Um País que não se dá ao respeito!

Astros II (Imagem: Jorge Cardoso)

Paulo Ricardo da Rocha Paiva*
Em matéria compilada (defesa.net) consta o seguinte: – “No limite. O sistema está no limite do Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis, o MTCR, do qual o Brasil é signatário. O regime pretende conter a proliferação dessa classe de equipamento militar com raio de ação acima de 300 km e ogivas de 500 kg. Nos termos do acordo multinacional, os 34 participantes, entre os quais, Estados Unidos, Reino Unido, Rússia e França, todas potências nucleares, assumem que cada Estado deve estabelecer a política nacional de exportação dos vetores de ataque não tripulados. Em 1992 o MTCR passou a considerar todas as armas de destruição em massa. O AV-TM está rigorosamente dentro da distância fixada e, de forma bem clara, com folga no peso, explica Sami Hassuani. O mesmo texto ainda insere: – “De acordo com exposição em seminário do Ministério da Defesa, em 2011, “ser parte do MTCR implica o grave compromisso de não permitir a proliferação da tecnologia de mísseis a partir de seu território”. Para o expositor, todavia, isso não impede o desenvolvimento das tecnologias de mísseis, próprias ou de parceria com outro Estado”. Brasileiros! E a altivez, o orgulho nacional, o “Brasil Acima de Tudo”?

Não há como negar, o ajuste pelos governantes da época configura “crime de lesa pátria” contra o direito legítimo da nação quanto a dispor de poder de dissuasão defensivo definitivo contra ameaças à sua soberania plena, volta e meia, externadas por chefes de “grandes potências militares”. Quanto ao acordo permitir o desenvolvimento da tecnologia pertinente com outros estados, isto, que seja dito, constitui um “grande” prêmio de consolação, “para inglês ver”, só aceito por países de segunda categoria

Em verdade, nossa soberania claudicante é resultante de uma “elite” dirigente absolutamente alienada, desligada, tacanha em assuntos pertinentes à defesa nacional. Um verdadeiro grupelho de políticos, na sua maioria indisciplinados, egoístas, individualistas e corruptos, aos quais se somam intelectuais “donos da verdade”, verdadeiros “professores de Deus”, sem o menor comprometimento com o futuro da nacionalidade. Por esta realidade fica fácil perceber a resultante calamitosa para o cumprimento da nobre missão que cabe às FFAA do País, estas que, infelizmente, não mais estão sendo conduzidas com base no tirocínio estratégico dos comandantes de cinquenta anos passados.

Mas os flashes, o esforço na capa, a douração de pílula não cessam: projetos ditos estratégicos previstos para o “dia de são nunca”; operações “Ágata” super alardeadas, privilegiando a “vigilância” no lugar das manobras nos escalões brigada/divisão de exército visando a defesa anti acesso; um projeto “Guarany”, que apenas renova viaturas blindadas de transporte de pessoal e transforma a infantaria motorizada em mecanizada, e isto sem nenhum efeito dissuasório extra regional; um projeto “ASTROS II” castrado, que contempla míssil com alcance máximo de 300 km e carga de até 500 kg, tudo “dentro dos conformes” estabelecidos justamente pelos “grandes predadores militares” contestadores da posse das Amazônias verde e azul; um projeto “proteger” baseado em material antiaéreo não fabricado no país.

E as vulnerabilidades, os óbices, as “pedras no caminho” são de peso. Alerta! Atenção! Perigo! A munição, quando faltar, “eles” vão fechar a torneira! Ganha a guerra quem vende e não quem compra armamentos! Precisamos bater no inimigo fora e não dentro do país! Aquelas viaturas do grupo de artilharia ASTROS II vão ser batidas bem antes que possam lançar o “rojão junino” de 300 km, se não cerrarem no mais curto prazo para o litoral/costa! Um “projeto vetor de respeito VDR-1500 km” merece prioridade absoluta! Concluindo, o governo continua economizando na “defesa” e nesta área, particularmente, a economia é a base da porcaria! Que não se duvide, ou o país parte para um programa sério, urgente e emergencial de vetores balísticos de longo alcance (1500/2500 km), como vem desenvolvendo o Irã desde a década de 1980, ou vai permanecer sem dissuasão extra regional, “engolindo sapos” das grandes potências militares pelo restante deste século!
*Coronel de Infantaria e Estado-Maior

8 respostas

      1. O limite é para exportação, o EB pode usar no alcance e peso que quiser.
        Isso é uma das coisas mais desmistificadas,esse tratado só proíbe os signatários na exportação do missil acima do peso e do alcance.

  1. O texto trás algumas contradições. A única vez que houve interferência dos civis em assuntos militares forma no governo Collor quando acabou com o programa brasileiro de construção da bomba atômica com uma pa de cal na Serra do Cachimbo e no governo FHC quando assinou o tratado de não proliferação de armas nucleares. As demais políticas de defesa nacional sempre foram conduzidas pelos militares com os presidentes civis assinado embaixo. Sendo assim as políticas de defesa nacional sempre foram conduzidas pelos militares nos últimos 35 anos, com acertos e erros. Uma das primeiras coisas que ouvi quando entrei no EB numa palestra, foi que as FA nunca podem ser maior que o país.

    1. Militares não conduzem nada na defesa nacional com contingenciamento de verbas no orçamento. Quanto às FFAA não poderem ser maior do que o país, muito menos ainda podem ser menores, isto na medida em que, sem capacidade de dissuasão extra regional,
      condenam o País a continuar “engolindo sapos” dos “MACRONS” da vida …

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