Ministério da Defesa deve ter mais dinheiro do que a Educação em 2021

Bolsonaro e os militares: aliança pela governabilidade Marcos Corrêa/PR Publicidade

Proposta do governo Bolsonaro deixa área de ensino com menos verbas do que militares pela 1ª vez em dez anos; desvantagem é de R$ 5,8 bilhões

Mateus Vargas
BRASÍLIA – O governo de Jair Bolsonaro prevê reservar R$ 5,8 bilhões a mais no Orçamento do ano que vem para despesas com militares do que com a educação no País. A proposta com a divisão dos recursos entre os ministérios está nas mãos da equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, e deve ser encaminhada até o fim deste mês ao Congresso. Caso confirmada, será a primeira vez em dez anos que o Ministério da Defesa terá um valor superior ao da pasta da Educação.
Egresso do Exército, Bolsonaro foi eleito tendo os militares como parte de sua base de apoio. Na quinta-feira passada, na “live” semanal que faz nas redes sociais, o presidente disse sofrer pressão para aumentar os recursos destinados às Forças Armadas, mas reclamou que “o cobertor está curto”. “Alguns chegam: ‘Pô, você é militar e esse ministério aí vai ser tratado dessa maneira?’ Aí tem de explicar. Para aumentar para o Fernando (Azevedo e Silva, ministro da Defesa) tem de tirar de outro lugar. A ideia de furar o teto (de gastos) existe, o pessoal debate, qual o problema?”, disse o presidente, em referência à regra que limita aumentar despesas acima da inflação. Na mesma ocasião, ele afirmou que a Defesa pode ter “o menor orçamento da história”.
Não é o que está na proposta mais atual em discussão no governo, à qual o Estadão teve acesso. Segundo a previsão, a Defesa terá um acréscimo de 48,8% em relação ao orçamento deste ano, passando de R$ 73 bilhões para R$ 108,56 bilhões em 2021. Enquanto isso, a verba do Ministério da Educação (MEC) deve cair de R$ 103,1 bilhões para R$ 102,9 bilhões. Os valores, não corrigidos pela inflação, consideram todos os gastos das duas pastas, desde o pagamento de salários, compra de equipamentos e projetos em andamento, o que inclui, no caso dos militares, a construção de submarinos nucleares e compra de aeronaves.
A previsão de corte nos recursos da Educação em 2021 já era tratada no governo há alguns meses e, como revelou o Estadão em junho, gerou reclamações do ex-ministro Abraham Weintraub. Pouco antes de sua demissão, ele afirmou que a proposta em discussão poderia colocar em risco até mesmo a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no ano que vem. Na semana passada, reitores de universidades federais também alertaram que a possível redução do dinheiro pode inviabilizar atividades nas instituições.

Ajustes
Os pedidos do MEC e de outros ministérios por mais recursos foram avaliados na quinta-feira passada pela Junta de Execução Orçamentária, composta por Guedes, o ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, e técnicos do governo. O grupo aceitou elevar em R$ 896,5 milhões a verba da Educação. A maior parte para o pagamento de bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e para reforçar o caixa do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), responsável por compra de livros escolares, transporte de alunos e financiamento estudantil, entre outros programas.
Guedes e Braga Netto também foram generosos com o Ministério da Defesa. Os ministros aceitaram aumentar em R$ 768,3 milhões as despesas discricionárias previstas para a pasta – aquelas que não são obrigatórias e podem, por lei, ser remanejadas. É o dinheiro para pagar água, luz, obras e programas considerados estratégicos para os militares, como os submarinos e os caças. Mesmo com o acréscimo, o valor reservados para este tipo de gasto deve cair de R$ 9,84 bilhões neste ano para R$ 9,45 bilhões.
O governo também decidiu manter no ano que vem a “blindagem” ao orçamento da Defesa, excluindo a pasta de possíveis tesouradas. Na Educação não há essa restrição e, no ano passado, bolsistas da Capes sofreram com os contingenciamentos.
As discussões sobre o Orçamento ocorrem no momento de disputa interna no governo sobre aumentar ou não as despesas públicas. Na terça-feira passada, Guedes alertou que Bolsonaro pode parar na “zona sombria” do impeachment se furar o teto.
Por causa da pandemia, o Congresso autorizou o Executivo a extrapolar as previsões iniciais em 2020. Como resultado, a Defesa, por exemplo, conseguiu elevar seus gastos para R$ 114,3 bilhões, e a Educação, para R$ 118 bilhões. A expectativa da equipe econômica, no entanto, é que os limites sejam respeitados no ano que vem.

Governo diz que proposta ainda pode ser modificada
Os ministérios da Economia e da Defesa afirmam que a proposta de rateio das verbas do Orçamento de 2021 ainda passará por discussões internas e poderá ser alterada. Procurados, Presidência, Casa Civil e Educação não se manifestaram.
Aliado do presidente Jair Bolsonaro e general da reserva, o deputado Roberto Peternelli (PSL-SP) afirmou que o governo prioriza a educação, mas que isso não deve se refletir no Orçamento. “Tenho a plena convicção de que o fator mais importante é a educação”, afirmou. “Agora, ser o mais importante e ter o maior orçamento são análises distintas.”

Bolsonaro e Azevedo
O presidente Jair Bolsonaro ao lado do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, no Rio Foto: Marcos Correa/PR
Não é só no Orçamento que Bolsonaro tem beneficiado seus aliados fardados em um cenário de cortes de despesas. No mês passado, enquanto quase 9,6 milhões de trabalhadores da iniciativa privada tiveram seus salários reduzidos e servidores públicos civis foram proibidos de ter aumento por causa da pandemia do novo coronavírus, integrantes das Forças Armadas passaram a ter direito a um reajuste de até 73% como bonificação.
Chamado de “adicional de habilitação”, o “penduricalho” foi incorporado na folha de pagamento de julho dos militares, com impacto de R$ 1,3 bilhão neste ano e de R$ 3,6 bilhões em 2021. O reajuste foi aprovado com a reforma da Previdência dos militares, no fim de 2019.
É o gasto com pessoal o que mais consome a verba da Defesa. Na proposta para 2021, 91% dos gastos irão para salários, benefícios e pensões. “O presidente tem um pendor especial pela sua corporação”, avaliou Carlos Melo, cientista político e professor do Insper. “Foi assim na reforma da Previdência e tende a ser assim em qualquer situação. / COLABOROU ADRIANA FERNANDES
O Estado de S.Paulo/montedo.com

42 respostas

  1. E, faz todo sentido nesse (des)governo. Vamos perpetuar a ignorância e a miséria. Bozo reeleito em 2022! Senão agradar os vendidos generais, como irá usar do EB pra reprimir quem discordar?

        1. Não, me refiro as universidades, onde o sujeito não aprende nada e ficam 10 anos pra se formar. Lugares que parecem chiqueiro e com as paredes cheias de escritas pornográficas.

  2. Tudo bem? Vou fazer a ESA, não servi, mas gosto do exército. Tenho 21 anos. Tenho uma dúvida, vou sair 3 Sargento, quanto tempo levo para ser promovido? Mudou o tempo? Abraço!

      1. kkkk…….não se preocupe com a promoção? Só rindo! Porque se preocupar? afinal é só dinheiro para dar melhor qualidade de vida pra você e sua família (ironia). Garoto, você vai levar 10 anos como 3º sargento (uma única promoção), enquanto um aspirante que sai da AMAN levara 7 anos pra sair capitão (3 promoções). Sai fora de EsSA……vai ser PM e Bombeiro Militar de seu estado…….ganhara mais. Praças nas Forças Auxiliares tem ascensão mais rápida, valorização, escala e descanso melhores, LE, posto acima, triênio, representação politica, e Oficiais das Forças Auxiliares ganham mais que seus similares das FFAA.

    1. Se preciso for, lutar sim contra os canalhas corruptos que ficam comendo caviar e em hotéis com diárias de 5 mil reais e Vc comendo mortadela kkkk

      1. Até agora não vimos essa guerra contra a corrupção.
        Mas…..perseguição a adversários, listas secretas, criação de órgãos de inteligência, procedimentos contra militares da reserva, etc.
        Sinceramente, tá na cara que a arbitrariedade começa a aparecer no horizonte.

  3. O problema não é dar mais dinheiro pra um do que pra outro. Ambos são um poço sem fundo pra dinheiro público. Um não educa nada e o outro não protege ninguém.

        1. Confia mais neles? Confia mais no chefes deles também (lula e cia)? Se sim, so lamento por vc. Agora está explicado o motivo pelo qual fomos assaltados durante 16 anos na cara dura.

  4. Bolsonaro e sua equipe já devem estar a par de como funciona o ministério da educação e o da saúde no “Brasil Real”! Muito desvio de verbas públicas! Em especial no repasse aos Estados e municípios! O Brasil gasta uma fortuna em educação e temos salários de fome para os docentes nos Estados e municípios! É salário mínimo ou um pouco mais do que isto! Escolas caindo aos pedaços! Insuficiência de creches! Merenda escolar de péssima qualidade! Muuuita roubalheira neste Brasil afora! Políticos vem destroçando o SUS e a educação no Brasil à décadas! Quem já lecionou em escolas públicas sabe do que estou falando! Já no ensino superior…tem muita univerdidade aparelhada e que “controla” os processos de seleção para mestrados e doutorados eliminando o cidadão comum, normalmente na análise subjetiva do projeto de pesquisa, e privilegiando os “companheiros”! É assim que mobiliam as universidades com seus professores esquerdistas já que para prestar concurso, nas universidades federais e institutos federais de ensino, é necessário mestrado e doutorado. O único jeito de acabar com esta máfia é centralizar os processos de seleção para mestrados e doutorados. Simples assim! Ou eliminar a análise do projeto de pesquisa ou da “entrevista” com o candidato. Seleção através de provas e análise dos projetos feita pelo MEC. É o primeiro passo para acabar com o domínio da esquerda em nossas universidades! A outra alternativa é privatizar tudo ou acabar com os concursos públicos para professores que poderiam ser contratados pela CLT. Se utilizam a universidade como plataforma política…rua!

      1. Discodo.
        Gente boa e ruim existe em todo lugar, inclusive nas F.A.
        O que o governo não gosta é de adversário, e na educação muita gente discorda do bolsonaro, enquanto que nas F.A em função de um enorme reajuste ninguém fala nada.
        Bolsonaro nunca mais.

        1. Não fale tolices…você já foi professor de escola pública municipal ou estadual? Já recebeu uma miséria de salário? Já viu o padrão da merenda escolar e dos meios didáticos disponíveis? A precariedade em tudo? Já teve a curiosidade de ver quanto dinheiro era repassado para o seu município ou estado? Pois eu fui professor de escola pública, vi a precariedade em tudo e ficava horrorizado ao saber a verba destinada ao município ( por sinal uma capital governada por um partido de esquerda na época). Daria para os alunos terem uma boa refeição mas comiam macarrão e almôndegas de soja ( quem foi professor, de verdade, sabe como são estas “iguarias”). Já existiam computadores e impressoras mas rodávamos as provas em mimeógrafos ( você nunca deve ter ouvido falar disto). Muuuita roubalheira no MEC por décadas! Não falta dinheiro…falta é vergonha na cara dos gestores e cadeia para os políticos ladrões! Tá achando que é coisa do passado? Leia sobre as ações da PF e do MPF na prefeitura do Recife, governada pela esquerda, e você verá que nada mudou! O Brasil real é marcado pela corrupção! Você pode dobrar a verba para o MEC que continuará a encontrar professores mal remunerados e escolas caindo aos pedaços! E isto tem que mudar!

    1. Ao menos no PT a politica salarial das F.A era igual para todos, agora a situação está assim:

      – Oficiais – Um paraíso na terra.
      – Dependente de oficiais – Sorriso nos lábios.
      – Praças da ativa do EB – Só alegria.
      – Praças da ativa da MB/ FAB – Tristeza.
      – Dependentes de praças da MB/FAB = Frustração.
      – Veteranos do EB = Tudo é bom.
      – Veteranos da MB/FAB = Desilusão, desânimo e tristeza.

      Nas próximas eleições é força total fazendo campanha contra Bolsonaro.

    1. Caros militares, temos a oportunidade histórica neste governo de darmos um up grade, avanço nas FFAA para podermos mobiliar as fronteiras com helicópteros, com radares, com lanchas rápidas, os rios e litoral com navios patrulhas, o espaço aéreo nacional com radares nossos, temos que apoiar a PF, PRF, RF, MP, funcionários da preservação ambiental. A polícia militar e civil. Não podemos ficar comprando tecnologia da China por exemplo. Já produzimos blindados na industria militar. O Brasil tem inimigos externos e internos, vejam que delação premiada de doleiro envolve a devolução de 1 bilhão de reais. Precisamos de alfabetização em massa de todas as idades e ensino técnico e, principalmente a não ideologização do ensino superior e de 2 grau público. Também o fim da corrupção federal, estadual e municipal. Aluno não é voto futuro em partido. Orando

      1. Eduardo,
        Vc continua usando suas designação hierárquica, felizmente isso aqui não é relevante.
        Quanto ao seu comentário, não é porque VC recebeu aumento que isso significa ser o melhor; afinal em todo o mundo no caso dos países desenvolvidos, a educação é prioridade.
        O que vc prefere, F.A fortes e povo ignorante; ou povo culto e F.A modestas.?
        E o que é pior…..vc em um comentário disse que em tese é professor….tem certeza disso?

        1. Caro, eu vivo o hoje semeando o amanhã. Orando em comunidade. Coloco meu nome pois quero o bem das FFAA e um BRASIL excelente para meus netos. Quero um país sem corrupção. Isto é 90 por cento do melhor.

  5. COMENTANDO A MATÉRIA “GASTO COM DEFESA NÃO É CONDIZENTE”
    Artigo Publicado na “Revista Sociedade Militar”

    ENTREVISTA DO TITULAR DA PASTA DA DEFESA DIVULGADA PELA “FOLHA DE SÃO PAULO EM 09/07/2012
    APRECIAÇÃO DE PAULO RICARDO DA ROCHA PAIVA/PRRP
    Prezados companheiros “da luta”! Nada mudou, “tudo continua como dantes no quartel de Abrantes”!
    Opinando sobre a matéria, nas entrelinhas, como cidadão brasileiro e oficial reformado do Exército,
    apoiado em direito inalienável garantido pela nossa “Carta Magna”

    TITULAR DA PASTA- Gasto com defesa não é condizente com estatura do Brasil.
    PRRP- Em verdade um chavão que vem “caindo como uma luva” para tantos quantos assumem cargos pertinentes à defesa nacional, desculpa que vem sendo pateticamente repetida desde o término do Governo Sarney, enterrando despudoradamente as patrióticas medidas tomadas no Governo Geisel, que ao romper o acordo militar com os EUA, partiu célere para o desenvolvimento de um projeto nuclear defensivo, que só não teve êxito pela incúria de um Fernando Collor, seguida por uma assinatura descomprometida de outro entreguista, notório sociólogo de esquerda, aliás, é bom que se diga, muito criticado pelo atual comandante-em-chefe das FFAA, justo o mandatário que alugou nossa soberania em Alcântara/MA para “Tio Sam”.
    IGOR GIELOW, SÃO PAULO- Estratégia a ser enviada ao Congresso pedirá 2% do PIB para o setor, ante 1,3% hoje.
    PRRP- Sempre, sempre, sempre, o “pires na mão”, implorando, ao invés de exigir da politicalha, os recursos, mais do que necessários, para a defesa de nosso País.
    FOLHA- O ministro da Defesa, General Fernando Azevedo, afirmou que o gasto militar brasileiro “não é condizente à estatura do país”. Assim, ele afirmou que o texto revisado da Estratégia Nacional de Defesa, que está pronto e será enviado ao Congresso na próxima semana, terá como meta elevação ao patamar de 2% do Produto Interno Bruto o dispêndio com o setor. Afirmações foram feitas em uma “LIVE” do grupo “Personalidades em Foco”, surgido entre militares da MB, nesta quinta (9).
    PRRP- Esta elevação, que se diga, não pode ser utilizada sem um critério objetivo. Priorizar, por exemplo,”2044” viaturas blindadas de transporte de pessoal/VBTP, sem nenhum poder de fogo dissuasório, ao invés de fazê-lo em prol de “225” viaturas plataformas de mísseis ASTROS II, constitui uma falta de bom senso “de corpo de exército”. Aliás, no que concerne `Força Terrestre, entre os seus “7” projetos estratégicos, sobreleva como básico e de resultados definitivos em termos de estágio de dissuasão extrarregional o “de foguetes e mísseis”, este que não pode se sujeitar ao famigerado “MCTR”. Por sinal, sua excelência disse que “aos americanos, por ter o Brasil aderido ao tal ajuste de lesa pátria, estaria vedado o lançamento de mísseis balísticos (uso militar) da Base de Alcântara”. Data vênia, mas esta afirmação, no mínimo, legitima a subserviência/aceitação do/pelo país aos desígnios dos “todo poderosos”, justamente os que nos impedem ultrapassar alcance de 300 km e carga de 500 kg em nossos vetores, estes que, assumidos, nos livrariam de uma vez por todas das ameaças sobre as nossas, mais do que cobiçadas, Amazônias verde e azul. Com isso, excelência, os “yankees”, mantendo a sua segurança para o caso de uma intervenção em nosso território, ainda logram estabelecer, sem nenhuma resistência de nossa parte (de mão beijada!), uma base justamente no seio da (ainda nossa?!) Amazônia Legal! Interessante é que se reportou a este impedimento como se fosse a coisa mais natural do mundo. “Na posição de sentido e com a mão na pala”, seria a “síndrome do amadorismo franciscano”? Dizem que este mal impede que se enxergue até um palmo além do nariz. E a tão decantada dissuasão extrarregional? Que não se duvide, não, não vamos alcançá-la nem com centenas nem com milhares de “guaranis”. A arma desta dissuasão é a artilharia de mísseis e foguetes, o pior cego é aquele que não quer ver. Com todas as honras e sinais de respeito, excelentíssimo senhor Ministro, e o “Brasil acima de tudo”? Os brasileiros querem e precisam saber!
    TITULAR DA PASTA- Hoje, o país gasta cerca de 1,3% do PIB com defesa. No ano passado, contudo, dos R$ 109,9 bilhões destinados ao setor, R$ 80 bilhões foram para pagamento de pessoal, R$ 47,7 bilhões desses aos inativos. “O único oxigênio que falta para a gente é a questão orçamentária”, afirmou. A meta de 2% do PIB já havia sido citada várias vezes pelo ministério, e é baseada no padrão que a OTAN (aliança militar ocidental) adota.
    PRRP- Pois, que seja dito, está gastando muito mal. Raciocinando apenas com o preço unitário de uma VBTP Guarani (R$ 3.644.076,17), com o de uma viatura plataforma ASTROS II (R$ 3 553 329, 78), esta última, se capacitada ao lançamento de vetores de cruzeiro, desde que sem limitações de alcance/carga pelo MCTR, será de muito mais valia do que a primeira, isto sem falar que apenas “225” delas mobíliam todo um arco de defesa alada estabelecido por 15 localidades (uma bateria a 15 viaturas x o total das localidades), distribuídas desde Tabatinga/AM até Rio Grande/RS. Raciocínio lógico, juízo de valor puro, simples e insofismável…
    FOLHA- Ocorre que a meta da OTAN só é atingida por 7 de seus 29 membros, gerando pressões por parte do principal sócio do clube, os Estados Unidos, para que outros países a atinjam. No grupo, inativos não entram na conta.
    TITULAR DA PASTA- Azevedo, por outro lado, ressalvou que os orçamentos militares foram preservados em 2019 e 2020, até aqui, embora ele não saiba ainda o impacto da pandemia da Covid-19 sobre o gasto público daqui para a frente.
    PRRP- Agora se apresenta uma oportunidade, caída do céu, que possibilita justificar o mau emprego dos recursos. A pergunta que não quer calar: e antes da pandemia, por que não se gastou com bom senso? Por um acaso, a pasta já solicitou, para a AVIVRÁS, o desenvolvimento do VDR-1500/2500 Km?
    FOLHA- Os militares foram privilegiados. Como a Folha mostrou no começo do ano, a área teve o maior reforço de caixa da Esplanada, com R$ 6,3 bilhões a mais gastos em relação a seu orçamento original no primeiro ano do governo do capitão reformado do Exército Jair Bolsonaro.
    PRRP- Como foram consumidos esses “R$ 6,3 bilhões a mais”? Quanto desta quantia foi empregado em proveito do binômio dissuasão extrarregional/defesa anti acesso? É bom que se enfatize, o Projeto ASTROS II(um dos “7” do EB) precisa/deve preterir a todos os “6” restantes, posto que constitui a garantia para o desenvolvimento/conclusão dos demais, sem interrupções fortuitas, estas que poderão ser causadas por ação dos “grandes predadores militares”.
    TITULAR DA PASTA- Azevedo disse ter ficado satisfeito em 2019, quando conseguiu ver aprovada a polêmica reestruturação da carreira militar e a reforma previdenciária da categoria. Queria focar em reequipamento das Forças neste ano, mas não sabe se isso será possível com a Covid-19.
    PRRP- Novamente o COVID-19 como “tábua de salvação” para todo um ano (2020), no qual o titular da pasta, assim como no ano passado, em nenhuma oportunidade, se reportou a como pretende alcançar o tão almejado “estágio de dissuasão extrarregional”, patamar primordial para o cumprimento da missão de defesa da Pátria, um farol que, sem nenhuma justificativa, continua apagado-
    Apresentação do avião cargueiro KC-390 –
    TITULAR DA PASTA- “Estamos muito defasados em capacidade operacional”, afirmou, apesar dos avanços nos programas estratégicos da Marinha, com novos submarinos, e da Força Aérea, com o caça GRIPEN e o cargueiro KC-390.
    PRRP- Submarinos sem condições de, pelo menos, dispararem mísseis, convencionais que sejam, na situação de submersos; quatro fragatas, em construção, dotadas com mísseis que não atingem, nem mesmo, o alcance do irrisório AV Matador (de mosquitos)-300km; cargueiro KC-390, muito boa aeronave logística, porém sem nenhum significado de intimidação face aos “grandes predadores militares”.
    TITULAR DA PASTA- O ministro falou um pouco sobre política, reforçando o discurso que prevalece no governo desde o auge da crise envolvendo rumores golpistas e as Forças Armadas: “Não há declarações políticas de militares da ativa. Eu sou o representante político das Forças”.
    PRRP- Sem comentários.
    FOLHA- Ele não foi nem questionado, nem elaborou, sobre os estágios mais graves da crise. Disse que o presidente vê as Forças como entes de Estado e que o fato de ele ter sido militar “ajuda muito”. Queixou-se do termo “ala militar”, que designa genericamente na imprensa os dez ministros oriundos da caserna.
    PRRP- Ao presidente pode até ajudar, mas, porém, contudo, todavia, entretanto, às FFAA, só tem servido para diminuir o seu prestígio junto à população, na medida em que esta não consegue separar/distinguir a imagem dos militares ocupantes de cargos políticos dos soldados cidadãos que labutam nos quartéis.
    FOLHA- Por outro lado, ele citou as 142 operações de garantia da lei e da ordem feitas pelos militares desde 1992. “É muita coisa”, citando as prioridades dadas agora ao combate à pandemia, à questão indígena e à Amazônia.
    PRRP- Quanto às “142” operações de GLO, apenas se confirmam os desígnios patéticos, preconizados pelo mais do que suspeito “Consenso de Washington para as FFAA dos países latino americanos; quanto ao combate à pandemia nada contra; no respeitante à Amazônia e a questão indígena, com relação à grande região norte, pelo menos em prol da sua garantia de nossa posse, continuamos na “mesma mesmice” sem nada, absolutamente nada que some alguma coisa de concreto; no que concerne à questão indígena, nenhum trabalho/providência de resultados palpáveis com vistas a extirpar a ameaça secessionista do gentio separatista (Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO/montedo.com)
    Paulo Ricardo da Rocha Paiva
    Coronel de Infantaria e Estado-Maior

  6. Merecidíssimo! Afinal, quem vai para rua dá porrada no povo quando este sai para protestar contra o Governo. Os militares ou os professores?

  7. Não sei porque tanto dinheiro para a Defesa. Os maiores inimigo do Brasil são os próprios brasileiros. Investindo na Educação poderíamos, quem sabe, reverter este quadro. Mas nunca foi prioridade por aqui. E, pelo visto, continua não sendo.

  8. DEFESA NACIONAL, EMBROMAÇÃO PARA INGLÊS VER
    Artigo publicado no “Jornal A Pátria”
    A Política Nacional de Defesa/PND, atualizada em 2015, estabeleceu, entre outros, como alguns dos seus objetivos nacionais permanentes, “garantir a soberania, o patrimônio nacional e a integridade territorial” e “assegurar a capacidade de Defesa para o cumprimento das missões constitucionais das FFAA”. Em verdade, são passados, desde 1995, quase vinte anos sem que os governos da República tenham alcançado, pelo menos, o limiar atingido pelo regime militar em termos de dissuasão extra regional, haja vista o experimento do nosso artefato nuclear que seria levado a efeito na região de Cachimbo, sul do Pará, criminosamente abortado pelo entreguista Fernando Collor de Melo, criador do enclave separatista YANOMANY, uma personalidade, pelo que se depreende, com espanto inaudito, muito admirada pelo atual ministro da defesa. Que seja dito, militares que se prezam deveriam execrar a figura daquele, como diria o menestrel Caetano Veloso, “dragão misterioso, pássaro formoso”.
    Sim, os brasileiros estão especialmente atônitos, apreensivos mesmo, sobre o que se pode esperar de uma atual governança que, simples e temerariamente: faz vista grossa, sem denúncia dos acordos de “lesa pátria”, firmados em magistraturas anteriores, que impedem o País de dispor de aparato bélico realmente dissuasório face aos “grandes predadores militares”; se fia em guarda-chuva protetor de potência que não honra seus compromissos como nação integrante das “américas”, privilegiando, em caso de conflitos militares neste subcontinente, os países de língua inglesa; almeja integrar a “OTAN”, nos dias atuais uma aliança militar muito mais voltada para o interesse dos “poderosos” do que propriamente para defesa do chamado “mundo livre”. É de se perguntar: -“Com que autoridade moral os defensores do atual governo podem criticar o entreguismo selvagem de um Fernando Henrique Cardoso. Que tremenda “cara de pau” a desses “pastores de ovelhas”!
    Embromar com blindados Guarany convencionalmente armados, em paradas militares, sem dispor de uma “artilharia vetorial alada”, de grande alcance e sem limite de carga; navegar na maionese com navios de escolta e submarinos, sem “vetores balísticos de cruzeiro”, em desfiles na orla litorânea do Rio de Janeiro; planar apenas com aviões logísticos KC-390, super valorizando o transporte de tropa e equipamentos, como uma compensação, prêmio de consolação de quem não conta com caças de última geração, decididamente, todos estes “ledos enganos” não conduzem a nada em termos de uma defesa nacional de valor. Desesperadamente, causa espécie a postura alienada, omissa, subserviente de um alto comando militar que, parece, duvida do perigo que a nação está correndo hoje, agora, neste exato momento.
    Esperar que nossos mais do que prováveis poderosos oponentes, por exemplo, aguardem a entrega da viatura blindada de transporte de pessoal/VBTP, de número “2044”, nos próximos vinte anos, como prevê o projeto é, com certeza, “acreditar em Papai Noel”! Que não se duvide, precisamos de imediato, para ontem, muito antes das VBTP, tão somente de “225” viaturas plataformas ASTROS II e de seus vetores balísticos, com 1500/2500 km de alcance e sem limite de carga, que batam no inimigo bem distante do litoral/costa e/ou da fronteira norte, estas que mobiliariam apenas quinze baterias, aquarteladas ao longo do imenso arco defensivo que, iniciado em Tabatinga/AM, incluiria mais treze localidades, até chegar na cidade de Rio Grande/RS. Para efeito dissuasório contundente e definitivo, este, com certeza, seria o nosso mais precioso trunfo. Sem a concretização deste grande arco de defensivo alado, vamos mais é apanhar feio. “Não adianta tampar o Sol coma peneira, o pior cego é aquele que não quer ver!”
    Paulo Ricardo da Rocha Paiva
    Coronel de Infantaria e Estado-Maior

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