Justiça torna réus oficiais do Exército suspeitos de fraude de R$3,5 milhões no FUSEx

fusex

Justiça torna réus oficiais do Exército suspeitos de fraudes em plano de saúde militar
Prejuízos com pagamento de supostas faturas irregulares teria somado R$ 3,5 milhões em seis anos

FÁBIO SCHAFFNER
São Gabriel(RS) – Dois oficiais do Exército e uma servidora da Santa Casa de Caridade de São Gabriel se tornaram réus na Justiça Militar, acusados de supostos desvios de R$ 3,5 milhões em recursos públicos. Durante seis anos, eles teriam atuado em conluio para autorizar pagamentos irregulares de procedimentos médicos e hospitalares bancados pelo Fundo de Saúde do Exército (FuSEx).
A denúncia apresentada pelo Ministério Público Militar (MPM) foi aceita na segunda-feira pela 3ª Circunscrição Judiciária Militar, com sede em Bagé. Conforme narrado no processo, a fraude teria envolvido o tenente-coronel Flávio Henrique do Prado Goulart, o segundo-tenente Márcio Roberto Mário e a coordenadora de faturamento da Santa Casa, Luiza Vitória Dorza Gerzon. De acordo com o juiz Wendell Petrachim Araújo, a partir da intimação eles terão 10 dias para apresentar defesa prévia por escrito.
O trio foi denunciado por crime contra a lei de licitação, por supostamente admitir ou possibilitar vantagens em contratos com o poder público. Em caso de condenação, a pena prevê detenção por dois a quatro anos, além de pagamento de multa. A investigação quebrou o sigilo bancário e fiscal dos envolvidos.
À época do suposto golpe, Goulart era major e chefiava o posto médico da guarnição de São Gabriel. Junto a ele trabalhava o então subtenente Mário, encarregado de contas com os hospitais e clínicas médicas. Na outra ponta, Luiza emitiria notas com os valores superfaturados ou de serviços que não haviam sido efetivamente prestados.
Segundo o MPM, Goulart jamais instituiu a comissão de lisura de contas médicas, como determina a legislação militar. Na ausência de um organismo de fiscalização, quem fazia a checagem das faturas era o próprio major, que contaria com o apoio de Mário. Esse procedimento permitia pagamentos indevidos “pois aquele que autorizava o atendimento (major Goulart) era também quem auditava as contas apresentadas pela Santa Casa (major Goulart)”, diz a denúncia.
As suspeitas começaram durante inspeção de rotina realizada pelo próprio Exército em 2015 no posto médico de São Gabriel. Uma sindicância posterior fez verificação por amostragem nas faturas e encontrou pagamentos irregulares na ordem de R$ 643 mil. A partir dos indícios, um inquérito policial militar (IPM) foi instaurado para aprofundar as investigações, e uma perícia técnica verificou que 36,5% das cobranças deveriam ter sido barradas. Ou seja, uma em cada três faturas apresentava sinais de fraude.
Entre as situações mais recorrentes, estavam o pagamento por equipamentos de proteção individual e serviços de enfermagem, como aplicação de soro e até mesmo a higiene do paciente, itens já inclusos na diária hospitalar. Havia ainda inúmeras cobranças não checadas, liberação de dieta para paciente que não estava internado e autorizações para consulta com médico não conveniado e em número superior às realizadas.
Na perícia técnica, oficiais analisaram 1,3 mil guias de atendimento, totalizando R$ 9,6 milhões. Ao cabo da auditoria, foi apontado o prejuízo aos cofres públicos no valor de R$ 3,5 milhões. Após assinatura de novo contrato, afirma o MPM, houve sensível redução dos valores pagos. A direção da Santa Casa de São Gabriel não retornou os pedidos de entrevista. Também procurado, o Comando Militar do Sul não se manifestou até este momento.

CONTRAPONTOS
O que diz Flávio Henrique do Prado Goulart:
Procurado por GaúchaZH, não foi localizado. A advogada dele, Mariângela da Silveira Cavalheiro, disse que o cliente ainda não havia sido notificado e que não estava autorizada a dar informações. No depoimento prestado ao IPM, Goulart negou qualquer irregularidade.

O que diz Márcio Roberto Mário:
Procurado por GaúchaZH, não foi localizado. No depoimento prestado ao IPM, negou qualquer irregularidade.

O que diz Luiza Vitória Dorza Gerzon:
Procurada por GaúchaZH, não foi localizada.
GAÚCHAZH/montedo.com

28 respostas

  1. Dá onde se espera um bom exemplo! a gente quebra a cara! O dinheiro suado dos militares é desviado por pessoas inescrupulosas, sejam Oficiais, Graduados e Civis em geral! Como podemos acreditar num País desses? onde o Mal exemplo começa por Bsa! Se não mudar-mos as Leis e o nosso caráter “Tudo fica como antes no Quartel de Abrantes! Lamentável! Esses envolvidos estão dando aos filhos um ótimo exemplo!

    1. Tente marcar uma consulta no HGeS. E so telefone q toca e ninguem atende. Se for ao hospital tb nao marcam
      Culpam o corona virus. Isso ai.

      1. Isso é resultado da impunidade que nos assola. Os fracos de caráter são convencidos por gente sem escrúpulos nenhum a cometer delitos com a sensação que se for preso, vai responder em liberdade, paga uma multa e fica solto pra gastar o roubo. Simples assim!!!!!!

    2. O problema não é o país. Todo país tem pessoas improbas. Não podemos generalizar. Há quadros muito bons na gestão de saúde do Exército. Isso é um fato pontual de quem não aderiu aos preceitos da ética militar.

      1. Exatamente, são aqueles que indole duvidosa, já vem lá de casa a má formação e não absorveu os ensinanentos na academia Militar. Imagem da instituição fica ferida se vir à público. A imprensa facciosa adora essas mazelas contra militares.

    3. Valmor. No presente caso, vimos que o Exército tomou as providências devidas como sindicância e IPM, entregando os militares e a civil à Justiça. O Exército não pode impedir pessoas de se corromper, mas não fica inerte quando estás fazem-no.

    4. Aqui no HMAR, em Recife, de vez em quando aparece algum desconto indevido. E desde o mês passado não consigo mais verificar as guias e as despesas médicas, que antes estavam disponíveis online. Por que o Exército retirou o acesso do usuário à discriminação detalhada sobre o que estava sendo descontado em contracheque? O descontrole é a porta de entrada para a corrupção…

  2. O descontrole pode sim ser intencional. Na MB existem muitas reclamações quanto a descontos de FUSMA em contracheques de militares que alegavam que a anos não procuravam serviços de saúde da MB. Agora com o portal de consignações bem que eles deveriam lançar o serviço prestado para com isso justificar o desconto, entretanto nunca fazem.

    É mais uma porta escancarada para promover descontos indevidos e tirar dinheiros dos desprotegidos militares das FA.

    ARREGO PARA UMA ADMINISTRAÇÃO MILITAR MAMBEMBE.

  3. Muitas vezes realizo procedimentos no FUSEX que geram despesa a indenizar no contracheque mas não me dão nenhum papel pra assinar, então nem sei o quanto vai ser descontado no contracheque, ou seja, uma brecha enorme pra desvios.

  4. Aí fica claro porque o Fusex não funciona à contendo. Meses para fazer um exame, ausência de especialistas, emergência lotadas! Claro que aparecerão, aqui, os defensores do sistema relatando que foram muito bem tratados, que fizeram tratamentos caríssimos de doenças raras, que o Fusex é melhor que os planos de saúde, blá blá blá…sei! No dia a dia…quem usa o sistema sabe as dificuldades que enfrenta! E tem muita roubalheira e esquema sim! Olhem os condenados do HMAR! Os escândalos, no passado, no HFA! O menos culpado é o usuário do sistema…este tem a fachada, no contra cheque, todo santo mês! Usando ou não o Fusex…

  5. Enquanto isso em algumas unidades Brasil afora é uma verdadeira via crucis para você conseguir pegar uma guia até parece que eles estão nos dando algo de graça não nos tratam como clientes e sim como beneficiários isso é lamentável

    1. Estranho não ter fiscalização por aproximadamente 6 anos, principalmente pelo Comandante não ter conhecimento de nenhuma irregularidade.

      Melhor aguardar o término de todo o processo judicial antes de julgar alguém.

    2. O tal do FUSEx que é obrigatório… Descontado em folha… Que possuí poucos encargos trabalhistas… Pois a grande massa de manobra é constituída por militares… Onde tbm a inadimplência é zero… Devido ao desconto obrigatório em folha… Como acima citado… É um plano de saúde que não funciona… Presta um péssimo atendimento… Principalmente as praças e suas pensionistas… Tem uma arrecadação aburda… Pelos serviços prestados a família militar… Isso tudo devido a má administração do sistema… roubos/ desvios… E facilidades proporcionadas aos oficiais de alta patente e seus familiares… Se fosse facultativo… Com certeza… Jamais o recomendaria… E agora com esse Governo de viés militar é que o oba oba foi generalizado… Lamentável…

  6. “me contaram” que nessa guarnição os militares ficaram 1 ano sem poder usar o convênio do fusex pois nenhum médico quis atender depois desse escandalo , no entanto todos tiveram seus contracheques descontados com o valor previsto durante esse ano inteiro, será que essa situação tambem será averguada?

    1. HMAR é uma…tive uma péssima experiência no setor de odontológico…prefiro pagar do meu bolso que pisar no HMAR! E a desculpa, agora, para todas as reclamações é a covid! Só que os hospitais e policlínicas, de muitas guarnições pelo Brasil afora, já ofereciam um péssimo atendimento à décadas! Quando servi no Rio, a alguns anos, o HCE era o inferno na terra! E não tinha covid…

  7. Mais um capítulo de Vale a pena ver de novo.
    Vamos lá, SE condenados, após desvio de 3,5 milhões, se fizermos uma conta simples de 1 milhão para cada um, os 03 já estão no lucro, ou seja, na pior das hipóteses estão bem na fita, por mais que sejam expulsos, presos por pouco tempo, já valeu a pena.
    Infelizmente aqui o crime compensa!

  8. Enquanto esses caras ficam dando golpe no FUSEX, o usuário fica tentando uma marcação de consulta que só abre às quartas-feiras, sem conseguir. A indignação é grande quando o sistema nao funciona, mas é muito maior quando sabemos o porquê não funciona.

  9. Um monte de COVARDEreclamando aqui.

    O bando de COVARDES, esqueçam a porcaria do conceito e vão a justiça reclamar, ou ENTÃO fazer uma denúncia.

    O problema é que todo mundo vê coisa errada todos os dias nos quartéis, mas o medo de não sair QAO os impede de DENUNCIAR.

    Montedo, vá na próxima segunda feira em qualquer OM e fiscalize por 10 minutos a SALC, RANCHO e ALMOX, se não encontrar nenhuma irregularidade, eu dou meu soldo por 1 ano inteiro para vc.

    Pessoal, não estou querendo humilhar ninguém não, PORÉM O MEDO DE PERDER CONCEITO E NÃO SAIR QAO NOS ACOVARDA (INCLUSIVE EU).

    1. Vc disse tudo Subtenente é uma raça que não reclama de nada com medo de não sair QAO Eu Nunca tive medo e falo o que tiver que falar não sou covarde muito menos capacho por isso não sai QAO kkk

      1. Excelente. Aqui no QG a maioria dos subtenente é tratado como se nada fosse por causa do seu anonimato. Uma vergonha para a maioria que são pai de família e tem a cara de pau de falarem que é por causa da família que submetem-se a esse tratamento, mentira! é covardia mesmo. Serão oficial apenas na identidade e nos contracheques: será que serão? Nunca farão parte do STATUS que tanto almejam, sempre serão servos dos Reis.

        1. O Anônimo de 27 de agosto de 2020 a partir do 20:59 flw tudo… Fui para a reserva como subtenente e ficava impressionado com a falta de coragem moral da grande maioria dos companheiros que se humilhavam literalmente qdo chegavam a graduação de subtenente… Lamentável ver pais de família… Já homens velhos… Ser humilhando por uma mísera e humilhante promoção ao QAO… Haja visto que os oficiais de acadmia não consideram esses velhos tenentes/capitães… Oficiais de fato… Sei que o super Montedo não vai publicar mais uma vez minha crítica construtiva… Por razões óbvias… Pq a verdade dói muito… Mas eu tentei novamente…

          1. Um companheiro de turma (92) que é 1° Ten QAO, um dia eu passando pelo corredor o encontrei com uma garrafa de café em direção a copas, normal, já fiz isso várias vezes, pois revesarmos na seção, todos bebem café. No caso desse dito cujo a situação é diferente e ele mesmo disse: agora virei copeiro, não tomo café mais como sou mais moderno preciso encher a garrafa para o pessoal todos os dias. Como diz um apresentador desses da vias: É DE LASCAR!

  10. Amigo eu sou militar tb vc não pode e nem deve generalizar, pessoas de índole ruim e mau caráter existem em todos seguimentos da sociedade, a diferença aqui é que vai ser julgado e se provando o roubo será condenado.

  11. O problema está na impunidade. Uma pena entre dois e quatro anos para quem desvia três milhões é piada. A pena é transformada em multa, ou prestação de serviços ou domiciliar com tornozeleira por no máximo uma ano. O dinheiro? Esse nunca vai ser achado. Bens não serão bloqueados. Feito o negócio.

  12. Os prejuízos não foram apenas aos cofres públicos da União, mas também e principalmente, para a ponta mais fraca da corda, os usuários que acabaram por pagar serviços que não utilizaram e como se pode perceber, desnecessários.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo