Ala militar nega golpismo, mas apoia Bolsonaro no embate com Poderes

Votação na Câmara dos Deputados do impeachment ao afastamento da presidenta Dilma Rousseff - Na foto o deputado Jair Bolsonaro Brasília - DF 17/04/2016

Presidentes de Legislativo e Judiciário conversaram com ministro da Defesa após ato do domingo

Igor Gielow
SÃO PAULO

A ala militar do governo negou às cúpulas do Congresso e do Judiciário haver qualquer risco de ruptura democrática por parte de Jair Bolsonaro, mas também fez questão de dizer que considera que os Poderes têm agido de forma a cercear o presidente na crise do coronavírus.
A impressão foi registrada pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli. Os três conversaram com o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, ao longo do domingo (19).
Naquele dia, Bolsonaro decidiu após almoçar com os filhos ir encontrar manifestantes pedindo intervenção militar e edição de “um AI-5” em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília.
A cena foi desenhada para chocar o mundo político e supor o apoio dos militares ao governo e a eventuais arroubos autoritários do presidente. Ato contínuo, Toffoli procurou Azevedo, que já foi seu assessor e com quem mantém interlocução frequente.
Tanto o ministro do Supremo como os presidentes das Casas do Congresso, em telefonemas separados, cobraram um posicionamento das Forças Armadas. Azevedo é um ponto de contato tanto com os militares dentro do governo quanto com o oficialato da ativa, de quem é superior hierárquico.
Ouviram a negativa de intenções golpistas e a promessa de que Bolsonaro iria baixar o tom, o que de fato aconteceu na manhã seguinte.
Além disso, o próprio general Azevedo divulgou nota reiterando o comprometimento das Forças Armadas com a Constituição e priorizando o combate ao coronavírus “e suas consequências sociais” —uma deixa não casual, alinhada à ênfase que Bolsonaro faz do impacto econômico da pandemia.
Os interlocutores do ministro da Defesa compreenderam que a ala militar do governo não reprova a irritação de Bolsonaro, ao contrário. Isso alarmou atores políticos em Brasília, que passaram a segunda trocando impressões sobre quais podem ser os próximos passos da crise.
Na avaliação dos fardados do governo, o Congresso tem agido sistematicamente contra Bolsonaro, tolhendo suas iniciativas. O Supremo também colabora com o clima de cerco ao Planalto com suas decisões em prol dos governadores e prefeitos na emergência sanitária.
A visão do presidente na crise vai além: o mandatário máximo acha que estados, liderados por São Paulo do rival João Doria (PSDB), estão aliados a Maia e a setores do Supremo para buscar seu impedimento. Isso o fez subir o tom no domingo, como de resto já previam adversários políticos ao analisar seu isolamento na crise.
Se a ala militar foi compreensiva com o gesto do chefe, o mesmo não se pode dizer da ativa das Forças Armadas. Alguns membros do Alto Comando do Exército, usualmente simpáticos a Bolsonaro, se disseram chocados com o uso simbólico do QG da Força para o proselitismo do presidente.
Assim, é possível dizer que o delicado equilíbrio entre um governo loteado por militares e os fardados da ativa sofreu um abalo significativo. A defesa constitucional feita por Azevedo foi pactuada para acalmar ânimos, mas as fissuras devem continuar.
Do lado dos Poderes, há diferenças de tons. Na romaria de políticos à casa de Maia na noite de domingo, depois negada pelo presidente da Câmara, mais de um dos presentes observou que o deputado estava mais incomodado do que Alcolumbre com a escalada da crise.
Isso se explica porque Maia foi eleito o alvo preferencial das redes bolsonaristas em seu protestos. Mas também há, subjacente, a intenção presumida de Alcolumbre de sair da sombra do politicamente mais denso colega da Câmara.
Já Toffoli, que viu outros ministros se manifestarem contra Bolsonaro no domingo, só fez uma fala sobre o episódio na segunda, quando a situação estava mais clara. Marcou posição, mas como é o árbitro final de muitos conflitos que ainda podem surgir, deverá manter o perfil mais discreto.
Para um participante das tratativas do domingo, a inflexão da ala militar precisa ser acompanhada de perto. Desde que recuperou prestígio no governo, no começo do ano, ela servia mais de anteparo ao radicalismo de Bolsonaro do que de amplificador de crises.
Do ponto de vista institucional, todos parecem convencidos de que não há riscos reais de ruptura, até porque o presidente não tem força para isso —não há amplo apoio social, empresarial ou de militares a quaisquer aventuras.
Mas também é claro o método de Bolsonaro em seus flertes autoritários. O presidente faz um gesto, é repreendido e modera o tom no dia seguinte. Mas a corda foi esticada mais alguns centímetros.
Na opinião desse político, se o presidente se sentir amparado pelos militares do governo, novos episódios são inescapáveis. Com o agravante de que os elementos de mediação evaporam aos poucos.
FOLHA-montedo.com

16 respostas

  1. O que a Alta Cúpula do Legislativo e do Judiciário têm que entender, de uma vez por todas é que justamente o que eles estão fazendo é que configura um golpe contra a democracia. Será que “esqueceram” do Art. 142 previsto na Constituição? Não levaram em conta que este deverá ser usado quando na defesa da pátria, na garantia dos Poderes Constitucionais e na preservação da lei e da ordem?

    1. A extrema imprensa tá publicando exatamente o que eles acham o que deveria acontecer só que é exatamente o oposto, as Forças Armadas tanto ativa quanto inativa está do lado do PR Bolsonaro, ou seja, do lado da lei. Qual lei? Constituição. O congresso e o STF não cumprem a lei.

  2. Rapaz que viagem.
    Mas tudo bem eu respeito sua opinião.
    A única crise além da pandemia é o proprio bolsonaro.
    Quanto ao apoio de alguns militares, é claro que Bolsonaro escolheu bem quem iria precisar.
    E estes tiveram um grande aumento.
    Mas pergunta pros praças da FAB e da MB se continuam a achar que tudo são flores.

    1. a unica pandemia que existe e a do presidente da camara rodrigo maia e do senado davi alcolumbre e a do supremo tribunal federal que rasga gospe na constituição não cumpre as suas obrigações presta um deserviço a nação o povo vai pra rua mesmo chega de tanta corrupção roubalheira,avanteee presidente bolsonaro o brasil esta com vc.

  3. Grande viagem é do blog, arranja cada publicação, esta mais para foice de sp, estanamão, e assemelhados. escorrega na maionese ao publicar: os fardados. putz, não sabe nada, e inventa.

  4. defender o povo e o País dos vendilhões é crime. furtar e detonar o patrimônio público é ato heroico ???????
    À Corda Brasileiros Honestos e Patriotas

  5. Estão preocupados com nosso Presidente. Ele tem o botão principal para apertar a hora que quiser. Estavam acostumados a fazer o que queriam nos governos anteriores, mas agora é um capitão que preside a nação. E como todo o militar, não aceita coisa errada, vão ter que jairseacostumando. Militar não aceita desaforo. Vejam lá como se fala com nosso Presidente. Foi militar da ativa, passou pela Academia Militar das Agulhas Negras. Embora tenha passado por vários mandatos na Câmara Federal, nunca deixou de manter sua linha militar em seus discursos.

  6. Ficaram com medinho os representantes da policicagem e violadores da CF que ocupam o STF. O país só não está melhor porque o presidente sofre oposição dos outros dois poderes que ao invés de cumprirem com suas obrigações constitucionais preferem afrontar os anseios da maioria da população brasileira.

  7. Nós somos Bolsonaro. Patriota até o tutano. Não aceitamos prejuízo ao Governo de Bolsonaro. Não aceitamos que ninguém menospreze nosso Presidente. Brasil acima de tudo e Deus acima de todos. Se necessário estamos prontos. Conte conosco Presidente para o que se fizer necessário.

  8. Temos 10 pedidos de impechmant contra membros do STF (Gilmar Mendes) engavetados pelo presidente do Senado David Alcolumbre, que nem ao menos nomeia comissão para analisar os processos…. Por que será? Os habeas corpus concedidos a políticos corruptos com certeza é a contrapartida. Esta é a democracia que estes vermes defendem.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo