Desserviço à Pátria

O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, durante uma cerimônia de hasteamento de bandeira em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília Adriano Machado/Reuters

Eduardo Pazuello pode ser um bom paraquedista, mas é um desastre no combate à pandemia

Hubert Alquéres
Aconteceu o que a cadeia de comando das Forças Armadas mais temia quando o general da ativa Eduardo Pazuello caiu de paraquedas (sem trocadilho) no Ministério da Saúde. Depois das idas e vindas, confusão e tumulto, com os números das vítimas e de infecções por Covid-19, o desmanche da pasta passa a ser associado aos militares. Não só pela sua forte presença em uma área onde são estranhos no ninho, mas também por serem os executores de uma estratégia de esperar pela “contaminação por rebanho” defendida pelo presidente da República desde o início da pandemia.
Seria ilusório acreditar que os militares do Ministério estão apenas cumprindo ordens, por disciplina e respeito à hierarquia. Há absoluta sintonia entre eles e o presidente Jair Bolsonaro no tocante à estratégia adotada. É próprio de sua formação ver as mortes como efeito colateral de uma guerra, compensado pelo objetivo de aniquilar o inimigo.
Em sendo assim, as mortes da Covid-19 são efeitos colaterais do enfrentamento da pandemia pela via do povoamento das ruas para que o maior número de pessoas adquiram anticorpos. No máximo, lamentam as vidas ceifadas – segundo o presidente, o destino de todos nós.
A banalização das mortes da pandemia é decorrente de uma política eugenista adotada por Bolsonaro com o respaldo do núcleo militar palaciano. Nela, só os mais fortes sobrevivem.
Muito se fala da preparação dos militares, ao longo de toda uma carreira. De fato, podem estar prontos para o exercício de suas funções profissionais e constitucionais, mas isto não os capacita necessariamente como gestores da administração civil, em particular em áreas sensíveis como a saúde. Não têm a formação, o preparo e o conhecimento necessários para gerir o Sistema Único de Saúde, ainda mais em tempos de pandemia.
A negação da ciência é algo estranho à formação dos militares. Desde o fim da guerra do Paraguai, quando foram fortemente influenciados pelo positivismo, o conhecimento científico é visto como condição necessária para o progresso, ao lado da ordem.
Pois bem, quando o general Eduardo Pazuello assina um protocolo sobre o uso da cloroquina, sem o menor embasamento em evidências científicas, ou despreza o isolamento social e as estatísticas como fundamentos para o combate à pandemia, está negando aquilo que lhe foi ensinado na academia militar. Benjamin Constant deve estar se revirando no túmulo por causa do negacionismo dos militares encastelados no Ministério da Saúde.
Conceitos militares quando aplicados à vida civil costumam provocar desastres. Isso vem acontecendo com as técnicas de informação e contrainformação, elementos da guerra psicológica adversa, desde os tempos da doutrina de Segurança Nacional elaborada pela Escola Superior de Guerra, em 1947. A informação é vista como segredo militar a ser guardado sob sete chaves e a contrainformação como elemento estratégico para desnortear o inimigo.
O princípio cabe na lógica de uma guerra objetiva ou fria, onde a meta é exterminar o inimigo. Entende-se que em tais circunstâncias não se informe as baixas e o número de mortos. Só que a batalha contra o coronavírus é completamente diferente das guerras tradicionais. O objetivo não é matar, é salvar vidas. Daí porque a transparência, a informação, os dados fidedignos e as evidências científicas são armas para derrotar o inimigo.
Ter um general sem o menor preparo para comandar o Ministério da Saúde é tão absurdo como seria nomear um infectologista ou um epidemiologista para comandar o Exército Brasileiro.
Não se trata de jogar nas costas do general toda a responsabilidades pelos absurdos cometidos pelo governo Bolsonaro contra a saúde pública.
Ademais, seu fardo de culpa deve ser compartilhado com o general Braga Netto, suposto coordenador geral no combate à pandemia, que ainda não disse a que veio. Sua atuação é pífia. Só foi visível seu esmero em ofuscar e torpedear o então ministro Luiz Henrique Mandetta.
Eduardo Pazuello pode ser um bom paraquedista, um bom comandante de tropa, mas é um desastre no combate à pandemia. Faz mal à sua biografia, desserve à pátria e à credibilidade do Exército. Faria melhor se voltasse para a tropa.
Oficiais da ativa das Forças Armadas extrapolam aqueles incrustados no núcleo de generais palacianos. Somam-se a eles centenas de outros alocados em cargos governamentais, não raro fora de suas áreas de expertise, comprometendo a imagem da instituição. Só no ministério da Saúde são vinte e cinco em postos estratégicos.
Até para evitar que a bomba da pandemia estoure no colo das Forças Armadas, é imperioso que o general Eduardo Pazuello se afaste. Já passou da hora do Ministério da Saúde voltar para as mãos de quem é do ramo. Só assim não haverá novas trapalhadas e o Brasil poderá vencer o coronavírus. Pazuello é a certeza da derrota.
*Membro da Academia Paulista de Educação
Veja/montedo.com

38 respostas

  1. Vai te lascar esquerdista, quem é você para dar parecer para que o General seja afastado. Membro da Academia Paulista de Educação! Você não passa de um esquerdista petista. Agora temos que ouvir um asno deste do PT? O General está certo. E vai ficar para alegria do povo brasileiro.

  2. Todos que morreram eram comunistas, petistas, agentes cubanos com estágio na Coréia do Norte, financiados pelo Leonardo Dicaprio e a mando da França. O general só quer livrar o País dos comunistas e quem for contra é petista e a favor da Folha de São Paulo e Rede Globo.

  3. O General não tem condições nenhuma de assumir esse posto, sua competência ficou em obedecer ordens e cometer crimes administrativos para maquiar e manipular dados a mando do Presidente da República. Hoje buscam de qualquer forma esconder a Pandemia que tanto ignoraram, deixaram o país sem rumo e agora tentam esconder os cadávares de centenas de brasileiros, já que as previsões para junho e julho se mostram catastróficas. Mas como a própria imprensa diz, não será fácil esconder mais de 1000-2000 óbitos diários e a culpa vai cair para cima de quem desdenhou, ignorou e tentou manipular a Pandemia.

    Com relação a imunidade de rebanho para essa doença é o maior falácia de todos os tempos. Primeiro porquê 70% dos 209 milhões de brasileiro teriam que adoecer, logo o Brasil não teria UTI para todos os pacientes e segudo que é um coronavírus, ou seja, pode sofrer mutações como vírus da gripe, portanto, o risco colocado para população pode ser catastrófico e inútil, com milhões de mortos já que a letalidade da doença beira os 5% e 50% dos brasileiros tem alguma doença que os colocariam no grupo de risco.

    Como disse em uma mensagem anterior, a diferença de nível dos Generais dos EUA com os do Brasil é gritante, nos EUA eles demostram a preocupação com a população, criticam o Governo pra imprensa quando quer colocar tropa contra os próprios americanos e protestam pela divisão que Donald Trump estava fazendo. Infelizmente no Brasil o que observamos são os Generais escondidos, outros participando de manifestações para fechamento do Congresso e STF, obedecendo ordens absurdas com a finalidade de cometer crimes administrativos e se lixando se morrem 37 mil ou 1 milhão de brasileiros.

  4. “Fernando Henrique Cardoso é um dos poucos políticos brasileiros capaz de enxergar além do nevoeiro que turva nossos olhos”. Uma pessoa que fala isso merece algum crédito? Pois é, foi o que Albert Alguéres disse e até escreveu o livro “Os 80 anos de FHC”.

  5. Quem se habilitaria ao cargo, que não seja acomunado com os grandões da saúde, ou vocês acham que a saúde pública está um caos simplesmente por um acaso e não planejado? Dinheiro nunca faltou! fato.

  6. A revista veja com a esquerda, parece com pantufas: quando no Inverno, dentro d e casa pode até ser confortável, mas na rua…Ô Ô Ô vergonha! Parceiros feios.

  7. Cada dia vejo mais asneiras neste blog. acredito que e por serem a maioria dos leitores apoiadores do nosso desastroso governo. O Brasil nunca esteve tanto a deriva como hoje. A boa intencão do Presidente perde toda a sua credibilidade quando o seu comportamento de cap EV vem a tona. o mais preocupante é o tom de agressão que os seu seguidores vem espalhando aos quatro ventos. Um derramamento de sangue de irmãos nao seria bom pra ninguém.

  8. A desonestidade intelectual da esquerda, sem dúvida para com os povos : idealismo barato, pregação de igualdade e proteção de minorias que não se sustenta.
    Enfadonhos.

  9. Generais do Exército são homens acostumados a não serem cobrados, confrontados com nada, sendo assim, ele faz aquilo que aprendeu desde muito jovem, cumprir ordens…acontece que seria meritório cumprir ordens se estas não colocassem em perigo a saúde do povo brasileiro, a democracia e o bom nome das FFAA. Quanto aqueles que falam em direita e esquerda, peço que façam uma auto crítica com relação a sua situação sócio econômica, Elles estão todos bem, já você? reflita sobre isso.

  10. Artigo deplorável ainda mais de quem veio !Defender Mandeta ?o general tem total apoio da população de bem desse país ,Se não fosse pelo STF dar carta branca a prefeitos e governadores pilantras estaríamos bem melhores !Qualquer desatino aqui a culpa nem é do presidente !Quem vem aqui culpar o general e o presidente está se fazendo de égua ,esquerdistas acham que enganam a quem ?!

  11. Reparem que a máscara foi colocada de cabeça para baixo, com isso a bandeira ficou de cabeça para baixo. Isso representa bem o atual momento do Ministério da Saúde e do Brasil.

  12. a quem interessa este tipo de matéria, que ataca ao Governo, de forma descabida, pensava que esse blog fosse de Direita, decepção.

  13. Escolha por critérios técnicos, Sei……

    Para implementar as propostas, Jair Bolsonaro disse que o ministro da educação e todo o primeiro escalão do governo vão ser escolhidos por critérios técnicos, sem a interferência de partidos políticos.

    “Tem que ser alguém que entenda daquele assunto. Assim como na Defesa vai ter um oficial quatro estrelas, no Itamaraty, alguém do Itamaraty, na Agricultura, alguém que venha indicado pelo setor produtivo, com a educação, não é diferente. A gente está escolhendo por critérios técnicos, né? Competência, autoridade, patriotismo e iniciativa”, declarou.

    (https://www.google.com/amp/s/g1.globo.com/google/amp/politica/eleicoes/2018/noticia/2018/10/20/jair-bolsonaro-defende-reforma-politica-e-fim-da-reeleicao.ghtml)

  14. Tudo é esquerda para esses bolsomínions….inclusive o vírus.

    Quero ver quando o filho de um destes militantes sucumbir perante o vírus, se vão dizer que era “apenas uma gripezinha” ou se o vírus era comunista.

    Cambada de comedor de feno, esses idólatras, fanáticos, faz arminha.

    Basta discordar de alguma sandice do 01, que logo vem a tropa de mulas.

  15. Critica-se o ministro na intenção de atingir o presidente Bolsonaro, cita-se o “gagá” Fernando Henrique como “o rei da cocada preta”, mas não se fala que foi o mesmo Fernando Henrique que no seu governo colocou o JOSÉ SERRA como seu Ministro da Saúde. José Serra é, pelo menos, da área? Ah! Então por que ficam com esta conversinha de “comadres”?

  16. Do fio ao pavio, do alfinete ao foguete, inclusive pequenas cirurgias, de qualquer assunto que surja nesse blog, sempre aparece um do EB, para a revelia do tema, reclamar que foi prejudicado pela lei de reestruturação da carreira.

  17. Engraçado como o monteiro perde tempo em publicar um comentário como desse imbecil. Ô Monteiro vamos publicar assuntos do Governo Bolsonaro e não de indoutos de pouco saber. Esse professor é um meliante esquerdista.

  18. Arrego MONTEDO!!! Não lerei mais a sua página e farei campanha contra a leitura dela!!! O General começou bem e está mantendo a posição até o momento. Está muito melhor que os anteriores!!! Já falei: não publique matéria tennd3ciosa e mentirosa!!!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo