Localização das bases do “Gripen”: uma visualização

Em Linkoping, na manhã de 26 Agosto, a primeira aeronave, Gripen BR realiza o seu primeiro voo Foto SAAB

Paulo Ricardo da Rocha Paiva*
É preciso dizer, o assunto carece da avaliação abalizada por oficiais da FAB. Em assim sendo, sem maiores divagações/delongas sobre qual seria o melhor caça para equipar nossa, atualmente, fragilíssima Força Aérea, considerando que, tomada a decisão pelo “GRIPEN”, somente uma “mudança de cabeça” de características dominantes, no nível “corpo de exército”, poderia reverter as expectativas, vai-se apenas colocar na balança o trinômio localização/alcance/autonomia para que, no mais curto prazo e com menor gastança de combustível, se consiga fazer frente à uma ameaça que se delineie face: aos estados adjacentes às guianas, à foz do Rio Amazonas e às bacias pré sálicas, isto sem falar no aparato necessário para proteção da capital federal.
A pesquisa permitiu levantar dados e formular questionamentos, julgados pertinentes para serem confrontados, em decorrência da notícia de que a previsão da base sede dos GRIPEN, a partir de 2020, será em Anápolis/GOIÁS. Em assim sendo cabem questionamentos. Os “36” caças a incorporar serão todos baseados no Planalto Central? Considerando que a autonomia deste caça é de 3250 km (dúvida de leigo, seria 1625 km de ida e outros tantos de volta?) e que seu alcance em configuração de combate é de 1 800km, qual o tempo estimado de combate aéreo efetivo, partindo de Anápolis/GO, se, por exemplo, a luta fosse nos céus: de Belém/PA, a 1655 km; de Boa Vista/RR, a 2491 km; de Macapá/AP, a 1835 km; de Santos/SP, a 891 km; do Rio de Janeiro/RJ, a 948 km?
Estas perguntas conduzem a uma outra visualização, esta focada em dispositivo mais abrangente a ser adotado de início para, tão somente, “36” caças cuja missão principal/vital deve priorizar a proteção da calha norte do Rio Amazonas, a sua foz e o litoral defrontante do pré sal. Sem confrontar as vantagens e desvantagens de um dispositivo mais ou menos concentrado dos vetores alados, vai-se “ousar” levantar então uma sugestão, deixando o aprofundamento da avaliação para os pilotos de combate de nossa Força Aérea, herdeiros legítimos da agressividade do heroico 1 Grupo de Aviação de Caça, este que, junto com a gloriosa FEB, escreveu páginas de coragem para honra e glória do nosso Brasil.
A ideia a sugerir contempla a Base Aérea de Anápolis com “10” caças e, as de Santa Cruz/RJ e Belém/PA, cada uma com “13” caças. A justificativa pode ser entendida: pela extensão das áreas a serem cobertas; pelo menor tempo para o estabelecimento do contato com o inimigo e pelo significado estratégico das Amazônias verde e azul. A avaliação dos especialistas é fundamental. Quanto à distância média do litoral/costa, até a bacia do pré sal, de 200 a 300 km, é de se pensar que, os falcões alados decolando a partir desta linha de partida, os prejuízos com a compra de um outro “fumacée” sejam impositivamente dispensáveis, máxime pelo alcances e autonomia, tanto do “GRIPEN como do próprio F5 (bélico de 1405 km e autonomia, de 3700km?) e, também, pela extensão atual do mar territorial até 200 milhas (370 km).
* Coronel de Infantaria e Estado-Maior

12 respostas

  1. Então pelo comentário , provavelmente nesta incursões de Operações haveria probabilidade de ocorre uma PANE SECA ? Deixo aqui a pergunta no ar?

    1. O debate sobre essa questão é muito bom, mostra uma preocupação com a defesa aérea de nosso país.

      Acrescento que os Gripen NG poderão ser abastecidos no ar com os novos cargueiros da FAB, os KC 390 Millenium. Isso aumentará substancialmente a autonomia das máquinas, cobrindo toda a extensão continental do Brasil.

      Outro detalhe, os caças podem ficar em alerta em outras localidades, isso de acordo com a estratégia da força.

    2. Prezado Coronel Paulo Ricardo da Rocha Paiva, é compreensível a sua preocupação com os novos caças Gripen da FAB ,devido certamente ao desconhecimento parcial da aeronave! O que posso adiantar ao senhor é que a escolha desta aeronave foi puramente técnica ,onde todos os estudos possíveis ,envolvendo especialistas de diversas áreas foram unânimes ao pôr na “balança” o fator primordial para a escolha desta aeronave,falo do fator custo/benefício. Neste universo de inúmeras incógnitas,engenheiros , operadores e mantenedores descartaram uma verdadeira “bomba” que eram os caças Rafalle e os já em fase de se tornarem obsoletos ,os F-18 dos EUA. Além disso,outro fator crucial que faz parte do acordo da compra destes caças, é a transferência de tecnologia na fabricação destes para o Brasil! Os demais concorrentes negaram tal parceria! Para finalizar,tenha certeza que foi uma aquisição muito acertada por parte da FAB e caso deseje informações mais robustas,sugiro o programa postado regularmente no YouTube ,Hoje no Mundo militar”,onde espero que suas dúvidas sejam sanadas ! Só mais um detalhe: Quando se fala em autonomia de qualquer aeronave , é em relação ao tempo total de voo( Quando se fala em raio de ação, é ida e volta. No caso dito pelo senhor , évoar por 3.250 km e pousar em qualquer lugar capaz de receber um caça desse porte.) sob condições específicas como: peso de decolagem, altitude de voo e velocidade aplicada. Devemos ter em mente que aeronaves tipo caça,o consumo de combustível é enorme ,devido à elevada potência do motor ou motores que a equipam e as condições em que operam estas aeronaves. Um abraço! Espero tê-lo ajudado!

  2. Coronel de Infantaria e estado maior entende de tudo mesmo né. Quer até dar palpite na Força Aérea… Até eu, um reles 2º Sgt entendo que em caso de combate na calha norte do amazonas a aeronave seria deslocada antes para o norte do país, ou no sul se a ameaça vier de lá. E em caso de Emergência é só sair da Base Armado, pousar em Tefé, reabastecer e seguir pra missão… pronto, problema resolvido…
    Ah se não tá satisfeito manda comprar mais uns 1500 Gripen, pq se for só os 36 tem que ser assim, e se for mandar alguns para o norte só pq o Cel de Infantaria e estado maior quer então eu também vou querer um perto de mim aqui no nordeste.
    abraço.

  3. Parabéns Cel Rocha Paiva por mais esta análise estratégica inteligente e pertinente. Como sempre o Sr, com muita coerência alerta para a necessidade de fortalecimento militar na área de Belém-PA , foz do Rio Amazonas. Pelos comentários acima vê-se que algumas pessoas não tem o devido conhecimento estratégico e talvez nem conheçam a Amazônia , a posição estratégica de Belém do Pará como metrópole e porta de entrada da Amazônia além de sua proximidade com Guiana , Caribe, África e Europa. Talvez jamais tenham lido que Belém e Natal eram as principais bases aéreas do Brasil na 2ª Grande Guerra. Inclusive na época dessa guerra foi criado um Campo de pouso alternativo na cidade de Igarapé-açú no interior do Pará distante cerca de 150 km da Capital , caso a Base aérea de Val-de-Cans em Belém fosse bombardeada.

  4. Se eu fosse uma força estrangeira a invadir o Brasil, começaria pelo nordeste, igual aos Holandeses. Estabeleceria bases de operações descentralizadas nas capitais, base aéreas (Fortaleza, Natal, João Pessoa e Recife), utilizaria os portos para abastecimento da tropas, potencial energético da região (hidrelétricas e parques eólicos), e os dois polos petrolíferos (Abrel e Lima e Mossoró). A população junto com os militares rapidamente iriam para o interior ou facilmente aceitariam a invasão estrangeira devido a crença no “apadrinhamento” e na falta de raízes com a “terra”.

  5. Da divisa extrema com Guiana (Inglesa), Suriname e Guiana Francesa, passando por Oiapoque até o Ceará, sem nenhuma proteção aérea, apesar de ter uma base de lançamento de foguetes em Alcântara(MA). So no RN existe uma base de treinamento. Estamos protegidos??

  6. Estes 36 Gripen são para reposição, não significam a totalidade de aeronaves adquiridas pela FAB, estando mais para reposição após a baixa dos Mirage. Aventou-se até o empréstimo de alguns Jas Gripen para cobrir a lacuna. Existe uma planta para produção local em Gavião Peixoto e o Gripen NG é um desenvolvimento conjunto entre a Suécia e Brasil, que à tempos já fabrica peças para os Gripen através da Akaer, empresa brasileira. A previsão de aeronaves ficava entre 88 e 102 aeronaves. Quanto aos países vizinhos, não tem aeronaves para atacar qualquer ponto estratégico sem uso de reabastecimento já em espaço aéreo brasileiro.

  7. Uma das preocupações é primeiro avaliar quais as regiões são mais propensas a um conflito entre países da América Latina contra o Brasil. 1ª – Argentina. 2ª – Venezuela. Rio de Janeiro em virtude de nossa costa marítima temos a Marinha com porta aviões, e assim por diante. O centro do País não há necessidade, em virtude de que se não fecharmos o espaço aéreo nas entradas do território ai fica fácil de chegar o centro do País, ai não adiantaria mais, estaríamos com a guerra perdida.

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