‘Financial Times’ discute papel de militares no Brasil sob Bolsonaro

Principal página do site do jornal Financial Times questiona papel de militares no Brasil sob Bolsonaro Foto: Financial Times/Reprodução

Em reportagem, jornal britânico questiona: ‘Se o líder brasileiro decidisse ignorar uma decisão do Supremo Tribunal Federal, o que fariam as Forças Armadas?’

Célia Froufe, correspondente, O Estado de S.Paulo
LONDRES – Está no alto do site do jornal britânico Financial Times, abaixo de uma foto do presidente brasileiro usando máscara: “Bolsonaro e os generais: os militares vão defender a democracia no Brasil?”. A pergunta é o título de uma reportagem que está em destaque no “The Big Read”, uma seção da publicação que se aprofunda sobre um tema por meio de um texto bastante extenso. Na versão impressa desta terça-feira, foi reproduzida uma versão menor da entrevista concedida pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e que havia sido publicada ontem online.
No site, o FT salientou que, como sua posição ficou ameaçada, o presidente levantou a perspectiva de intervenção política do Exército. O jornal salienta que as Forças Armadas brasileiras estão tentando melhorar sua imagem com os jovens e que criou até um jogo de videogame para crianças. “A incursão nos videogames fala muito sobre o papel cada vez mais ambíguo que os militares estão desempenhando na vida pública brasileira.”
O jornal salientou que, em mais de três décadas desde o fim de uma violenta ditadura militar, as Forças Armadas mantiveram suas cabeças baixas e ofereceram forte apoio às instituições democráticas do País. “Mas isso foi antes de Jair Bolsonaro, um ex-capitão de direita do Exército, ser eleito presidente em 2018”, pontuou, citando que ele nomeou um grande número de ex-militares para cargos importantes em seu governo.
Agora que sua própria posição está sendo ameaçada, ele levantou abertamente a ideia de alguma forma de intervenção militar na política brasileira, alegando em junho que as Forças Armadas não aceitariam “decisões absurdas” do Supremo Tribunal Federal ou do Congresso, destaca o jornal. Os comentários, conforme o FT, foram vistos como uma reação do presidente às investigações que ele e sua família estão enfrentando e que teriam o potencial de levar ao seu impeachment.
A reportagem também descreveu que o vice-presidente, um general do Exército aposentado, Hamilton Mourão, é visto como o “adulto na sala” do governo e que outro general aposentado do Exército, Augusto Heleno, é um dos membros mais polêmicos da administração de Bolsonaro. Citou que Eduardo Pazuello é o ministro interino da Saúde, apesar de não ter experiência na área ou nos serviços públicos de saúde e que Bento Albuquerque é ministro de Minas e Energia. Sobre cada um, há um pequeno perfil.
A publicação aponta para a possibilidade de um novo período de turbulência política no País, com a economia entrando em uma nova recessão depois de já sofrer uma década de estagnação e com o governo amplamente visto como tendo frustrado a resposta à pandemia do coronavírus, com as mortes ultrapassando a marca de 100 mil no fim de semana. “Essa situação levantou questões urgentes sobre qual é o papel dos militares na sociedade brasileira hoje e qual é a sua relação com Bolsonaro. Se o líder brasileiro decidisse ignorar uma decisão do Supremo Tribunal Federal, o que fariam as Forças Armadas? Os ex-militares em torno do presidente são um acelerador ou um freio em seus instintos autoritários?”
O FT consultou uma dezena de pessoas preocupadas com a situação, inclusive com o fato de que mais de 6 mil militares ativos ou de reserva já ocupam cargos governamentais na administração Bolsonaro, e apresentou outra quantidade similar de entrevistados que não vê problemas. A publicação também evoca a história e o papel dos militares o País, citando episódios desde a Independência do Brasil de Portugal e salientando que o País abriga as maiores Forças Armadas da América Latina.
ESTADÃO/montedo.com

5 respostas

  1. Um “general-ministro” respondeu a essa dúvida (se as FA reagiriam a uma decisão do STF contrária ao PR) quando afirmou em Nota pública que teriam drásticas “consequências”, caso o celular do PR fosse apreendido pela justiça.

    Ou seja, já se tem a resposta à pergunta feita na reportagem do FT.

    1. A história do Brasil, desde o período colonial é marcada por uma corrupção endêmica! Após a independência se tornou cristalina a forma de se fazer política no Brasil: um sistema que enriquece os políticos e empobrece a população! Nada mudou! Está no Diário do Poder de hoje: nossos 81 senadores custam, anualmente, 3 bilhões de reais aos cofres públicos! É muito dinheiro para um país tão desigual! Políticos vivem o céu na terra com suas inúmeras e obscenas mordomias! Direita, esquerda e centro é tudo a mesma coisa! Nem gosto de ler os escândalos diários de corrupção nos jornais…tucanos…petistas…ninguém esquenta lugar na cadeia…logo estão soltos (isto quando são presos) ou em “prisão domiciliar” em suas mansões ou apartamentos à beira mar! Fica uma pergunta…para que servem ou a quem servem, mesmo, os políticos no Brasil? Enquanto isto quem trabalha, e paga muito imposto, vive o stress infinito de equilibrar as contas da casa e tentar proporcionar um futuro melhor para os filhos! É uma carga pesada…quando passam dos sessenta e se aposentam ( se não tiverem um infarto ou AVC antes ) estão aos cacos com inúmeras doenças, marcas da vida dura de quem trabalha de verdade e paga muito imposto sem retorno algum, como hipertensão, hérnias de disco, câncer, diabetes, cardiopatias, etc…etc…já os nobres políticos chegam fácil aos 80…90 anos…muita mordomia…vida boa…zero stress…

      1. Excelente.
        Há bastante tempo deixei de me preocupar com esse “BRASIL”. Vivo da melhor forma possível cada dia. Faço o que gosto na medida certa, sem estresses. Tive meus filhos cedo, dois formados trabalhando e uma cursando Odonto. Nossas despesas são equilibradas não deixando o conforto a desejar, como disse: tudo na medida certa. Hoje com 49 anos, novo, vou para reserva no próximo ano, se nada mudar até lá. Pretendo não trabalhar na reserva, caso necessitar vou, sou professor com algumas qualificações, essas que não foram aproveitadas pelo nosso grandioso EB, mas tudo bem.
        Para terminar: vivo conforme música, mas não danço os mesmos passos.
        Sejam felizes, depois vai ser tarde. Até mais.

  2. Artigo no Jornal do Comércio – PA/RS
    Inicio este desagravo com os dois primeiros mandamentos do já conhecido, apregoado e invocado “Código de Honra Quatro Estrelas”. O primeiro que reza: “O dilema entre a lealdade e a disciplina não tem razão de ser quando silêncio e omissão contribuírem para causar um dano insuportável à nação e à Instituição, estas sim, e nesta ordem, credoras de sua lealdade. Aos superiores o militar deve, sim, obediência, cooperação, respeito e franqueza, que sintetizam, cada um por si, diversos atributos importantes”. E o segundo que emula: “Franqueza e coragem moral caminham juntas. A responsabilidade dos oficiais generais, de último posto, na formação do processo político envolve uma franqueza absoluta. Uma vez que uma decisão política final seja tomada, ele tem a obrigação de apoiar essa decisão como se ela fosse sua, com uma grande exceção: questões que envolvam os profundos princípios como – dever, honra e pátria – não podem se submeter a outros compromissos”.
    Em sendo assim, o tradicional poder moderador, herança bendita do “tempo de glória” vivenciado no Império, que foi exercido nas horas difíceis de manutenção da unidade do País e das lutas externas, malgrado as interpretações de ocasião: de um Poder Legislativo composto por alguns parlamentares corrompidos pela instituição nociva e cancerosa do “toma lá dá cá”; por um Poder Judiciário constituído também por alguns inócuos, prolixos e nada confiáveis “togados mestres do Divino”; e de um chefe do Poder Executivo, neste presente momento, até sobejas provas em contrário, absolutamente incapaz de liderar e apontar caminhos para seu povo, como um todo, no combate à uma autêntica e perniciosa pandemia, esta que não deve nada `a uma comprovada situação de “estado de sítio com a nação em perigo”, resumindo, o simbolismo da “última ratio regis”, deste poder moderador, temido pelos maus brasileiros, não pode ser olvidado pelos autênticos soldados da Pátria, aos quais se somam os demais “irmãos em armas” da Marinha e da Aeronáutica.
    Isto posto, que se acautelem os fervorosos, empedernidos e desavergonhados arautos desta pretensa legalidade congressual e judicial, assim como a equivocada liderança presidencial, porque, de uma hora para outra, num repente, não faltarão “Caxias e Castelos Brancos para colocarem ordem na casa”, que não se duvide, mesmo a despeito do “choro e ranger de dentes” desta falsa representatividade republicana que, já faz mais de três décadas, só tem prejudicado, pela sua deletéria participação, o porvir de um pobre, aviltado e indefeso País, onde vicejam os “Mensalões, os “Petrolões” e os “Centrolões”.
    Paulo Ricardo da Rocha Paiva
    Coronel de infantaria e Estado-Maior

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