Gen Villas Boas – Carecemos de um projeto nacional

General Villas Bôas chega para inauguração do instituto que leva o nome dele, em Brasília — Foto: Nicole Angel/ G1

A elaboração de um projeto de nação nos traz uma oportunidade para buscarmos sinergia entre todos que integram a sociedade

Eduardo Villas Bôas*
O Estado de São Paulo

Somos um país com mais de 200 milhões de habitantes, cuja população contém em si própria riquezas geradas desde 1500, decorrentes da miscigenação em que as três raças se mesclaram, cada uma delas aportando características ímpares.
A criatividade, a alegria de viver, a tolerância, a adaptabilidade, a resiliência, a religiosidade, o sentido de família, o patriotismo, enfim, esses e outros atributos são como uma vasta produção de frutos, à espera de serem colhidos e colocados na grande cesta da nacionalidade brasileira.
Esse enorme cartel de singularidades vive sobre uma base física que metaforicamente constitui uma arca plena de riquezas, sobre as quais estamos sentados, desconhecendo o conteúdo e tampouco sabendo como abri-la.
O que nos falta para que se produza uma mobilização da vontade e das capacidades no sentido de soberanamente os utilizemos atendendo prioritariamente às necessidades do nosso povo?
Infelizmente, nossa sociedade se deixou impregnar por esquemas mentais que nos são estranhos, depois de 50 anos em que, a despeito das precariedades, trazíamos conosco um senso de grandeza, aliado a uma ideologia de desenvolvimento e a um sentido de progresso.
Infelizmente, a partir de então – anos oitenta – não atentamos a que nós estávamos deixando fracionar, inicialmente por interesses alheios travestidos de ideologias e, quando elas fracassaram, permitimos que esquemas mentais alheios a nossa natureza viessem a nos dividir ainda mais, a ponto de o ser humano não mais fosse valorizado como tal, passando a que sua essência, para ser reconhecida, dependesse da militância em prol de um desses grupos onde se abrigam.
Caímos num fosso, em cujo interior andamos em círculo, progressivamente nos afundando sem dispor de ferramentas que nos tornem possível dele sair, de maneira a que recuperemos a capacidade de vislumbrar o horizonte e nele identificar indicações dos rumos a seguir com vistas no futuro.
Em outras palavras, carecemos de um projeto nacional que nos possibilite ter um olhar em direção ao interesse comum, capaz de nos livrar da prevalência do individualismo, do imediatismo e dos interesses grupais ou corporativos.
A elaboração de um projeto de nação nos traz uma oportunidade para buscarmos sinergia entre todos que integram a sociedade brasileira e, colocando o interesse coletivo como referência, encontrarmos os caminhos que conduzam à paz e à prosperidade.
É o que esperam de nós as gerações futuras, os países que nos são vizinhos e os que desejam compartilhar um futuro comum. Somos, talvez, o único país com capacidade de inaugurar um novo caminho de desenvolvimento, a partir das qualidades de nossa gente, assinaladas no início dessas palavras. É hora de arregaçarmos as mangas e, cada um, considerando as capacidades e disponibilidades, participar desse grande mutirão.
*General da Reserva e Ex-Comandante do Exército
DefesaNet/montedo.com

10 respostas

    1. Deus vai o proteger de todo mal, homem patriota, sempre desejou o bem do Brasil dando exemplo de transparência, liderança e honestidade, que surjam outros exemplos de Villas Boas. O Brasil está precisando de homens como ele, de caráter. Saúde!!!

  1. Blablablá. Palavras bonitas jogadas ao vento. Seria lindo e estas palavras poderiam ter o poder de tirar da inércia a nação, porém, partindo de um representante das Forças Armadas, que considero digno, que assistiram a deterioração , segundo ele mesmo citou, e não reagiram a tempo, e nem fora de tempo, resta a constatação: FERROU TUDO.
    Esta doutrina positivista a asséptica e bonita numa nação utópica ou muito desenvolvida moralmente.
    O Brasil e o país da lei de Gerson. Deixar que a Nação se depure e expurgue dentro das leis demoxraricas ou eleitorais e de uma inocência infantil.
    E isto é uma verdade absoluta apenas por um detalhe: o inimigo da nação não respeita leis, impõe sua vontade a força e corrompe os sem caráter.
    Esta lição foi aprendida rápido por militares da década de 60 e 70. Graças a isto, hoje não estamos piores que a Venezuela.
    Portanto, infelizmente para a nação, palavras bonitas e democráticas não solucionarao a comunizacao do país.
    Se eles não seguem regras, com regras não serão vencidos.

  2. Na tradição de bom senso e equilíbrio do nosso querido Gen Ex Villas Bôas, a meu ver, nesta sua manifestação ele fez uma discretíssima crítica aos inúmeros desacertos que seu Comandante/Comandado Presidente da República vem fazendo, negando as intenções demonstradas a ele, pessoalmente, no dia de sua posse, como toda a Nação testemunhou.

  3. Discurso progressista e um tanto PIV, também.
    Talvez, para os alunos da ECEME, possa ter alguma utilidade.
    O problema é que precisamos, urgentemente, de atitudes pragmáticas.
    Projetos têm que ser colocados em prática no momento atual…agora!
    As hienas já cercam o leão!

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