O Militar e a Política

General Carlos Alberto Santos Cruz disse que Bolsonaro não tem o apoio institucional das Forças Armadas
Imagem: RENATO COSTA /FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO

As Forças Armadas, por serem instituições de Estado, não devem fazer parte da dinâmica de assuntos de rotina política

Carlos Alberto dos Santos Cruz*
Todos os militares são eleitores, do soldado/marinheiro ao general-de-exército/brigadeiro/almirante. E todos votam com total liberdade de escolha nos seus candidatos e partidos de preferência. É o exercício da cidadania, na mais absoluta liberdade. É um dos pontos altos da democracia. É quando cada cidadão, em seu voto e por seu voto, vale o mesmo, independente de qualquer consideração de classe social, credo, etnia, etc. Mas a democracia é mais que isso. É também o funcionamento harmônico das instituições. É também a liberdade de imprensa e de associação. É também um processo coletivo de construção, a partir da diversidade da nossa sociedade, de um País mais justo, próspero e tolerante.
Na cultura militar, não existe propaganda nem discussão política sobre preferência de candidatos e partidos dentro dos quartéis. Quando o cidadão coloca a farda e representa a instituição, ele tem compromisso institucional e constitucional. Seu compromisso é com a Nação.
As Forças Armadas são instituições permanentes do Estado brasileiro e não participam nem se confundem com governos, que são passageiros, com projetos de poder, com disputas partidárias, com discussões e disputas entre Poderes ou autoridades, que naturalmente buscam definir seus espaços e limites. No jogo político, muitas vezes os atores são levados por interesses de curto prazo, influenciados por emoções, limitados por suas convicções. Isso é normal no ambiente democrático.
O militar da reserva, seja qual for a função que ocupa, não representa a instituição militar. O desempenho de qualquer função, quando o militar está na reserva, é de responsabilidade pessoal. As instituições militares são representadas pelos seus comandantes, que são pessoas de longa vida militar e passaram por inúmeras avaliações durante a vida profissional, seguramente escolhidos entre os melhores do seu universo de escolha. O processo seletivo acontece em todos os níveis, desde a escolha de soldados para o Curso de Formação de Cabo até a promoção para general-de-exército. A estrutura hierárquica e a conduta disciplinar são baseadas no exemplo, no respeito, na liberdade de expressão e na união de todos. A união é que realmente faz a força. Mesmo com orçamento reduzido, basta entrar em qualquer instalação para ver a educação, a dedicação e o zelo com que o patrimônio público é mantido e administrado.
As Forças Armadas estão presentes na história do Brasil, na defesa da pátria, na pacificação do país, na educação, na ciência, na construção, no desenvolvimento, etc, e até mesmo na política, em tempos passados, com todos os riscos, responsabilidades e desgastes inerentes a isso. Não por acaso, foi justamente no regime militar que as FA decidiram, acertadamente, sair da política e ater-se ao profissionalismo de suas funções constitucionais. As FA também são responsáveis por terem contribuído para o Brasil, com todos os problemas que temos, ser um dos dez maiores países do mundo. O país evoluiu e as Forças Armadas continuam presentes na defesa da pátria, nas diversas situações em que são chamadas para auxiliar a população em emergências e em apoio a algumas políticas de governo. Suas tarefas estão estabelecidas na Constituição – defender a pátria e garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem. O prestígio e a admiração que a sociedade lhes dedica foram construídos com sacrifício, trabalho e profissionalismo.
Nesse período, a democracia brasileira evoluiu e se consolidou. Temos um governo e um Congresso legitimamente eleitos, e as instituições funcionando. Os Poderes não são perfeitos, como é normal. Nunca serão, já que são feitos de homens, não de anjos. Democracia se faz com instituições fortes, buscando permanentemente o seu aperfeiçoamento. No Brasil, existe legislação que permite o aperfeiçoamento das instituições e práticas políticas. As discordâncias e conflitos não estão impedindo o funcionamento das instituições. A busca da harmonia é obrigatória aos três Poderes. É uma obrigação constitucional. As diferenças, o jogo de pressões e as tensões são normais na democracia e as disputas precisam ocorrer em regime de liberdade, de respeito e dentro da lei. Por isso mesmo, a Constituição Federal se sobrepõe aos três Poderes da República para limitar seu emprego, para disciplinar seu exercício. É nesse processo que os três Poderes moderam sua atuação, encontram seus limites e definem as condições de emprego dos demais instrumentos do Estado, inclusive as Forças Armadas, na implementação de políticas públicas.
As Forças Armadas, por serem instituições de Estado, não devem fazer parte da dinâmica de assuntos de rotina política. A dinâmica de governo não é compatível com as características da vida militar. Os militares são unidos, os comandantes são preparados, esclarecidos e mantêm o foco na sua missão constitucional.
As FA são instituições que não participam de disputas partidárias, de assuntos de rotina de governo, de assuntos do “varejo”.
Nas últimas décadas, as FA cruzaram momentos de hiperinflação, impeachment de presidentes, escândalos de corrupção, revezamento de governos com características diversas, sempre com posicionamento profissional, auxiliando a população, atentas à sua destinação constitucional, contribuindo para o prestígio internacional do País. É um histórico de orgulho do povo brasileiro e das próprias instituições. Por isso mesmo, creio que não se deixarão tragar e atrair por disputas políticas nem por objetivos pessoais, de grupos ou partidários.
Acenos políticos não arranham esse bloco monolítico que é formado por pessoas esclarecidas e idealistas, comprometidas com o Estado e com a Nação, que integram uma das instituições mais admiradas pelo povo brasileiro.
* Ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência
O ESTADO DE SÃO PAULO/montedo.com

12 respostas

  1. Esse senhor já encheu a paciência. Pensa num sujeito chato, agora acelera… Vá pra casa cidadão, e pare de cornetear na imprensa. A esmagadora maioria dos militares não está nem aí para a sua opinião.

  2. Politica é a arte de bem administrar os bens do estado em prol do seu povo….diferente disto, é corrupção, descaminho. As ações dos administradores devem ser focadas no desenvolvimento, educação, industrialização, saúde e segurança entre outras. O voto não pode ser cheio de subjetividade, mas racional e material. O voto é ruas limpas, empregos para a família decorrente do desenvolvimento, rede hospitalar pública, educação plena na moral e na tecnicidade, agricultura forte, segurança para andar nas ruas, metro, turismo etc. O voto tem passado e futuro. Politico ladrão fora….se a justiça não resolve, o torne cidadão comum sem foro privilegiado. A Ditadura ou Revolução de 64 , que não é o ideal obviamente trouxe desenvolvimento de 10 por cento ao ano, planejamento centralizado e industrialização em meio a grandes crises do petróleo …Os 30 anos de democracia no Brasil geraram uma gigantesca massa de excluídos- pobres, corrupção generalizada, uma das piores educações públicas do mundo etc. Foi a rede social que trouxe a democracia do voto de novo pois a mídia se apresentava vinculada a castas políticas. Assim, historicamente, as armas sempre serão lembradas para a manutenção do status quo ou o renascimento da real democracia. O Importante nisto tudo é a fé em Deus e o caráter de nossos chefes militares que nestes últimos 60 anos de nossa história, seguiram o caráter probo, reto de Caxias , Tamandaré, por exemplo entre outros. Orando pelo Brasil

  3. Brasil junto a Taiwán frente al totalitarismo chino

    El régimen comunista chino pretendía silenciar a los parlamentarios brasileros para negarle respaldo a Taiwán

    Hong Kong, número dos en el índice de libertad económica en el mundo, también se ha destacado en su labor contra la pandemia del coronavirus. Tiene solo 4 víctimas fatales y 1 067 de sus 1 034 contagiados ya se ha recuperado. Pero el éxito de ambas naciones ha sido y es ignorada por la OMS.

    https://es.panampost.com/mamela-fiallo/2020/05/27/brasil-junto-a-taiwan-frente-al-totalitarismo-chino/

  4. Em novembro de 2019, antes da pandemia mundial da Covid-19, o Partido Comunista Chinês se associou à Globo, à Rede Bandeirantes e à EBC com fins “culturais” e entretenimento. Os filmes americanos eram, segundo a esquerda, propaganda pró imperialismo. Quanto à participação chinesa nos meios de comunicação brasileiro, silêncio. Enquanto isso, o embaixador chinês se reúne a portas fechadas com governadores. Ninguém exige o vídeo dessas reuniões.
    O STF invade as funções do Executivo Federal e, estados e municípios, “protegendo a civilização”, destroem empregos, empresas e paralisam a economia. Se, apenas esses dois aspectos citados não acendem um alerta de quebra institucional, o quê mais precisa acontecer?

  5. Essa defesa do Estado do General Santos Cruz é semelhante ao bandido entrar na nossa casa, roubar, estuprar, matar e se revidarmos, seremos presos. Mensalão, petrolão, doação da VALE e das riquezas do subsolo, sub faturamento das exportações minerais, contrabando de ouro, sumiço das reservas de ouro do Brasil, nada afetou a defesa da Pátria. Fica difícil de entender tudo isso.

  6. A verdade foi que o governo bolsonaro se mostrou uma total desilusão,
    Somente os militares do EB e os oficiais é que se beneficiaram.
    O presidente não desce do palanque, pensa em uma eterna eleição.
    Torço e vou fazer muita campanha contra bolsonaro.

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