Antes de nota, Bolsonaro foi sondar opinião de chefes das Forças Armadas

general ramos e bolsonaro

Carla Araújo
Do UOL, em Brasília
O presidente Jair Bolsonaro decidiu ir ao encontro do ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, nesta segunda-feira (25), para aproveitar o encontro do comandante da pasta com os demais comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica: General de Exército Edson Leal Pujol; Almirante de esquadra Ilques Barbosa Júnior; e o Tenente-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Moretti Bermúdez.
Na avaliação de um general, a ida do presidente ao Ministério da Defesa, apesar de acontecer com certa frequência, foi uma tentativa de “mostrar força” em meio a uma crise especialmente com o Supremo Tribunal Federal (STF). Ele lembrou que um pouco antes, Bolsonaro já havia furado a agenda prévia para comparecer pessoalmente a um evento na Procuradoria-Geral da República (PGR).
“Não esqueça que a bola está com o PGR”, disse um militar, lembrando que o Procurador-geral da República, Augusto Aras, é quem vai decidir se apresenta ou não denúncia contra o presidente, que é alvo de inquérito por supostas interferência na Polícia Federal.
Para outro auxiliar militar do presidente, Bolsonaro foi ao encontro dos militares “querendo sondar diversas opiniões da área sobre os últimos acontecimentos”.
Outro general que trabalha no Planalto minimizou a presença do presidente na Defesa e afirmou que os “almoços são comuns e pouco se sabe das conversas durante o evento”. Um auxiliar palaciano, porém, disse que “obviamente” o presidente tratou de “atual situação política brasileira” com os comandantes e que da conversa trouxe ideias para a nota publicada nesta segunda-feira.
“Fica difícil separar conjuntura e encontro social neste momento conturbado em que estamos”, destacou outro militar de alta patente à coluna.
Todos os militares ouvidos pela coluna tentam afastar qualquer tentativa de golpe militar em curso. Admitem que há um problema já explicitado pelo próprio presidente em sua relação com o STF, mas destacam que é não há problema em o presidente afirmar que tem os militares ao seu lado.
“O Presidente da República é o Comandante Supremo das Forças Armadas”, diz um general da ativa, que faz questão de destacar que atualmente o Exército já está sendo empregado para uma série de atividades.
“Não faltam missões para concentrarmos nossa atenção. Temos a Operação COVID-19, Verde Brasil-2, Acolhida, Pipa, Construção de Infraestrutura…”
Oficialmente, o Ministério da Defesa afirmou que Azevedo tinha uma reunião já agendada para tratar de “assuntos das Forças” e que haveria uma almoço depois, que o presidente acabou comparecendo.

Inquérito em andamento
A nota assinada pelo presidente, que contou com a participação de uma assessoria técnica, tem um tom mais ameno em comparação às últimas declarações do presidente. No texto, publicado para comentar sobre a divulgação do vídeo da reunião do dia 22 de abril pelo ministro do STF, Celso de Mello, Bolsonaro não faz menções direta ao ministro, mas pede respeito mútuo entre os poderes.
Mas há uma pressão indireta aos membros do Judiciário quando o presidente afirma ter a certeza do presidente de que será absolvido. “Por questão de Justiça, acredito no arquivamento natural do Inquérito que motivou a divulgação do vídeo”, declarou.
O presidente disse ainda esperar “responsabilidade e serenidade no trato do assunto” e fala em respeito à democracia e aos demais poderes. .
“Reafirmo meu compromisso e respeito com a Democracia e membros dos Poderes Legislativo e Judiciário. É momento de todos se unirem. Para tanto, devemos atuar para termos uma verdadeira independência e harmonia entre as instituições da República, com respeito mútuo”, escreve.
Bolsonaro não cita em nenhum momento Celso de Mello e também não fala em abuso de autoridade, a exemplo do que fez no domingo.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.
UOL/montedo.com

Leia a nota do Presidente da República

Diante da recente divulgação do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril do corrente ano, pontuo o seguinte:
1. Mantenho-me fiel à proteção e à defesa irrestritas do povo brasileiro, especialmente os mais humildes e aos que mais precisam. Sinto-me bem ao seu lado e jamais abrirei mão disso.
2. Nunca interferi nos trabalhos da Polícia Federal. São levianas todas as afirmações em sentido contrário. Os depoimentos de inúmeros delegados federais ouvidos confirmam que nunca solicitei informações a qualquer um deles.
3. Espero responsabilidade e serenidade no trato do assunto.
4. Por questão de Justiça, acredito no arquivamento natural do Inquérito que motivou a divulgação do vídeo.
5. Reafirmo meu compromisso e respeito com a Democracia e membros dos Poderes Legislativo e Judiciário.
6. É momento de todos se unirem. Para tanto, devemos atuar para termos uma verdadeira independência e harmonia entre as instituições da República, com respeito mútuo.
7. Por fim, ao povo brasileiro, reitero minha lealdade e compromisso com os valores e ideais democráticos que me conduziram à Presidência da República. Sempre estarei ao seu lado e jamais desistirei de lutar pela liberdade e pela democracia.

Brasília, 25 de maio de 2020.

Jair Messias Bolsonaro
Presidente da República

15 respostas

  1. Passou da hora de assumir seus atos e não buscar a todo momento muletas para se sustentar em pé ,isso de atacar e ser atacado é o principio da ação e reação ,não tem como fugir disso, seria melhor focar seu governo ,governando e não ficar caçando problemas para si e refletindo no Brasil dentro de uma pandemia onde diariamente morrem centenas de pessoas

    1. Estão politizando as forças armadas, isso vai custar a hierarquia e a disciplina. Não aprenderam nada com os 30 anos levando porrada, depois de 85.

  2. 13º sai no contracheque de Junho com pagamento em Julho.

    Esse contracheque a que se refere é o de Maio, cujo pagamento será feito Junho.

    Sempre foi assim.

    Camarada, vc é mesmo milico?

  3. Eu só quero ver quando a onda Bolsonaro/ militares passar se os oficiais continuarão com todo esse prestígio.
    Provável que não, acontecerá talvez uma MP similar a do FHC.
    O problema é que privilégios só atingem oficiais e estragos alcançam a todos.

    1. Pode ser que venha a onda dos praças. Democracia é voto, e voto é poder. Convém estudar bem em quem votar nas próximas eleições.

    1. Um oficial, outro auxiliar, alto integrante, um assessor…Precisamos a dar nome.aos.”ocultos”..sinceramente.estamos esgotados dessas fontes obscuras que opinam em.qualquer.lugar, em várias crises e nunca sabemos se realmente.existe ou foi fruto de uma.mente “imaginosa”.

  4. FORÇAS ARMADAS
    Sargentos R2 ficam sem direito à identificação militar e se sentem discriminados, “oficiais” R2 ganham identidade

    BySociedade Militar

  5. O que eu gostaria é que os futuros civis que venham assumir as pastas do governo não tomem posturas vingativas contra os militares praças, pois este somente uma parte (EB) foram beneficiados.
    Muitos foram prejudicados nesse governo (FAB e MB).
    O que não pode é todos serem punidos por uma minoria.
    Aos colegas peço desculpas pela minha opinião, mas preciso desabafar isso.
    Um abraço a todos.

    1. claro que nao; vai sair uma lei “vingativa” dizendo que os militares menos os pracas estao incluidos. Pelo amor de Deus cada $#$%^& que eu leio aqui, estou desistindo deste blog sempre acompanhei desde apos o coturno noturno mas agora esta impossivel de se ler inclusive as observacoes legitimas mas desastrosas do dono deste blog desde a censura a mim imposta por observacoes nao condizentes com o seu raciocinio, ate comentarios de supostos militares que acham que exercito e fabrica da GM sao a mesma coisa, desconhecendo e desmerecendo totalmente hierarquia e disciplina bem como o seu direito de nao satisfeito sair fora, e tambem a invasao de supostos militares nos comentarios mas que denotam total desconhecimento da caserna ou seja, infiltrados, cujo unico claro objetivo e dividir e denegrir com observacoes grosseiras e grotescas sem nexo e teor sempre separando em classes, oficiais e pracas numa completa inversao de valores comum nos tempos atuais mas impossivel para um exercito, despeco- me aqui montedo.com que seja eterno enquanto dure.

      1. Amigo, a divisão de praças e oficiais é feita por oficiais, e isto foi aprofundado com o PL 1645, onde Oficiais ganham 5x, praças do EB ganham 4x, praças da MB e FAB ganham 2x, veteranos do EB ganham 4x, praças da MB/FAB ganham x. pensionistas de praças ganham – x.

        Seja sincero, fomos nós que dividimos as pessoas?

        O Site do Sr. Montedo que faz um bom trabalho, apenas mostra a realidade, mas vc tem a liberdade de procura outro lugar se isso está lhe incomodando

  6. Melhor com eles do que com o “PCC” político instalado no poder. Seão os militares que no final de tudo colocam órdem na casa.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo