Contratação de militares para INSS gera críticas entre servidores, que ameaçam ir à Justiça

*ARQUIVO* SÃO PAULO, SP, 10.07.2019: Fachada de agência do INSS na zona sul de São Paulo. (Foto: Bruno Rocha/Fotoarena/Folhapress) ORG XMIT: 1760396

Reação é uma mostra das resistências que serão levantadas à reforma administrativa que a equipe econômica pretende propor para enxugar o tamanho da máquina pública

Idiana Tomazelli, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA – A decisão do governo de recrutar militares da reserva das Forças Armadas para repor mão de obra no INSS deflagrou uma onda de críticas entre servidores dentro e fora do órgão. Categorias cogitam ir à Justiça contra a medida e defendem que o Executivo contrate de forma temporária servidores do INSS já aposentados, além de fazer novos concursos para reforçar o corpo técnico de forma permanente.
A reação é uma mostra das resistências que serão levantadas à reforma administrativa que a equipe econômica pretende propor para enxugar o tamanho da máquina pública. Os servidores pretendem usar o anúncio do governo como uma admissão pública de que falta mão de obra na administração federal, contrariando o discurso de redução de cargos e limitação de novos concursos.
O secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, rechaçou na terça-feira, 14, essa conexão e disse que são “situações completamente distintas”. “Temos convicção de que o Estado brasileiro precisa ser do tamanho
que a sociedade pode suportar”, afirmou na entrevista. Marinho prometeu para esta semana um decreto para abrir caminho à contratação de sete mil militares da reserva, que serão remunerados com um adicional de 30%. O pagamento será feito pelo INSS, a um custo de R$ 14,5 milhões mensais. Para integrantes do governo, essa é a solução mais rápida e menos custosa que poderia ser adotada num momento em que cresceram as reclamações da população em relação à fila de 1,3 milhão de pedidos por benefício em atraso no órgão.
Na terça-feira, o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) realizou uma reunião sobre o assunto. “A avaliação é que não vai dar certo esse tipo de solução mirabolante. Faz horas que o governo quer
encontrar uma ‘boquinha’ para os militares, mas o INSS é um órgão complexo. É impossível treinar militar para fazer funcionar de uma hora para outra”, diz o presidente da entidade, Rudinei Marques.
Marques também alega que o governo não pode delegar as atribuições de um analista previdenciário para quem não fez concurso para este cargo, sob pena de responsabilização jurídica. A entidade avalia acionar a Justiça para derrubar o que ele chama de “aberração”.
Dentro do governo, porém, a avaliação é de que a recém-aprovada lei que alterou o estatuto dos militares dão “substrato jurídico” para a solução apresentada.
O presidente da Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social (Anasps), Alexandre Lisboa, defende que a medida correta seria contratar os servidores do INSS que já se aposentaram, uma vez que eles já conhecem a sistemática do órgão e a lei previdenciária. Para a categoria, uma Medida Provisória poderia ser apresentada com esse fim, prevendo um “prólabore” para remunerar a força de trabalho temporária.
Lisboa afirma que vai procurar o governo para discutir alternativas. “Acho que isso vai servir para mostrar que a previdência é um órgão diferenciado e precisa de concurso público”, diz.
A Associação Nacional dos Advogados Públicos Federais (Anafe) divulgou nota demonstrando “preocupação” com a medida e disse que a política do INSS “deve ser conduzida com profissionalismo e pensada a longo prazo”.
“A abertura de concurso público periódico é medida salutar para enfrentar os problemas ordinários e extraordinários como esses que acometem a autarquia”, afirmou. A nota diz ainda que a noção de “inchaço” no serviço público “não é
verdadeira” e que vários órgãos “padecem de número de pessoal suficiente”.
ESTADÃO/montedo.com

11 respostas

  1. Foi levado em conta o custo x beneficio. Militares tem em sua essência o profissionalismo. Obvio, que não detém o conhecimento técnico necessário, portanto devem ser dirigidos para funções de recepção e triagem, liberando assim os técnicos para as atividades fim. A realização de concursos será uma solução a longo prazo, porém o contribuinte não pode esperar. No INSS, os processos em virtude da legislaçao e a histórica vocação para “leve vantagem vc também”, tendem a ser burocraticos, o que faz com os processos se amontoem. Sem aperfeiçoamento da legislação e desburocratização toda e qualquer ação será inócua.

    1. Concordo. Se houvesse por parte do funcionário o comprometimento com a atividade fim, e fizesse o seu trabalho de maneira respeitosa para com a pessoa que busca o seu direito, não haveria tanta demora. Isso que eles reclamam deve-se ao fato de eles estarem receosos, pois uma vez os militares entrando, essa turma de funcionários provavelmente vai ter que mostrar serviço.

  2. Esse alarde todo por parte dos servidores é meio estranho. Ora, os que forem para o INSS, irão para somar. Vão procurar diminuir a fila imensa que existe. O INSS melhorou muito nas ultimas décadas, no entanto, ainda deixa muito a desejar.
    parece que estão com medo que encontrem sujeira em baixo do tapete.
    só pode ser!!!

    1. É o famoso…ja chsto…insistente…e sem darem msis atençao ao MIMIMIMIMI desse amontoado de esquerdistas q querem mais é bagunça “liberdade” para ofender e agredir…Olha, pra limpar esse país eu estava chutando 2 seculos….retifico: Serao necessarios 4 seculos….se hj o Brasil perder metade desse povo q gosta de bagunça mas so se mudam pra país de 1° mundo (bagunça tem q ser aqui) daríamos um longo salto para diminuirmos esses 4 seculos para 2….

  3. Os funcionários não estão dando conta da demanda, e não estão preocupados com as pessoas que estão na fila aguardando resposta aos seus processos, já que, além de não dar conta do trabalho, estão preocupados de onde e como será a ajuda oferecida para resolver o problema, energencialmente.

  4. Bizu….

    Esse pessoal do INSS não gosta de trabalhar. Militares seguem normas e regras, coisa que entre civis não prospera.

    O INSS oferece um péssimo serviço há muito tempo.

    Quem passou numa fila desse Órgão sabe muito bem disso.

    Tinha que convocar em 14.000 e lembro que o INSS é um Órgão Público, pertence ao povo e não a funcionários PeTralhas.

  5. Vejo nesse assuntos todo que a chegada dos militares vai ser expor os maramos dos empregados do INSS, deixando de fazer suas tarefas para fazer até mesmo outras coisas. Do que eles tem medo. É uma panela onde todos ganham hoje. Mas amanhã com a chegada dos militares não vai haver mais desculpas. Vão ter que trabalhar.

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