “acreditar em Papai Noel”. A propósito, para que se tenha uma ideia, alguém ainda se lembra do que aconteceu com a argentina na Guerra das Malvinas com relação ao míssil EXOCET?

“A destruição da força-tarefa britânica só não foi total porque a então primeiro-ministro, Margaret Tatcher, exigiu e conseguiu junto aos franceses a entrega dos códigos de desativação daqueles mísseis fornecidos aos argentinos em grande quantidade, sob ameaça expressa de desencadear um conflito nuclear no Atlântico (dizem que ameaçou jogar uma bomba A em Buenos Aires). A partir daí, os EXOCET disparados pelos argentinos contra as embarcações britânicas não mais explodiam quando atingiam o alvo, pois eram desativados remotamente” (fonte Luis Nassif).

Mas então estamos perdidos, não há solução! Negativo! O Irã vem desenvolvendo mísseis balísticos desde a década de 1980, possuindo o maior número de mísseis implantados no Oriente Médio. O Brasil tem que denunciar o acordo humilhante que limita o País ao alcance ridículo de 300 km para seus vetores. Ah! Mas e as sanções? Atenção! Alguém já parou para pensar que o Irã, de certa forma, também sanciona, ameaçando retornar seu enriquecimento de urânio se as tais sanções dos “xerifes mundiais” não forem suspensas. Afinal de contas, o Brasil se dá ou não ao respeito como nação soberana? Esse é o primeiro passo! O “projeto vetor de respeito/VDR 1500/2500 Km” precisa/deve/tem que ser priorizado frente aos demais “sete” projetos previstos para o EB, alguns visionários, com prazos a perder de vista para conclusão e de pouquíssimo retorno dissuasório. Acorda Brasil!
*Coronel de infantaria e Estado-Maior

26 respostas

  1. – é meu amigo, essa insistência de reserva de mercado de armamento e munição, tem objetivo oculto, interessa a alguns que permaneça assim, se beneficiando desse exorbitante valor pago pelo Exército numa misera caixa de munição.

    – tem caroço nesse angu.

    – sim, pra aqueles que virão com a clássica choradeira insistente que não tem munição para 2 horas de guerra (guerra Kkkkkkkk), Jesus tenha dó dessas almas, os aviso o porque:

    SE GASTAREM VERBA ORÇAMENTÁRIA DAS FORÇAS ARMADAS PRA ADQUIRIR MUNIÇÕES GERAIS PARA INSTRUÇÃO E GUERRA (Rsssssss), VAI FALTAR DINHEIRINHO PRA PAGAR OS 10% da gratificação de representação PARA OS GENERAIS QUE INGRESSARÃO NA RESERVA.

    – Só rindo mesmo pra aguentar essa peça tosca de Ópera-bufa, versão brasileira dessa ópera cômica.

    – Tudo teatro pra mostrar-lhes que estão preocupadíssimos com essa constatação absurda, gerada por ex-comandantes do EB incompetentes e, de olho numa boquinha na Petrobrás, e, agora, no atual governo, nas ultimas décadas.

    – Tudo teatro.

  2. Não temos sequer munições, entretanto estamos entre os maiores do mundo(EB) isso só em contingente, desenvolvimento tecnológico, ruim, preparo atualmente ruim e já foi melhor. Só gastos com uma imensa reserva militar que produz efeito dominó em relação a pensionistas, quando militar da reserva está para pensionista. Tudo fruto da irresponsabilidade e má gestão. Projeto para reduzir contingente da reserva com efeitos em pensões é de minha autoria e veio como parte da Lei 13.954/19. SINTO VERGONHA.

    1. O cara vem citar LUIS NASSIF como fonte, e ainda vem pagar de CORONEL sem saber SEQUER que é um míssil BVR…..essa sigla se aplica a mísseis ar-ar. O míssil em questão é ar-superfície.
      Quanto ao alcance, 300 km usa-se como referência, devido ao Brasil ser signatário do MTCR, Tratado sobre limitação de mísseis, que RESTRINGE o alcance dessas armas apenas PARA EXPORTAÇÃO . Para uso do próprio país desenvolvedor/construtor, esse limite NÃO SE APLICA. Para aumentar o alcance de 300 para 1000 km, por exemplo, basta haver espaço suficiente no corpo do míssil, para acomodar mais combustível, Claro que o sistema de guiamento e navegação da arma também tem que ser compatível com esse alcance aumentado. E ainda ficam muitos mentecaptos pagando pau para um cara desse e somando as diarréias mentais. QP.

    1. Nossa fábrica de munição CBC,faz munição mas faz pouco ,pra atender FFAA,pms estaduais ,PRF,PF,cacs,guardas municipais e mercado civil,como agora aumentou o consumo do mercado civil está faltando ,o q as FFAA e demais forças policiais deveriam fazer era recarregar para treinamento q hoje não fazem em vez de choramingar q não tem,baratearia o treino de integrantes dessas forças e possibilitaria q esses integrantes pagassem seu treino o resto é lero lero

    1. O Brasil só conseguirá travar guerra depois que a grama estiver devidamente cortada, o “bigode” dos canteiros gramados feitos, sem cri-cri entre as pedras de paralelepípedos das alamedas e a faxina da Guarda estiver padrão, inclusive a forração das camas do Soldados. Se isso tudo não for feito antes os comandantes nem conseguem pensar em avançar contra o inimigo.

  3. Por um lado a CBC prioriza o mercado externo e do outro vc tem um monte de burocracias impostas pelo próprio EB com relação à instalação de novas fábricas de armas e munições. Das duas, uma: ou nao entende muito de política estratégica ou a preocupação com a tal “soberania nacional” é pura lorota!

    Em tempo: alguem aí se lembra da tal “emenda taurus”
    https://istoe.com.br/25153_A+EMENDA+TAURUS/

    1. Quando o ser humano surgiu nesse planeta recebeu tudo de graça não comprou nada, portanto não possui direito algum sobre as terras.

      Inicialmente esse planeta possuía pouquíssimos humanos e muitos recursos naturais que garantiria a sua sobrevivência tranquilamente, entretanto, não se sabe o motivo, viviam em guerras e conflitos desnecessários.

      A árvore genealógica do ser humano é muito complexa passando por várias etapas e diversos cruzamentos – Homo sapiens, Homo naledi, Orrorin tugenensis e etc – entretanto sempre a arte da guerra remota do seu instinto primitivo que nos temos como uma herança até nos dias de hoje.

      A cada dia surge uma nova “evolução tecnológica”, se podemos chamar isso de evolução, a arte de matar um grande número de pessoas ao mesmo tempo, se continuar nesse ritmo logo seremos a nossa autodestruição.

      Para o bem da raça humana devemos evitar as guerras e investir mais na saúde, educação e alimentação.

      Para segurança, deve-se manter o mínimo possível atender a demandas urgentes, como a mobilização de recursos humanos e materiais para socorrer pessoas em catástrofes ambientais.

      O fato que tudo isso vai demorar bastante para acontecer…..ainda temos muito que evoluir ainda.

      As armas nucleares são um meio de dissuasão eficaz para obter evitar conflitos ou obter vantagens, mas se o material radiativo não for usado, terá que ser descartado, da mesma forma que os resíduos das usinas nucleares, o descarte desse material em próprio território pode matar a própria população em caso de vazamento para o meio ambiente.

      Na realidade, ao longo do tempo, as grandes potências estão envenenando a própria população que estão morrendo aos poucos e não sabem disso.

  4. Ainda bem que temos militares altamente capacitados. Sugiro uma reunião entre os militares portadores de título de altos estudos. Certamente encontrarão uma solução rápida, viável e eficaz.

  5. Quando seremos independentes verdadeiramente de alguma coisa?
    Bolsonaro não veio para mudar tudo? O que mudou de janeiro de 2019 até agora?

    Enquanto isso o “mito” vem cantando:

    Nada, nada, nada, nada, eu não estou fazendo nada…..

    Pelo menos foi implantada a frase: “E conhecereis a verdade” kkkkkkkkkkkk

  6. Ora, quem tem o maior interesse em manter essa situação? Penso que os EUA.

    O atual governante faz questão de se mostrar subserviente aos EUA.

    Ou seja, nada vai mudar.

    P.S.: os Arsenais de Guerra do EB e da Marinha não poderiam fabricar munição?

    1. Em alguns países do mundo as FA possuem fábricas de seus interesses. No Brasil até teve alguma iniciativa como o caso da IMBEL do qual faz parte a Fábrica de munição de Piquete, em Itajubá tem outra fábrica de armamento. De tal forma que a presença das FA não pode se limitar apenas dentro dos quartéis, a Embraer era um exemplo definitivo de uma empresa criada dentro da orbita das FA e deveria servir de exemplos para outros segmentos de interesse das FA.

  7. O próprio exérctio dificulta qualquer tentativa de novas empresas bélicas no país.
    A quanto anos estamos no monópolio de armas e munições no país?
    A Taurus (CBC) é a única vendedora para um pais de 220 milhoes de habitantes. Não consegue dar conta de entregar suas encomendas, ações subindo e não tem concorrente.
    A imbel, parque tecnológico de 1973, é limitada e não fabrica armas para um público civil, (Armas de aço e pistolas de ação simples), não é concorrente da Taurus e ainda assim pede 180 dias para entregar qualquer coisa.
    Será que ninguém da alta cúpula ve isso? Se ve não faz nada? Omissão?

  8. Servi em OMs que não tinham combustível para viaturas, não tinham munição, não tinham comida decente para os soldados mas para coquetéis quando recebiam generais…aí o dinheiro aparecia. Lembro de um TAT que fiz em que a munição era tão ruim que dos quinze disparos efetuados…dez munições falharam! Se precisasse usar o armamento, em ação real, eu estaria bem morto! Militar das forças armadas atira muito pouco! Quase nada! Se você entrar em um clube de tiro, e tiver dinheiro para adquirir seu armamento e munição, em um mês terá atirado mais do que em décadas de serviço! Enquanto isto a bandidagem está cada vez mais bem armada e, para eles, não falta munição! Olhem o Rio! Tem um procurador do estado que relatou existirem 56 mil bandidos, bem armados, no Rio de Janeiro! Superam, em números, os 44 mil policiais da PMRJ! Nem precisamos nos preocupar com invasões estrangeiras! A culpa disto tudo? Do desarmamento e sucateamento das forças armadas? Esta culpa é exclusiva dos chefes militares que tivemos nos últimos 30 anos! Viraram as costas para a tropa e para a situação de sucateamento das forças! Quem aí se lembra dos oito anos sem aumento algum no período do FH? O empobrecimento dos militares começou ali! Conheci sargentos que tiveram que vender o patrimônio que tinham para sobreviver! Tem gente que chegou a vender os móveis de sua casa! Era uma precariedade total com a cumplicidade dos nossos chefes! Passei meses vendo os soldados comendo macarrão e almôndegas de soja no rancho! Eu trazia minha marmita de casa…aí veio a MP do Mal do FH com a participação dos nossos chefes! Depois veio o partido da “cumpanheirada” , interessado só em roubar e se perpetuar no poder, e instituiu a esmola parcelada para as forças armadas…esperava, no governo atual, uma correção linear de nossas perdas salariais frente ao processo inflacionário…nada! E quanto à capacidade operacional das forças armadas…nem se fala…parece que nada nunca mudará! Enquanto isto, está no Diário do Poder, um parlamentar custa, anualmente, ao bolso do contribuinte, sete milhões e quatrocentos mil dólares! Isto mesmo!O Congresso Brasileiro é o segundo mais caro do Mundo! 20,5 vezes mais caro que o do Reino Unido e 7,7 vezes mais caro que o da Alemanha…e nada vai mudar!

  9. ´E triste como Brasileiro ver certas manifestações que se presume sejam verídicas! A maioria dos Militares pelo visto não sabem a situação de nossas FFAA em caso de uma Guerra ou uma Invasão em nosso território por uma Força Estrangeira! Pelo Comentário que lemos a pouco ficamos assustados com a situação que se refere a Munição de uso dos nosso armamento! Não dá pra acreditar que deixemos de lado certas cautelas e cuidados! Se verdade for! Que decepção! alguém precisa ser responsabilizado sobre essa falha imperdoável! Nosso País com o meu pouco conhecimento, pois não sou formado em Academia, mas como Brasileiro e com um pouco de conhecimento geral percebemos que alguém falhou! O nosso Brasil precisa pra ontem de uma FFAA preparadíssima para defender as nossas riquezas que são olhadas por vários Países que querem se apoderar!
    Uma FFAA não se prepara rapidamente, leva anos de treinamento e preparação! e seu armamento precisa ser moderno! Por mais de 30 anos fomos abandonados e os Governos não deram a importância devida as nossas FFAA à altura da importância do nosso País! Mas com o nosso Presidente BOLSONARO me parece que as coisas estão entrando no seu devido lugar que o nosso querido BRASIL merece!

  10. Preocupação em excesso com visita de general, o tratando como uma autoridade divina e esquecem do básico.
    Menos bajulação senhores generais

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