A posição dos militares na crise: não há tolerância para qualquer golpe

Bolsonaro e os militares: aliança pela governabilidade Marcos Corrêa/PR Publicidade

Militares da alta cúpula do Exército têm definido o clima em Brasília como “um verão que começa a esquentar um pouco mais”. O aumento da temperatura é explicado por uma série de iniciativas que, na visão dos fardados, procuram não apenas conter os arroubos do presidente Jair Bolsonaro como, de fato, diminuir os seus poderes e impedir a sua governabilidade.
Essa percepção ficou clara quando o Supremo Tribunal Federal (STF) barrou a posse de Alexandre Ramagem, amigo de Bolsonaro, no comando da Polícia Federal. Para os militares, não caberia à Suprema corte invadir uma prerrogativa do presidente da República. Causou ainda especial irritação a decisão de dar seguimento a um pedido de apreensão do celular do presidente e de investigar o ministro da Educação por causa de suas declarações feitas durante uma reunião privada – Abraham Weintraub defendeu a prisão de ministros do Supremo. Dias depois, vazou uma mensagem do ministro Celso de Mello fazendo comparações sobre a atual situação no país ao nazismo de Hitler. “Nesse caso, não houve punição nenhuma. As situações são semelhantes”, afirma um importante militar.
O Congresso Nacional também é lembrado nas críticas por causa da série de pedidos de impeachment contra o presidente e pelas ações impetradas no Supremo contra medidas tomadas por Bolsonaro – o cálculo é que há, em média, uma ação direita de inconstitucionalidade (Adin) apresentada por semana para derrubar propostas do presidente.
Por causa de todo esse repertório, um importante ministro da ala militar afirma que, se há algum golpe em curso, ele vem dos outros poderes. “Não há nenhuma chance do que chamam de golpe, inclusive de golpes que tentar impedir o presidente de governar ”, afirmou a VEJA.
Essa posição dos militares revela uma maior aproximação dos fardados ao presidente. No último domingo (7), o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, acompanhou o presidente Bolsonaro em um sobrevoo de helicóptero na Praça dos Três Poderes, onde ocorria uma manifestação pró-governo. Antes do ato, Bolsonaro havia solicitado ao ministro uma aeronave mais espaçosa, justamente para poder acenar, do alto, para seus apoiadores, e o convidou para o tour pela manhã – como se sabe, um convite vindo do presidente da República é recebido como uma missão.
A imagem do ministro responsável por uma tropa de 400.000 militares ao lado do presidente voltou a inflamar os discursos mais extremados de que as Forças Armadas chancelariam algum tipo de intervenção. Não há nenhum sinal disso – o que não significa, por outro lado, que os militares estejam tranquilos com a crescente fervura no país. A solução vem sendo pelo diálogo. Nos últimos dias, o ministros-militares travaram conversas com o presidente do Supremo, José Dias Toffoli, além dos ministros Alexandre de Moraes, Rosa Weber e Luís Fux, em busca de uma pacificação.
Além da alta tensão com o Supremo, preocupa as forças a crescente onda de manifestações que começa a se formar pelo país. A avaliação é a de que há semelhanças entre os chamados atos pró-democracia com aqueles de 2013, que começaram contestando o reajuste na tarifa dos ônibus e descambaram para uma pauta de reclamações generalizada, que acabaram em saques, violência e levaram a popularidade da então presidente Dilma Rousseff ao chão. O esforço é para justamente promover uma paz em Brasília antes que esse cenário volte a se repetir.
Veja/montedo.com

13 respostas

  1. Promover que tipo de paz em Brasília, se o decano mais de uma vez, utilizou as redes sociais para criticar o Presidente da República falando fora dos autos? A ainda hoje, um outro ministro conhecido como empresário dono de faculdade, estava no Twitter levantando hashtag contra o governo, fazendo referência explícita ao período de 64, e o Senado nada faz, ao arrepio da sua obrigação constitucional de zelar pela adequação de conduta daqueles julgadores. Não veremos tão cedo harmonia entre os poderes com posturas como essa.

  2. A família tem dois caminhos, e sabem bem disso, a perpetuação desse projeto autocrático ou a prisão. Para eles não tem volta, e pretendem arrastar com eles os incautos.

    1. Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em autosacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada.

      (Ayn Rand )

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