ESA pode ir para Juiz de Fora

Crédito: EB

Projeção é de investimento da ordem de R$ 2 bilhões em estrutura para formação de 2.200 militares por ano

Michele Meireles
Juiz de Fora pode ser sede da nova Escola de Formação de Sargentos (ESA) do Exército Brasileiro. O município está entre os cotados para receber um investimento da ordem de R$ 2 bilhões, que prevê a criação de uma estrutura física com capacidade de formar 2.200 alunos por ano. O grupo que gerencia o projeto da Nova ESA, responsável, entre outras atribuições, pelo levantamento de cidades que poderão recepcionar esse projeto, esteve em Juiz de Fora avaliando a estrutura logística e militar. Caso a cidade seja escolhida, as obras se iniciam em 2022, com criação de empregos diretos e indiretos e uma estrutura prevista para comportar, além dos alunos em regime de internato, todo o corpo docente e administrativo, somando cerca de seis mil pessoas. Será a maior escola de formação de sargentos da América Latina. A 4ª Brigada de Infantaria de Montanha se diz pronta para apoiar o projeto e acredita que Juiz de Fora está bem colocada entre as candidatas. A Associação Comercial está otimista e já conversa com o Governo do Estado.
A Escola de Sargentos das Armas (ESA) está situada hoje em Três Corações e tem 70 anos. O estabelecimento oferece ensino de nível superior (tecnólogo) do Exército Brasileiro, responsável pela formação e graduação de sargentos combatentes de carreira das armas (CFGS) nas áreas de infantaria, cavalaria, artilharia, engenharia e comunicações. Atualmente, a formação do aluno da ESA é dividida em dois períodos: primeiro ano e segundo ano do CFGS. O primeiro ano é realizado em 16 organizações militares espalhadas pelo Brasil, incluindo duas em Juiz de Fora – o 10º Batalhão de Infantaria de Montanha e o 4º Grupo de Artilharia de Montanha. São 44 semanas de formação.
Após a conclusão do primeiro ano, o aluno escolhe sua qualificação militar de sargento, conforme mérito intelectual. O segundo ano tem outras 44 semanas de duração. No que diz respeito às armas, o segundo ano é conduzido integralmente na ESA; no que tange a logística, é realizado na Escola de Sargentos de Logística (EsLog), no Rio de Janeiro. Já o segundo ano de aviação do Exército é realizado no Centro de Instrução de Aviação do Exército (CIAVEx), em Taubaté (SP).

Projeto é centralizar formação em único local
Segundo nota do Centro de Comunicação do Exército Brasileiro, a ideia inicial é centralizar toda a formação em um só local, sendo capaz de atender cerca de 2.200 alunos, dando mais qualidade e profissionalismo à tropa. Os trabalhos para a escolha do local se iniciaram no mês de julho passado e devem se estender até 2021. O Exército afirmou que a primeira etapa é a definição da localização da nova escola, sendo que “uma das premissas para tanto é a existência de área urbana compatível para a sua construção e campo de instrução para a condução das atividades práticas de instrução militar”.
O Exército afirmou, sem especificar municípios, que estão sendo estudadas áreas em Pernambuco, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. A única cidade confirmada pela instituição como já visitada foi Três Corações. “Os locais receberão a visita do coordenador executivo do Grupo de Trabalho para verificar as condições para atender as demandas do projeto”, diz a nota. A Tribuna conseguiu apurar que também estão na disputa Ponta Grossa (PR) e Santa Maria (RS).

Construção de escola pode ser na Zona Norte de JF
O grupo que estuda a possível localização da nova escola de sargentos esteve em Juiz de Fora em meados de julho. Os militares, chefiados pelo general de Divisão Joarez Alves Pereira Junior, foram recebidos pelo comando da 4ª Brigada de Infantaria de Montanha. O grupo percorreu vários pontos e unidades militares da cidade, que reúnem um hospital militar, depósito de suprimentos, Colégio Militar, uma unidade de infantaria, uma de artilharia, um batalhão logístico, além de um extenso campo de instrução militar.
Além dos quartéis de Juiz de Fora, a 4ª Brigada é responsável pelas unidades militares de Santos Dumont, São João del-Rei, Petrópolis e de duas unidades na capital mineira. Em entrevista exclusiva à Tribuna, o novo comandante da 4ª Brigada, general João Felipe Dias Alves, comentou sobre a visita e sobre a importância do projeto para a cidade, que, na avaliação dele, passa a ter projeção nacional e internacional.
Segundo o oficial, o grupo ficou “impressionado” com a estrutura local, com os quartéis instalados na cidade. “Nós temos apoio de saúde, Colégio Militar e outras unidades militares que podem apoiar a formação destes sargentos. O grupo verificou diversas de nossas áreas, uma delas, perto da Indústria Brasileira de Material Bélico, na Zona Norte, um possível local para a construção do cerne da escola, das edificações. Para as instruções, temos nosso campo de instrução, também na região Norte, e áreas próximas favoráveis que podem ser usadas para a condução dos exercícios de longa duração.”
O general ainda destacou que tudo está em fase de projeto e que muitas modificações podem ser necessárias caso Juiz de Fora seja a escolhida. Ele afirmou que está sendo estudado pela Brigada de Montanha todo o aporte logístico que será necessário para suportar a vinda da nova escola de sargentos, como, por exemplo, estruturar a cadeia de logística. “Algumas modificações talvez tenham que ser feitas, como o depósito de suprimentos, que hoje é no Centro, talvez trazê-lo para junto do Colégio Militar, para que se possa melhor gerenciar os suprimentos”, disse.
Para o general de brigada, Juiz de Fora reúne excelentes condições para receber o projeto. “A partir do estudo aprofundado, vamos ter algumas demandas a mais para verificar. A decisão é do Alto Comando do Exército, ele é que vai verificar o que cada cidade tem para aportar, de vantagens e desvantagens. Já conversamos com o prefeito, e alguns deputados já nos procuraram para manifestar apoio, entendendo os benefícios que podemos trazer para a comunidade local.”

Identificação e projeção para a cidade
A Associação Comercial de Juiz de Fora está otimista com a possibilidade da vinda da nova ESA para a cidade. O presidente da entidade, Aloísio Vasconcelos, afirmou que já está em contato com o Governo do Estado. Para ele, caso Juiz de Fora seja escolhida, será um divisor de águas para o município. “Nós estamos trabalhando fortemente para trazer esta escola para cá. Acho que Juiz de Fora, nos últimos 30 anos, não recebeu um investimento tão representativo para gerar emprego, renda e beneficiar toda a cadeia produtiva do comércio, indústria, imobiliário. Todos os segmentos serão altamente contemplados caso a gente consiga vencer esta disputa. Já conversei com o Secretaria de Desenvolvimento do Estado, com o vice-governador, na semana passada, em Muriaé. Estive lá principalmente para isso, pode mudar os rumos de Juiz de Fora. Será Juiz de Fora antes e depois da Escola de Sargentos”, disse.
Para o general João Felipe, a vinda da nova ESA para Juiz de Fora proporcionará projeção nacional e fomento para a economia local. Natural de Resende (RJ), onde está sediada a Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em que é feita a formação dos oficiais do Exército, o militar comentou sobre o quanto ter a cidade como base de um projeto grandioso é importante. “Minha família é de Resende, e Resende se identifica muito por causa da academia, é um laço afetivo muito grande. O cadete se identifica com a cidade. A gente ter o sargento, que vai trabalhar em todo o país, identificado com Juiz de Fora na sua carreira, é um impacto nacional. Projeta a cidade a nível nacional, passa a ser uma referência. Além disso, projeta a cidade para exércitos de outros países, que vão querer visitar a escola.”
Para a 4ª Brigada, que hoje já tem como vocação a primeira etapa do curso dos sargentos combatentes – sendo inclusive pioneira na formação das mulheres combatentes no Brasil -, será, segundo o general, uma “honra e um desafio”. “Nossos sargentos permeiam o Brasil inteiro, eles estão em todas as unidades, sendo a maior parte dos quadros do Exército. A projeção para a Brigada vai ser ótima, é uma oportunidade de contribuirmos ainda mais para esta formação. O sargento vai ter na Brigada o espelho do que ele vai ser, onde irá trabalhar. Com certeza a Brigada apoiará em demonstrações, eles farão estágios nas nossas unidades. Hoje já contribuímos com isso, recebemos alguns alunos da ESA em estágio, equipes nossas vão até a ESA ministrar instruções especializadas em ambiente de montanha. Mas ter a formação aqui será muito importante para nós”, disse.
O oficial destacou a importância da mobilização do poder público e da sociedade para que Juiz de Fora receba a nova ESA. “Na minha avaliação, Juiz de Fora tem grandes chances de ser selecionada. A decisão depende do Alto Comando, de estudos complementares. Alguns movimentos importantes estão sendo realizados. A sociedade tem de se mostrar receptiva, as manifestações positivas computam na decisão do Alto Comando para a escolha do local. Cada vez que mostra uma boa vontade, uma facilidade, é bom para a cidade”, acredita o general João Felipe.
Em nota, o Exército apontou que “o Exército Brasileiro, sempre atento à preparação de seus quadros, elenca a nova Escola como transformadora para a formação de seus sargentos de carreira e busca a sinergia de esforços nas esferas federal, estadual e municipal para a sua efetiva implantação”. A Tribuna fez contato com a Prefeitura para tratar do assunto, mas não obteve retorno.
TRIBUNA DE MINAS/montedo.com

12 respostas

  1. Tomara que mudem a ESA para Cruz Alta-RS. Assim, o Aluno CFS poderia travar contato com com os Sgt Alu do CAS e os 1ºSgt/S Ten Alu do Curso de Adj Cmdo.
    E estes poderiam exercer liderança e exemplo sobre aqueles.

  2. A cidade oferece boa rede de saúde, ensino, doação do terreno, etc … ?

    O que o prefeito oferece ?

    Afinal mensalmente, a cidade receberá milhões no seu comércio.

  3. Creio que Goiânia seria a melhor opção. Tanto pela localização, como pela estrutura que a cidade oferece para um grande número de alunos, instrutores, monitores e familiares.

  4. Quer apostar que vai aparecer aqui um praça raiz desses bem chatos , morador de PNR postando : porque esses aluno não
    ” faiz” prova pra puliça rodoviária ? Lá é mais melhor e paga mais …

  5. 2200 alunos por ano??? Com toda franqueza, não vejo necessidade desse quantitativo. Acredito que, 700 a no máximo 800, são mais que suficientes!!! Coitado do contribuinte…

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