Um exemplo de honra, coragem e cavalheirismo

Arquivo FAB

Em 12 de Maio de 82, o então Alférez (Aspirante) Dellepiane, de 24 anos, voava como ala de uma esquadrilha de de quatro caça-bombardeiros A-4B, cumprindo sua primeira missão de combate na Guerra das Malvinas. Colado na água e enfrentando intensa artilharia antiaérea dos navios ingleses, Dellepiane conseguiu soltar suas bombas, mirando uma fragata.
Enquanto se afastava em manobras agressivas para se livrar da pontaria da antiaérea, viu seu líder ser atingido e se estatelar no mar, numa fração de segundo. Quase um mês depois, cumpriu sua última missão, atacando com bombas o Quartel- General britânico, já posicionado nas ilhas. A antiaérea estava particularmente abundante e agressiva e enquanto manobrava seu avião desesperadamente à baixa altura acabou dando de cara com um helicóptero Sea King britânico. Atirou no helicóptero, mas seus canhões travaram após efetuarem dois tiros. Logrou acertar uma das pás do helicóptero, que por isso teve que fazer um pouso de precaução.
Ainda se afastando para o continente a muito baixa altura, ao checar seu combustível restante tomou um baita susto: o indicador baixava muito rápido, significando que fora atingido e que o combustível vazava por ali. Hora da decisão: ejetar sobre as ilhas desertas e geladas ou encarar 01:20h até sua base, sabendo que não chegaria sequer à aeronave Hercules de reabastecimento em voo orbitando à distância segura entre as ilhas e o continente? Optou prosseguir. Só encontrou o Hercules porque o piloto deste, desobedecendo todos os protocolos de segurança, abandonou a órbita segura e partiu direto na direção das ilhas (e de Dellepiane).
Quando este, depois de frenética procura, finalmente fez contato da sonda reabastecedora com a cesta do Hercules, sua autonomia era de aproximadamente mais um minuto e meio de voo. Uma eventual ejeção sobre aquelas águas austrais gélidas lhe daria uns 15 minutos de sobrevida na água. Enquanto reabastecia, percebeu que os tanques não enchiam: praticamente tudo que entrava, saía por baixo da aeronave quase que na mesma vazão, o que o levou a ter de ficar contactado ao Hercules, em voo lento e trabalhoso até praticamente sobre sua base de origem onde desconectou e pousou com sucesso.
No dia seguinte, a Argentina se rendeu. Muitos anos depois, já como Coronel, Dellepiane foi indicado como Adido Aeronáutico na Embaixada Argentina em Londres. Certa feita, para sua imensa surpresa, foi convidado a entregar um prêmio acadêmico na Academia da Real Força Aerea. Lá chegando, ainda ressabiado, foi conduzido a um lugar de honra e surpreso, teve lidas em seu currículo todas as suas façanhas de combate.
Mais perplexo ficou quando foi aplaudido vivamente pelos ex-inimigos; os quais disseram que, com as atuais guerras impessoais e assépticas de hoje em dia, com dedos disparando bombas cada vez mais longe dos alvos e com inimigos difusos (terroristas) era uma honra para eles poder se sentar e tomar uma bebida com um ex-inimigo em carne e osso… (!!!!)
Em tempo: a pá daquele helicóptero que Dellepiane acertou praticamente no susto, está exposta no museu da aviação naval da Royal Navy e, sim, ele teve a oportunidade de conhecer pessoalmente o piloto daquele helicóptero, onde juntos saíram para um pub para comemorarem o fato de terem saído vivos da refrega.
E a vida completou mais um círculo…
FAB/montedo.com

7 respostas

    1. Temos muitos herois perdidos neste continente chamado Brasil. Tive a oportunidade de conhecer alguns no norte do pais. Militares cujo trabalho salvam vidas diariamente. Em sua maioria nao sao reconhecidos pela Força terrestre mas dormem o sono dos justos quando tecebem um obrigado de um civil, gesto que as vezes lhe sao negados pelos proprios chefes

  1. POR AQUI TENTARAM FAZER DE HERÓIS ATÉ TERRORISTAS/ASSASSINOS, SEM FALAR NOS QUE MORRERAM DE OVERDOSE KKKKKKKKKK. DEU ERRADO!! KKKKKKKKKKKKKKKK

  2. No Brasil, vários governantes, tanto na esfera federal, estadual e municipal, renomearam praças e vias públicas que possuíam nomes de militares ilustres como Caxias, Osório, Tamandaré…e colocaram nomes de ex-guerrilheiros ou políticos. Uma forma de apagar da memória popular qualquer militar que se destacou mesmo em um passado distante. E aí temos uma história nova…na visão de quem está no poder! E por falar em esquerda…a PF já está cobrando explicações à certo prefeito, de uma capital do Nordeste, que gastou três vezes mais que o Rio de Janeiro no combate a epidemia! 95 vezes mais que Manaus! 40 vezes mais que Belém! São Paulo, cidade mais rica do Brasil, gastou só 42% do que foram gastos nesta capital do Nordeste! Está nos jornais de hoje uma denúncia que esta prefeitura teria comprado 500 respiradores de uma fábrica de colchões e artigos veterinários! E é uma das cidades onde a epidemia mais mata! Mas existem muito mais denúncias pipocando pelo país afora…em governos de centro e de direita! É uma farra com dinheiro público! Espero que a PF investigue à fundo…É muita corrupção…

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