Major trans atacada nas redes afirma que continuará servindo o Exército

Major Renata Gracin Foto: Reprodução/Instagram

João Paulo Saconi e Maiá Menezes
A major Renata Gracin, transexual hostilizada em redes sociais na semana passada, acredita que irá continuar nos quadros do Exército Brasileiro como uma militar do segmento feminino. A instituição, que ainda não confirma a permanência, afirma que conduz o caso com atenção e respeito.
Ao Sonar, Renata disse neste sábado que recebeu a oportunidade de manter funções administrativas nas Forças Armadas, mesmo após a transição de gênero. Hoje, não há previsão de que mulheres, trans ou não, possam integrar a Infantaria do Exército. Fico muito feliz por abrir portas para muita gente — desde 2018, há uma autorização para que elas trabalhem nas áreas de material bélico e intendência, das sete especializações possíveis.
— Me foi dada a opção de prosseguir na carreira como militar do segmento feminino e pretendo cumprir funções administrativas inerentes ao posto de major — afirmou Renata, que considera comum os militares com mais tempo de carreira, como ela, assumirem funções mais amenas da caserna.
Em nota (leia a íntegra no fim da matéria), o Exército informou que “o processo de mudança de gênero do Major Seixas ainda não foi formalmente apresentado à Administração Militar” e que o caso será avaliado “em face do ordenamento vigente, com toda a atenção e o respeito que exige”.
A história da transição da major começou há três anos, quando as questões dela com a identidade masculina fizeram com que ela buscasse ajuda médica. Renata conta que teve apoio psiquiátrico e psicológico dentro do Exército e, depois, passou dois anos em licença médica enquanto se recuperava de um quadro depressivo. A decisão de assumir a verdadeira identidade de gênero, feminina, aconteceu em 2018, enquanto ela participava da Parada LGBT de São Paulo.
— Comecei a tomar hormônios para a transição e fiz diversas cirurgias plásticas este ano para adequar o corpo e a mente. Na juventude, não tinha as mesmas informações de hoje — lembra a major, que ainda está finalizando o processo de mudança e se adaptando à nova realidade, que inclui corpo, voz e pronomes femininos.
Embora não saiba de onde partiram os ataques que recebeu virtualmente, Renata acredita que eles possam ter vindo de colegas lotados no próprio quartel em que ela trabalha, possivelmente surpreendidos com seu novo visual. Antes das ofensas, a militar já vinha tratando o tema com naturalidade e, além de ter visitado o local de trabalho já com a identidade feminina, enviou à unidade os documentos alterados com seu novo nome e foto para dar início ao processo de registro da mudança. Na balança, porém, Renata também se sentiu acolhida pela classe:
— Recebi mensagens de inúmeros militares e muitos deles eu conheci durante minha carreira no Exército. Meus superiores, quando foram informados, sempre buscaram me apoiar — declara a major, finalizando: — As mensagens positivas me deram muita força.

Leia a nota do Exército na íntegra:
“O Centro de Comunicação Social do Exército informa que o processo de mudança de gênero do Major Seixas ainda não foi formalmente apresentado à Administração Militar.
A Força Terrestre cumpre rigorosamente os preceitos legais, observando o que estabelece a Constituição Federal. Nesse contexto, a situação jurídica e os aspectos administrativos serão avaliados em face do ordenamento vigente, com toda a atenção e o respeito que o caso exige”.
EXTRA/montedo.com

19 respostas

    1. Mesma situação da transexual Maria Luiza da Silva (Cabo da FAB), porém no caso Maria Luiza a FAB jogou pesado, aplicou a exclusão do serviço ativo das Fileiras da Força Aérea com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço. Casos semelhantes com tratamentos distintos. Essas são as nossas FFAA: “um peso, duas medidas”.

  1. Com todo o respeito se fosse praça seria reformado por problemas psicológicos. Como é oficial vai servir de exemplo.

    Tirado essa dura realidade exposta acima. Sinal dos tempos modernos que vivemos hoje. Que possa ser aproveitada dentro da força da melhor maneira possível e que seja feliz no trabalho e na vida pessoal.

    Os militares são muito disciplinados, tirando as piadas nos primeiros momentos, se houver por parte do Comando do EB o acolhimento necessário. O restante se enquadra rapidamente.

    1. Não era “trans”, nem tinha união estável. Acusou ter sido torturado quando transportado pelos militares da PE em, rede Nacional, o que era muito pior ser acusado de torturador e onde aumentou a notoriedade sobre o caso, só que todo o procedimento havia sido gravado em áudio e vídeo. Acabou sendo reformado e recebendo mensalmente o vil metal… existem miltares em união estável com militares do mesmo sexo como dependentes legais no Exército.

    2. Existe uma diferença entre o “trans” e o “gay”. O trans tem o problema de não se aceitar com o corpo que tem o que gera depressão e outras coisas mais. Já o gay e comportamental.

  2. Não vejo como problema e sim como solução ter uma profissional com sua sensibilidade e se tiver competência poderá chegar a Ministra da defesa ,fora disso é apenas fofoquinha

  3. O tratamento deveria ser isonômico pra esse tipo de caso independente de posto/graduação. Afora as opções pessoais da profissional, ela pode ser competente nas suas funções e desempenhar um papel produtivo dentro da força.

  4. Entrou nas FA como uma pessoa e resolve matar essa pessoa e nasce outra; pra mim, o concurso nao foi feito por ela e sim por aquele que morreu pra ela. Entao, pra nao ser tao traumatico, que a reformem com os dias e vida que segue; agora, dizer que essa atitude abre portas pra outros militares e no minino insano. Se fosse na iniciativa privada, nao iria forçar a barra dessa maneira.

  5. Sem qualquer tipo de preconceito,isso infelizmente virou o chamado MODISMO. Homossexual sempre existiu e merece respeito como todas as pessoas heteros, porém isso de trocar de sexo é algo ao meu ver deplorável, tenho que respeitar, mas jamais serei obrigado a concordar e o pior de tudo é que muito provável do FUSEX ou qualquer outro sistema de saúde público deve ter bancado. Mas felizmente isso só comprova uma coisa:
    1 João 5:19
    Sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz no Maligno.

  6. O respeito ao ser humano deve prevalecer, a sociedade diuturnamente busca a divisão (A x B, Conservadores x Liberais, Esquerda x Direita, Homens x Mulheres, Brancos x Negros), a vida em comunidade é baseada em conceitos que foram construídos ao longo do tempo e se adaptar faz parte da evolução humana e social, não há que se falar em mais ou menos direitos e deveres. Não é a condição do outro que impede a convivência harmônica e respeitosa e sim a minha incapacidade de mudar, aceitar, esbarramos sempre na ignorância de acharmos que nossas vidas importam mais, que nossos problemas são maiores. Neste caso em particular o Exército a meu ver irá usar como forma de passar para a sociedade que não é uma Instituição preconceituosa nesse assunto, quando na verdade sabemos como funciona, mas o que vale é a opinião pública estar satisfeita e os direitos humanos não incomodarem, pouco importando o ser humano em si.

    1. a opção sexual, não faz um ser humano melhor que o outro, mas, só para lembrar, todos nós já estamos com a passagem comprada para cima ou para baixo. O dia só Deus sabe. Portanto, cada um deve seguir a sua propria vida da melhor forma possível.

  7. Vão agir mais por pressão do que por convicção, mas deve ser vista a base legal, já que inexiste militar combatente feminina e ao aceitar tal disposição, deve ser aberta a ascenção a todos os postos, sem exceção. Funções burocráticas não alteram a atividade e destinação formativa e são meras contingências de um estado de paz e a adequação a outra função não existe no Estatuto dos Militares, existe somente para civis na Lei 8.112. Lembrando que em 2008, o 3º Sgt Fábio Portela, passou por processo cirúrgico de redesignação e acabou sendo dispensado do Exército, sem salário, com o detalhe que era militar de Saúde, que comporta o seguimento feminino. O transtorno da identidade sexual, classificadas pela organização mundial de saúde (OMS) como transexualismo é tratado pela psiquiatria como doença, conforme o CID 10 com código F64. Mas se forem garampar os militares sem qualquer tipo de transtornos… em boa sorte!

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