Comissária da ONU alerta para aumento do envolvimento militar em assuntos públicos no Brasil

Michelle Bachelet, alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, durante discurso na abertura da sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra Foto: MARTIAL TREZZINI / AFP

Segundo Michelle Bachelet, ataques contra ativistas e jornalistas em solo brasileiro também preocupam; Bolsonaro abrirá debate da Assembleia Geral na semana que vem

RIO — A alta comissária das Nações Unidas para os direitos humanos, Michelle Bachelet, alertou nesta segunda-feira para o crescente envolvimento militar nos assuntos públicos e na aplicação da lei no Brasil. Às vésperas do discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura do debate na Assembleia Geral da ONU, a ex-presidente chilena (2006-2010 e 2014-2018) denunciou também ataques contra ativistas e jornalistas no país.
— No Brasil, assim como no México, em El Salvador e em outros lugares, estamos vendo um aumento do envolvimento militar nos assuntos públicos e na implementação da lei. Por mais que reconheça o desafiador contexto de segurança, qualquer uso das Forças Armadas na segurança pública deve ser estritamente excepcional, com fiscalização efetiva — afirmou.
O governo brasileiro tem hoje oito ministros militares ou com formação militar. Além disso, de acordo com levantamento do Tribunal de Contas da União, cerca de 2,8 mil cargos comissionados do governo federal estão ocupados por militares ou policiais militares, que vão desde a secretaria-executiva do Ministério da Saúde à presidência do ICMBio.
Em seu discurso de abertura da sessão do Conselho dos Direitos Humanos da ONU, em Genebra, Bachelet fez ainda um apelo para que as autoridades “adotem medidas contundentes para garantir que toda a tomada de decisões seja baseada nas contribuições e nas necessidades de todo o povo brasileiro”, e denunciou os ataques contra jornalistas e ativistas:
— No Brasil, estamos recebendo relatos de violência rural e despejos de comunidades sem terra, além de ataques contra defensores dos direitos humanos e jornalistas, com o assassinato de ao menos 10 defensores dos direitos humanos confirmados neste ano — disse a alta comissária, que também destacou a gravidade desta situação no cenário latino-americano. — A contínua erosão de organismos independentes para a consulta e a participação comunitária também é preocupante.
Ela se refere a um decreto presidencial de abril de 2019, em que Bolsonaro determinou mudanças e até mesmo a extinção de órgãos colegiados (conselhos; comitês; comissões; grupos; juntas; equipes; mesas; fóruns; salas; e qualquer outra denominação) criados antes de sua gestão deveriam ser extintos. A medida, na ocasião, foi vista como algo que limitava a participação civil no debate público.
Pelas regras do Conselho, o governo brasileiro terá entre hoje e amanhã para apresentar uma resposta. No próximo dia 22, Bolsonaro abrirá o debate na Assembleia Geral da ONU, função que historicamente cabe ao Brasil. Em razão da pandemia de Covid-19, os líderes mundiais gravarão vídeos para o evento, em vez de se reunirem na sede das Nações Unidas, em Nova York.
Há pouco mais de um ano, Bolsonaro gerou um mal-estar diplomático ao atacar a alta comissária, que horas antes havia denunciado um “encolhimento do espaço democrático no Brasil”. Ele também destratou o pai de Bachelet, um oficial legalista que se opôs ao golpe de 1973 que derrubou o presidente socialista Salvador Allende. O general de brigada da Força Aérea chilena Alberto Bachelet Martínez foi preso e torturado pela ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), e morreu de infarto na Prisão Pública de Santiago, aos 50 anos, em 1974. Em 2014, dois ex-militares foram condenados por sua tortura e morte.
O Globo/montedo.com

19 respostas

  1. Engraçado… Quando a Venezuela foi à bancarrota essa sra não disse nada, a Argentina está um caos, e essa sra não diz nada… A ONU está tomada de comunistas enrustidos!!!

    1. Pois é meu amigo, o desastre venezuelano está bem aí, com graves consequências pros países vizinhos como Brasil e Colômbia, e a Argentina caminhando a passos largos pra falência, e vem essa cidadã se meter em assuntos internos nossos, quem lhe deu procuração pra falar pelo Brasil?

      1. A ONU e DH são esquerdistas e a esquerda do Brasil vai lá reclamar depois que saíram do Poder e ainda mais para atacar os trabalhos de direita e os militares, não da para dar ouvidos para ONU e nem para o Vaticano que é a mesma coisa e também a OAB, tudo joio no trigo, farinha esquerdista do mesmo saco, porque a ONU não falou nada nos 16 anos de roubo do PT e 8 do FH, que vão cuidar da Venezuela, Argentina e África que precisam de ajuda para salva-los dos esquerdistas que matam o povo de fome e sede.

  2. A ONU lembra a antiga Liga das Nações…um enorme e retumbante fracasso! Não consegue evitar as centenas de conflitos pelo Mundo afora, não consegue acabar com a pobreza e a desigualdade social, não consegue eliminar a corrupção vigente na maior parte dos países do Globo! Só serve para gerar boquinhas bem remuneradas, mordomias para quem participa desta inútil organização! O discurso dela lembra o do papa…não muda nada…não resolve nada…não serve para nada! Estas organizações, internacionais, são ineptas! Olhem a OMS…demoraram para decretar a pandemia…com o vírus já circulando! Deviam acabar com estas organizações inúteis! Cada país cuide de si! E se ela está tão preocupada com direitos humanos…porque não intervém na ditadura venezuelana…porque não cobra o fim dos campos de concentração na Coréia do Norte…porque não acaba com a violência, interminável, em certos países da África e do Oriente Médio? Organização inútil…

  3. Essa senhora é mais uma desqualificada que ganhou como prêmio de consolação uma boquinha nessa instituição que defende o comunismo no mundo. Filha de um alto oficial da Força Aérea chilena, que com a queda do Governo socialista de Salvador Allende, foi cassado por ser um comunista. Por que ela não cita as atitudes autoritárias do supremo contra a liberdade de expressão onde prende até jornalista e desrespeitam imunidades de parlamentares bolsonaristas.

  4. Deveria cumprir o pequeno momento de cada dia, para descobrir a omissão da OMS sobre o COVID-19.
    O heroísmo de cada trabalho é terminar cada tarefa.
    Por que a demora de um remédio eficaz contra o coronavírus?
    Para terminar as coisas, a onu tinha o dever de iniciá-las.

    NEGLIGENTE.

    XÔ daqui! Fora!

  5. Ah, e o país que ela foi presidente tá uma maravilha né? No ano passado o Chile quase entrou em convulsão social, o povo quebrou metade de Santiago e, até agora o negócio está ruim lá. A Argentina quebrada. Venezuela uma ditadura. Mas pq não fala desses países? Simples, são governos alinhados a sua IDEOLOGIA partidária. Ela so comentou explicitamente sobre países cujo governos são de direita. É muita Cara de pau dessa senhora.

  6. Muitos aqui reclamando da ONU, mas na hora de beijar aquela missão de paz no Haiti o que eu vi de gente virar super homem, o que eu vi de gente dar pernada em colega e por aí vai… Quem reclama aqui de ONU garanto que muitos se torturaram para ir em missão de paz com verbas mantidas por esta instituição, portanto não cuspam no prato que um dia muitos aqui comeram, bando de ingratos! É por isto que militar sofre e paga o tempo todo pq reclama a todo momento e de tudo.

  7. A onu está sendo inferiorizada, infelizmente, por causa de certos indivíduos, incompetentes, vaidosos, ineficientes, a ambição que mora em cada indivíduo é o elemento motor de toda sua conduta.

    O que ficou chato na ONU…indivíduos que tem mais interesse em nó$$$$$$$$$$$$$$$$ do que nós temos neles.
    FORA!

  8. Essa sra Michelle Bachelet, salvo melhor juízo, está na ONU por indicação do governo chileno que a sucedeu, que hoje talvez não se elegeria nem gari .
    Qual a credibilidade para tecer comentários a respeito do Brasil.

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