Professor afastado no Colégio Militar terá “ampla defesa”, diz Exército

professor cmb

Docente afastado temporariamente pela direção do Colégio Militar de Brasília recebe apoio de alunos, colegas e parlamentares. Em sala de aula e fardado, ele fez críticas à ação da Polícia Militar de São Paulo em manifestação pró-democracia

Agatha Gonzaga
postado em 06/06/2020 07:00
Dois dias após o afastamento do major Cláudio Fernandes, professor de geografia do 9º ano do Colégio Militar de Brasília (CMB), o Departamento de Educação e Cultura do Exército confirmou que o militar poderá “exercer o direito ao contraditório e à ampla defesa” no processo administrativo ao qual responde. O docente está fora da sala de aula virtual desde terça-feira, quando a direção da escola decidiu investigar a conduta do educador. Em um vídeo gravado e enviado pelo pai de um aluno, o oficial comenta, com os alunos, a ação da Polícia Militar de São Paulo ao repreender torcedores que se manifestavam em prol da democracia, em 31 de maio. De acordo com o Exército Brasileiro, ele foi afastado por ter se “manifestado politicamente” e “desviado do assunto da aula”.
Na gravação, o professor faz uma comparação no tratamento dado aos manifestantes das torcidas de futebol, recebidos com “bombas e gás lacrimogêneo” e a uma senhora, apoiadora do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que carregava um taco de baseball. A mulher é chamada pelo major de “patriota de araque”. Fardado, o major conclui: “Dois pesos e duas medidas”. E completa: “Isso tudo remete a um fascismo que a gente não quer”.
De acordo com o Decreto nº 4.346, de 26 de agosto de 2002, do governo federal, que configura o Regulamento Disciplinar do Exército, entre as transgressões previstas estão: tomar parte, em área militar ou sob jurisdição militar, em discussão a respeito de assuntos de natureza político-partidária ou religiosa; manifestar-se, publicamente, o militar da ativa, sem que esteja autorizado, a respeito de assuntos de natureza político-partidária; e tomar parte, fardado, em manifestações de natureza político-partidária.
O coronel Carlos Vinícius Teixeira de Vasconcelos, comandante e diretor do Colégio Militar de Brasília, fez o comunicado do afastamento do major por meio de uma live. “Já determinei a abertura de um processo administrativo para esclarecer a situação e apurar as responsabilidades”, afirmou.

Repercussão
A bancada do PSol na Câmara dos Deputados protocolou um pedido de esclarecimento endereçado ao Colégio Militar para entender o afastamento. O documento considera as prerrogativas de liberdade de expressão como um dos fundamentos do país e um dos princípios do ensino no Brasil, de “pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas”, com “respeito à liberdade e apreço à tolerância”. “O Estado, portanto, não pode censurar um professor que está exercendo a sua atividade de acordo com os princípios constitucionais que deve reger todas as esferas da administração pública, sobretudo em um momento de propagação de tanto ódio e intolerância. O professor, pela sua fala relatada nos tópicos antecedentes, deveria ter sido homenageado, e não punido”, concluem os parlamentares.
A deputada distrital Arlete Sampaio (PT) também manifestou-se contrária à decisão da escola. “A postura adotada pelo CMB de perseguição, punição e nítida interferência e intimidação aos professores é assustadora, especialmente no contexto de ataques diários à democracia, às instituições e às liberdades individuais e políticas. Manifesto a minha solidariedade ao professor Cláudio Tadeu Fernandes e o meu mais veemente repúdio àqueles que atacam as escolas civis e militares, agitados pela sanha do fascismo”, escreveu.
Alunos e ex-alunos, além de professores colegas do major, organizaram abaixo-assinados e cartas abertas de apoio ao docente. “Acompanhamos atentos o posicionamento do comando do CMB com relação à abertura de processos administrativos para professores ou funcionários com base em justificativas insuficientes ou arbitrárias sobre o trabalho desses profissionais.” alegam os estudantes. “O desrespeito aos professores e às professoras, no nosso país, tem ultrapassado o limite do aceitável. Apesar de formarmos todas as outras profissões, recebemos os mais baixos salários, somos atacados por todos os lados e, mesmo assim, nos levantamos todos os dias e ensinamos para muitos”, completam os colegas de profissão.
CORREIO BRAZILIENSE/montedo.com

12 respostas

    1. Sem entrar no mérito, ampla defesa e contraditório causam crises de ódio e revolta nos chefes militares, observe…

      Pode ter uma ficha exemplar…passa a ser bandido.

      Esses são os maus chefes, maus militares e não tem respeito pelo Estado de direito, democrata e republicano.

      1. Esse cidadão que se diz peofessor já deveria estar na reserva, só não vai na expulsória pq o limite de idade foi alterado pela atual Legislação, já que ele completará 58 anos em outubro do ano que vem.
        Sempre foi de esquerda, e puxa saco do Lula. Ninguém da turma dele (CFO/QC 2000) suporta esse cara com suas ideias vermelhas. Está queimando o filme do QCO mais do que já é queimado. Por favor: pessoal do DECEx, façam pressao para pressão pra esse cara ir pra reserva!

  1. Logo teremos mais um candidato militar…em um país com tantos políticos militares e militares políticos não faltam partidos interessados em ter um militar para chamar de seu. E quem não quer desfrutar do maravilhoso mundo da política com suas imensas mordomias? É um sistema viciado…não acredito mais em nada…o dia que os políticos criarem uma lei condenando à prisão perpétua políticos que roubam dinheiro público, como está ocorrendo agora em muitos estados e prefeituras, volto a acreditar que há um luz na política brasileira! Quanto ao major…sempre foi militar…era praça oriundo de escola de formação e fez o concurso para o QCO em 2000 ou 2001…impossível que não soubesse das implicações de sua fala…já deve ter tempo para ir para a reserva ou está próximo disto…tirem suas próprias conclusões…

    1. Anônimo no 8 de junho de 2020 a partir do 07:57 chora praça! Não tem condição de passar em concurso para oficial e vem falar mal dos outros aqui. Vergonhoso! Por isto será praça toda a vida….

        1. Anônimo no 8 de junho de 2020 a partir do 14:41
          Praça mentiroso! Contando história em blog com inveja de um oficial, pq não teve capacidade de passar em concurso para tal posto e vem aqui vomitar frustrações. Ainda fica mentindo alegando ser isto ou aquilo. Aceita sua condição seu mentiroso e frustrado. Que triste!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo