Na contramão do bolsonarismo, almirantes debatem fim da polarização no país

O almirante Flávio Rocha (dir.) participa de conversa por telefone de Bolsonaro e Ernesto Araújo (Itamaraty) com o americano Donald Trump - Reprodução - 1º.abr.2020

Integrante do Planalto e ex-chefe da Marinha integram grupo que ouviu Alckmin e Amoêdo

Igor Gielow
SÃO PAULO

Um grupo dominado por oficiais da Marinha, inclusive o almirante da ativa que tem assento no Palácio do Planalto e o ex-comandante da Força à frente do Conselho da Petrobras, foi criado para fomentar discussões visando “a eliminação da polarização, tão prejudicial ao nosso país”.
A definição consta no site do Personalidades em Foco, organizado no mês passado por Paulo Zottolo, que presidiu a Nivea e a Philips no Brasil e hoje é palestrante nos EUA.
Nome mais civil do grupo, ele foi da turma do atual comandante da Marinha, almirante Ilques Barbosa Júnior, e deixou a Força como segundo-tenente. “Sentimos a falta de um ponto de encontro para debate com militares e civis”, afirmou, por telefone.
No mês de abril, participaram de webtalks fechados para convidados críticos de centro e centro-direita do governo, como o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), João Amoêdo (Novo), o governador Eduardo Leite (PSDB-RS). Na segunda (19) falará o apresentador e presidenciável Luciano Huck.
Segundo Zottolo, a “horrível polarização” motivou o grupo, que tem 12 membros fundadores, mas ele descarta qualquer intenção crítica ao Planalto. Chama a atenção a presença do almirante Flávio Rocha, secretário de Assuntos Estratégicos do governo, trazido por Jair Bolsonaro para ser um “faz-tudo” no Planalto.
Ele já fez sua fala ao grupo, assim como a secretária Regina Duarte (Cultura). Rocha é o único oficial da ativa na base do grupo. A Folha o procurou para falar sobre o grupo, mas ele não respondeu.
O ex-comandante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, hoje na Petrobras, é o mais graduado integrante –ele também já fez sua exposição.
A origem marinheira, presente inclusive nos motivos navais do site do grupo, transparece uma divisão que ocorre de forma surda. O governo Bolsonaro é fortemente militarizado com oriundos do Exército, Força de origem do presidente.
A Marinha entrou no núcleo duro do Planalto com um almirante de quatro estrelas, Rocha, na mexida ministerial do começo do ano. O outro oficial com a mesma patente no governo é Bento Albuquerque, ministro das Minas e Energia, que não está no Personalidades em Foco.
Ainda assim, é uma Força mais distante do governo, assim como a Força Aérea, e que cujos oficiais costumam se queixar reservadamente do protagonismo do Exército e do envolvimento político ostensivo de generais.
Há reclamações de lado a lado. No Exército, causou ciúme a operação financeira inusual do governo para dar R$ 7,6 bilhões a uma empresa da Marinha, que contratou a construção de quatro fragatas leves.
Recentemente, as fissuras provocadas pela crise política embutida na pandemia do novo coronavírus chegaram ao seviço ativo mesmo do Exército, que não é monolítico em seu apoio à presença de generais no governo.
“Nossa intenção é trazer também para a conversa membros do Exército. Na quarta (21), ouviremos o general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional)”, afirmou Zottolo.
Na contramão do bolsonarismo, que prega a desqualificação dos oponentes políticos por meio de estridente atividade digital inspirada pela dita ala ideológica em torno do presidente, o grupo defende o diálogo.
“Aceitamos pontos de vista discordantes e aprendemos por meio da diversidade de conceitos. Somos um grupo de pessoas que muito se orgulha de sua origem, sem filiação partidária e sem radicalismos”, afirma o grupo no site.
Foram também ouvidos jornalistas e especialistas como Nísia Lima, da Fiocruz, que falou sobre a pandemia. “Estamos buscando também gente da esquerda”, afirma o empresário. O campo esquerdista no país também desconsidera o diálogo com o governo Bolsonaro, em termos similares aos do bolsonarismo.
A conversas não são gravadas, apenas frases são extraídas e divulgadas.
As conversas começaram com 10 convidados, grupo hoje com 100 participantes. “Não sei como será o formato, mas devemos ter 300 integrantes até o fim do mês”, disse Zottolo.
FOLHA DE SÃO PAULO/montedo.com

12 respostas

  1. Nada muda na política brasileira…só mais do mesmo! Pior que está não fica? Claro que fica! É um país doente! Fim da polarização…piada! Direita, esquerda e centro gostam da mesma coisa: poder e tudo de bom que vem com ele! O resto é música para acalentar bovinos…ou melhor…equinos…

      1. É como sempre me senti desde de criança neste país…um ET! Nunca gostei de futebol, de discutir futebol no alojamento, de carnaval, de beber cachaça, de ver novela, brother, de torcer em copa do mundo, de acreditar em políticos (anulo, sistematicamente, meu voto há 20 anos!). Graças à Deus sou um ET neste deserto de idéias, valores e virtudes que está se tornando o Brasil.

  2. Os orçamentos dos entes da federação são amarrados: Saúde, educação, folha de pagamento e sobra entre cerca de 8% para investimentos. Com a desvinculação das receitas da União é que sobra mais para investir onde é necessário. O país vai sendo empurrado no tranco com sucessivas crises politicas sem saber para onde vamos. Não existe politica industrial, educacional, comercial, investimentos, etc. apesar das centenas de corporações que existem, publicas e privadas. É puro extrativismo, em quase todas as organizações: corrupção, sonegação, autoritarismo. Todo mundo quer mandar. É preciso primeiro desenhar o que somos para depois decidir o que queremos ser.

  3. Marinha como sempre omissa e elitista. E outra coisa. Esse blog tá uma bosta. Só naterias mostrando o lado negativo que é apresentado pela esquerda. Muito tendencioso.

  4. Só de falar em oficiais da marinha e Luciano Huck já deu!Outra coisa esse blog está uma horrível só posta sites esquerdistas !Tá igual aodiá mainstream comprada ,que está em abstinência das verbas públicas!

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