Defesa apoia nota de Heleno e vê risco institucional, mas nega golpismo

Comandante do Exército Gen Ex. Edson Leal Pujol, e o ministro da defesa, Fernando Azevedo e Silva, participam de audiência pública,  para discutir o  PL 1645/19, que trata da proteção social dos militares.

Ministro Azevedo crê que ‘consequência imprevisível’ é crise devido a choque entre Poderes

Igor Gielow
SÃO PAULO

O ministro da Defesa, Fernando Azevedo, concorda com a nota emitida na sexta (22) pelo general Augusto Heleno, na qual o chefe do Gabinete de Segurança Institucional previa “consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional” por ato do Supremo Tribunal Federal.
Heleno criticou o envio para avaliação da PGR (Procuradoria-Geral da República), pelo ministro Celso de Mello, de um pedido para apreensão dos celulares do Jair Bolsonaro e de seu filho Carlos, no âmbito do inquérito que apura suposta interferência política do presidente na Polícia Federal.
Segundo ele, contudo, tais consequências não seriam um golpe ou uma intervenção militar, mas sim uma crise institucional. Para Azevedo, ela existe como risco porque considera que a harmonia entre Poderes é “uma via de mão dupla”.
No entender do ministro, que falou primeiro sobre o caso na noite de sexta à CNN Brasil, o celular do presidente é uma questão de “segurança institucional”. Ele afirmou estar “bastante preocupado com o clima de tensão entre os Poderes”.
No último mês, o ministro editou duas notas reafirmando o compromisso das Forças com a Constituição após Bolsonaro participar de atos golpistas. Também exortou a coexistência entre Poderes, num recado ao Supremo e ao Congresso.
A frase de Heleno, contudo, foi lida universalmente pelo mundo político como uma ameaça aos Poderes, o que querendo ou não Azevedo se arrisca a fazer ao apoiar o texto. Segundo o ministro, ele soube da nota antes de sua publicação e concordou com seus termos.
A manifestação de Azevedo busca ponderação, mas indica também o desconforto crescente da ala militar do governo, e de vários setores da ativa, com as atitudes do Supremo ante o governo Bolsonaro
Como a Folha mostrou, uma série de decisões contrárias ao presidente, no Legislativo mas principalmente no Judiciário, estão sendo vistas como excessivas pelos fardados. Até aqui, a mais grave na visão deles fora a liminar barrando a posse de Alexandre Ramagem na PF.
Celso de Mello, como condutor inquérito decorrente das acusações do ex-ministro Sergio Moro sobre a ingerência na corporação, já vinha sendo criticado pela celeridade no trâmite do caso.
O pedido à PGR sobre os celulares era meramente protocolar, obrigatório aliás, mas por ter sido feito por parlamentares de esquerda e expedido rapidamente ganhou ares de conspiração contra o Planalto.
Isso gerou a reação de Heleno, referendada por Azevedo, ele também um general de quatro estrelas da reserva.
A crispação só piorou na sexta, com a divulgação por ordem de Mello do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, que corrobora a versão de interferência de Bolsonaro na PF, na qual o ministro Abraham Weintraub (Educação) pede a prisão de ministros do Supremo.
Enquanto vários oficiais da ativa e da reserva ouvidos pela Folha tenham concordado com o que chamam de impropriedade da ideia de confiscar o celular do chefe de Estado, o tom de Heleno foi amplamente criticado.
Um general de quatro estrelas, topo de carreira, que já ocupou diversos postos altos no Exército e hoje está na reserva queixou-se de que as Forças Armadas estavam perdendo todo o capital político angariado desde a redemocratização.
Já um brigadeiro, igualmente com quatro estrelas no ombro, afirmou que não há possibilidade de a Força Aérea embarcar em qualquer aventura autoritária, ressaltando a falta de ordem unida entre os três braços do poder armado.
Azevedo tenta demonstrar harmonia como pivô entre o serviço ativo e a ala militar do governo, ora envolvida na sobrevivência política do chefe.
Bolsonaro, por sua vez, voltou a ser questionado acerca da nota de Heleno neste sábado (23). “Somos um mesmo time: eu, [Augusto] Heleno, Fernando [Azevedo]. Somos um mesmo time”, respondeu.
Nesta sexta, o presidente falou que, mesmo se houver uma determinação para entregar seu aparelho celular, não pretende cumpri-la. “Jamais eu entregaria um telefone meu. Só se fosse um rato para entregar o telefone”, afirmou, acrescentando que uma decisão judicial nesse sentido seria “uma afronta”.
Colaborou Bernardo Caram, de Brasília
FOLHA/montedo.com

21 respostas

  1. Queria ver se fosse um político oriundo das carreiras das praças das FA se o MD iria apoiar alguma coisa.
    Só trouxa acredita nisto!

  2. Que vocês resolvam entres Vocês.Os graduados ainda estão ainda recente da lei 13954, que não trouxe benefícios a maiorias

  3. Aos revoltados, Anônimo e Valtir Macedo, estamos discutindo assuntos nível Brasil como nação, não ao nível de suas carreiras e contracheques individuais, ok…

    1. Já garantiu os 73% ,não esta mais preocupado com colegas ,acho que vai ficar no quase com esse pensamento , antes estava preocupado com o PL ,talvez não com o coletivo pelo seu perfil , se resume a mediocridade ,pensa pequeno para chegar a SO

      1. Não se pode envolver toda nação nesse problema particular e muito pessoal.

        Muitos militares não querem se envolver nestas questões políticas, principalmente que se um presidente sair entra outro, se um ministro sair entra outro e a vida continua.

        Nestas questões pessoais poderiam retirar o título ou o cargo que ocupam, citando o nome das pessoas envolvidas.

    2. E eles estão errados em pensar nas suas vidas?
      Acorda a camisa canarinho não paga contas.
      É muito fácil falar em esforço e dedicação se seu salário teve um significativo aumento.
      Ninguém nasceu para ser mártir.
      Bolsonaro arrebentou com qualquer futura melhoria salarial para praças

      1. Não me lembro do STF haver determinado o confisco dos celulares de Lula e Dilma ou tampouco do Lulinha. Também não vi requererem a fita das reuniões em que a quadrilha distribuia benesses para os paises comunistas ou para a JBS.

        1. Nao se lembra? Sofreram busca e apreensao em suas próprias casas, que foram periciadas inclusive (tanto sitio de atibaia qto triplex do guaruja). O celular do lula foi objeto de interceptação telefônica.

          Sabe pq vc não se lembra? Pq nunca se deu ao trabalho de pesquisar e tomar suas próprias conclusões. Prefere o robô do carluxo pensando por vc.

          Mas bola pra frente companheiro, o lula foi condenado, aguardando julgamento de um recurso extraordinário. O caso da vez é outro. Bola pra frente amigo, quem vive de passado é museu. Daqui a pouco o colega vai falar que nao se lembra do STF interrogar o gen goes monteiro sobre o plano Cohen que viabilizou a ditadura do Getúlio.

          O lula perdeu! Foi condenado! Muda o disco, a bola da vez é a familicia

    3. O presidente tem em suas mãos duas opções:
      – a FORÇA DO PODER ou o PODER DA FORÇA.
      Basta escolher o caminho a seguir e nós seguiremos e o apoiaremos.
      TMJ 🤛🤛🤛

  4. Não me lembro do STF haver determinado o confisco dos celulares de Lula e Dilma ou tampouco do Lulinha. Também não vi requererem a fita das reuniões em que a quadrilha distribuia benesses para os paises comunistas ou para a JBS.

    1. É mas vc se lembra com certeza quando vazaram a interceptação telefônica da dilma, contrariando a lei que rege a interceptação telefônica.
      Chapa o mundo não dá voltas.
      Ele capota.
      Bolsonaro nunca mais.

    2. Só sei de uma coisa, negaram a quebra de sigilo do celular do advogado do Adélio (aquele pobre coitado que meteu a faca em alguém), mas querem quebrar o sigilo do Presidente! Vai entender essa M!?

  5. Todo governante possui em suas mãos duas opções:
    – a FORÇA DO PODER ou o PODER DA FORÇA.
    O primeiro foi legitimado através voto e o segundo lhe é conferido pela Carta magna.
    Cabe ao chefe do executivo escolher o melhor caminho para a nação e nós seguiremos e o apoiaremos pela escolha.
    TMJ.

  6. Se fosse um praças criticando seus superiores seria severamente perseguido e punido, como foram perseguidos praças que criticaram a PL que só beneficiou Generais………..Oficiais Hipócritas.

  7. Um colega sargento fez uma solicitação regulamentar num requerimento, revoltado por uma injustiça sofrida. Aproveitou e falou sobre algumas falhas do sistema. Documento interno. Foi punido e com certeza acabou a carreira dele por ter falado a verdade.

    Um general num cargo importante como esse faz essa declaração de forma ostensiva em carta aberta, documento externo, numa clara chantagem, e ainda é aplaudido por outros generais!

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